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Beautiful Beginning 4ª Temporada - Capitulo 2



Beautiful Beginning - Capitulo 2

Estávamos em San Diego há exatas duas horas e eu já estava arrependido de não ter aceitado a proposta de Demi de fugirmos para Las Vegas. Como se pudesse ouvir meus pensamentos, essa mesma mulher se virou no assento ao meu lado. Eu podia sentir sua atenção, a pressão de seu olhar enquanto me observava e tentava dissecar todos os meus grunhidos de insatisfação. – Por que você está nervoso? – ela finalmente perguntou. – Estou bem – eu respondi, tentando parecer desinteressado, mas falhando miseravelmente. – Não é o que parece, considerando a força com que você está segurando o volante. Franzi ainda mais o rosto e imediatamente parei de segurar a direção com tanta força. Estávamos a caminho do jantar em que a maior parte de nossas famílias iria se encontrar pela primeira vez. Parentes vieram de toda parte: Michigan, Flórida, Nova Jersey, Washington, até mesmo do Canadá. Muitos deles eu não via há mais de vinte anos. Ao todo, mais de trezentas e cinquenta pessoas chegariam nos próximos dias. Só Deus sabia o que teríamos pela frente. Num bom dia, eu odiava conversa fiada. Na semana anterior ao maior evento da minha vida, eu estava morrendo de medo de me comportar como o maior cretino do mundo e fazer todo mundo ir embora antes mesmo da cerimônia. Inclinando-se para frente para que eu olhasse para ela, Demi perguntou: – Você não está entusiasmado para essa semana? – Sim, é claro. Estou apenas com medo de hoje à noite. Não sei como vou lidar com ter que fazer todo o social. – Meu palpite é que você não vai lidar muito bem – ela disse, dando um soquinho em meu ombro. Eu ri um pouco e lancei um olhar de desdém. – Valeu, ajudou muito. – Olha, apenas espere até você conhecer minhas tias – ela disse, beijando meu ombro no mesmo lugar onde havia dado o soco. – Vai ser a distração de que você precisa. O pai de Demi havia viajado da Dakota do Norte com suas duas irmãs excêntricas. As duas haviam recentemente passado por divórcios, e Demi prometera que elas tinham o potencial para ser o maior desastre da semana. Eu achava que era cedo para entregar esse troféu: Demi ainda não conhecia meu primo Bull. – Você vai se esquecer de tudo e só se preocupar com o que elas vão aprontar em seguida, e de quanto dinheiro você vai precisar para pagar a fiança – Demi começou a mexer no rádio, parando numa musica pop estridente. Virei para ela, concentrando uma vida inteira de ódio à música pop em meu olhar. Satisfeita por me deixar irritado o bastante, ela se recostou no banco. – Então, o que mais está irritando você? Você não está tendo dúvidas sobre se casar comigo, não é? Respondi com outro olhar que dizia Você está maluca? – Certo – ela riu. – Então, fale comigo. Diga o que está se passando nessa sua cabecinha.
Peguei sua mão e entrelacei nossos dedos. – Só estou preocupado com o caos que se anuncia – eu disse, encolhendo os ombros. – Este casamento se tornou uma coisa tão enorme. Você sabia que minha mãe enviou quatorze mensagens de texto desde que entramos no avião? Quatorze. Com coisas tipo onde podemos tomar café em San Diego, até será que o Bull pode depilar as costas no hotel? Como se eu soubesse! Você disse isso ontem: o casamento se tornou uma entidade. Não acredito que estou falando isso, mas agora estou pensando se você estava certa quando sugeriu que fôssemos para Las Vegas. Ela me respondeu com seu clássico sorrisinho de satisfação. – Na verdade, acho que eu disse “correr” para Las Vegas. Tipo, fugir mesmo. – Certo. – Sabe, não estamos tão longe do aeroporto – ela lembrou, fazendo um gesto para a janela por onde ainda podíamos ver aviões decolando e pousando. – Não é tarde demais para escapar. – Não me tente – eu disse, pois por mais que suspeitasse estarmos indo em direção a um desastre, eu não queria ir embora de verdade. San Diego sempre foi especial para nós: foi onde eu parei de ser um idiota e finalmente me permiti amar Demi. Foi onde a Demi finalmente me deixou amá-la. E, meu Deus, já tinham realmente se passado dois anos? Como isso era possível? Parecia que ontem mesmo eu estava discretamente checando a bunda da Srta. Mills no escritório. Nós tínhamos estado aqui mais uma vez, claro, para escolher o local da cerimônia. E aquela viagem tinha sido tão atrapalhada, mas desta vez o peso era muito maior. Estávamos ali para nosso casamento. Apesar de sua invasão à minha despedida de solteiro, apesar de termos comprado um apartamento juntos em Manhattan, e apesar do anel no dedo de Demi, foi só naquele estranho momento de nervosismo que a ficha começou a cair. Estávamos nos casando. Quando eu fosse embora dali de novo, Demi seria minha esposa. Puta merda. Passei minha mão trêmula em minha testa suada. – Você está quieto demais. Por acaso esse silêncio significa que você está mesmo considerando fugir? – Demi perguntou. Eu sacudi a cabeça. – Claro que não – disse, apertando sua mão. – Estamos aqui. E não existe chance alguma de você não andar até o altar. Eu lutei demais por você. – Pare com isso, Joe. É muito mais fácil lidar com você quando está se comportando como um cretino. – E eu já aguentei você demais – eu acrescentei, sorrindo quando senti seu punho acertando meu ombro mais uma vez. – Mas sinto que deveria avisar você de novo. Alguns membros da minha família são um pouco… – Malucos? Do tipo que constroem uma fábrica de vitaminas na garagem? Do tipo que pagam milhares de dólares para anunciar em revistas de geriatria? Franzi o rosto. – Como é? Quem fez isso? – Seu primo Bull – ela respondeu. – Kevin me contou algumas histórias no telefone. Aparentemente é sua nova empreitada. Ele vai tentar encontrar investidores oferecendo o
negócio para o Will e o Max. – Por que eu estou surpreso? Ela deu de ombros. – Famílias são sempre um problema, Joe. Se não fosse assim, ninguém nunca sairia de casa. E os meus familiares não são lá muito normais também. Você sabe que minhas tias são um pouco… Vamos apenas dizer que elas realmente vão se dar bem com os Jonas. Espero que você tenha trazido seu tênis de corrida. – Bom… – eu comecei a dizer, mas parei quando ela cruzou as pernas. – Demi? Ela mexia na perna, arrumando uma meia que não existia. – Humm? – Que diabos você está usando? – Gostou? – ela disse, erguendo o pé e o movendo de um lado a outro. Seus sapatos pareciam realmente perigosos. Saltos muito altos e couro muito azul-escuro. – Você estava usando isso quando saímos do hotel? – Sim. Você estava ao telefone com seu irmão. Nunca fui de prestar muita atenção no que Demi vestia, mas a movimentação dentro da minha calça me dizia que eu definitivamente já tinha visto esses sapatos antes – sobre meus ombros, se eu não estava enganado. – Onde eu já vi esses sapatos? – Ah, sei lá – maldita mentirosa. – Em casa? Em casa, em nosso quarto. Com a caixa que guardávamos debaixo da cama. E as coisas que fazíamos quando tirávamos a caixa de lá. Lembrei da noite em que ela tinha usado esses sapatos, quase dois meses antes. Nós não nos víamos há semanas e eu não conseguia tirar as mãos dela. Ela apanhara os sapatos junto a algo novo que queria tentar: um frasco de cera quente. Eu ainda podia sentir o calor de quando ela despejara a cera sobre a minha pele e os arrepios que irradiaram pelo meu corpo quando a cera se acumulava num ponto. Ela me provocou por tanto tempo que eu cheguei a prometer que lhe daria café da manhã na boca de joelhos no dia seguinte. Gozei tão forte que quase apaguei naquela noite. – Você está fazendo isso para me ferrar, não é? Por causa da abstinência até o casamento, certo? – Com certeza. Encontramos uma vaga para estacionar a apenas um quarteirão do restaurante Barbarella, no bairro de La Jolla, e desci do carro para abrir a porta para Demi. Tomei sua mão e fiquei olhando enquanto ela saía, com suas pernas bronzeadas que não acabavam mais e os sapatos que poderiam facilmente empalar uma pessoa. – Você é diabólica – eu disse. – Eu me sinto como uma noiva defendendo minha virgindade antes do casamento. – Bom, então sinta-se à vontade para desistir dessa ideia – ela disse, ficando na ponta dos pés para me beijar. Eu gemi, mas de algum jeito consegui me afastar. Então, nós dois olhamos na direção do restaurante. – Aqui vamos nós… –
