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Playboy Irresistivel - Epílogo

Epílogo

A aeromoça passou por nós fechando os compartimentos de bagagem acima dos assentos antes de se abaixar e perguntar: – Suco de laranja ou café? Joe pediu café. Eu balancei a cabeça com um sorriso. Ele bateu em meu joelho e esticou a palma da mão. – Me dê seu celular. Eu entreguei, mas reclamei mesmo assim: – Por que eu preciso disso? Vou dormir durante o voo inteiro. Nunca mais o deixaria marcar um voo às seis da manhã de Nova York para a Costa Oeste. Joe me ignorou, digitando um código no navegador do meu celular. – Se você não percebeu, eu estou com sono. Alguém me deixou acordada a noite inteira – eu sussurrei, usando seu ombro como travesseiro. Ele parou o que estava fazendo e me jogou um olhar malicioso. – Tem certeza de que foi isso que aconteceu? Senti uma adrenalina descer do meu peito para minha barriga até chegar entre minhas pernas. – Sim. – Você não chegou do trabalho, digamos… um pouco excitada demais? – Não – eu menti. Sua sobrancelha se ergueu e um sorriso apareceu no canto da boca. – E você não interrompeu minha preparação do jantar romântico que eu estava planejando? – Quem, eu? Imagina. – E não foi você quem me puxou para o sofá e pediu para eu “fazer aquela coisa com a boca”? Segurei minha mão na frente do peito. – Eu nunca faria isso. – Então não foi você quem ignorou o cheiro delicioso vindo da cozinha e me puxou para o quarto e pediu para eu fazer umas coisas muito, muito safadas? Fechei os olhos quando ele aproximou o rosto e raspou os dentes em meu queixo, murmurando: – Eu amo tanto você, minha doce e safada Ameixa. Imagens da noite anterior me fizeram cair novamente naquele lugar faminto e ansioso onde eu praticamente vivia sempre que estava ao lado de Joe. Lembrei de suas mãos rudes, sua voz dominante dizendo exatamente o que queria. Lembrei-me daquelas mãos agarrando meus cabelos, seu corpo se movendo por cima do meu por horas, sua voz finalmente falhando e implorando por meus dentes, minhas unhas. Lembrei-me de seu peso desabando sobre mim, suado e exausto e adormecendo quase instantaneamente.
– Talvez tenha sido eu – admiti. – Trabalhei o dia inteiro presa na sala esterilizada, então tive tempo o bastante para pensar nessa sua boquinha mágica. Ele me beijou e então voltou para meu celular, sorrindo ao terminar o que estava fazendo e me entregando de volta. – Tudo certo. – Vou dormir mesmo assim. – Bom, pelo menos se Miley precisar de você, seu celular estará funcionando. Olhei para ele, confusa. – Por que ela precisaria de mim? Não estou ajudando no casamento. – Você não conhece Miley? Ela é tipo um temível general que poderia te convocar a qualquer momento – ele disse, segurando a parte de trás do pescoço do jeito que sempre fazia quando estava desconfortável. – Mas, enfim. Durma sossegada. – Estou com um pressentimento sobre esta viagem – murmurei, recostando em seu ombro. – Quase como uma premonição. – Quem diria que você é uma vidente? – ele disse, irônico. – É sério. Eu acho que vai ser incrível, mas também sinto que estamos neste tubo de aço gigante voando em direção a uma semana completamente insana. – Tecnicamente, aviões são feitos de uma liga de alumínio – Joe olhou para mim, beijou meu nariz e sussurrou: – Mas disso você já sabia. – E você? Já sentiu algum pressentimento sobre alguma coisa? Ele confirmou e me beijou de novo. – Uma ou duas vezes. Olhei para seu rosto e os familiares cílios pretos e olhos azuis escuros, a barba por fazer, mesmo sendo de manhã, e o sorriso bobo que ele não tirou do rosto desde que eu o acordei, de novo, quatro horas atrás com minha boca em seu pau. – Você está se sentindo emotivo, Dr. Jonas? Ele deu de ombros e piscou, tentando disfarçar o brilho apaixonado em seus olhos. – Estou apenas animado por sair de férias com você. Animado com o casamento. Animado por nosso grupinho ganhar um bebê. – Tenho uma pergunta sobre uma regra – sussurrei. Ele aproximou o rosto como se fosse ouvir um segredo e sussurrou: – Não sou mais o seu professor de relacionamentos. Não existem mais regras, exceto aquela que diz que nenhum outro cara pode tocar em você. – Mesmo assim. Você é especialista nessas coisas. Com um sorriso, ele murmurou: – Certo. Manda. – Nós estamos juntos apenas por dois meses e… – Quatro – ele corrigiu, sempre insistindo que eu era dele desde nossa primeira corrida. – Que seja. Quatro meses. Você acha de bom tom ouvir depois de quatro meses que eu acho que você é meu para sempre? Seu sorriso diminuiu e seus olhos percorreram meu rosto de uma maneira que parecia um carinho. Ele me beijou uma vez, depois beijou novamente. – Eu acho de extremo bom tom – Joe permaneceu olhando para mim por um bom tempo. – Agora durma, minha Ameixa.
