Cinco
Cheguei a uma decisão: se eu iria mesmo monopolizar o tempo
de Joe e insistir em treinar com ele, então eu teria que… você sabe… treinar de
verdade. Decidi levar tudo a sério, parar de pensar nisso como se fosse um jogo
e começar a realmente tratar tudo como um experimento. Comecei a ir dormir num
horário decente para levantar, correr com ele e ainda conseguir chegar cedo ao
trabalho para um dia inteiro de experimentos. Expandi minha coleção de roupas
esportivas com itens de qualidade e um par extra de tênis de corrida. Parei de
pensar no Starbucks como um grupo alimentício e parei de reclamar. E com muita
insegurança da minha parte e muito incentivo da parte dele, nós nos inscrevemos
para uma meia-maratona em abril. Eu estava apavorada. Mas, no fim, Joe estava
certo: as coisas ficaram mais fáceis. Com apenas algumas semanas, meus pulmões
já não queimavam mais, minhas canelas já não pareciam duas varas finas, e eu já
não queria vomitar quando chegávamos ao final da trilha. Na verdade, nós
conseguimos aumentar a distância e começamos a correr em sua trilha de sempre. Joe
disse que se eu conseguisse aguentar dez quilômetros por dia e correr dezesseis
quilômetros duas vezes por semana, ele não precisaria treinar sem mim. Não é
que apenas comecei a me sentir bem. Comecei a ver a diferença também. Graças à
genética, sempre fui relativamente magra, mas nunca fui o que se chamaria de em
forma. Minha barriga era meio mole, meus braços pareciam gelatina quando eu
acenava e sempre havia os pneus saltando para fora do jeans se eu não os
puxasse para dentro. Mas agora… as coisas estavam mudando, e eu não fui a única
que notou. – Então, o que está acontecendo aqui? – Dani perguntou, olhando para
mim de dentro do meu closet. Ela apontou um dedo e girou no ar. – Você parece…
diferente. – Diferente? – eu perguntei. O objetivo do Projeto Dem na verdade
não era passar o máximo de tempo com Joe – mesmo ele se tornando rapidamente
minha pessoa favorita –, mas me ajudar a encontrar equilíbrio e ter uma vida
fora do laboratório. Nas últimas duas semanas, Dani e Miley tinham se tornado
uma parte importante do projeto, arrastando-me para jantares ou me visitando só
para conversar por algumas horas no meu apartamento. Nesta quinta-feira em
particular, elas me trouxeram comida chinesa e nós acabamos no meu quarto, onde
Dani assumiu a tarefa de mexer no meu guarda-roupa, decidindo o que deveria
ficar ou o que seria jogado fora. – Diferente de um jeito bom – ela esclareceu,
e então se virou para Miley, que estava deitada na minha cama folheando
documentos do seu trabalho. – Você não acha? Miley olhou para cima e seus olhos
se estreitaram enquanto ela considerava meu corpo. – Definitivamente bom.
Feliz, talvez? Dani já estava concordando. – Eu ia dizer isso. Definitivamente
você tem um brilho aí no seu rosto. E a sua bunda está fantástica nessa calça.
Olhei para meu reflexo, chequei a parte da frente e me virei para olhar a parte
de trás.