Antes de chegarmos nós já podíamos ouvir nossos pais conversando em uma mesa no pátio do restaurante. – Você precisa se certificar de que elas vão sentar juntas – dizia o pai de Demi. – Besteira, Eddie, elas vão ficar bem – meu pai, sempre o diplomata. – Denise pensou bastante sobre a disposição dos lugares e ela sabe o que está fazendo. Tenho certeza de que suas irmãs são encantadoras. Vamos deixar que os outros tenham uma chance de conhecê-las. – Você quer que elas fiquem sozinhas com outras pessoas? Acho que você não entendeu bem a situação, Paul. Minhas irmãs são malucas. As duas acabaram de se divorciar e estão loucas para conhecer solteiros. Elas vão caçar todos os homens disponíveis em um raio de dez quilômetros se você permitir. Segurei Demi na porta do restaurante, pousando minhas mãos em seus ombros e olhando em seus olhos castanhos. – Você está pronta para isso? – perguntei. Ela subiu na ponta dos pés de novo e beijou meu rosto. – Não, não estou. Tomei sua mão e entramos no restaurante a tempo de ver meu pai rindo. – Você não acha que está exagerando um pouco? Eddie suspirou. – Queria estar. Eu… – Ah, até que enfim – Kevin disse, interrompendo a conversa e se dirigindo até mim. Nossos pais olharam em nossa direção enquanto Kevin continuou: – Eu já estava ficando preocupado, achando que vocês dois não apareceriam e eu teria que arrastá-los pelados daquele hotel. – Que imagem horrível – eu disse, abraçando meu irmão. – E por causa disso, vou banir você do meu andar. – Joe – meu pai disse e me abraçou em seguida. – Eddie e eu estávamos discutindo o arranjo dos lugares. – E o desastre que seria deixarmos Judith e Mary separadas – Eddie acrescentou, direcionando as palavras para Demi. Demi abraçou meu pai e depois foi abraçar o dela. – Denise não vai gostar do que vou falar agora – ela disse para meu pai –, mas tenho que concordar com o meu pai. Deixe as duas juntas; é melhor que não dominem mais espaço do que o necessário. Teremos menos fatalidades assim. Com isso resolvido, puxei meu pai para o lado para deixar Demi ter um momento a sós com Eddie. O restaurante ficava à beira-mar, e minha mãe havia fechado o lugar inteiro. Eu tinha que admitir que era perfeito. Escondido numa pitoresca vizinhança, o restaurante era inteiro cercado de jardins meticulosamente cuidados, e toda superfície parecia coberta com adoráveis plantas. Naquele momento, com o sol se pondo, a grande área ao ar livre onde ficavam as mesas cintilava com linhas de pequenas luzes brancas. As mesas estavam começando a ficar cheias, e eu percebi que não conseguia identificar nem metade das pessoas que estavam sorrindo em nossa direção. – Quem diabos são essas pessoas? – Quer falar um pouco mais alto? Sua tataravó provavelmente não ouviu. E eles são da
família. Primos, tias… sobrinhos de quarto grau – ele franziu as sobrancelhas quando olhou para a fila que se formava no bar. – Na verdade, nem eu sei direito. Aqueles ali já estão bebendo, então eles devem ser da família da sua mãe – ele apertou meu ombro. – Não diga a ela que eu falei isso. – Ótimo. Mais alguém? – Acho que sim – meu pai disse. – Seus tios estão aqui. Ainda não vi seus primos. Eu estremeci por dentro. Kevin e eu passamos a maior parte de nossos verões com nossos dois primos, Brian e Chris. Brian era o mais velho dos quatro primos, e o mais sério e calado, bem parecido comigo. Éramos muito próximos. Mas Chris – ou Bull, como insistia em ser chamado – fazia qualquer um querer fugir. Minha mãe costumava dizer que o Chris apenas queria ser igual a nós, e gostava desse apelido para poder se juntar ao time do “B”: Brian, Joe, Bull. Sempre achei que isso era besteira. Afinal de contas, Kevin começava com “H”, e a capa térmica de cerveja personalizada que Brian sempre levava para as festas, com suas camisas desabotoadas e correntes de ouro, sugeriam que ele não se importava nem um pouco em ser uma pessoa única. Chris gostava da ideia de ser chamado de Bull simplesmente porque ele era um idiota. – Tenho certeza de que o Bull está animado para encontrar você – meu pai disse com um sorrisinho. – Vou ficar de olho – disse. – E tenho certeza de que Lyle se lembrou de um monte de novas histórias da marinha para contar durante o jantar. Talvez até fale sobre os resultados do exame de próstata. Meu pai assentiu, segurando uma risada enquanto acenava para alguém do outro lado do pátio. O irmão mais velho de meu pai, Lyle, pai do Bull, parecia não ter noção de nada. Ao longo dos anos, perdi a conta de suas histórias absurdas sobre a marinha, funções corporais nojentas, pessoas no campo que mantinham “relações” com animais e as várias verrugas que sua esposa precisou remover das costas. – Talvez eu devesse sugerir que ele conte uma dessas histórias durante o brinde, o que você acha? Rindo, eu disse: – Eu darei a você um dólar inteiro se você fizer isso, pai. Minha mãe se aproximou, beijando meu rosto antes de lamber o polegar e esfregar o que imaginei que fosse uma grande mancha de batom. Desviei e apanhei um guardanapo na mesa. – Por que você não vestiu seu terno azul-marinho? – ela perguntou, arrancando o guardanapo da minha mão para ela mesma limpar meu rosto. – Oi, mãe. Você está linda. – Oi, querido. Eu gosto do terno azul-marinho muito mais do que desse. Olhei para o terno Prada cinza que eu usava alisando o paletó. – Eu gosto deste – além disso, arrumei minhas malas às duas da madrugada embriagado pelo sexo, pensei. – Azul seria mais apropriado para hoje – ela estava praticamente tremendo de tão nervosa. – Com esse parece que você está indo para um funeral. Meu pai ofereceu seu coquetel e ela tomou tudo de um gole só antes de voltar para a mesa. – Bom, isso foi divertido – eu disse e meu pai riu. Demi se juntou a nós – claramente um pouco exasperada por ter lidado com seu pai – e
começamos a circular pelo pátio, cumprimentando a todos e reencontrando velhos amigos e familiares. Um pouco depois, minha mãe anunciou que o jantar seria servido, então todos começaram a entrar no salão. Encontrei nossos lugares perto do centro do salão. Demi sentou-se à minha direita, com seu pai ao seu lado. Meu pai aparentemente aceitou o conselho de Eddie, pois as tias da Demi – Mary e Judith – estavam sentadas juntas, rindo muito e fazendo um escarcéu. Chris… Bull fez sua grande entrada enquanto todos se sentavam, gritando meu nome e erguendo sua lata de cerveja – com a velha capa térmica, é claro. Seus olhos mediram Demi mais devagar do que seria humanamente possível, e depois ele fez sinal de “joia” para mim. Pensei em depois pedir a um amigo que trabalha na Receita para colocá-lo na malha fina. Só de brincadeira, é claro. Ou não. O jantar consistia em filé de salmão ao molho beurre blanc, purê de batata e tomate. O prato estava perfeito, e quase conseguia me distrair de toda a conversa ao redor. – Você está brincando? – Bull gritou do outro lado do salão para uma tia de segundo grau da família de minha mãe. – Você só pode estar brincando. Os torcedores dos Eagles passam a vida inteira sentindo que não recebem o crédito que merecem. Você quer atenção e elogios? Então vença pelo menos um jogo! É isso que estou tentando dizer – Bull tomou um gole gigante de cerveja e segurou, mas não muito, um grande arroto. – E outra coisa, você é velha, então deve saber a resposta para isso: por que diabos o programa Roda da Fortuna ainda existe? Você sabia que eles têm até um site onde você pode vestir a Vanna White, com se ela fosse uma maldita boneca? Não que eu mesmo tenha entrado no site… – ele olhou para cada um dos infelizes ao redor que escutaram ou não seu deslize. – Mas que diabos é tudo aquilo? E vou dizer uma coisa, ela já está meio velha, mas a verdade é que se eu encontrasse uma mulher tão gostosa daquele jeito para andar por aí acenando para os carros como ela faz na tevê… – ele imitou o gesto com as mãos. – Você sabe, eu faria uma fortuna. – Meu Deus – Demi sussurrou em meu ouvido. – Já temos o primeiro desastre da noite. Tomei um gole da minha bebida. – Eu avisei. – Você cresceu com esse cara? Confirmei, estremecendo enquanto tomava o resto da bebida num único gole que desceu queimando. – Ele sempre foi assim? Confirmei de novo, suspirei e depois limpei a boca com o guardanapo. Demi olhou ao redor do salão, primeiro para meu primo Brian, que sempre esteve em forma e era considerado um homem bonito por todos. Depois olhou para meu pai e seus irmãos, Lyle e Allan, os dois ainda muito bonitos para sua idade. Também olhou brevemente para Kevin e para mim, antes de voltar a olhar para Bull. Eu podia praticamente ver sua mente mapeando os genes da família Jonas. – Você tem certeza de que ninguém pulou a cerca na sua família? Tipo, não há chance de ele ser filho do leiteiro…? Eu explodi numa risada tão alta que quase todo mundo no restaurante olhou para mim. – Preciso de outra bebida – eu disse, momentaneamente inclinando a cadeira apoiada nas duas pernas de trás. Meu celular começou a vibrar no meu bolso e, quando apanhei, estava cheio de mensagens