Meu celular vibrou em meu colo, e eu acordei assustada. Eu me endireitei no assento e pisquei para a tela, onde uma mensagem de Joe aparecia. Ao meu lado, eu quase podia sentir seu sorriso. Li a mensagem: O que você está vestindo?
Apertei meus olhos ainda sonolenta enquanto digitava.
Uma saia, sem calcinha. Mas não tenha nenhuma ideia brilhante, ainda estou um pouco dolorida por causa do que meu namorado fez na noite passada.
Ele fez um som solidário ao meu lado.
Aquele bruto. Por que você está enviando mensagens para mim?
Joe balançou a cabeça ao meu lado, suspirando de um jeito exagerado.
Porque eu posso. Porque a tecnologia moderna é incrível. Porque estamos a 30 mil pés de altitude e a civilização progrediu.
Que Virei para olhar em seu rosto, erguendo minhas sobrancelhas.
– Você me acordou para perguntar o que eu estou vestindo? Ele balançou a cabeça e continuou digitando. Em meu colo, meu celular vibrou de novo.
Eu te amo.
– Eu também te amo – eu disse. – Estou bem aqui, seu nerd. Não vou digitar uma resposta. Ele sorriu, mas continuou digitando. Você também é minha para sempre. Fiquei olhando para o celular, com meu peito de repente tão apertado que eu mal conseguia respirar. Ergui o braço e ajustei a corrente de ar acima de nós. E talvez eu peça você em casamento num futuro muito próximo. Meus olhos grudaram na tela, lendo a mensagem várias e várias vezes seguidas. – Certo
– eu sussurrei. Então me avise se você não for aceitar, pois estou levemente aterrorizado. Eu me aninhei em seu ombro, e ele guardou o celular, segurando minha mão.
– Não fique – sussurrei.
– A gente consegue fazer isso sem problemas.

Playboy Irresistivel - Capitulo 20



Vinte

Alguns metros depois da linha de chegada, Demi andava em pequenos círculos, então se abaixou e apoiou as mãos nos joelhos. – Nossa – ela ofegava, olhando para o chão. – Eu me sinto incrível. Isso foi incrível. Voluntários nos entregaram barrinhas de cereais e garrafas de Gatorade, que bebemos de uma vez. Eu estava tão orgulhoso dela que não me contive: eu a puxei para um abraço suado e sem fôlego, beijando o topo de sua cabeça. – Você foi incrível – e fechei meus olhos, mergulhando meu rosto em seus cabelos. – Demi, estou muito orgulhoso de você. Ela congelou em meus braços e então deslizou as mãos ao redor do meu corpo, simplesmente me abraçando de volta, com o rosto em meu pescoço. Eu podia sentir sua respiração, podia sentir suas mãos tremendo contra mim. Por alguma razão, achei que aquilo não era apenas por causa da adrenalina da corrida. E então, eu sussurrei: – É melhor arrumarmos nossas coisas. Oscilei tanto entre estar confiante e estar devastado durante toda a semana que agora que estava com ela eu não queria mais perdê-la de vista. Começamos a andar de volta para as tendas; com a corrida serpenteando pelo Central Park, a linha de chegada ficava a poucos quarteirões do começo. Fiquei ouvindo sua respiração e observando seus pés enquanto andava. Ela estava obviamente exausta. – Imagino que você já sabe sobre a Miley – ela disse, olhando para baixo e mexendo em seu número da corrida. Ela descolou o papel e olhou para ele. – Pois é – eu disse, sorrindo. – É incrível. – Encontrei com ela na noite passada. Ela está tão aninada. – Conversei com Nick na terça-feira – e engoli em seco, sentindo um nervosismo repentino. Ao meu lado, Demi hesitou por um segundo. – Saí com os caras naquela noite. Ele estava com a esperada expressão de alegria e medo no rosto. Ela soltou uma leve risada, genuína. Droga, eu sentia tanta falta disso. – O que você vai fazer agora? – perguntei, abaixando para fazê-la olhar para mim. E quando olhou, lá estava, aquele algo mais que eu sabia que não tinha imaginado no último fim de semana. Eu ainda podia senti-la deslizando sobre mim naquele quarto escuro, ainda podia ouvi-la implorando num sussurro: “Não me machuque”. Foi a segunda vez que ela me disse isso, mas, no fim, quem se machucou fui eu. Ela deu de ombros e desviou os olhos, caminhando pela densa multidão enquanto alcançávamos as tendas da linha de partida. Um pânico começou a surgir em meu peito; eu ainda não estava pronto para me despedir. – Provavelmente vou para casa, tomar um banho e almoçar – ela franziu as sobrancelhas. – Ou almoçar no caminho. Acho que não tem nada comestível na minha cozinha. – Velhos hábitos custam a morrer – eu disse ironicamente. Ela fez uma careta culpada.