Minha bunda parecia mesmo muito feliz. Minha frente também
não estava nada mal. – Minha calça está um pouco frouxa – eu notei, checando o
tamanho. – E olha, nada de barriguinha! – Bom, isso sempre é lucro – Miley riu,
balançando a cabeça e voltando para seus documentos. Dani começou a colocar
algumas roupas em cabides e outras em sacos plásticos. – Você está entrando em
forma. O que vocês dois estão aprontando? – Estamos apenas correndo. E fazendo
muito alongamento. Joe acredita muito em se alongar. Semana passada ele
adicionou flexões para a nossa rotina, e tenho que dizer o quanto odeio aquilo
– continuei olhando meu reflexo e acrescentei: – Não consigo me lembrar da
última vez que comi bolacha, e isso parece um crime. – Ainda está treinando com
Joe, humm? – Dani perguntou, e eu não pude deixar de perceber a troca de
olhares entre ela e Miley. O tipo de olhar de quem adorou saber de uma novidade
picante e vai analisar tudo até eu implorar por misericórdia. – Pois é. Todas
as manhãs. – Joe treina com você todas as manhas? – Dani perguntou. E mais uma
troca de olhares. Eu confirmei e comecei a recolher algumas coisas pelo chão. –
Nós nos encontramos no parque. Você sabia que ele faz triatlo? Ele está muito
em forma. Parei de falar imediatamente, gemendo por dentro. Aparentemente,
minha falta de filtro vocal não acontecia exclusivamente com Joe. Dani ergueu
uma sobrancelha e ajeitou uma grossa mecha de seu cabelo escuro. – Então, sobre
o Joeiam. – O que tem ele? – eu disse, dobrando um par de meias. – Você se
encontra com ele fora dessa rotina de exercícios? Eu podia sentir a atenção
delas como se fosse um raio laser no meu rosto, então eu apenas assenti sem
olhar ninguém. – Ele é muito bonito – Dani acrescentou. Perigo, perigo, meu
cérebro alertava. – É, sim. – Vocês já se viram pelados? Meus olhos disparam em
direção a Dani. – O quê? – Dani – Miley disse com uma voz séria. – Não – eu
insisti. – Somos apenas amigos. Dani riu, andando até o closet com algumas
roupas penduradas no braço. – Sei. – Nós corremos pela manhã e às vezes nos
encontramos para tomar café. Às vezes é café da manhã – eu disse, dando de
ombros e ignorando a maneira como meu medidor de honestidade parecia apontar o
vermelho. Ultimamente, estávamos tomando café da manhã quase todos os dias, e
conversávamos pelo menos mais uma vez durante o dia. – Apenas amigos. Olhei
para Miley. Seus olhos estavam colados nos papéis, mas ela estava sorrindo e
balançando a cabeça. – Mentirosa – Dani disse quase cantarolando. – Joe Jonas
não possui nenhuma mulher em sua vida que é apenas amiga, com exceção da
família e de nós duas.
Ela apontou para si mesma e para Miley. – Isso é verdade – Miley
concordou com relutância. Eu não falei mais nada, apenas me virei e comecei a
procurar uma blusa em minhas gavetas. Mas eu podia sentir Dani me olhando,
podia sentir a pressão de seu olhar contra minha nuca. Nunca tive muitas amigas
mulheres – e definitivamente nunca tive uma amiga como Dani Deleasa –, mas até
mesmo eu era esperta o bastante para ter um pouco de medo dela. E tinha a forte
impressão de que até o Kevin tinha um pouco de medo dela. Encontrei meu suéter
de lã favorito e o vesti, fazendo o melhor para manter minha expressão neutra e
a mente livre de qualquer coisa relacionada a Joe que escapasse da zona de
amizade. Algo me dizia que essas duas iriam perceber o quanto eu estava
transparente. – Desde quando vocês dois se conhecem? – Miley perguntou. – Ele e
Nick são amigos faz muito tempo, mas eu só o conheço desde que me mudei para
Nova York. – Eu também – Dani acrescentou. – Abre o jogo, Lovato. Ele é
convencido demais e nós precisamos de um pouco de munição. Comecei a rir, aliviada
pela mudança de assunto. – O que vocês querem saber? – Bom, você o conhecia
quando ele estava na faculdade. Ele era nerd? Por favor, diga que ele
frequentava o clube de xadrez ou algo assim – Dani disse com um tom
esperançoso. – Há! Não mesmo. Ele era o tipo de cara que faz dezoito anos e de
