Translate

Playboy Irresistivel - Capitulo 13

Treze

Fechei a porta atrás de mim e comecei a respirar fundo. Eu precisava de espaço. Precisava de um minuto para recompor meus pensamentos e entender o que diabos estava acontecendo. Hoje de manhã achei que fui descartada como uma das muitas conquistas de Joe, e agora ele estava dizendo que queria algo mais? Que merda foi essa? Por que ele estava complicando tudo? Uma das coisas de que eu gostava em Joe era que todo mundo sabe quais são as regras que ele segue. Para o bem ou para o mal, você sempre sabia qual era o jogo. Nada sobre ele era complicado: sexo sem compromisso. Fim da história. Era mais fácil quando eu não tinha a opção de considerar algo mais. Ele era o bad boy, o cara gostosão que ficou com a minha irmã no quintal de casa. Ele era o objeto das minhas primeiras fantasias. E a questão não era que eu passei minha juventude sofrendo por ele – na verdade, foi o contrário –, pois saber que eu podia desejá-lo, mas nunca ter uma chance de verdade, facilitava tudo. Mas agora? Podendo tocá-lo e ser tocada por ele, e depois ouvi-lo dizendo que queria algo mais sem que houvesse qualquer possibilidade de isso ser verdade… apenas complicava tudo. Joe Jonas não conhece o significado de algo mais. Não foi ele mesmo quem admitiu que nunca teve um relacionamento monogâmico sério? Não foi ele quem nunca encontrou alguém que o interessasse por tempo suficiente? Não foi ele quem recebeu uma mensagem de uma de suas não namoradas na manhã seguinte de nossa primeira noite de sexo? Não, obrigada. Pois por mais que eu gostasse de passar um tempo com ele, e por mais divertido que fosse fingir que eu poderia aprender com ele, eu sabia que nunca me tornaria uma jogadora. Se eu o deixasse entrar em minha vida de verdade – se eu entregasse meu coração e me apaixonasse –, eu com certeza iria afundar. Percebi que realmente precisava ir trabalhar, então abri o chuveiro e fiquei olhando o vapor preencher o banheiro. Soltei um gemido quando entrei debaixo da água, deixando meu queixo cair em meu peito e o som do banho afogar o caos em meus pensamentos. Abri os olhos e olhei para meu corpo e a mancha de tinta que escorria pelas minhas pernas. “Raridades para os raros.” As palavras que ele escreveu com tanto cuidado em minha cintura estavam agora escorrendo umas nas outras. Havia outras marcas de tinta que borraram em sua mão em todo meu pescoço, entre os seios, nas costelas, e até mais embaixo. Por um momento, eu me permiti admirar o gentil desenho de sua caligrafia, lembrando-me da expressão determinada em seu rosto enquanto ele escrevia. Suas sobrancelhas se juntaram, o cabelo caiu em cima de um olho. Fiquei surpresa por ele não arrumar a mecha rebelde – um hábito que eu achava encantador –, mas ele estava determinado, concentrado naquilo que fazia, meticulosamente escrevendo cada letra em minha pele. E então ele arruinou tudo perdendo a cabeça. E eu me apavorei. Peguei minha esponja e a cobri com sabonete demais. Comecei a esfregar as marcas; metade delas já tinha desaparecido com a água do chuveiro, o resto se dissolvia junto ao
sabonete e descia por meu corpo até o ralo. Com os traços de Joe e sua tinta fora da minha pele e a água esfriando, eu saí do chuveiro e me arrumei rapidamente em meio ao ar frio. Abri a porta e o encontrei andando de um lado para o outro em meu quarto, já vestido com as roupas de corrida e o gorro na cabeça. Parecia que estava considerando ir embora ou não. Joe tirou o gorro e ficou de frente para mim. – Até que enfim – ele murmurou. – Como é? – eu disse, começando a ficar nervosa de novo. – Você não é a única que tem direito a ficar brava aqui – ele disse. Meu queixo caiu. – Eu… você… como é? – Você sumiu – ele disse num tom ríspido. – No banheiro – esclareci. – Mas não acertamos as coisas, Demi. – Eu precisava de espaço, Joe. E para ilustrar meu argumento, saí do quarto e entrei no corredor. Ele me seguiu. – Você está fazendo de novo – ele disse. – Regra importante: não se apavore e deixe alguém falando sozinho na sua própria casa. Você sabe o quanto isso foi difícil para mim? Parei na cozinha. – Para você? Você tem ideia do tamanho da bomba que você soltou de repente? Eu precisava pensar! – Não dava para pensar no quarto? – Você estava pelado. Ele balançou a cabeça. – O quê? – Não consigo pensar quando você está pelado! – eu gritei. – Aquilo era demais – fiz um gesto para seu corpo, mas rapidamente percebi que foi uma péssima ideia. – Eu estava… eu me apavorei, certo? – E como você acha que eu me senti? Ele encarou meu rosto, apertando os músculos do queixo. Quando eu não respondi, ele balançou a cabeça e olhou para baixo, enfiando as mãos nos bolsos. Isso foi uma péssima ideia. A cintura da calça se abaixou, e a barra da camiseta subiu. E aquele pedaço de barriga sarada definitivamente não ajudou. Forcei a mim mesma a me concentrar na conversa. – Você acabou de me dizer que não sabe o que quer. E depois falou que tem sentimentos por mim que vão além do sexo. Tenho que ser honesta, acho que você não está entendendo nada do que se passa entre nós. Na primeira vez que transamos você logo me afastou, e agora você diz que quer algo mais? – Ei! – ele gritou. – Eu não afastei você. Eu já disse, fiquei abalado quando você agiu toda casual… – Joe – eu disse, com a voz firme. – Por doze anos eu vivi ouvindo as histórias sobre você e meu irmão. Eu vi como a Liv ficou depois que você foi embora. Ela sofreu por meses e aposto que você nem sabia disso. Vi você escapar com damas de honra e desaparecer de reuniões de família. Nada mudou. Você passou a maior parte da sua vida adulta agindo como
um cara de dezenove anos, e agora você acha que quer algo mais? Você nem sabe o que isso significa! – E você sabe? De repente, você sabe de tudo? Por que você está tão certa de que eu sabia que essa coisa com a Liv tinha sido tão monumental assim? Não é todo mundo que discute seus sentimentos e sexualidade e sei lá mais o quê igual você. Nunca conheci uma mulher como você. – Bom, estatisticamente falando, isso que você acabou de dizer é realmente alguma coisa. Eu nem sabia de onde isso surgiu, e no instante em que as palavras saíram da minha boca eu sabia que fui longe demais. De uma só vez, sua vontade de discutir desapareceu: seus ombros caíram e o ar sumiu de seus pulmões. Ele me encarou por um longo momento, com os olhos perdendo o fogo até ficarem totalmente… sem vida. E então, ele foi embora.
Andei de um lado para o outro no velho tapete da sala de jantar por tantas vezes que praticamente deixei um rastro no caminho. Minha mente estava uma bagunça, meu coração acelerava a cada minuto. Eu não entendia direito o que acabou de acontecer, mas meu corpo inteiro estava tenso, com medo de ter arruinado a melhor amizade e o melhor sexo que já tive. Eu precisava de algo familiar. Precisava da minha família. O telefone chamou quatro vezes antes de Liv atender. – Dem! – minha irmã disse. – Como é que vai minha rata de laboratório preferida? Fechei os olhos, recostando no batente da porta entre a sala e a cozinha. – Bem, bem. Como vai a fábrica de bebês? – perguntei, acrescentando rapidamente: – E eu definitivamente não estou me referindo à sua vagina. Ela explodiu em risadas do outro lado da linha. – Então você ainda não aprendeu a filtrar as palavras. Algum dia você ainda vai deixar algum homem por aí superconfuso. Ah, se ela soubesse. – Como você está? – perguntei, levando a conversa para águas mais calmas. Liv estava casada e muito grávida do primeiro e muito esperado neto da família Lovato. Eu até estava surpresa por minha mãe sair do lado dela por mais de dez minutos. Liv suspirou, e eu pude imaginá-la sentada à mesa de jantar em sua cozinha amarela junto de seu labrador gigante deitado a seus pés. – Estou bem – ela disse. – Cansada, mas bem. – A criança está te tratando bem? – Sempre – ela respondeu. Pude praticamente ouvir o sorriso em sua voz. – O bebê vai ser perfeito. Espera só. – Claro que vai. Quer dizer, veja só a tia dele. Ela riu. – Exatamente o que eu estava pensando. – Vocês já escolheram o nome? Liv estava decidida a não saber o sexo do bebê até o nascimento. Assim ficava mais difícil paparicar meu novo sobrinho ou sobrinha.