– Pois é. Fiquei mergulhada no laboratório a semana inteira. Sabe como é… precisava de uma boa distração. Minhas palavras saíram apressadas com minha falta de ar: – A gente podia almoçar juntos, eu tenho ingredientes para sanduíches, ou saladas. Você podia voltar comigo para meu apartamento e… – Demi parou de andar e se virou para me encarar, com uma expressão de surpresa e então… pareceu aceitar o convite. Piscando várias vezes, senti meu peito se apertar. Tentei segurar a impossível esperança que subia por minha garganta. – O que foi? – eu perguntei, soando mais irritado do que pretendia. – Por que está olhando para mim desse jeito? Sorrindo, ela disse: – Você provavelmente é o único homem que conheço que mantém sua geladeira tão bem abastecida. Senti minhas sobrancelhas se juntarem em confusão. Foi isso que a fez parar e me olhar desse jeito? Coçando minha nuca, eu murmurei: – Tento manter coisas saudáveis em casa para não ter que sair e comer porcarias. Ela se aproximou até o ponto onde pude sentir um fio de seu cabelo raspar em meu pescoço com o vento. Perto o bastante para sentir o cheiro suave de seu suor e lembrar o quanto foi incrível fazê-la suar desse jeito. Baixei meus olhos para seus lábios, querendo tanto beijá-la que até fazia minha pele doer. – Eu acho você incrível, Joe – ela disse, lambendo os lábios debaixo da pressão da minha atenção. – E pare de me olhar desse jeito. Só posso aguentar ficar perto de você até certo ponto. Antes que eu pudesse processar tudo isso, ela se virou e andou em direção à tenda das mulheres para pegar suas coisas. Atordoado, fui para a direção oposta pegar minhas chaves, minhas meias extras e a papelada que enfiei em minha jaqueta. Quando voltei, ela estava esperando por mim, carregando uma pequena bolsa esportiva. – Então – comecei a dizer, tentando manter distância. – Você vem comigo? – Eu realmente deveria tomar um banho… – ela disse, olhando para a rua atrás de mim que levava para seu prédio. – Você pode tomar banho no meu apartamento… Não me importei se isso soou estranho. Eu não a deixaria escapar. Eu sentia sua falta. As noites eram insuportáveis, mas as manhãs eram ainda piores. Sentia falta de sua conversa sem fôlego e a maneira como eventualmente ela sincronizava com o ritmo de nossos pés na calçada. – E emprestar umas roupas limpas? – ela perguntou, mostrando um sorriso malicioso. Concordei sem hesitar. – Sim. Seu sorriso diminuiu quando ela percebeu que eu estava falando sério. – Venha comigo, Demi. Apenas para almoçar. Eu prometo. Bloqueando o sol com a mão sobre a testa, ela estudou meu rosto por um momento. – Tem certeza? Em vez de responder, eu inclinei minha cabeça e me virei para começar a andar. Ela entrou no ritmo ao meu lado, e a cada vez que nossos dedos acidentalmente se tocavam, eu quis
segurar sua mão e puxá-la para a árvore mais próxima. Nos últimos poucos minutos a velha Demi brincalhona esteve de volta, mas a Demi silenciosa reapareceu enquanto andávamos pelos dez quarteirões de volta ao meu prédio. Segurei a porta quando entramos, passei por ela para apertar o botão do elevador e então fiquei ao seu lado perto o bastante para sentir o contato de nossos braços enquanto esperávamos. Por três vezes ouvi sua respiração interrompida quando fazia menção de olhar para mim, mas então desviava os olhos no último momento, olhando para os sapatos, para as unhas, para a porta do elevador. Em qualquer lugar, menos em meu rosto. Já em meu apartamento, minha cozinha espaçosa parecia encolher sob a tensão entre nós, causada pelos resquícios de nossa horrível conversa na terça à noite, as centenas de coisas não ditas hoje e a atração