repente todas as mães dos amigos querem pegar – franzi a testa, considerando. –
Na verdade, acho que foi o Jensen quem me contou essa história… – Nick me
contou que ele ficou com a sua irmã, é verdade? – Miley perguntou. Mordi meu
lábio e balancei a cabeça. – Eles ficaram uma vez no Natal, mas acho que só se
beijaram. Ele conheceu meu irmão mais velho, o Jensen, no primeiro dia da
faculdade, e depois de formado trabalhou com o meu pai. Eu era a irmã mais
nova, então não ficava muito com eles. – Pare de fugir do assunto – Dani disse,
cerrando dos olhos. – Você deve saber muito mais. Eu ri. – Vejamos, ele também
é o irmão mais novo. Ele tem duas irmãs que são bem mais velhas que ele, mas eu
nunca as encontrei. Tenho a impressão de que ele sempre foi muito mimado. Eu me
lembro quando ele contou que seus pais são médicos e se divorciaram bem antes
de ele nascer. Anos mais tarde, eles se encontraram numa conferência médica,
beberam muito e tiveram uma última noite juntos… – E pronto. Joe veio ao mundo
– Miley acrescentou. Confirmei lentamente. – Isso. Então, suas irmãs são doze e
quatorze anos mais velhas. Ele foi o bebezinho delas. – Bom, isso explica por
que ele acha que as mulheres existem apenas para satisfazê-lo – Dani disse,
sentando na cama ao lado de Miley. Isso não me pareceu correto, então eu também
sentei, balançando a cabeça e olhando para o nada. – Não sei se isso é verdade.
Acho que ele simplesmente gosta, tipo, muito de mulheres. E elas parecem gostar
dele também. Ele cresceu cercado de mulheres, então sabe como elas pensam, o
que gostam de ouvir.
– Ele definitivamente sabe como jogar o jogo – Miley disse.
– Nossa, o Nick me contou cada história dele. Eu me lembrei do casamento de
Jensen, quando vi Joe escapar sem ser notado com duas mulheres ao mesmo tempo.
Eu tive certeza de que aquela não foi a primeira nem a última vez que algo
desse tipo aconteceu. – As mulheres sempre o adoraram – eu disse. – Eu me
lembro de ouvir algumas amigas da minha mãe conversarem sobre ele quando ele
trabalhava com meu pai. Deus, as coisas que elas fariam com ele… – Tigresas! – Dani
gritou, divertindo-se. – Adoro! Rindo, eu disse: – É, todas as garotas eram
apaixonadas por ele. Tive algumas amigas na escola – eu tinha doze anos quando
ele ficou em casa com o Jensen –, e elas ficavam arranjando os motivos mais
malucos para me visitar. Umas delas fingiu que precisava devolver uma blusa na
noite de Natal, só que a blusa era dela. Quer dizer, imagine o Joe agora, mas
como um cara de dezenove anos, cheio de charme, falsa inocência e aquele
maldito sorriso presunçoso. Ele tocava numa banda, tinha tatuagens… ele era
puro sexo ambulante. Acordei de minhas lembranças e percebi que Miley e Dani
estavam me olhando com um sorriso de orelha a orelha. – O que foi? – Sua
descrição foi bem lasciva, Demi – Miley disse. Sorrindo maliciosamente para
ela, eu perguntei: – Por acaso você acabou de usar a palavra “lasciva”? – Ela
com certeza usou – Dani disse. – E eu concordo. Parece que acabei de assistir a
um filme pornô. Eu gemi, levantando da cama. – Então, claramente, a Demi
adolescente tinha uma quedinha pelo Joe – Miley disse. – Porém, mais
importante, o que a Demi de vinte e quatro anos pensa do Joe hoje? Tive que
pensar nisso por um momento, pois, sendo sincera, eu pensava bastante sobre o Joe,
de todo jeito possível. Pensava sobre seu corpo e sua boca suja e, é claro,
todas as coisas que poderia fazer com ela, mas também pensava sobre seu cérebro
e seu coração. – Eu acho que ele é surpreendentemente doce. Ele é, sim, um
jogador, mas, debaixo disso tudo, ele é genuinamente um cara legal. – E você
nunca pensou em transar com ele? Olhei para Dani. – Como é? Ela me encarou de
volta. – Como é o quê? Vocês dois são jovens, bonitos e têm uma história em
comum. Aposto que seria uma transa incrível. Centenas de imagens surgiram em
minha mente em apenas alguns segundos. Tive que me esforçar para responder. –
Eu absolutamente não vou transar com Joe. Miley deu de ombros. – Ainda. Eu me
virei para ela.