– Acho que chegamos a algumas alternativas. – E? Eu estava intrigada. A lista de nomes unissex da minha irmã e seu marido era totalmente cômica. – Nem vem, não vou contar. – O quê? Por quê? – Porque você sempre encontra algo de errado com os nomes. – Isso é ridículo. Embora… ela até que estava certa. Suas escolhas eram péssimas. Por algum motivo eles tiveram a brilhante ideia de que nomes de pássaros e árvores eram unissex e, portanto, cabíveis. Alguém precisava defender essa criança, e esse alguém sou eu. – Mas e você? O que conta de novo? – ela perguntou. – Como sua vida melhorou desde seu confronto épico com o chefão no mês passado? Eu ri, sabendo que ela estava falando de Jensen e não do meu pai, nem mesmo de Liemacki. – Comecei a praticar corrida de manhã e estou saindo mais de casa. Quer dizer, nós chegamos a um… acordo? Liv não perdeu tempo: – Um acordo. Com o Jensen? Conversei com Liv algumas vezes nas últimas semanas, mas não citei minha crescente amizade, relacionamento ou sei lá o quê, entre eu e Joe. Por razões óbvias. Mas agora eu precisava da opinião da minha irmã sobre tudo isso, e meu estômago se apertava numa grande bola de ansiedade. – Bom, você sabe que Jens sugeriu que eu precisava sair mais – fiz uma pausa, correndo os dedos na madeira entalhada da cristaleira antiga na sala de jantar. Então fechei os olhos, tomei coragem e disse: – Ele sugeriu que eu deveria ligar para o Joe. – Joe? Um instante de silêncio se passou em que fiquei imaginando se ela estava se lembrando do mesmo universitário lindo de que eu me lembrava. – Espera… Joe Jonas? – Esse mesmo. Só de falar nele meu estômago dava nó. – Uau. Por essa eu não esperava. – Nem eu – murmurei. – Então, e aí? – E aí o quê? – perguntei, imediatamente me arrependendo do jeito que soou. – Você ligou para ele? – ela disse, rindo. – Liguei. E é meio por causa disso que estou ligando para você agora. – Humm, isso parece deliciosamente perigoso – ela disse. Eu não sabia como fazer isso, então comecei com o detalhe mais simples e inócuo. – Bom, ele mora aqui em Nova York. – Acho que me lembro disso. E então? Faz séculos que eu não o vejo, tipo, adoraria saber como ele está hoje. Ele continua bonito? – Ah, ele continua… bonito – eu disse, tentando soar o mais neutra possível. – A gente tem se encontrado de vez em quando.
Houve uma pausa do outro lado da linha, um momento em que eu praticamente podia ver Liv franzindo a testa e cerrando os olhos enquanto tentava encontrar o significado oculto do que acabei de dizer. – Se encontrado? – ela repetiu. Eu gemi, esfregando o rosto. – Oh, meu Deus, Dem! Você está transando com o Joe? Gemi de novo, e Liv começou a rir. Afastei o telefone do ouvido e olhei para o chão. – Isso não é engraçado, Liv. – Sim, é engraçado, sim. – Ele era… seu namorado. – Ah, não, não era. Nem mesmo um pouquinho. Acho que no máximo ficamos por uns dez minutos. – Mas… você sabe, existe um código de honra entre as garotas. – É verdade, mas também existe um limite de tempo. Ou um limite de bases. Tipo, acho que a gente mal passou da primeira base. Apesar de que, na época, eu estava completamente preparada para deixar ele ir até o montinho do rebatedor, se é que você me entende. – Eu achava que você tinha ficado devastada depois daquele feriado. Ela começou a rir muito. – Calma lá. Em primeiro lugar, nós nunca fomos um casal. Apenas demos uns beijos safados escondidos no quintal de casa. Deus, eu mal me lembro daquilo. – Mas eu lembro que você ficou tão abalada que nem apareceu em casa no verão em que ele trabalhou com o papai. – Eu não apareci em casa porque passei o ano inteiro empurrando minhas notas com a barriga e precisei correr atrás de créditos no verão – ela disse. – E eu não contei para você porque a mãe e o pai iriam descobrir e iriam me matar. Pressionei a mão em meu rosto. – Estou tão confusa. – Não fique – ela disse, mostrando preocupação na voz. – Apenas me diga o que está acontecendo entre vocês. – Estamos passando muito tempo juntos. Eu realmente gosto dele, Liv. Quer dizer, ele provavelmente é meu melhor amigo aqui. Daí nós transamos, e ele ficou todo esquisito no dia seguinte. Depois começou a falar sobre sentimentos, e parecia que ele estava me usando como cobaia de algum experimento emocional. Tipo, eu achava que ele não tinha um bom histórico com as garotas Lovato. – Então você chutou o traseiro dele porque na sua mente ele era o homem dos meus sonhos e despedaçou meu coraçãozinho e nunca mais olhou para mim, a coitadinha. Suspirei. – É, isso fez parte dos meus motivos. – E o que mais? – Bom, o fato de que ele é um galinha. O fato de que não se lembra de nem uma fração das mulheres que já comeu. O fato de que vinte e quatro horas depois de me dar um gelo ele veio falando de sentimentos e que queria algo mais do que sexo. – Certo – ela disse, considerando meus argumentos. – Mas ele quer mesmo algo mais? E você quer?
Suspirei. – Não sei, Liv. Mas mesmo que ele queira… e mesmo se eu quisesse… como eu poderia confiar nele? – Não quero que você seja uma idiota, então vou compartilhar um pouco de sabedoria aqui. Está pronta? – Nem um pouco. Ela continuou mesmo assim: – Antes de eu conhecer o Rob, ele era um tremendo galinha. Juro por Deus que o pau dele esteve em todos os lugares possíveis. Mas hoje? Ele simplesmente é outro homem. Ele venera o chão onde eu piso. – Sim, mas ele queria casar – eu disse. – Você não estava apenas transando com ele. – Quando ficamos pela primeira vez era, sim, só uma transa qualquer. Olha, Dem, um monte de coisas acontecem com uma pessoa entre os dezenove e os trinta e um anos. Tudo muda. – Nisso eu acredito – murmurei, imaginando a voz mais grave de Joe, seus dedos se tornando especialistas, seu peito mais largo e másculo. – Não estou falando apenas do corpo dele, sua tonta – ela fez uma pausa e depois acrescentou: – Embora isso também mude, é verdade. E agora que pensei nisso, você precisa me enviar uma foto do Joe Jonas de trinta e um anos o mais rápido possível. – Liv! – Brincadeira! – ela riu por um tempo. – Mas então, estou falando sério. Mande uma foto. Mas eu realmente odiaria ver você perder a oportunidade de passar um tempo com ele só porque espera que ele aja como um garoto de dezenove anos. E fale a verdade. Você não acha que também mudou bastante desde que passou dos dezenove? Eu não disse nada, apenas mordi os lábios e continuei tracejando a madeira da cristaleira da minha mãe. – E isso foi apenas há cinco anos para você. Pense em como ele se sente. Joe já tem trinta e um anos. Você ganha muita experiência em doze anos, Dem. – Humm. Odeio quando você está certa. Ela riu. – Pelo jeito você está usando seu cérebro como um escudo protetor contra o charme do Joe. – Mas aparentemente não estou sendo bem-sucedida. Fechei os olhos e me recostei na cadeira. – Ai, Deus, isso é incrível. Estou tão feliz por você ter me ligado. Minha barriga está gigante, e estou morrendo de tédio. E você me dá uma história sensacional dessa? – Você não acha estranho conversar sobre ele? – Bom… acho que até poderia ser estranho, mas honestamente? Joe e eu… ele foi o primeiro garoto que me deixou excitada de verdade, mas ficou só nisso. Superei ele dois segundos após o Brandon Henley colocar um piercing na língua. Apertei meus olhos com a mão. – Ah, credo. – Pois é, não contei sobre esse caso porque não queria arruinar sua vida, e não queria que você arruinasse meu caso pesquisando como o piercing pode inflamar e tal…
– Bom, essa conversa está fazendo um estrago emocional no meu cérebro. Posso ir agora? – Ah, para com isso. – Eu realmente estraguei tudo – eu disse gemendo e esfregando os olhos. – Liv, eu fui uma idiota com ele. – Parece que você vai ter que puxar um pouco de saco. Ele gosta desse tipo de coisa hoje em dia? – Ai, meu Deus! Vou desligar! – Certo, certo. Olha, Zig. Não olhe para o mundo com os olhos de uma garota de doze anos. Ouça o que ele tem para dizer. Tente lembrar que Joe tem um pinto, e isso faz dele um idiota por definição. Mas um idiota fofo. Até mesmo você não pode negar isso. – Pare de fazer tanto sentido. – Impossível. E agora vá vestir sua calcinha de gente grande e corra para consertar as coisas.