da minha mãe. Querido, seu cabelo está uma bagunça. Eles estão servindo o DeLoach Pinot? Achei que tínhamos deixado o Preston Carignane na mesa de vinhos. Diga para seu pai parar de apresentar a tia Joan como a Garimpeira. Não sei por que ela está usando tanto ouro, mas ele está sendo deselegante. Escapei para o bar em busca de uma dose de Johnny Black. Também aproveitei para verificar por onde poderia escapar se fosse preciso – eu amo minha família, mas, meu Deus, essas pessoas são malucas. Alguns instantes depois, senti um toque em meu ombro. – Então, você é o cara que está se casando com Demi. – Isso se ela não cair na real e fugir correndo… – disse, virando para as duas mulheres atrás de mim. Imediatamente eu identifiquei quem eram. – Vocês devem ser as tias da Demi, certo? Uma delas assentiu, e todo seu cabelo armado balançou junto. – Eu sou Judith – ela disse, depois apontou para sua irmã. – Esta é Mary. Judith tinha um cabelo que parecia algum tipo de doce: armado e com muita tintura vermelha, igual a um algodão doce. Poderia ser apenas impressão, mas juro que ela também cheirava a morango. Sua pele ainda era relativamente lisa considerando sua idade – sessenta e pouco, se Demi estava certa – e os olhos castanhos pareciam sagazes enquanto olhavam para mim. Mary possuía as mesmas feições de sua irmã, mas seu cabelo era muito mais controlado e discreto. E embora Judith fosse tão alta quanto Demi, batendo no meu queixo, Mary não tinha mais do que um metro e meio. Estendi a mão para cumprimentá-las. – É um prazer finalmente conhecê-las – disse, sorrindo educadamente. – Demi me contou histórias maravilhosas sobre vocês. Em vez de apertar minha mão, as duas me puxaram ao mesmo tempo para um longo abraço. – Mentiroso – Mary disse com um sorriso. – Nossa sobrinha diz muitas coisas, mas não fica fazendo elogios falsos por aí. – Ela me contou que costumava passar os verões com você. A frase que ela mais usava era “elas são muito divertidas” – achei melhor não acrescentar “e malucas”. – Bom, nisso eu posso acreditar. – Vocês estão gostando de San Diego? – eu perguntei ao me recostar no bar. Eu podia ver a Demi com o canto do olho, e como eu esperava, Bull havia sentado em meu lugar para fazer companhia a ela. Parte de mim queria ser seu cavaleiro e resgatá-la, mas uma parte maior pensava diferente: se havia uma mulher no mundo que não precisava ser resgata, essa mulher era Demi. – Oh, estamos nos divertindo muito – Judith disse, trocando olhares com sua irmã. – E vamos continuar assim. Você sabia que essa é a primeira vez em trinta anos que nós duas estamos solteiras? Esta cidade não sabe o que a espera. Nós vamos compensar o tempo perdido… ou morrer tentando. Não consegui evitar uma risada. Estava começando a perceber que aquela honestidade brutal era um traço da família Mills. – Então, qual é o plano? – perguntei. – Vocês vão passar um tempo na praia e conquistar alguns corações?
– Algo desse tipo – Mary disse, dando uma piscadela. Judith ficou ao meu lado e baixou o tom de voz. – Conte sobre sua família – ela pediu, ansiosa e olhando o salão com atenção. – Você só tem um irmão? E tios? Algum solteiro? Eu sacudi a cabeça, rindo novamente. Eddie realmente estava certo. – Apenas um irmão. E desculpe, mas com exceção daquele que está falando com minha noiva – elas olharam para Bull e desanimaram um pouco – todos os homens estão comprometidos. – Oh, meu Deus – ouvi a voz da Judith, repentinamente suave. Segui seu olhar até a porta da frente, por onde Will e Hanna tinham acabado de entrar. Num instante, Demi e Sara praticamente pularam em cima de Hanna, deixando Will com aquele sorrisinho estúpido que agora nunca saía de seu rosto. Eu sentia falta de seu jeito irônico. Sentia falta de suas piadinhas sobre casais. Deus, agora ele mesmo estava totalmente enlaçado. Ele me encontrou e aparentemente leu meus pensamentos, pois me mostrou o dedo do meio. E de repente, mesmo sabendo que era errado e que Demi iria me matar se descobrisse, comecei a pensar num plano. Quer dizer, era impossível não fazer isso. – Quem é aquele ali? – Judith perguntou quase sem voz e com jeito de quem estava prestes a ter um ataque de asma. – Aquele é o Will. Ele trabalha com o Max, aquele britânico com a noiva grávida. – Ele está disponível? Judith perguntou ao mesmo tempo em que Mary dizia: – Ele é hétero? Eu podia sentir minha consciência tentando me dizer alguma coisa. Uma pequena parte de mim estava tentando me impedir de fazer o que eu estava prestes a fazer, insistindo que essa não era uma boa ideia. – Ah, ele é definitivamente hétero – eu disse. E não era mentira. – E ele é muito divertido. Muito, muito divertido – tecnicamente também não era mentira. Mary apertou meu braço e perguntou: – Quem é a garota com ele? – Aquela é a Hanna. Ela é… uma velha amiga da família – ainda não era mentira. – Vocês deveriam ir se apresentar. – Ele não é casado? – Mary perguntou, com seu estojo de maquiagem nas mãos e retocando o batom. Aquelas mulheres eram determinadas. – Casado? Nãããooo. Definitivamente não é casado – também não era mentira. – Ótimo – as duas disseram juntas. Olhei rapidamente para os lados antes de envolver as duas em meus braços e dizer baixinho: – Vou contar um segredo para vocês, mas vocês não podem contar para ninguém que fui eu quem falou – olhei para cada uma e elas assentiram, com olhos arregalados e animados. – Nosso amigo Will é um cara selvagem. Ele é insaciável e tem reputação de ser bom naquilo, se é que vocês me entendem. Só que tem uma coisa. Ele gosta de mulheres experientes. E gosta quando elas vêm em pares. As duas pararam de respirar e se entreolharam. Tive a sensação de que uma longa conversa
telepática aconteceu antes de elas voltarem a olhar para mim. – Entenderam? – eu perguntei. – Oh, nós entendemos – Mary disse. Eu vou acabar no inferno por causa disso. Fiquei olhando enquanto Judith e Mary foram em direção ao Will. Hanna, Demi e Sara já não estavam mais com ele. Ele estava sozinho e vulnerário, perfeito. Me ocorreu que, para fazer isso funcionar, teria que ganhar tempo com a pessoa mais importante para essa missão. Procurei por Hanna e a encontrei voltando dos fundos, ajeitando seu vestido azul-safira. Eu praticamente corri até ela. – Como você está? – eu falei alto demais e com muito entusiasmo para alguém que acabou de sair do banheiro. Ela se surpreendeu e parou imediatamente. – Joe – ela disse, pressionando a mão no peito. – Você me assustou. – Oh, desculpe. Só queria uma chance de conversar com você antes de as garotas a sequestrarem de novo. – Humm, ceeeerto… – ela disse, olhando ao redor e claramente confusa com minha concentração nela. – Como foi o seu voo? – eu perguntei. Ela relaxou e sorriu, tentando olhar sobre meu ombro para onde Will estava sentado, provavelmente no meio das coroas. Dei um passo para o lado para bloquear sua visão. – Foi… – ela começou a dizer. – Bom, bom – eu disse, percebendo tarde demais que nem a deixei terminar de responder. – Olha, eu queria falar uma coisa para você – seja casual, Joe. Aja como se não fosse nada demais. Fique calmo. Seus lábios se curvaram num sorriso curioso. – Certo. – Você sabe como o Will é cheio de querer pregar peças – ela assentiu e eu continuei. – Eu acabei de fazer uma coisa para me vingar e eu juro – disse, pousando uma mão em seu ombro –, eu juro, Hanna, que você vai achar hilário… eventualmente. – Eventualmente? – Com certeza. Eventualmente. Ela me olhou com os olhos cerrados. – É só uma pegadinha, né? Nada de cabeça raspada ou cicatrizes? Eu me afastei e olhei em seu rosto. – Isso foi uma pergunta muito específica. Cicatriz? Não, não, não. É uma pegadinha inocente – mostrei meu melhor sorriso, aquele que a Demi dizia que fazia calcinhas irem direto para o chão. Mas aparentemente isso apenas deixou Hanna mais desconfiada. Seus olhos ficaram ainda mais cerrados. – O que eu preciso fazer? – Nada – eu disse. – Provavelmente você vai testemunhar umas coisas estranhas, mas… apenas aja naturalmente. – Então basicamente eu tenho que fingir que não sei de nada.