– Achei que você era a pessoa decente entre nós. Uma risada
explodiu na boca de Dani, e ela balançou a cabeça, lançando um olhar brincalhão
para Miley. – Decente? Acredite em mim, as mais depravadas são aquelas que
parecem as mais santinhas. – Bom, de qualquer maneira – eu disse –, Joe me
considera apenas como uma irmãzinha. Dani se endireitou e lançou um olhar sério
para mim. – Posso dizer por experiência própria que, quando um homem encontra
uma mulher, ele a coloca em duas categorias: amiga inequívoca ou possível
candidata para o sexo. – Mas ele tem suas parceiras regulares, não é? – eu
perguntei, franzindo meu nariz. Eu gostava da ideia de encontros casuais, mas
não estava certa quanto à estrutura e os limites de algo tão fluido e sem forma
como o sexo. Era a única área da minha amizade com Joe onde meu filtro na
verdade funcionava… ou quase. Miley confirmou. – Nas terças-feiras é a vez da
Kitty. Nos sábados é a vez da Alexis. E tenho certeza de que outras aparecem
aqui e ali. Dani lançou um olhar para Miley, que a encarou de volta. – Não
estou sugerindo que ela se apaixone – Dani disse. – Apenas que transe
loucamente com ele de vem em quando. – Apenas estou me certificando de que todo
mundo sabe qual é situação por aqui – Miley respondeu, com um desafio nos olhos.
– Bom – eu comecei –, isso não importa, na verdade. Por ele ser o melhor amigo
do meu irmão, acho que podemos concordar que estou presa definitivamente no
território da amizade. – Ele já conversou com você sobre os seus peitos? – Dani
perguntou. Senti um rubor subir pelo pescoço. Joe conversava, olhava e parecia
idolatrar meus seios. – Humm… sim. Dani sorriu, toda convencida. – Eu encerro
meu caso.
Na manhã seguinte, eu tive certeza de que Joe pensava que eu
estava tomando algum remédio que altera o humor… ou que eu precisava tomar. Eu
estava distraída em nossa corrida, pensando sobre minha conversa com Miley e Dani.
Não apenas eu estava pensando sobre o quanto Joe olhava os meus peitos,
gesticulava para os meus peitos, falava com meus peitos, eu também estava,
infelizmente, pensando nele com as outras mulheres em sua vida: o que ele fazia
com elas, como se sentiam quando estavam juntos, e se elas se divertiam com ele
tanto quanto eu. Além disso, eu pensava no fato de que ele provavelmente passava
muito tempo… pelado com elas. Isso, é claro, me fez pensar sobre Joe nu, o que
não ajudou em nada na minha concentração, ou minha habilidade de correr numa
linha reta. Joe provavelmente pensou que eu estava bêbada. Forcei meus
pensamentos para longe do homem correndo num silêncio fácil ao meu lado, e
comecei a pensar no trabalho que me esperava no laboratório, o relatório que eu
precisava terminar, os exames que eu precisava fazer para Liemacki.
Mais tarde, quando Joe pairou sobre mim para me ajudar a alongar
minha perna, depois de eu basicamente ter sentado na trilha sentindo cãibras,
ele me encarou de um jeito tão intenso, com os olhos se movendo lentamente
sobre meu rosto, que fez os pensamentos que eu tentava banir voltarem todos de
uma só vez. Meu estômago se apertou, e um calor delicioso se espalhou do meu
peito até a ardência que eu negligenciava entre minhas pernas. Senti como se
estivesse derretendo no chão gelado. – Você está bem? – ele perguntou em voz
baixa. Só consegui assentir. Suas sobrancelhas se juntaram. – Você está tão
quieta hoje. – Estou apenas pensando – murmurei. Seu pequeno sorriso sexy
apareceu, e eu senti meu coração acelerar em meu peito. – Bom, espero que você
não esteja pensando em pornografia, ou chupadas, ou como você quer experimentar
com sexo, porque se acha que vai conseguir esconder isso de mim, você está
encrencada. Agora nós estamos em sincronia, Dem. Tomei um banho particularmente
longo depois daquela corrida.