Passei a caminhada inteira até o prédio de Joe tentando dissecar cada lembrança que eu tinha daquele Natal e tentando juntá-las com as coisas que Liv disse. Eu tinha doze anos e era fascinada por ele, fascinada pela ideia dos dois juntos. Mas agora que ouvi a versão de Liv dos eventos daquela semana e do que veio depois, fiquei imaginando o que era real e o quanto meu cérebro melodramático aumentou os acontecimentos. E ela tinha razão. Essas memórias facilitaram muito eu classificar Joe como um garanhão cafajeste e deixaram quase impossível eu enxergá-lo de outro jeito. Então será mesmo que ele queria algo mais? Será que era capaz disso? Será que eu era? Eu tinha muitas desculpas para pedir. Joe não atendeu a porta quando eu bati. Também não respondeu nenhuma das mensagens que enviei enquanto estava de pé ali. Então fiz a única coisa que consegui pensar e comecei a enviar mensagens com piadinhas sujas e sem graça. Qual é a diferença em um pênis e um cartão de crédito? Quando ele não respondeu, eu continuei. Uma mulher sempre vai querer o seu cartão de crédito. Nada. O que um seio disse para o outro? De novo, nada de resposta. Somos amigas do peito. Deus, o que eu estava fazendo? Decidi tentar mais uma. O que vem depois de um 69? Usei seu número favorito, torcendo para ele morder a isca. Quase derrubei o celular quando
a pergunta “O quê?” apareceu na tela. Cepacol. Caramba, Demi. Essa piada foi horrível. Entre logo e para de deixar a gente constrangido.
Eu praticamente corri até o elevador. A porta estava destrancada, e quando entrei, vi que ele estava preparando o jantar, com panelas fumegando e o balcão da cozinha cheio de ingredientes. Joe vestia uma velha camiseta da banda Primus e um jeans velho e rasgado – mais sexy impossível. Ele não tirou os olhos do que estava fazendo quando eu entrei, apenas continuou usando a faca na tábua de carnes. Meus pés hesitantes me levaram da sala até a cozinha, onde parei atrás dele e encostei meu queixo em seu ombro. – Não sei como você me aguenta – eu disse. Respirando fundo, eu queria memorizar seu cheiro. E se eu realmente tivesse estragado tudo? E se ele já não aguentasse mais a tonta da Dem e suas perguntas idiotas e seu sexo desastrado e suas conclusões precipitadas? Eu mesma teria dado um pé na minha bunda há tempos. Mas ele me surpreendeu baixando a faca e se virando para me encarar. Joe parecia acabado. Senti uma culpa me consumindo por dentro. – Você pode ter interpretado mal as coisas com a Liv – ele disse –, mas isso não significa que não houve outras. Algumas eu nem lembro direito – sua voz era sincera, até mesmo com um tom de desculpa. – Fiz algumas coisas de que não me orgulho. Acho que tudo está voltando agora. – Acho que foi por causa disso que fiquei tão aterrorizada com a ideia de você querer algo mais – eu disse. – Você teve tantas mulheres no passado que tenho certeza de que nem sabe quantos corações você partiu. Talvez não tenha nem ideia de como não partir corações. Quero pensar que eu sou esperta demais para cair nessa armadilha. – Eu sei – ele disse. – E tenho certeza de que isso faz parte do seu charme. Você não está aqui para me transformar. Você está aqui apenas para ser minha amiga. Você me faz pensar mais sobre minhas decisões, e isso é uma coisa boa – ele hesitou. – E admito que me animei um pouco demais em nosso momento pós-coito… Eu me empolguei. – Tudo bem. Eu me estiquei para beijar seu queixo. – Apenas amigos está bom para mim – ele disse. – Amigos que transam de vez em quando fica ainda melhor – seus olhos encontraram os meus. – Mas acho que esse é um bom lugar para ficarmos por enquanto, certo? Tentei decifrar sua expressão e entender por que ele estava considerando tão cuidadosamente cada palavra que usava. – Desculpe pelas coisas que falei – eu disse. – Entrei em pânico e falei uma coisa maldosa. Eu sou uma idiota. Ele estendeu a mão e enganchou um dedo no meu cinto, puxando-me para mais perto. Soltei meu corpo e senti o peso de seu peito contra o meu.
– Nós dois somos idiotas – ele disse, baixando os olhos para minha boca. – E só para você saber, estou prestes a te beijar. Fiquei na ponta dos pés. Não foi exatamente um beijo, mas não sei que outra palavra usar para descrever. Seus lábios rasparam nos meus, a cada passada com mais pressão do que a anterior. Sua língua lambeu de leve, mal tocando antes de me puxar para mais perto. Senti seus dedos entrarem debaixo do tecido da minha camiseta e pousarem na minha cintura. Minha mente começou a girar de repente com ideias sobre o que eu queria fazer com ele, o quanto eu queria estar mais perto dele. Eu queria sentir seu sabor por inteiro. Queria memorizar cada linha e cada músculo. – Quero chupar você – eu disse. Ele afastou o rosto, apenas o suficiente para analisar minha expressão. – De verdade, desta vez. Tipo, fazendo você gozar e tudo mais. – Quer mesmo? Confirmei, passando a ponta dos dedos na linha de seu queixo. – Me ensina como fazer de um jeito incrível? Rindo, ele disse num tom baixo entre os beijos: – Meu Deus, Demi. Eu podia sentir sua ereção contra minha cintura e então deslizei a mão por seu corpo até chegar ao seu pau. – Pode ser? Com olhos arregalados e confiantes, ele tomou minha mão e me conduziu até o sofá. Joe hesitou um momento antes de se sentar. – Vou acabar desmaiando se você continuar me olhando desse jeito. – Mas não é esse o objetivo? Não esperei sua deixa e me ajoelhei no chão entre suas pernas. – Diga como você quer que eu faça. Seus olhos ficaram pesados olhando para mim. Ele me ajudou com seu cinto, ajudou-me a puxar e tirar a sua calça, e depois ficou olhando enquanto eu me abaixava e beijava a ponta de seu pau. Ele fez uma pausa quando eu me ajeitei esperando suas ordens. Joe estudou meu rosto e então agarrou a base do pau. – Quero ver você lambendo da base até a ponta. Comece devagar. Provoque um pouco. Eu me debrucei, subindo minha língua por toda sua extensão, passando pela grossa veia e vagarosamente lambendo a ponta endurecida. Ele vazava um pouco no topo e sua doçura me surpreendeu. Beijei a ponta, chupando por mais. Ele gemia. – De novo. Comece na base. E chupe um pouco na ponta de novo. Beijei seu pau e sussurrei com um sorriso no rosto: – Que ordens específicas. Mas ele parecia incapaz de sorrir de volta; seus olhos azuis começaram a arder de intensidade. – Foi você quem pediu – ele grunhiu. – Estou descrevendo passo a passo aquilo que imaginei centenas de vezes. Comecei de novo, amando cada segundo, amando vê-lo desse jeito. Ele parecia um pouco perigoso. Ao seu lado, sua mão livre se fechou num punho. Eu queria que ele se liberasse,