– Exatamente. – E isso vai ser engraçado? – Vai ser hilário. Ela pensou por uns dez segundos antes de estender a mão. – Combinado. – O Hotel Del Coronado foi construído em 1888 nas areias finas das praias de Coronado Island. Com seus incríveis telhados vermelhos e construções branquíssimas, visitar o local era como ser jogado no meio de um cartão-postal da era vitoriana. Demi e eu já havíamos ficado aqui alguns meses antes, enquanto procurávamos por possíveis locais para o casamento. Apenas uma olhada para o oceano da nossa janela foi suficiente para nos convencer: era aqui que queríamos nos casar. Na viagem de volta ao hotel após o jantar, meus nervos continuavam à flor da pele, mas por uma razão inteiramente diferente. Demi era esperta – mais esperta do que eu, na verdade – e ela me observou durante toda a noite e me estudou cuidadosamente. Agora, ao nos aproximarmos do hotel, ela podia estar sentada em silêncio ao meu lado, mas de jeito nenhum estava apenas admirando a paisagem. Se eu a conhecia tão bem quanto pensava, ela estava silenciosamente planejando como me pegar. E era por isso que eu tinha meu próprio plano. Viramos a última curva e chegamos ao hotel. Os prédios estavam iluminados por todos os ângulos e se destacavam contra o céu negro da noite. Apalpei o pequeno frasco em meu bolso e olhei para o relógio, pensando que era a coisa mais esperta ou a coisa mais estúpida que já tinha feito. Descobriríamos em breve. Estacionei, peguei minha garrafa de água e praticamente pulei do carro, desesperado por ar fresco, livre do perfume da Demi, e por um momento para esclarecer meus pensamentos. Tomei um gole gigante de água pensando no Plano. Eu tinha provavelmente dez minutos antes de chegar ao quarto. Respirando fundo, entreguei as chaves para o manobrista e contornei o carro, sorrindo para Demi quando apanhei sua mão. O murmúrio de vozes e uma gentil música nos receberam quando entramos no saguão e seguimos para o elevador. Não pude deixar de pensar sobre a última vez em que Demi e eu estivemos ali juntos: quando eu a comi naquele colchão gigante até ela gritar meu nome, e depois a chupei na varanda, e os únicos sons que disfarçavam seus gemidos eram o barulho das ondas e o farfalhar das palmeiras. Eu a segui para dentro do elevador, meus olhos atraídos por sua bunda fantástica. Ela sabia disso, pois balançava decididamente seus quadris. Senti o início de uma ereção e percebi que se meu plano desmoronasse, eu estaria fodido. Literalmente. Concentre-se, Ben, disse a mim mesmo, apertando o botão do nosso andar. Não poderia ser tão difícil: eu deveria ficar distante, manter os olhos acima da linha dos ombros dela o tempo inteiro, e pelo amor de Deus, não discutir sobre nada. – Tudo certo por aí, Jonas? – minha adversária disse, recostandose na parede. Ela cruzou os braços e os seios ficaram ainda mais juntos. Perigo, perigo. Eu rapidamente desviei os olhos. – Claro – eu conseguiria. Eu sou um gênio. – Você parece muito orgulhoso por alguma coisa. Despediu alguém hoje? Chutou algum
cachorrinho? Ah, eu sei o que você está tentando fazer, Srta. Mills. Mantive meus olhos fixados nas portas espelhadas e respondi: – Estou apenas pensando no cartão que a Sofia fez para nós. Ela deve ter usado aquele conjunto de arte que compramos para ela no aniversário de quatro anos. Mas acabei de perceber que a caligrafia dela parece muito com a sua. Um sorrisinho apareceu em sua boca e ela assentiu, olhando para o número dos andares que se sucediam. Quase como se um peso tivesse sido colocado em meus ombros, uma sonolência começou a tomar conta do meu corpo; meus braços pareciam atingidos por uma pesada onda de fatiga. Sorri ainda mais. O elevador parou em nosso andar e deixei Demi sair primeiro. Ela esperou enquanto eu abria a porta do quarto e depois foi direto para o banheiro. – O que você está fazendo? – perguntei. Mas o que eu estava esperando? Que ela pulasse em cima de mim e me forçasse a transar com ela? E por que isso parecia tão atraente? – Apenas me arrumando para dormir – ela disse sobre o ombro, e então fechou a porta do banheiro. Fiquei parado por um momento antes de abrir a varanda e sentir o primeiro bocejo chegando. O jantar foi melhor do que o esperado. Bom, mais ou menos. Bull fez um brinde de quinze minutos de enrolação sobre minha família, contando várias histórias sobre algumas interações questionáveis que ele tinha tido com uma das minhas namoradas do colégio antes de falar um tempão sobre o quanto a Demi era linda. Minha mãe tinha enviado mais sete mensagens, que eu ainda não tinha lido. Judith e Mary acabaram sentando no colo do Will, e Kevin circulou pelo salão depois da sobremesa, fazendo um monte de apostas secretas com os convidados. Mas a polícia não precisou ser chamada e não houve nenhuma emergência, então a primeira noite foi um sucesso, considerando esse grupo de pessoas malucas. Pelo menos o caos tirou da minha mente Demi, os sapatos que ela só tinha usado antes durante o sexo e seu vestido que parecia mostrar tudo, mas que na verdade não mostrava nada – o que era infinitamente mais sexy. Nunca imaginei que eu tentaria evitar sexo na semana do nosso casamento. Mas tive muito tempo para pensar enquanto dobrava aqueles milhões de programas, e decidi que pela primeira vez em nossa relação eu queria desfrutar dela: sua risada, suas palavras e a mera presença de sua companhia. Eu queria poder olhar para ela sem pensar na próxima vez em que ficaria nua para mim. Na hora pareceu uma boa ideia, e eu estaria mentindo se dissesse que isso também não tinha um pouco a intenção de irritá-la, pois eu sabia que regular sexo teria esse efeito… Olhei para a porta do banheiro. Onde diabos ela estava? Enquanto minhas pálpebras ficavam cada vez mais pesadas e Demi não aparecia, eu não sabia se teria forças para lutar contra ela se ela quisesse sexo. Sentei no sofá da sala de estar, apanhei uma revista e senti o cansaço aumentar a cada minuto. Olhei quando ouvi a porta do banheiro se abrindo e quase caí no chão. Demi estava encostada na parede, com os cabelos soltos sobre os ombros e descendo pelas costas. Seus lábios estavam brilhantes e rosados, e eu podia imaginar aquela boca manchando meu peito e