Nunca fui de enviar mensagem de texto – na verdade, antes de
Joe, minhas únicas mensagens consistiam de palavras únicas para a família e
colegas de trabalho. Você já está chegando? Sim. Você pode pegar um vinho no
mercado? Claro. Você vai trazer um convidado? Ignore. Até a semana passada –
quando eu finalmente abri o iPhone que Niels me deu no Natal –, eu ainda usava
um celular velho que Jensen dizia que era o primeiro celular do mundo. Quem tem
tempo de ficar digitando centenas de mensagens quando eu podia ligar e encerrar
o assunto em menos de um minuto? Definitivamente, não parece muito eficiente.
Mas com Joe era divertido, e eu tinha que admitir, o novo celular facilitava as
coisas. Ele me enviava pensamentos aleatórios durante o dia, enviava fotos de
seu rosto quando eu fazia alguma piada sem graça ou uma foto de seu almoço
quando o peito de frango em seu prato parecia um pênis. Então, depois do meu…
banho relaxante, quando meu celular vibrou no outro quarto, não fiquei surpresa
ao ver que era Joe. Mas o que me surpreendeu foi a pergunta. O que você está
vestindo?> Senti minhas sobrancelhas se juntarem, confusas. Era algo
aleatório, mas nem de longe a coisa mais estranha que ele já me perguntou. Nós
iríamos nos encontrar para o café da manhã em meia hora, e talvez ele estivesse
preocupado que eu fosse aparecer como uma universitária desleixada, como ele
costumava dizer. Olhei para a toalha ao redor do meu corpo e digitei: Jeans
preto, top amarelo, suéter azul. Não, Dem. Estou dizendo [insinuação aqui] O
QUE VOCÊ ESTÁ VESTINDO? Agora eu realmente estava confusa.
Heim??? Não entendi. Estou tentando começar uma seção de
sexting, sua tonta. Parei e fiquei olhando para o celular por alguns segundos
antes de responder. Como é? Ele digitava muito mais rápido do que eu, e sua
resposta apareceu quase imediatamente. Isso não é nem um pouco sexy se eu tenho
que explicar, mas lá vai. Nova regra: você precisa pelo menos ter alguma
competência na arte do sexting. De repente uma luz se acendeu no meu cérebro e
eu entendi o que ele estava fazendo. Ah! Saquei. “Sexting.” Faz sentido, Joe.
Embora eu agradeça seu entusiasmo e o fato de pensar que eu
sou esperto o bastante para criar esse termo, eu não inventei essa palavra. Ela
faz parte da cultura popular faz um tempo, sabe? Agora, responda a pergunta
corretamente. Andei de um lado para o outro, pensando. Certo. Era uma tarefa.
Eu consigo fazer isso. Tentei pensar em todas as insinuações que já ouvi nos
filmes, mas, é claro, não consegui criar nada. Tentei me lembrar de todas as
cantadas que meu irmão Eric usava… e então franzi a testa. Tive um branco
total. Bom, na verdade eu ainda não estou vestida. Eu estava aqui tentando
decidir se ficar sem roupa de baixo vai contra as regras, pois acho que minha
saia fica toda marcada, mas eu odeio usar fio dental. Fiquei encarando o celular
enquanto os pontinhos indicavam que ele estava respondendo. Isso até que não
foi nada mal, garota. Mas não diga roupa de baixo. Isso não é sexy. Não tire
sarro de mim. Eu não sei o que dizer. Eu me sinto uma tonta aqui pelada
trocando mensagens com você. Fiquei esperando a resposta. Alguns momentos se
pasMileym até meu celular se acender novamente. Ok. Então você obviamente já
pegou o jeito. Agora diga algo safado. Safado? Estou esperando. Oh, Deus. Será
que dava tempo de usar o Google? Não. Vasculhei minha mente e digitei a
primeira coisa meio safada que pensei: Às vezes, quando estamos correndo e você
fica controlando a respiração todo concentrado, eu fico pensando que tipo de
som você faz quando está transando. Certo, talvez isso tenha sido um pouco mais
do que “meio safado”. Ele ficou uma eternidade sem responder. Oh, Deus. Baixei
meu celular, convencida de que Joe se afastaria e nunca mais falaria comigo.