agarrando meus cabelos e enfiando com força em minha boca. – Vai, continue chupando. Ele assentiu quando eu o envolvi com meus lábios, depois com toda minha boca, usando também a língua. – Chupa mais. Com força. Fiz o que ele pediu, fechando os olhos por um momento e tentando não entrar em pânico, com medo de engasgar e perder o controle. Mas, aparentemente, eu estava fazendo certo. – Ah, merda, sim, desse jeito – ele gemeu quando apertei os lábios. – Bem molhado… use um pouco dos dentes. Olhei em seu rosto para confirmar antes de raspar meus dentes em sua pele. Joe praticamente soltou um rugido e jogou os quadris para frente, acertando a parte de trás da minha garganta. – Isso. Tudo que você faz é bom demais. Era o elogio que eu precisava ouvir para me dedicar ainda mais e liberar a mim mesma. – Sim, ah… Seus quadris se moviam com rapidez e intensidade. Os olhos estavam grudados em meu rosto, e as mãos agarravam meus cabelos exatamente do jeito que eu queria. – Mostre o quanto você está gostando disso. Fechei os olhos, soltando sons de prazer enquanto chupava com toda a vontade. Eu sentia meus próprios gemidos escaparem da minha garganta, e tudo que eu podia pensar era sim, mais, goze para mim. Seus gemidos graves e sua respiração entrecortada eram como uma droga para mim, e senti meu próprio desejo se intensificando enquanto seu prazer crescia e crescia. Entramos num único ritmo, minha boca e minha mão trabalhando com os movimentos de seus quadris. Percebi que ele estava se segurando, tentando durar o máximo que podia. – Dentes – ele me lembrou num tom áspero, e então gemeu de alívio quando obedeci. Com uma mão, ele usou a ponta do dedo para traçar meus lábios. A outra mão permaneceu enterrada em meus cabelos, guiando minha cabeça e eventualmente me segurando no lugar enquanto ele cuidadosamente estocava em minha boca. Contra minha língua, ele inchou, e sua mão puxou meus cabelos com força. – Vou gozar, Demi. Vou gozar. Eu podia sentir os músculos de sua barriga e das coxas se tencionarem. Chupei uma última e longa vez antes de tirar a boca, tomando-o em minhas mãos e subindo e descendo rapidamente, agarrando e apertando do jeito que ele gostava. – Ah, merda. Ele soltou o ar numa respiração pesada e gozou em minhas mãos. Eu o conduzi por todo o processo, continuando a apertar lentamente até ele não aguentar mais e tirar minhas mãos, sorrindo enquanto me puxava para cima. – Caramba, você aprende rápido – ele disse, beijando minha testa, meu rosto, os cantos da minha boca. – É claro. Tenho um excelente professor. Ele riu, pressionando seu sorriso ao meu. – Posso assegurar que não aprendi isso por experiência própria – Joe afastou o rosto e seus olhos vagaram por todo o meu rosto. – Fique e jante comigo, por favor?
Eu me aninhei em seus braços e concordei. Não havia outro lugar no mundo em que eu preferia estar.

Playboy Irresistivel - Capitulo 12



Doze

Eu só deixava de correr se estivesse mortalmente doente ou se tivesse um avião para pegar logo cedo. Então, na segunda-feira de manhã, eu me odiei um pouco por desligar o alarme e continuar na cama. Eu simplesmente não queria encontrar Demi. Mas assim que esse pensamento me veio, tive que reconsiderar sua validade. Eu não queria encontrar Dem, com seus peitos pulando e falando pelos cotovelos, como se não tivesse me destruído no sábado com seu corpo e palavras e necessidades, tudo isso disfarçado de Demi. E eu sabia que se Dem aparecesse agindo como se nada tivesse acontecido, isso iria me levar ainda mais para o fundo do poço. Fui criado por mãe solteira, com duas irmãs mais velhas que não me davam outra escolha a não ser entender as mulheres, conhecer as mulheres, amar as mulheres. Em um dos meus dois relacionamentos sérios que já tive, conversei com minha namorada sobre a possibilidade de esse conforto com as mulheres ter funcionado muito bem para mim quando cheguei à adolescência e por isso acabei querendo transar com todas as garotas que eu encontrava. Acho que essa namorada tentou me dizer de um jeito não muito discreto que eu manipulava as mulheres fingindo que ouvia os problemas delas. Não pensei muito nisso desde então; nós terminamos o namoro pouco depois. Mas esse conforto com o sexo oposto parecia que não ajudava muito em relação a Demi. Ela parecia uma criatura diferente, de uma espécie diferente. Tornava toda a minha experiência completamente inútil. Por algum motivo, quando voltei a dormir, comecei a sonhar que estava transando com ela em cima de uma pilha gigante de material esportivo. Um taco de lacrosse batia em minhas costas, mas eu não me importava. Apenas fiquei observando ela me cavalgar, com olhos colados aos meus, as mãos se movendo por todo meu peito. Meu celular tocou ao meu lado e eu acordei de repente. Olhando para o relógio, percebi que dormi demais; eram quase oito e meia. Atendi sem olhar, pensando que era Nick perguntando onde diabos eu estava. – Calma, cara. Vou chegar dentro de uma hora. – Joe? Merda. – Ah, oi. Meu coração se apertou tanto que eu soltei um grunhido que precisei abafar com a mão. – Você ainda está dormindo? – Demi perguntou. Ela parecia sem fôlego. – Eu estava. Ela fez uma pausa, onde pude até ouvir o vento do outro lado da linha. Ela estava ao ar livre e sem fôlego. Foi correr sem mim. – Desculpa te acordar. Fechei os olhos e pressionei meu punho em minha testa. – Esquece. Ela permaneceu quieta por um longo e doloroso tempo, e nesse intervalo imaginei várias
conversas entre nós. Uma em que ela me dizia que eu era um idiota. Uma em que ela se desculpava por insinuar que eu fui insensível em relação à nossa noite juntos. Uma em que ela tagarelava sem nenhum assunto em particular, bem ao estilo Dem. E uma em que perguntava se podia vir até meu apartamento. – Acabei de correr um pouco – ela disse. – Achei que você já tinha começado e então pensei em encontrar você pela trilha. – Você achou que eu começaria sem você? – eu perguntei, rindo. – Isso seria uma falta de educação. Ela não respondeu, e então percebi que o que eu fiz – não aparecer e nem avisar – era tão ruim quanto. – Merda, Dem, desculpa. Ela ofegou de um jeito exagerado. – Ah, então eu sou a Dem hoje. Interessante. – Pois é – murmurei, e então odiei a mim mesmo imediatamente. – Não. Merda, não sei quem você é hoje – e chutei meus lençóis para longe, forçando meu cérebro a acordar de uma vez. – Minha cabeça fica bagunçada quando chamo você de Demi. Me faz pensar que você é minha, pensei, sem dizer em voz alta. Rindo alto, ela começou a andar novamente, fazendo o vento bater ainda mais forte no telefone. – Supere logo sua ansiedade masculina, Joe. Nós transamos. Você é o cara que sabe melhor do que ninguém como lidar com nossa situação. Não estou pedindo uma chave do seu apartamento. Ela fez uma pausa e meu coração quase parou quando percebi como ela estava avaliando o meu distanciamento. Ela achava que eu estava esfriando as coisas. Abri minha boca para esclarecer tudo, mas as palavras dela surgiram antes. – Não estou nem pedindo para repetirmos a dose, seu idiota egocêntrico. E com isso, ela desligou. —
Pedi para mudarmos nosso almoço de sempre das terças-feiras para a segunda-feira dizendo que eu tinha perdido minha coragem e minha cabeça, e ninguém reclamou. Cheguei num nível de coração partido que já não era mais engraçado para meus amigos. Encontramo-nos no Le Bernardin, pedimos o de sempre, e a vida parecia prosseguir normalmente. Nick beijava Miley até ela o afastar. Kevin e Dani fingiam odiar um ao outro por causa da salada que ela insistia em oferecer a ele, encenando aquela esquisita sessão de preliminares que eles sempre faziam. A única coisa que parecia diferente era minha bebida alcoólica, que terminava em menos de cinco minutos, e o garçom me olhava feio quando eu pedia outra. – Acho que eu sou Kitty – eu disse, assim que o garçom foi embora. Quando a conversa parou de repente, percebi que meus amigos estavam conversando alegremente sobre qualquer coisa enquanto meu cérebro lentamente derretia ao lado. – Com a Demi – esclareci, buscando algum tipo de compreensão em seus rostos. – Eu sou Kitty. Eu sou a pessoa dizendo que não se importa em apenas transar sem nada mais sério, só