descendo até meu pau. Ela estava vestindo de longe a lingerie mais sexy e complicada que eu já tinha visto. As taças pretas do sutiã mal cobriam os seios; o resto consistia de uma série de fitas de cetim cruzando estrategicamente seu torso e entre suas pernas. Precisei de duas tentativas para conseguir falar alguma coisa. – Tinha alguém com você lá dentro? – eu disse, arrastando as palavras. Suas sobrancelhas se juntaram e ela sacudiu a cabeça. – Como assim? – Porque… não entendo como você conseguiu vestir isso sozinha – minha voz estava grave e rouca. – Inferno, nem sei como eu faria para tirar tudo isso – ergui minhas mãos e as senti pesadas e dormentes. Eu não conseguiria nem rasgar um papel naquele momento. – Isso soa como um desafio – ela disse com um sorriso. Meus olhos passaram por cada centímetro de seu corpo e eu não conseguia parar de olhar. Ela era incrivelmente linda. Suas pernas eram longas, muito longas, e os pés ainda traziam os mesmos sapatos azuis que ela tinha usado no jantar. Demi deu um passo em minha direção, depois outro. – Lembra da última que vez em que estivemos aqui? – ela perguntou. – Estou tentando não lembrar. Ela pressionou a mão em meu peito e facilmente me empurrou no sofá antes de montar em meu colo. – Você me comeu no chão… – ela aproximou o rosto e beijou meu queixo. – E na varanda… – Demi beijou meu pescoço. – E na cama, e no chão, e na cama e no chão de novo. – E não se esqueça da poltrona no canto – eu murmurei, ofegando quando ela arranhou minha barriga e agarrou minha gravata. – E se eu disser que quero recriar um pouco daquela noite? – ela sussurrou em meu ouvido. – E se eu pedir para você me amarrar com isto aqui? E me dar uns tapas. E me comer na… Eu bocejei. Muito. Ela afastou o rosto de repente e olhou para mim, percebendo meu estado letárgico e que meus olhos mal conseguiam ficar abertos. – O que você fez? – ela perguntou, desconfiada. Dei um sorriso estúpido e sonolento. – Tomei uma espécie de medida de segurança – disse, arrastando as palavras. – A propósito, você está linda e eu realmente gostei dessa… dessa coisa que você está vestindo e gostaria de pedir que você a vestisse novamente para mim… algum outro dia. – O que você fez, Jonas? – ela repetiu, mais alto, depois se levantou e colocou as mãos na cintura enquanto me olhava feio. – Apenas tomei um remedinho para dormir – eu disse, bocejando e tirando o pequeno frasco do meu bolso para mostrar a ela. Eu tinha uma prescrição para esse remédio para viagens internacionais, mas nunca tinha usado. Na verdade, fiquei impressionado com a rapidez do efeito, e um pouco incomodado por ele não ter controlado meu estado de excitação. Principalmente porque Demi parecia que estava prestes a me castrar. – Seu filho da mãe! – ela gritou, empurrando meu peito. Mas foi um movimento contraproducente, pois eu apenas caí para trás, mergulhando de cabeça nas almofadas. Ela começou a gritar sobre… alguma coisa, mas eu já não conseguia entender direito. Pensei que
um dia ela entenderia que eu estava fazendo isso por ela. A última coisa que vi antes de fechar os olhos foi ela correndo para fora da sala, gritando algo sobre se vingar. Finalmente, Joe: 1, Demi: 0.

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Passando aqui pra divulgar esse perfeito Blogger da Amanda que estar de volta☺♥   Fanfics

Beautiful Beginning 4ª Temporada - Capitulo 1

Beautiful Beginning - Capitulo 1

– Estou prestes a assassinar alguém – eu disse, empurrando minha parte do trabalho para longe. Joe nem se dignou a olhar para mim, então acrescentei: – E por alguém, quero dizer você. Pelo menos isso arrancou um sorrisinho do rosto dele. Mas eu sabia que, mesmo depois de uma hora, ele continuava no modo “preparativos do casamento” e não pararia de trabalhar roboticamente até que a pilha inteira de papel-cartão desaparecesse. Nossa normalmente imaculada mesa de jantar estava repleta de programas de casamento. Na minha frente, Joe dobrava metodicamente cada um antes de passar para a pilha dos “terminados”. Era um processo simples: Dobrar, mover. Dobrar, mover. Dobrar, mover. Dobrar, mover. Mas eu estava ficando maluca. Nosso voo para San Diego sairia às seis horas na manhã seguinte, e nossas malas estavam todas prontas, com exceção dos quatrocentos programas de casamento que precisávamos dobrar. Soltei um gemido quando me lembrei de que, além disso, precisávamos amarrar quinhentas fitinhas azuis em quinhentos saquinhos cheios de doces. – Sabe o que poderia melhorar muito esta noite? – perguntei. Seus olhos castanhos olharam para mim por uma fração de segundo antes de voltarem para os programas. Dobrar, mover. – Uma mordaça? – ele sugeriu. – Engraçadinho – eu disse, mostrando o dedo do meio. – Não. O que faria esta noite muito melhor seria entrar num avião para Las Vegas, casar por lá mesmo e depois transar a noite inteira numa cama gigante de hotel. Ele não respondeu, nem mesmo com um sorrisinho. Certo, certo, admito que provavelmente tinha repetido isso um milhão de vezes nos últimos meses. – Então tá – respondi para o silêncio dele. – Mas estou falando sério. Ainda não é tarde demais para largar tudo isso e fugir para Las Vegas. Ele parou um instante para coçar o queixo, depois voltou a dobrar um programa. – Claro que não é tarde demais, Demi. Eu estava só brincando – ou nem tanto – até aquele momento, mas suas palavras realmente me irritaram. Bati na mesa de jantar e ele me olhou por um segundo novamente antes de, adivinhe, voltar a dobrar os papéis. – Não fale comigo como se eu fosse uma idiota, Jonas. – Certo. Pode deixar. Apontei o dedo para ele. – Desse jeito. Meu noivo me deu um olhar seco, depois piscou.