Ele provavelmente queria algo que fosse de brincadeira e não algo tão… honesto.
Entrei no banheiro, escovei meus cabelos e os prendi acima da cabeça. No
quarto, ouvi o celular vibrar em cima da escrivaninha.
A primeira mensagem: UAU. A segunda mensagem: Dessa vez
você… acertou em cheio. Ok, vou precisar de um minuto por aqui. Talvez cinco.
MEDUSDESSCUPA, comecei a digitar, com meus dedos idiotas tremendo, pronta para
me enterrar num buraco e morrer. QUERDIZER DESCULPA NAOACREDITOQUEESCREVIISSO.
Você está brincando? Isso foi melhor que um presente de Natal. Claramente eu
preciso ficar à sua altura. Espera um pouco, acho que preciso me alongar
primeiro. Girei meus olhos. Estou esperando. Seus seios estavam demais hoje. Só
isso? Honestamente, ele já tinha dito coisas bem mais depravadas para mim. E
para os meus seios. Sério? Você não gostou? Zzzzzzzzzzzzzzzzz Então posso pelo
menos ver os seios na próxima vez? Certo. Senti um calor em meu rosto, mas de
jeito nenhum eu admitiria. Você está me dando sono, digitei. Eu sorria como uma
idiota olhando para o celular. A bolha de texto apareceu na janela mostrando que
ele começou a digitar. Eu esperei. E esperei. Finalmente, ele postou: Posso
tocar? Posso morder? Ajeitei a toalha em meu peito e engoli em seco, tremendo.
Meu rosto já não era mais a única coisa que estava se aquecendo. Eu respondi:
Isso foi um pouco melhor. Posso lamber e depois foder? Deixei o celular cair e
me atrapalhei toda para pegar de volta. Agora sim, eu digitei, com as mãos
trêmulas. Fechei os olhos, tentando não imaginar os quadris de Joe se movendo
em meu peito, seu pau deslizando entre os seios. Eu quase podia sentir sua
determinação através do celular quando ele disse: Me avise quando precisar de
um minuto SOZINHA. Já está pronta? Não. Absolutamente não. Sim.
Você usou uma
camiseta no outro dia. Uma camiseta rosa. Os seios estavam fantásticos naquele
dia. Cheios e macios. Eu podia ver os mamilos quando o vento soprava mais
forte. Tudo que eu podia pensar era como seria tomar você em minhas mãos e
sentir os mamilos na minha língua. Como seria o meu pau raspando na sua pele e
como seria gozar por todo o seu pescoço. Puta meeerda. Joe? Posso te ligar? Por
quê? Porque é difícil digitar com uma mão. Ele não respondeu por um minuto
inteiro, e eu me permiti imaginar que desta vez foi ele quem deixou cair o
celular. Mas então ele enviou: SIM! Você está se tocando? Eu ri e digitei: Te
peguei!, e então joguei o celular para o lado e fechei os olhos. Porque, sim.
Eu absolutamente estava.
Quando terminamos de brincar, concordei em encontrá-lo para
o café da manhã na Mileybeth’s. Apesar da temperatura e da neve que começava a
cair, senti meu rubor durante todo o caminho até a Rua 93, e fiquei imaginando
se era possível eu me sentar na frente dele e fingir que não tinha me
masturbado lendo suas mensagens. As coisas pareciam estar saindo do rumo e
tentei pensar quando isso aconteceu. Será que foi na corrida de hoje de manhã,
quando ele me alongou, como se estivesse pronto para montar em cima de mim? Ou
tinha sido algumas semanas atrás, naquele bar, quando começamos a conversar
sobre pornografia e sexo? Talvez tenha sido até antes disso, no primeiro dia
que saímos para correr e ele colocou um gorro na minha cabeça, mostrando um
sorriso que me fez sentir como se tivesse sido bem comida contra uma parede.