que na verdade eu me importo sim. Eu sou a pessoa dizendo que aceita transar só nas terçasfeiras, em dias ímpares, só para ter um tempo com ela. Ela é a pessoa dizendo que não precisa de um relacionamento sério. De repente, Dani colocou a palma da mão na frente do meu rosto. – Espera aí, Joseph. Você está transando com ela? Eu me ajeitei na cadeira, arregalando os olhos num tom defensivo. – Ela tem vinte e quatro anos, não é mais nenhuma adolescente, Dani. Qual é o problema? – Eu não me importo que você esteja transando com ela, eu me preocupo porque vocês transaram e ela não ligou para nós imediatamente. Quando isso aconteceu? – Calma. Foi no sábado. Dois dias atrás – eu murmurei. Ela se recostou e sua expressão se acalmou um pouco. Relaxando, estendi o braço para pegar meu drinque assim que o garçom o colocou na mesa. Mas Nick foi mais rápido, tirando-o do meu alcance. – Temos uma reunião hoje à tarde com Albert Samuelson e preciso que você esteja sóbrio. Concordei, esfregando os olhos. – Eu odeio todos vocês. – Por estarmos certos? – Kevin resumiu corretamente. Eu o ignorei. – E você afinal terminou com Kitty e Kristy? – Miley perguntou gentilmente. Merda. De novo isso? Balancei a cabeça. – Por que eu terminaria? Não existe nada entre Demi e eu. – Não existe nada, exceto os seus sentimentos por ela – Miley pressionou, juntando as sobrancelhas. Eu odiava sua reprovação. De todos os meus amigos, Miley só me repreendia quando eu realmente merecia. – Só acho que é melhor não criar mais drama – eu disse, mesmo sabendo que era uma desculpa esfarrapada. – A Demi disse mesmo que não quer nada sério com você? – Dani perguntou. – Isso ficou bem óbvio depois do jeito que ela se comportou no domingo de manhã. Nick acrescentou: – Odeio dizer o óbvio, meu amigo, mas por que você não fez aquilo que sempre faz e deixou as coisas claras antes de transar? Não é isso que você sempre diz sobre seus encontros casuais? Que é melhor discutir tudo antes para não sofrer depois? – Não fiz isso porque é fácil ter essa conversa quando você sabe o que quer e o que não quer. – Bom, então o que você sabe? – Nick perguntou, virando de lado para dar espaço para o garçom colocar seu pedido na mesa. – Sei que não quero que Demi transe com mais ninguém – eu disse entredentes. – Bom – Kevin interrompeu –, e se eu disser que vi Kitty claramente saindo com outro cara? Senti um alívio me atingir. – Você viu? Ele balançou a cabeça. – Não. Mas a sua reação diz muita coisa. Conserte as coisas com Demi. Esclareça tudo
com Kitty – e apanhando seu garfo, ele terminou dizendo: – E agora cale a boca e deixe a gente comer. —
No dia seguinte, eu já estava de pé às cinco e quinze da manhã na frente do prédio de Demi. Eu sabia que agora que ela tomou gosto pela corrida, ela não deixaria de sair para correr. Eu tinha que consertar as coisas com ela… apenas não sabia direito como fazer isso. Ela parou de repente quando me viu, arregalando os olhos antes de vestir uma expressão calma no rosto. – Ah. Oi, Joe. – Bom dia. Ela começou a passar por mim, sem tirar os olhos da calçada. Seu ombro raspou no meu, e eu percebi que não foi de propósito. – Espera – eu disse. Ela parou, mas não se virou para mim. – Demi. Ela suspirou. – E hoje sou a Demi de novo. Andei até onde ela parou, fiquei em sua frente e pousei as mãos em seus ombros. Não deixei de notar a maneira como ela tremeu um pouco com meu contato. Era raiva ou a mesma excitação que eu sentia? – Você sempre foi a Demi. Os olhos dela ficaram sombrios. – Mas não ontem. – Ontem eu estraguei tudo, certo? Quero me desculpar por não ter aparecido para nossa corrida e por ter feito papel de idiota. Ela ficou me observando, com olhos desconfiados. – Um idiota épico. – Sei que sou eu quem deveria saber como me comportar nessa situação, mas eu preciso admitir que o sábado foi uma noite diferente para mim – ela suavizou o olhar e os ombros relaxaram. Eu continuei, com a voz num tom mais baixo: – Foi algo intenso, certo? E eu sei que parece loucura, mas fui pego de surpresa quando você agiu toda casual na manhã seguinte. Soltei seus ombros e dei um passo para trás. Ela me olhou como se um chifre tivesse saído da minha cabeça. – E como é que eu deveria agir? Esquisita? Raivosa? Apaixonada? – e balançando a cabeça, ela disse: – Não sei o que fiz de errado. Achei que tinha lidado bem demais. Achei que tinha agido exatamente como você me diria para agir se eu tivesse transado com qualquer outra pessoa. Seu rosto ficou vermelho, e eu tive que me segurar para não abraçá-la. Respirei fundo. Este era o momento em que eu poderia dizer: Eu estou gostando de você de um jeito novo para mim. Estou lutando contra esses sentimentos desde o primeiro dia que te vi. Não sei o que esses sentimentos significam, mas quero descobrir. Mas eu não estava pronto para isso. Olhei para o céu. Eu me sentia perdido, sem saber o que fazer. Até onde eu sabia, talvez isso tudo viesse apenas do fato de que eu conhecia sua família há séculos: um sentimento de proteção, um desejo de ser cuidadoso com nossos
sentimentos. Eu precisava de mais tempo para entender tudo isso. – Conheço sua família há tanto tempo – eu disse, voltando a olhar em seus olhos. – É diferente de quando eu fico com uma garota qualquer, não importa o quanto quisermos que tudo seja casual. Você é mais para mim do que uma simples mulher com quem eu quero transar e… – esfreguei o rosto. – Estou apenas tentando ser cuidadoso, entende? Eu queria chutar meu próprio traseiro. Eu estava agindo como um covarde. Tudo que eu disse era verdade, mas era apenas uma meia-verdade. Não era apenas porque eu a conhecia fazia tanto tempo. Era porque eu queria continuar a conhecê-la, desse jeito, por muitos anos. Ela fechou os olhos por um instante e, quando os abriu de novo, estava olhando para o lado, para um ponto qualquer no horizonte. – Certo – ela murmurou. – Certo? Finalmente ela olhou para mim e sorriu. – Isso. Demi acenou com a cabeça para começarmos a andar. Nossos passos logo encontraram o mesmo ritmo, mas eu não fazia ideia de qual era a conclusão a que chegamos com essa conversa. Pela primeira vez em meses, o dia estava lindo e, embora ainda estivesse muito frio, a sensação de primavera já estava no ar. O céu estava limpo, sem nuvens, apenas luz, sol e ar fresco. Após três quarteirões, comecei a ficar com calor e diminuí o passo, tirando minha camisa de manga longa e amarrando-a na cintura. Ouvi o som de um tropeço e, antes de entender o que aconteceu, Demi já estava estatelada no chão e parecia não conseguir respirar. – Caramba, você está bem? – perguntei, ajoelhando ao seu lado e ajudando-a a sentar. Levaram vários segundos desesperadores para ela conseguir respirar direito. Odiei a sensação mais do que qualquer coisa. Ela tropeçou num grande buraco na calçada e caiu feio, com os braços pressionados contra as costelas. A calça se rasgou no joelho e sua mão segurava o tornozelo. Ela começou a gemer sem parar. – Merda – eu murmurei, passando o braço debaixo dos joelhos e ao redor da cintura para erguê-la do chão. – Vou levar você para casa e colocar gelo nesse machucado. – Estou bem – ela conseguiu dizer, tentando impedir que eu a carregasse. – Demi. Agarrando minha mão, ela implorou: – Não me carregue, Joe, você vai quebrar os braços. Eu tive que rir. – Duvido. Você não é pesada, e o seu prédio fica logo ali. Ela cedeu e envolveu os braços ao redor do meu pescoço. – O que aconteceu, como você caiu? Demi ficou em silêncio, e quando abaixei a cabeça para olhar em seu rosto, ela riu. – Você tirou a camisa. Confuso, eu murmurei: – Eu estava usando outra camiseta por baixo, sua boba. – Não, estou falando das tatuagens – ela deu de ombros. – Fez frio nas últimas semanas. Eu