Maldita piscadela sexy. Minha raiva se dissipou e em seu lugar surgiu uma pontada de desejo. Ele estava me ignorando e me tratando como uma idiota. E eu estava sendo uma cretina. Era o cenário perfeito para eu ter vários e vários orgasmos. Olhei em seus olhos e mordi os lábios. Ele vestia uma camiseta azul-escura velha, com o colarinho já todo desgastado e – embora não conseguisse ver – eu sabia que havia um pequeno furo logo acima da barra por onde meu dedo entrava direitinho para sentir a pele quente de seu abdômen. Ele havia usado a mesma camiseta na semana anterior, e eu pedira para que ele continuasse com ela enquanto me comia encostada na pia do banheiro, só para que eu tivesse algo para agarrar. Me ajeitei na cadeira para aliviar um pouco o formigamento entre minhas pernas. – Cama ou chão. Você escolhe – fiquei olhando para Joe enquanto ele permanecia impassível, depois acrescentei num sussurro: – Ou você prefere que eu engatinhe debaixo da mesa para chupar você primeiro? Deixando escapar um sorrisinho, Joe respondeu: – Você não vai se livrar de ajudar nas preparações do casamento usando sexo. Parei de me insinuar e disse: – Que tipo de homem diz uma coisa dessas? Você já não é mais o mesmo. E então ele me deu um olhar sombrio e faminto. – Juro que ainda sou o mesmo. Só quero terminar isso logo para depois me concentrar em comer você até dizer chega. – Faça isso agora – exclamei, levantando da cadeira e andando até ele. Deslizei os dedos entre seus cabelos e os puxei. Senti a adrenalina em minhas veias quando os olhos de Joe se fecharam e ele segurou um gemido. – Onde está todo o dinheiro que você fala que tem? Por que não contratamos alguém para fazer isso? Rindo, ele agarrou meu pulso e tirou meus dedos de sua cabeça. Após beijar minha mão, ele deliberadamente a reposicionou ao lado da minha cintura. – Você quer contratar alguém para dobrar programas na última noite antes de irmos para San Diego? – Sim! Daí podemos transar! – Mas não é legal assim também? Apenas desfrutando da companhia um do outro – ele disse, depois ergueu a taça de vinho para tomar um gole de um jeito dramático – e conversando como os noivos felizes que somos? Fiquei encarando seu rosto e sacudindo a cabeça com sua tentativa de fazer eu me sentir culpada. – Eu ofereci sexo. Ofereci sexo quente e selvagem no chão. E ofereci uma chupada. Você quer dobrar papel. Quem é o estragaprazeres aqui? Ele ignorou minha pergunta e começou a olhar um dos programas. – Eddie De La Garza Lovato – ele leu, e eu comecei a tirar minha camiseta –, com Paul e Denise Jonas agradecem sua presença no casamento de seus filhos, Demi Devonne Lovato e Joe Adam Jonas. – Sim, sim, é tão romântico – sussurrei. – Venha aqui e passe a mão em mim. – Celebrado pelo ilustre ministro Adam Marsters. – Até parece – suspirei e deixei a camiseta cair no chão antes de começar a baixar minha calça. – Vou fingir que é o Spike quem vai fazer a cerimônia, e não aquele velho hilário e demente que encontramos em novembro. – O ministro Adam Marsters casou os meus pais há mais de trinta anos – Joe me repreendeu levemente. – Isso é importante para mim. O fato de ele ter esquecido de fechar o zíper é um lapso que poderia acontecer com qualquer um. – Três vezes? – Demi. – Tá bom – eu me senti um pouco culpada por fazer piada disso, e por um minuto fiquei quieta, deixando minha memória revisitar nosso encontro com aquele senhor. Ele nos encontrara quando fomos visitar o local do casamento pela primeira vez e tinha conseguido se perder nas três vezes que foi ao banheiro, voltando com a braguilha aberta em cada uma delas. – Mas você acha que ele vai se lembrar dos nossos no… Joe me interrompeu com um olhar duro antes de perceber que eu estava apenas de calcinha e sutiã, então sua expressão mudou completamente. – Eu estava apenas dizendo – comecei a falar enquanto levava as mãos até as costas para abrir o sutiã – que seria pelo menos um pouco engraçado se ele se esquecesse do que estava fazendo no meio da cerimônia. Ele conseguiu voltar a atenção para sua tarefa antes de os meus seios aparecerem, então dobrou o próximo programa passando o polegar com força no papel. – Você está sendo uma cretina agora. – Eu sei. E não me importo. Ele ergueu uma sobrancelha e olhou para mim. – Estamos quase acabando. Eu contive minha resposta, pois queria dizer que dobrar programas era o menor de nossos problemas; a próxima semana, com nossas famílias juntas, tinha potencial para ser um desastre de proporções bíblicas, e transar agora mesmo não seria muito melhor do que ficar se preocupando com isso? Só meu pai e suas duas irmãs malucas já conseguiam nos enlouquecer, mas acrescente a família do Joe, o Max e o Will, então teríamos sorte de sairmos de lá sem um ou dois boletins de ocorrência. Ao invés de dizer isso, eu apenas sussurrei: – Só uma rapidinha? Podemos fazer uma pausa? Ele se inclinou para frente, respirando entre meus seios antes de se mover para o lado e beijar meu peito esquerdo até chegar ao mamilo. – Quando eu começo algo, não gosto de parar. – Você não gosta de interrupções, eu não gosto de esperar para gozar. Quem de nós você acha que ganha? Joe passou a língua sobre o meu mamilo, depois chupou forte enquanto suas mãos circularam minha cintura, agarraram minha calcinha e a rasgaram com só um puxão. Uma centelha de divertimento acendeu seus olhos quando ele olhou para mim enquanto chupava o outro mamilo e seus dedos roçavam a junção entre meu quadril e minha coxa. – Pelo jeito, minha linda noivinha, você vai conseguir o que quer, como sempre, e eu vou terminar de dobrar os programas mais tarde, quando você estiver na cama dormindo como um anjinho travesso. Agarrando seus cabelos, eu sussurrei:
– Não se esqueça de amarrar os saquinhos de doce. Ele riu levemente. – Não vou esquecer. E então aquela sensação me atingiu novamente: eu o amava loucamente. Amava cada centímetro dele, cada emoção que passava por seus olhos, cada pensamento que eu sabia que estava em sua mente, mas que ele não dizia em voz alta: Primeiro, fui eu quem insistiu para que nós mesmos fizéssemos o máximo possível dos preparativos. Segundo, fui eu quem assegurou não ter problema que cada parente distante nesse planeta conseguisse um lugarzinho no casamento. Terceiro, eu nunca, jamais, desistiria da oportunidade de usar meu vestido de noiva no litoral de Coronado. Mas ao invés de apontar o óbvio – que era ele quem estava levando tudo na esportiva, não eu, e que apesar da minha cretinice eu nunca ficaria satisfeita com um casamento rápido em Las Vegas –, ele se levantou e se virou em direção ao quarto. – Certo. Você venceu. Mas esta é a última noite em que vou comer você antes do casamento. Fiquei tão excitada pela parte de “ser comida” que só depois que ele havia desaparecido no corredor minha ficha caiu em relação ao resto da frase.
Joe já estava se despindo quando me juntei a ele no quarto; fiquei olhando enquanto ele desabotoava a calça e a tirava com a cueca. Ele agarrou a barra da camiseta, com as sobrancelhas levantadas numa pergunta silenciosa – vai ficar aí só olhando? – antes de a tirar completamente. Andou até nossa cama, deitou-se de costas, olhou para mim. – Vem logo – ele disse num rosnado baixo. Eu me aproximei, mas fiquei fora de seu alcance. – Quando você diz “a última noite que vou comer você antes do casamento”, você quer dizer que vamos transar só durante o dia nesta semana? Um pequeno sorriso apareceu no canto de sua boca. – Não. Quero dizer que, depois desta noite, quero me abster até você se tornar minha esposa. Um pânico pouco familiar cresceu em meu peito, e eu não sabia se deveria levá-lo a sério ou não. Subi na cama e engatinhei sobre ele, me curvando para beijar seu peito. – Achei que eu sabia o que abstinência significa, mas nesse contexto parece que você está me dizendo, em plena terça-feira, que vamos ficar juntos toda a semana e não vamos transar até sábado. – É exatamente isso o que estou dizendo – dedos fortes se emaranharam em meus cabelos e puxaram minha cabeça mais para baixo, para onde seu pau latejava, rígido e liso de excitação. Parei de beijá-lo na região de sua cintura, que se erguia do colchão numa tentativa de alcançar minha boca. – Por que diabos você quer se abster? – Caramba, Demi, pare de provocar e ponha logo meu pau na sua boca. Ignorando-o, eu me sentei em suas coxas para que ele não pudesse se mexer caso eu