Isso não estava indo bem. Amigos, eu me lembrei. Missão de agente secreto.
Aprenda as estratégias do ninja e depois escape ilesa. Mantive minha cabeça
abaixada enquanto pisava nas camadas brancas de gelo que cobriam o chão,
praguejando contra o frio de março, sentindo flocos de neve se agarrarem nas
pontas dos meus cabelos. Um jovem casal estava saindo do restaurante, e eu
entrei pela porta que eles abriram. – Zig. Ouvi meu nome e olhei para Joe, que
estava sorrindo para mim sentado na área de descanso. Acenei antes de andar até
as escadas, tirando meu gorro e cachecol no caminho. – Que bom ver você de novo
– ele disse, levantando-se quando me aproximei da mesa. Comecei a ficar cada
vez mais irracionalmente irritada com suas boas maneiras, e ainda mais com seu
cabelo ainda úmido e a maneira como sua blusa dobrava no meio de seu torso
gigantesco. Ele usava uma camiseta branca por baixo, e com as mangas enroladas
até o cotovelo, as linhas das tatuagens apareciam debaixo do tecido. Um filho
da mãe lindo. – Bom dia – eu disse. – Parece um pouco mal-humorada? Talvez um pouco
tensa? Fiz uma careta e respondi: – Não.
Ele riu enquanto nós sentávamos. – Já pedi sua comida. – O
quê? – Seu café da manhã. Panquecas de limão com amoras, não é? E aquele suco
de flores? – Certo – respondi, olhando para ele do outro lado da mesa. Peguei
meu guardanapo e o desdobrei antes de deitá-lo no colo. Ele se abaixou para
encontrar meus olhos, parecendo um pouco ansioso. – Você queria outra coisa?
Posso chamar a garçonete. – Não… Respirei fundo, abri a boca e fechei de novo.
Eram coisas tão pequenas – a comida que eu sempre pedia, o tipo de suco de que
eu gostava, a maneira como ele soube exatamente como alongar minha perna hoje
de manhã –, mas tudo isso parecia gigante, importante. Eu me senti um pouco mal
por ele ser tão doce comigo e eu não conseguir parar de pensar em sexo com ele.
– Não acredito que você se lembrou disso tudo. Ele deu de ombros. – Não é
grande coisa. É só o café da manhã, Dem. Não estou doando um rim. Tentei não me
concentrar na atitude cretina em sua voz. – Bom, foi realmente legal. Às vezes
você me surpreende. Ele pareceu um pouco surpreso. – Como assim? Suspirei,
murchando um pouco em minha cadeira. – Apenas pensei que você me trataria mais
como uma criança. Quando eu disse isso, percebi que ele não gostou. Ele se recostou
na cadeira e soltou um longo suspiro, então eu continuei tagarelando: – Sei que
você está sacrificando sua paz ao me deixar correr com você. Sei que cancelou
planos com suas não namoradas e precisou rearranjar as coisas para ter tempo
para mim, e eu apenas… quero que saiba que estou agradecida. Você é um ótimo
amigo, Joe. Suas sobrancelhas se juntaram, e ele começou a olhar para a sua
água gelada em vez de olhar para mim. – Obrigado. Você sabe, só quero ajudar a…
irmãzinha do Jensen. – Certo – eu disse, sentindo minha irritação se acender
novamente. Eu queria pegar a água e derramá-la inteira na minha cabeça. O que
era essa irritação? – Certo – ele repetiu, lançando os olhos para mim e
mostrando um sorrisinho brincalhão que imediatamente dissolveu minha loucura e
fez minhas partes femininas acordarem de novo. – Pelo menos essa é a história
que vamos contar para todo mundo.
Aaaah, posta mais.
ResponderExcluirCadê o resto???