apenas vi suas tatuagens algumas vezes, mas no sábado pude olhar bastante e fiquei pensando… e agora fui olhar de novo… – E por isso você caiu? – eu perguntei, rindo, apesar da situação. Gemendo, ela sussurrou: – Sim. E cale a boca. – Bom, você pode olhar as tatuagens enquanto eu te carrego – eu disse. – E sinta-se livre para mordiscar minha orelha enquanto isso – eu sussurrei, sorrindo. – Você sabe que eu gosto dos seus dentes. Ela riu, mas não por muito tempo, e assim que eu percebi o que acabei de dizer, a tensão entre nós se tornou algo pesado. Carreguei Demi pela calçada, e a cada passo, em silêncio, a tensão monstruosa crescia. Eu tinha citado tão casualmente o fato de que ela sabia do que eu gostava na cama, e agora nós dois sabíamos exatamente que estávamos indo até seu apartamento, onde transamos loucamente apenas três dias atrás. Tentei pensar em alguma coisa para dizer, mas as únicas palavras que surgiam tinham a ver com nós, e aquela noite, e ela. Eu a coloquei no chão quando chegamos ao elevador e apertei o botão. As portas se abriram, e ajudei Demi a mancar para dentro. As portas se fecharam, apertei o botão do vigésimo terceiro andar e o elevador começou a subir. Demi se encostou no mesmo canto da última vez em que estivemos nesta mesma situação. – Você está bem? – eu perguntei num tom de voz baixo. Ela assentiu, e tudo aquilo que dissemos neste mesmo elevador parecia preencher o silêncio como fumaça subindo do chão. Quero ver você me chupando. Quero gozar na sua boca. – Você consegue mexer o tornozelo? – perguntei de repente, sentindo meu peito se apertar de tanto desejo de agarrá-la. Ela assentiu novamente, com os olhos colados em mim. – Está doendo, mas acho que está tudo bem. – Mesmo assim – eu sussurrei. – É melhor colocar gelo. – Certo. As engrenagens do elevador chiavam; algo acima de nós se encaixou com um grande ruído. Quero que você suba em cima de mim, masturbando-se, e então quero que goze no meu peito. Lambi os lábios, finalmente deixando meus olhos se moverem até sua boca, com minha mente divagando com a lembrança de seus beijos. O eco de suas palavras era tão alto que parecia que eu as ouvia de verdade: Sexo em todos os lugares do meu corpo. Quero morder você e sentir o quanto isso é bom. Eu me aproximei, imaginando se ela se lembrava de dizer: Vamos transar e eu vou fazer tudo que você quiser, e não quero que seja bom apenas para mim, quero que seja bom para você também. E se lembrava, fiquei pensando se ela podia ver em meus olhos que foi, sim, bom demais para mim; e isso me fazia querer ajoelhar na sua frente agora mesmo. Chegamos ao seu andar e acabei deixando-a mancar sozinha pelo corredor, depois de muita insistência sua; foi uma maneira de tentar quebrar a tensão entre nós. Dentro do apartamento, peguei um saco de ervilha congelada e levei até seu quarto, fazendo-a se sentar no banheiro enquanto eu procurava debaixo da pia por algum antisséptico. Acabei achando apenas água oxigenada.
Sua calça estava rasgada apenas em um joelho, mas o outro joelho estava sujo o bastante para eu ter certeza de que os dois estavam machucados. Subi cada perna da calça, ignorando quando ela deu tapas na minha mão porque ainda não tinha se depilado. – Eu não sabia que você iria tocar minhas pernas hoje – ela disse, rindo um pouco. – Ah, para com isso. Cuidando dos machucados com algodão, fiquei aliviado ao ver que não era tão grave. Estava sangrando, mas nada que não cicatrizasse em alguns dias sem deixar marcas. Finalmente, ela olhou para baixo, esticando uma perna enquanto eu cuidava da outra. – Parece que eu estava andando por aí de joelhos. Que desastre. Peguei mais algumas bolas de algodão e passei a água oxigenada, tentando – mas falhando – esconder um sorriso. Ela se abaixou um pouco para ter uma vista melhor do meu rosto. – Você é tão pervertido, sorrindo para os meus joelhos machucados. – Você que é pervertida, pensando por que estou sorrindo. – Você gosta da ideia de deixar meus joelhos machucados? – ela perguntou, aumentando seu próprio sorriso safado. – Desculpa – eu disse, balançando a cabeça com absoluta insinceridade. – Mas eu gosto, sim. Seu sorriso se dissolveu lentamente, e ela correu um dedo em meu queixo, estudando a pequena cicatriz que eu tenho. – O que aconteceu aqui? – Foi na faculdade. Uma garota estava me chupando e de repente ela ficou maluca e mordeu meu pau. Daí eu bati a cabeça na cabeceira da cama. Os olhos dela se arregalaram, horrorizados: era seu pior pesadelo sexual. – Sério? Comecei a rir, sem conseguir levar a história mais longe. – Não, sua boba. Um cara me acertou com um taco de lacrosse no colegial. Ela fechou os olhos, fingindo que não tinha achado graça, mas eu podia perceber que ela estava segurando uma risada. Então, ela olhou para mim. – Joe? – Sim? Joguei o último algodão fora e fechei o frasco de água oxigenada antes de soprar gentilmente seus joelhos. Depois da minha limpeza, achei que nem iria precisar de Band-Aid. – Entendo o que você quis dizer sobre ser cuidadoso por causa da nossa história. E peço desculpas por ter agido de um jeito casual demais. Eu sorri para ela, acariciando sua perna distraidamente, antes de perceber o quanto isso parecia familiar. Ela mordeu o lábio inferior por um momento antes de sussurrar: – Não consigo parar de pensar sobre sábado desde então. Na rua, alguém buzinou, os carros andavam com pressa e as pessoas corriam para o trabalho. Mas no apartamento de Demi, o mundo parecia feito apenas de silêncio. Nós dois apenas encarávamos um ao outro. Seus olhos pareciam cada vez mais ansiosos, e percebi que ela estava constrangida por eu demorar tanto para responder. Eu não conseguia passar nenhum ar por minha garganta. Só depois de muito tentar, consegui
apenas dizer: – Eu também. – Nunca pensei que poderia ser daquele jeito. Eu hesitei, preocupado que ela não fosse acreditar quando repeti: – Eu também. Demi ergueu a mão, fez uma pausa no ar e então estendeu o braço. Deslizando os dedos em meus cabelos, ela se aproximou e, com olhos abertos, pressionou a boca sobre a minha. Meu coração batia com toda a força, minha pele esquentava e meu pau endurecia; meu corpo inteiro ficou tenso instantaneamente. – Tudo bem? – ela perguntou, afastando-se com um olhar ansioso. Eu a desejava com tanta força que até fiquei com medo de não conseguir ser gentil com ela. – Merda, sim, está tudo bem. Eu estava preocupado que nunca mais teria você para mim. Ela se levantou com as pernas trêmulas e tirou a camiseta. Sua pele brilhava com uma fina camada de suor, seus cabelos estavam desarrumados, mas eu não queria mais nada neste mundo além de me enterrar nela e senti-la se entregando para mim por horas. – Você vai se atrasar para o trabalho – eu sussurrei, olhando vidrado enquanto ela tirava o sutiã. – Você também. – Dane-se. Em seguida, ela tirou a calça. Rebolando para mim, ela se virou