decidisse lhe aplicar algum castigo corporal. – Você deve estar maluco se acha que vou ficar sem sexo por quatro dias seguidos no meio da loucura do casamento. – Não estou maluco – ele insistiu, tentando deslocar meu corpo para que suas partes tivessem acesso às minhas partes. – Quero que seja especial. E não era você que queria uma rapidinha antes de terminar os preparativos? – ele agarrou minha cintura e me ergueu, colocando-me exatamente sobre seu pau. – Então, pare de resistir. Mas eu escapei apertando o único lugar em que ele sentia cócegas, entre duas de suas costelas, e com o espasmo ele me soltou e empurrou minhas mãos com força. Então me inclinei e beijei sua linda boca perfeita. – Isso foi antes de você sugerir que meu acesso ao seu maravilhoso corpo vai expirar quando bater meia-noite. Sábado será nossa noite de núpcias. Até onde sei, essa é uma noite única. Como poderia não ser especial, mesmo se transarmos como coelhos a semana inteira? – Talvez eu queira deixar você com um pouco de apetite – ele sussurrou, sentando-se debaixo de mim. Sua boca encontrou meu pescoço, minha clavícula, meus seios. – Quero que você fique tão excitada que nem consiga pensar direito – ele aumentou as carícias, agarrando minha cintura, chupando minha pele. Eu estava ciente demais de sua ereção pressionada contra minhas coxas, e queria muito senti-lo dentro de mim e ouvir seus gemidos enquanto ele se perdesse num desejo urgente. Mas então um pensamento cruzou minha mente. – Entendi. Você quer me deixar excitada o bastante para não me importar quando você rasgar a lingerie caríssima que comprei para a noite de núpcias, não é? Ele riu em meus seios. – É uma boa teoria, mas não é isso. Eu conhecia Joe Jonas bem o suficiente para saber que eu não venceria essa batalha. Não aqui, não agora. Dele eu nunca ganhava com palavras; ganhava apenas com ações. Eu me ajoelhei sobre ele e sorri ao ouvir seu pequeno grunhido de frustração. Mas então virei meu corpo para poder prender seu rosto entre minhas pernas ao mesmo tempo em que tomava seu pau com minha boca. Ele estendeu os braços com avidez, agarrando minha cintura e me puxando com força. Meus olhos se fecharam com o primeiro toque quente de sua língua deslizando em meu sexo, seguido da sucção de seus lábios. Rapidamente me perdi na vibração de seus gemidos, nas palavras abafadas, nas brincadeiras com os dentes antes da sucção voltar mais desesperada. Debaixo de mim, ele impulsionava o corpo para cima e eu envolvi a base de seu pênis com a mão, admirando sua extensão, apreciando sua forma e textura. Eu adorava senti-lo impulsionando os quadris impacientemente. Com um sorrisinho malicioso, soprei a ponta de seu pau e sussurrei: – Sua boca é maravilhosa. Ele gemeu, empurrando ainda mais os quadris, mas eu simplesmente deixei minha boca onde estava, arfando sobre sua grande cabeça, deixando-o sentir o calor da minha respiração. Deslizei uma mão para baixo, envolvendo e acariciando gentilmente um dos sacos enquanto a outra mão trabalhava na base do pau. Na ponta, eu apenas continuei soprando ar quente. Ele conseguia me fazer gozar mais rápido com sua boca do que com qualquer outra parte, e eu sentia que já estava chegando lá. A sensação combinou com o prazer da minha travessura e
se transformou num calor urgente, o meu tipo preferido de orgasmo: a boca de Joe entre minhas coxas junto do prazer de provocá-lo. Meu êxtase ardeu como chamas descendo por minhas costas e subindo por minhas pernas, explodindo até eu realmente perder toda a noção dos meus movimentos. Eu estava praticamente fodendo seu rosto e puxando seu pau sem ritmo nem propósito. Ele desacelerou quando meu corpo se acalmou, depois beijou meu clitóris, minha cintura, minha coxa, antes de gentilmente me empurrar e me deitar de costas. Subi minha mão pela minha barriga, passando pelos seios até pousar em meu coração. Não me esqueci de que estava encrencada por ter oferecido a preliminar favorita de Joe sem ter dado nada em troca, mas nossa, eu precisava de um minuto para desfrutar dos efeitos da boca maravilhosa de Joe Jonas. – Isso foi bom demais – eu murmurei, recuperando o fôlego. – Eu acho que a sua boca deve ser alguma divindade grega. Ele subiu em cima de mim, com os olhos pegando fogo. – Eu sei o que você está fazendo. Abri meus olhos e deixei seu vulto entrar em foco antes de perguntar: – O que eu estou fazendo? Ele montou sobre minhas costelas e eu sorri, passando as mãos sobre suas coxas quando ele agarrou seu próprio pau e o puxou lentamente para baixo. Sua voz soou como gelo seco quando disse: – Você acha que vai vencer essa batalha. – Que batalha? Ele riu e apoiou a mão no colchão ao lado da minha cabeça, preparando-se enquanto pairava sobre mim. Seu pau estava a apenas alguns centímetros da minha boca quando ele se inclinou para frente e, com a mão livre, fez sua ponta roçar sobre meus lábios. Sem pensar, deslizei a língua para fora, sentindo o sabor de sua umidade. Minha boca salivou e meus mamilos se endureceram. Eu o queria dentro da minha boca, queria vê-lo se mexer para dentro e para fora. Mas Joe se afastou um pouco, então tive que me contentar em assistir enquanto ele se masturbava na minha frente. – Posso ver a pulsação em seu pescoço. Engolindo em seco, eu perguntei: – E daí? – E daí que posso ver o quanto você quer isto – ele se inclinou para frente de novo, mal encostando o pau em meus lábios antes de recuar. – Você quer dentro da sua boca – sua mão começou a mexer mais rapidamente, e sua respiração também acelerou. – Você quer em sua língua. Ele estava certo. Eu queria tanto que sentia minha pele apertada e queimando. – Não tanto quanto você quer – retruquei, com minha voz entrecortada. – Você não consegue passar nem um dia sem sexo. Ele ficou parado e então começou a se afastar. Por um único e perfeito instante eu achei que ele fosse abrir minhas pernas para me comer com raiva, mas em vez disso ele apenas inclinou a cabeça para o lado, olhou para mim e depois se levantou. – O que você está fazendo? – eu perguntei, apoiando o cotovelo no colchão para poder
enxergá-lo vestindo a cueca. – Provando que você está errada. Ele andou até a porta e desapareceu. – Por que você é tão teimoso? – gritei, e tudo que ouvi de volta foi uma risada no fim do corredor. – E não se esqueça de que eu chupei você hoje de manhã no banho, então tecnicamente você já transou hoje! Ele vai voltar, eu pensei. Cem por cento de certeza. Eu posso esperar. Fiquei deitada olhando para o teto. Minha pele estava corada, e eu sentia uma ansiedade febril entre minhas pernas. Meu corpo ainda não havia sincronizado com meu cérebro e ainda queria correr atrás dele e implorar para que me tomasse de verdade. O som da geladeira se abrindo quebrou o silêncio no quarto e eu me levantei imediatamente. Ele estava preparando um maldito lanche? Antes que eu pudesse pensar direito, já estava correndo pelo corredor, completamente nua. Meus pés batiam no chão de madeira e entrei na cozinha bem quando ele fechava a geladeira com a mão cheia de comida. – Você está brincando comigo? – eu disse, parando ao seu lado enquanto ele começava a preparar um sanduíche. – Você vai fazer um maldito sanduíche de peru? Ele se virou e olhou para mim, movendo os olhos do meu rosto para cada uma das minhas curvas – o cretino não conseguia nem esconder o quanto ele queria me comer – e depois voltou a olhar para meu rosto. – Já que minha noiva não para de agir como uma maldita provocadora eu vou comer outra coisa enquanto isso. – Mas… – comecei a pensar na melhor maneira de sugerir para ele me comer sem provocar sua raiva sexualmente frustrada. Mas não pensei em nada. – Seu bruto. – Se você quer sexo, vai ter que jogar com as minhas regras. Hoje é o dia, Srta. Lovato. Na verdade – ele disse, mostrando um sorrisinho satisfeito –, hoje é o último dia em que vou comer você enquanto ainda tem esse nome. Ah, não, isso eu não poderia deixar passar. – Ainda não decidimos nada sobre nomes, Sr. Jonas. Meu voto ainda vai para Demi Myan e Joe Rills. – Avise quando estiver pronta, Demi – ele me encarou por vários segundos, depois aproximou tanto o rosto que tudo que eu precisava fazer era me inclinar um centímetro para beijá-lo. Comecei a fazer isso, mas ele se afastou. – Quando você disser “Por favor, Joe, eu preciso de você”, só então vou foder você tão forte que não vai conseguir sentar por vários dias sem se lembrar de como foi. Minha boca abriu e fechou algumas vezes sem que nenhuma palavra se formasse. Com um sorrisinho sacana, Joe voltou a preparar seu sanduíche. Ele estava sem camiseta e seu torso nu parecia não ter fim. Sua pele era macia, lisa e bronzeada por causa das corridas matinais. Os músculos em seus braços ficaram aparentes quando abriu um jarro de mostarda, pegou uma faca na gaveta e abriu o saco de pão. Tarefas tão simples, mas observá-lo parecia como assistir ao melhor e mais erótico filme pornô do mundo. Eu adorava seus ombros, seus cabelos pretos, sua pele bronzeada, seus músculos definidos. Que filho da mãe.