e mancou até o quarto. Eu tirei minhas roupas enquanto andava atrás dela, chutando a calça para o lado e deixando tudo em pilhas pelo corredor. Demi deitou na cama por cima das cobertas. – Você precisa de mais primeiros socorros? – perguntei, sorrindo enquanto subia por cima dela, beijando o caminho entre a barriga e os seios. – Sente dor em mais algum lugar? – Sim. E dou uma chance para você adivinhar onde. Sem precisar pedir, estiquei o braço até o criado-mudo onde ficavam as camisinhas. Em silêncio, abri uma embalagem e entreguei a ela. Sua mão já estava aberta esperando. – A gente devia fazer umas preliminares antes – eu disse em seu pescoço, mesmo sentindo ela começar a desenrolar a camisinha em mim. – Na minha mente, estamos nas preliminares desde o domingo de manhã – ela sussurrou. – Acho que não preciso criar mais nenhuma expectativa. Ela estava certa. Depois de me posicionar, Demi voltou a me beijar e me puxou para dentro num único e demorado movimento dos quadris, agarrando minha bunda e me conduzindo cada vez mais rápido e forte. – Gosto quando você está faminta assim – murmurei em sua pele. – Sinto que minha dose de você nunca é suficiente. Quero você sempre assim, por baixo, por cima, de todo jeito. – Joe… Ela continuou me conduzindo, agora com as mãos em meus ombros. Eu ouvia o farfalhar dos lençóis e os sons dos nossos corpos. Nada mais. O resto do mundo parecia não existir. Demi também estava quieta, olhando fascinada para onde eu entrava e saía dentro dela. Deslizei a mão entre nós e acariciei onde ela era mais sensível, amando a maneira como arqueou as costas para fora da cama e agarrou a cabeceira procurando por algum apoio. Com minha mão livre, agarrei seus pulsos e senti meu corpo se dissolver dentro dela, nós
dois trabalhando no mesmo ritmo, totalmente molhados de suor. Chupei e mordi um seio, apertando seus pulsos e sentindo a familiar pressão do meu orgasmo surgindo de um jeito incontrolável. Comecei a estocar ainda mais forte e mais rápido, adorando o som dos meus quadris batendo contra suas coxas. – Ah, minha Ameixa. Seus olhos se abriram, cheios de excitação ao saber que meu orgasmo estava próximo. – Quase – ela sussurrou. – Estou quase lá. Massageei seu clitóris mais rápido, esfregando com três dedos, ouvindo seus pequenos gritos roucos cada vez mais altos e presos, o pescoço cada vez mais vermelho. Demi livrou os pulsos para então gozar com um grito agudo, movendo os quadris loucamente junto comigo. Eu me segurei por um fio, entrando fundo e forte até ela amolecer e relaxar, e só então eu me soltei, pronto para gozar. Saí de dentro dela, tirei rapidamente a camisinha e a joguei para o lado antes de agarrar meu pau e começar a me masturbar. Os olhos de Demi ardiam com antecipação; ela se apoiou nos cotovelos, olhando diretamente para onde minhas mãos trabalhavam. Sua atenção e o óbvio prazer que sentia ao me observar… tudo isso foi demais para mim. Um calor queimou subindo por minhas pernas, e eu dobrei minhas costas num movimento repentino. Meu orgasmo pulsou através de mim com uma força incrível, causando um grunhido em minha garganta enquanto eu gozava. Em minha mente, eu enxergava imagens de Demi, com as coxas separadas debaixo de mim, a pele molhada, os olhos abertos dizendo sem palavras o quanto isso era bom. O quanto ela me queria. Pulsando sem parar… até meu corpo não ter mais nada a oferecer. Minhas mãos pararam e abri os olhos, sentindo tontura e perdendo o fôlego. Seus olhos pareciam perdidos, cinzentos e sombrios. Demi estava fascinada enquanto passava os dedos pela barriga e estudava meu orgasmo em sua pele. – Joe. Meu nome surgiu em sua boca como uma súplica. Com certeza não iríamos parar agora de jeito nenhum. Apoiei a mão no travesseiro ao lado de sua cabeça e a olhei de cima. – Você gostou? Ela assentiu, com o lábio inferior preso maliciosamente entre os dentes. – Mostre. Toque a si mesma para mim. Ela hesitou inicialmente, mas então sua incerteza se transformou em determinação. Fiquei olhando sua mão descer por seu corpo, encostando brevemente em meu pau ainda duro antes de deslizar dois dedos em seu clitóris, gemendo com o contato. Passei minha mão lentamente pela lateral de seu corpo até chegar aos seios, onde chupei com vontade antes de dizer em seu ouvido para gozar para mim. – Me ajuda – ela disse, com o olhar pesado. – Eu não ajudo quando você está sozinha. Quero ver como você faz. Acontece que eu também gosto de observar. – Quero que você observe enquanto ajuda. Ela ainda estava tão quente por causa da fricção de nosso sexo; a pele macia e tão molhada. Com meus dedos dentro e os dela fora, nós encontramos um ritmo – ela esfregava enquanto eu
entrava –, e aquilo foi a coisa mais incrível que já vi. Demi se liberou intensamente, alternando seu olhar entre meu orgasmo em seu corpo e meu pau crescendo novamente. Não demorou muito para ela chegar lá; logo estava pressionando contra minha mão, as pernas apertadas ao lado e lábios separados, quando explodiu num grito. Ela ficava linda quando gozava, com a pele brilhando e os mamilos duros. Eu não resistia a tudo isso e precisava sentir o sabor de sua pele, mordiscando a parte de baixo dos seios e diminuindo a velocidade da minha mão enquanto ela relaxava. Depois de tudo isso, ela tomou consciência de nossa aparência: cobertos de suor e meu orgasmo todo em cima dela. – Acho que precisamos de um banho. Eu ri. – Acho que você está certa. —
Mas não chegamos nem perto disso. Começamos a levantar, mas então eu beijei seu ombro, ela mordeu meu pescoço, e cada vez que tentávamos sair da cama, nós voltávamos imediatamente. E nessa brincadeira, a manhã se foi e o relógio já marcava onze horas. A essa altura, nós dois já tínhamos desistido de ir trabalhar. Depois dos beijos pegarem fogo novamente, e depois de gozarmos juntos de novo, eu desabei ao seu lado, e ela ficou olhando para mim enquanto brincava com meu cabelo molhado. – Você está com fome? – Um pouco. Ela começou a se levantar, mas eu a puxei de volta, beijando sua barriga. – Mas não o suficiente para deixar você sair daqui. Quando vi uma caneta no criado-mudo, não pensei duas vezes e a peguei, murmurando para ela não se mexer enquanto eu tirava a tampa com a boca e pressionava a ponta em sua pele. Ela havia deixado uma fresta da janela aberta, e ficamos ouvindo os sons da rua enquanto eu desenhava em sua pele macia abaixo dos quadris. Ela não perguntou o que eu estava fazendo e nem parecia se importar. Suas mãos ainda acariciavam meus cabelos, depois desceram pelos ombros e percorreram meu queixo. Ela cuidadosamente tracejou meus lábios, minhas sobrancelhas, meu nariz. Seria assim que ela me tocaria se fosse cega, explorando minhas feições para entender como tudo se encaixava. Quando terminei, eu me afastei para admirar meu trabalho. Escrevi um fragmento da minha frase preferida, descendo pela cintura até quase as coxas. Raridades para os raros. Adorei a tinta negra em sua pele branca. Adorei ver minha caligrafia em seu corpo. – Quero tatuar isto na sua pele. – Nietzsche – ela sussurrou. – É uma boa citação, até. – Até? – eu repeti, acariciando a pele abaixo, considerando tudo que eu podia fazer ali. – Ele era um pouco misógino, mas até que escreveu alguns bons aforismos. Caramba, o cérebro dessa mulher era demais. – Por exemplo? – perguntei, soprando a tinta ainda molhada.
– A sensualidade ultrapassa muitas vezes o crescimento do amor, de forma que a raiz permanece fraca e arranca-se facilmente. Uau. Olhei a tempo de ver seus dentes soltando o lábio e os olhos brilhando com satisfação. Isso foi interessante. – Cite outra. Ela correu a ponta do dedo na cicatriz em meu queixo e estudou meu rosto cuidadosamente. – Nem tudo que brilha é ouro. Um brilho suave caracteriza o metal mais precioso. Senti meu sorriso diminuir um pouco. – No fim, você ama o desejo, não o desejado – ela inclinou a cabeça enquanto continuava a acariciar meus cabelos. – Você acha que isso é verdade? Engoli em seco, sentindo-me encurralado. Eu estava perdido demais em meus próprios pensamentos para descobrir se ela estava selecionando frases que descreviam meu passado ou se estava apenas citando um pouco de filosofia clássica. – Acho que às vezes é verdade. – Mas “raridades para os raros”… – ela disse quase sussurrando, olhando para a própria cintura. – Gostei. – Ainda bem. Eu me debrucei sobre ela novamente para reforçar uma ou outra letra, cantarolando baixinho. – Você ficou cantando essa música enquanto escrevia em mim – ela sussurrou. – Fiquei? Eu nem percebi o que estava fazendo. Depois de pensar um pouco, lembrei que a música se chamava “She talks to angels”. – Humm, é velha, mas é legal – eu disse, soprando sua barriga para secar a tinta. – Eu me lembro da sua banda tocando essa mesma música. Olhei para ela, tentando entender como isso podia ser possível. – Uma gravação? Acho que nem eu tenho isso. – Não – ela continuou sussurrando. – Ao vivo. Eu estava visitando o Jensen em Baltimore no fim de semana em que sua banda tocou. Ele disse que vocês sempre faziam cover de uma música diferente em cada show, daí nunca mais tocavam ela de novo. Fui lá só para ouvir essa música. Havia uma hesitação em seus olhos quando ela disse isso. – Eu nem sabia que você estava lá. – Você me cumprimentou antes do show. Você já estava no palco, ajustando os instrumentos – ela sorriu, lambendo os lábios. – Eu tinha dezessete anos, e isso foi logo depois de você trabalhar com meu pai, durante o feriado de outono. – Ah. Fiquei imaginando o que a Demi de dezessete anos pensou sobre aquele show. Até hoje eu me lembro desse dia. Nós tocamos muito bem, e a plateia foi incrível. Provavelmente foi um dos melhores shows que fizemos. – Você estava tocando baixo – ela disse, traçando pequenos círculos em meu ombro. – Mas foi você quem cantou essa música. Jensen disse que raramente você cantava. – É verdade. Nunca fui um bom cantor, mas com essa música eu não me importava. A emoção era tudo.
– Vi você paquerando uma menina gótica na frente do palco. Foi engraçado. Nunca fiquei com tanto ciúme antes na vida. Acho que era porque você morou na nossa casa, e eu sentia que você era só nosso, ou algo assim – ela sorriu. – Deus, naquele dia, eu quis tanto ser aquela garota. Observei seu rosto enquanto ela revivia aquela memória, esperando ouvir como a noite terminou para ela. E para mim. Não me lembro de encontrar Demi em Baltimore. Passei milhares de noites como aquela, em algum bar com a banda, com alguma garota gótica, ou uma universitária, ou uma hippie, em baixo ou em cima de mim. Demi lambeu os lábios novamente. – Perguntei se iríamos encontrar você mais tarde, e o Jensen apenas riu. Balancei a cabeça e subi minha mão por sua coxa. – Não me lembro do que aconteceu depois daquele show. Percebi tarde demais o quanto isso soou idiota, mas a verdade era que Demi iria eventualmente descobrir todo o meu passado selvagem se fôssemos mesmo ficar juntos. – Aquele era mesmo o tipo de garota de que você gosta? Que pinta os olhos tão pretos como a noite? Suspirei, subindo em seu corpo para ficarmos cara a cara. – Eu gostava de todos os tipos de garota. Acho que você sabe disso. Tentei enfatizar o verbo no passado, mas percebi que falhei quando ela sussurrou: – Você é um jogador e tanto. Demi disse isso com um sorriso, mas eu odiei ouvir. Odiei o tom cínico em sua voz, pois sabia que era assim mesmo que ela me enxergava: um cara que transa com quem aparecer pela frente, e que agora estava transando com ela. No fim, você ama o desejo, não o desejado. E eu não tinha como me defender. Isso foi verdade durante muito tempo. Ela esticou o braço e agarrou meu pau semiereto, mexendo e apertando. – E qual é o seu tipo hoje? Ela estava me dando uma saída. Demi também não queria que essa verdade continuasse. Beijei seu rosto e seu queixo. – Meu tipo hoje tem mais a ver com loiras gostosas que gostam de batida de ameixa. – Por que você ficou incomodado quando eu te chamei de jogador? Soltei um gemido, rolando para longe de seu toque. – Estou falando sério. Cobri meus olhos com o braço, tentando organizar meus pensamentos. Finalmente, eu disse: – E se eu não for mais esse cara? Faz mais de doze anos que não sou assim. Eu deixo claro para as minhas amantes o que eu quero. Eu não jogo com ninguém. Ela se afastou um pouco e olhou para mim, com um sorriso divertido no rosto. – Isso não faz você parecer receptivo e profundo, Joe. Ninguém disse que um jogador é necessariamente um idiota. Esfreguei meu rosto. – Acontece que eu acho que a palavra “jogador” não se encaixa em mim. Eu sempre tento ser bom com as mulheres e sempre converso sobre nosso relacionamento. – Bom – ela disse. – Você ainda não conversou comigo sobre o que você quer. Hesitei por um momento, sentindo meu coração bater como louco. Eu ainda não tinha
conversado com ela porque tudo parecia tão diferente entre nós. Ficar com Demi não tinha a ver apenas com um intenso prazer físico; também me deixava mais calmo, animado, e como se alguém me entendesse de verdade. Eu não queria conversar com ela porque não queria que nenhum de nós tivesse a chance de limitar isso. Respirando fundo, eu murmurei: – Não conversei porque, com você, não sei se o que eu quero é sexo. Ela se afastou e sentou-se lentamente. O lençol descobriu seu corpo, e ela pegou uma camiseta na beira da cama. – Certo. Isso é… embaraçoso. Ah, merda. O que eu disse não soou correto. – Não, não – eu disse, sentando atrás dela e beijando seu ombro. Tirei a camiseta de suas mãos e a joguei no chão. Lambi suas costas, envolvendo sua cintura com meu braço e pousando minha mão em seu coração. – Estou tentando encontrar um jeito de dizer que quero mais do que sexo. Tenho sentimentos por você que vão muito além de sexo. Ela ficou completamente congelada. – Não, isso não é verdade. – Não é verdade? – perguntei. Fiquei olhando para suas costas rígidas, sentindo meu coração acelerar de raiva em vez de ansiedade. – O que você quer dizer com isso? Demi se levantou, enrolando o corpo com o lençol. Gelo preencheu minhas veias, esfriando meu corpo inteiro. Eu me endireitei, olhando fixamente para ela. – Você… o que você está fazendo? – Desculpe. Eu tenho… tenho umas coisas para fazer – ela foi até o armário e começou a tirar roupas de uma gaveta. – Preciso ir trabalhar. – Agora? – Sim – ela disse. – Então eu abro meu coração para você, e você me chuta para fora? Ela girou para olhar em meu rosto. – Preciso ir agora mesmo, certo? – Estou vendo – eu disse, e ela mancou até o banheiro. Eu me senti humilhado e furioso. E morrendo de medo que terminasse aqui. Quem diria que eu estragaria tudo com uma garota me apaixonando por ela? Eu queria sumir logo, queria pular da cama, queria tirá-la do banheiro. Talvez precisássemos mesmo de um tempo para pensar.
 

© Template Grátis por Cantinho do Blog. Quer um Exclusivo?Clique aqui e Encomende! - 2014. Todos os direitos reservados.Imagens Crédito: Valfré