Assisti à sua língua molhar os lábios. Os cabelos estavam desarrumados e caíam sobre a testa. Quando deixei meus olhos descerem por seu corpo, encontrei a única reação que ele não conseguia esconder. Joe ainda estava tão duro que seu pau pressionava o tecido fino da cueca. Meu Deus. Abri minha boca mais uma vez e, sem olhar para mim, ele se inclinou um pouco para o lado e deixou o ouvido perto dos meus lábios. Sem fôlego, fechei meus olhos com força. – Joe…? – O que você falou? – ele perguntou. – Não ouvi direito. Engolindo com dificuldade, sussurrei: – Por favor. – Por favor, o quê? Por favor, Joe, vá se ferrar era a frase que estava na ponta da minha língua. Mas a quem eu estava querendo enganar? Eu queria que ele me comesse logo. Então respirei fundo e admiti: – Por favor, Joe, eu preciso de você. O estrondo veio antes que eu pudesse registrar direito: com um único movimento do braço, Joe limpou o balcão jogando tudo o que ele havia tirado da geladeira para o chão. O jarro se espatifou e a faca voou longe. Joe me agarrou e me beijou, forçando sua língua em minha boca, e me permitiu a satisfação de ouvir seu longo gemido de alívio. Já não era mais uma brincadeira, não era gentil nem cuidadoso. Eram seus braços me jogando em cima da mesa, uma mão puxando meu corpo no mármore frio e me mantendo imóvel com a palma sobre meu peito. Sua outra mão abrindo minhas pernas e puxando a cueca para baixo. E antes que eu pudesse dizer o quanto eu queria isso, antes que pudesse pedir desculpas por provocá-lo tanto – pois eu queria pedir desculpas, e alguma coisa em vê-lo tão selvagem me assustou deliciosamente –, antes de tudo isso, ele estava facilmente entrando em mim, tão fundo e tão forte, depois saindo rapidamente, movendo os quadris com perfeitos golpes de punição. Tirando o peso da mão sobre meu peito, ele agarrou minhas pernas e deu um passo à frente, puxando-as para cima de seus ombros e acertando aquele ponto tão fundo que eu sentia sua força reverberando por todo meu corpo. Ele deslizou as mãos até minha cintura e me segurou no lugar enquanto me comia, com a cabeça jogada para trás, alcançando o seu prazer agora. O balcão era firme o bastante para aguentar a força de seus movimentos, mas eu estiquei os braços e agarrei a beirada para poder jogar meu corpo ainda mais contra o dele. Não era suficiente; eu precisava de mais, mais fundo, mais molhado, mais forte. Ele havia dito que eu não poderia ter isso por vários dias e sabia muito bem que seu toque era a única coisa que me mantinha sã naquele furacão de estresse. Eu precisava tê-lo mais fundo dentro de mim do que jamais tinha tido, e fiquei obcecada com a ideia de que conseguiria, de algum jeito. – Meu Deus, você está completamente encharcada – ele gemeu, abrindo os olhos para me encarar. – Como vou conseguir não transar com você? Você não tem ideia do quanto eu preciso disto. – Então por quê? Por que dizer que não podemos? Ele se abaixou, fazendo minhas pernas dobrarem até minhas coxas pressionarem meu peito. – Porque é a única vez em minha vida que poderei parar, relaxar e apenas aproveitar ficar
perto de você – ele suspirou e lambeu meu pescoço; a língua, os dentes, o toque, foi como fogo queimando minha pele. – Quero não ficar pensando o tempo inteiro sobre onde eu poderia levar você para ficarmos sozinhos por dez, quinze minutos, uma hora. Não quero ficar com raiva de ninguém por nos manter separados enquanto estão lá para festejar – ele disse, ofegando em silêncio. – Estou obcecado por você, com isto. Quero mostrar a você que eu posso me conter. – E se não for isso o que eu quero? Joe enterrou o rosto em meu pescoço e diminuiu a velocidade, mas eu conhecia seu corpo bem o bastante para saber que ele estava na beira do abismo, quase atingindo o ápice. Ele se esfregou em mim, encontrou aquele ponto perfeito e o ritmo que me distraía da minha pergunta e me fazia querer me concentrar na sensação entre minhas pernas. Eu estava presa debaixo dele e Joe começou a se concentrar em meu prazer, penetrando tudo dentro de mim, levando-me às alturas até eu agarrar seus ombros e enterrar as unhas em sua pele. Minhas costas estavam doloridas por causa do tampo de mármore, duro e frio, mas a crescente urgência de seus movimentos fazia eu não me importar. Eu poderia ficar marcada, mas não tinha problema. Eu não queria mais nada além de gozar com ele. Quando meu orgasmo me atingiu, a sensação que tomou meu corpo disparou um lampejo de eletricidade por minha pele, deslizando para dentro e para fora até eu não saber se aguentaria mais a sensação de ser preenchida, de ser atacada, e de gozar tão forte que tudo se escureceu. Eu gritei e puxei seu corpo contra o meu, precisando sentir todo seu peso sobre mim. Seus movimentos aceleraram e se tornaram mais selvagens, depois ele se arqueou e também gritou, sua voz ecoando pelo teto enquanto gozava até a última gota. Apesar do frio do tampo, nós estávamos suados e sem fôlego. Joe se endireitou e continuou a me penetrar, agora mais devagar. Como se não quisesse parar mesmo que precisasse, ele entrava e recuava, observando toda a minha pele corada. Ele já havia gozado, mas parecia que ainda não tinha terminado. Ao invés disso, ele parecia um predador que provou rapidamente sua presa e agora queria se empanturrar antes de voltar para a selva. Eu adorava esse seu lado: o Joe que parecia mal conseguir se controlar, tão diferente do jeito contido do dia a dia. Seus olhos estavam sombrios e quase fechados. Mãos famintas tocavam o ponto aquecido entre minhas pernas, subindo por minha cintura, chegando aos seios, onde beliscou meus mamilos com força. As mãos tomaram meus seios e os apertaram em direção à sua boca quando ele se abaixou e chupou minha pele com vontade. – Não me deixe marcada, seu bruto – eu disse, e minha voz saiu pequenina e rouca. – Meu vestido… Afastando o rosto, ele me encarou com uma expressão de quem acabara de entender que vivemos num mundo com outras pessoas, e que precisaríamos interagir com essas pessoas num futuro próximo em nosso casamento. Um casamento em que eu usaria um vestido tomara que caia que mostraria todas as mordidas e chupões que ele estava prestes a fazer. – Desculpe – ele sussurrou. – Eu só queria… – Eu sei – agarrei seus cabelos e o puxei, desejando poder ficar assim para sempre: eu de costas na mesa da cozinha, ele de pé e inclinado sobre mim. Joe exalou profundamente, prendendo-me debaixo do peso de seu corpo. De repente, ele parecia exausto. Nos últimos meses ele não apenas ajudou em cada estágio do
planejamento, mas também fez tudo o que podia para me manter sã: e tudo isso tinha que deixálo exausto. Mergulhei os dedos em seus cabelos e fechei os olhos, adorando esse vislumbre do Joe como mero mortal, como um homem que era capaz de se exaurir ou que precisava de um lembrete para ser mais gentil. Ele era o amante perfeito, o chefe perfeito, o amigo perfeito. Como conseguia isso? Tenho certeza de que, de vez em quando, ele só queria uma namorada tranquila, uma mulher que não discutisse com cada pensamento que ele tivesse. Uma pontinha de dúvida passou por minha mente, mas então parei e comecei a sorrir. Joe Jonas era um filho da mãe perfeccionista, teimoso, exigente e faminto por poder. Nenhuma outra mulher sobreviveria mais do que dois segundos com ele. Caramba, às vezes eu também adoraria ter um homem dócil e educado, mas de jeito nenhum eu trocaria meu cretino irresistível. Ele se levantou, beijou entre meus seios e, com um gemido relutante, saiu de dentro de mim. Abaixando-se, apanhou a cueca e a vestiu antes de olhar mais uma vez para meu corpo ainda corado e suado. – Vou terminar os programas e amarrar os malditos saquinhos de doce – ele disse, passando a mão no rosto. – Você tem uma cozinha para limpar se quiser mais disso na cama depois. – Humm, não – eu protestei, apoiando um cotovelo. A cozinha estava um desastre. – Eu termino os programas. – Você vai arrumar a cozinha – ele disse, com a voz firme. – E se apresse, Srta. Lovato. Mostarda deixa mancha.
 

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