latente que sempre estava presente. Entreguei a ela um Powerade azul, pois era meu favorito, e enchi um copo com água para mim, virando-me para observar seus lábios, sua garganta, sua mão envolvendo a garrafa enquanto tomava um longo gole. Você é linda demais, eu não disse. Eu te amo tanto, eu não disse. Quando baixou a garrafa no balcão, sua expressão estava repleta de todas as coisas que ela também não estava dizendo. Eu sabia que estavam lá, mas não tinha ideia do que essas coisas poderiam ser. Enquanto nos reidratávamos em silêncio, eu não conseguia parar de tentar olhar para seu corpo discretamente. Mas essa discrição era em vão. Eu podia ver seus lábios se curvando num sorriso de quem sabe que está sendo observada. Meus olhos se moveram de seu rosto para o queixo, descendo para a pele ainda úmida em seu peito, onde o contorno dos seios era visível debaixo do sutiã esportivo… ah, merda. Até agora eu consegui não olhar diretamente para seu peito, mas de repente senti um desejo familiar se espalhar por mim. Seus seios eram meu lugar favorito: eu queria sentar e pressionar meu rosto ali. Soltei um grunhido e esfreguei meus olhos. Convidá-la até aqui foi uma péssima ideia. Eu queria tirar sua roupa, ainda suada, e sentir o deslizar de seu corpo sobre mim. Quando apontei para o banheiro e perguntei se ela queria tomar banho primeiro, Demi inclinou a cabeça, sorriu e perguntou: – Você estava olhando para os meus peitos? E por causa da familiaridade, do conforto e da maldita intimidade da pergunta, senti uma raiva fervendo em meu sangue. – Demi, não comece. Não seja a garota que mexe com a cabeça dos outros. Não faz nem uma semana que você me deu um fora. Eu não esperava que fosse soar desse jeito, e no meio da cozinha silenciosa meu tom de voz raivoso ecoou entre nós. Ela ficou branca, parecendo devastada. – Desculpa – ela sussurrou. – Merda – eu gemi e apertei novamente os olhos. – Não peça desculpas, apenas não… – abri os olhos para olhar em seu rosto. – Não brinque comigo. – Não estou tentando brincar – ela disse, com a voz quase falhando. – Desculpe por desaparecer nesses últimos dias. Desculpe ter agido de um jeito tão horrível. Eu pensei que… Puxei um banco e sentei. Correr uma meia-maratona não me deixava exausto tanto quanto isto. Meu amor por ela era uma coisa pesada, pulsante, viva, e me deixava maluco, ansioso,
faminto. Eu odiava vê-la estressada e assustada. Eu odiava vê-la nervosa e com raiva, mas pior do que isso era saber que ela possuía o poder de partir meu coração e tinha pouca experiência em ser cuidadosa sobre isso. Eu estava totalmente à sua desajeitada e inexperiente mercê. – Sinto sua falta – ela disse. Meu peito se apertou. – Eu também sinto tanto a sua falta, Demi. Você não tem ideia. Mas ouvi o que você disse na terça-feira. Se você não quer isto, então precisamos achar uma maneira de voltarmos a ser amigos. Perguntar se estou olhando para seus peitos não ajuda a superarmos isso. – Desculpa – ela repetiu. – Joe… Demi começou a falar, mas as palavras se perderam e ela baixou o olhar para seus pés. Eu precisava entender o que tinha acontecido, precisava saber a razão de tudo ter implodido tão abruptamente depois de fazermos amor de um jeito tão íntimo e selvagem apenas uma semana atrás. – Naquela noite – comecei a dizer, e então reconsiderei. – Não, Demi, em todas as noites. Tudo sempre foi intenso entre nós. Mas naquela noite da semana passada… achei que tudo tinha mudado. Achei que nós mudamos. Mas, então, no dia seguinte… E na viagem de volta? Merda, nem sei dizer o que aconteceu. Ela se aproximou, chegou tão perto que eu podia puxá-la para ficar de pé entre minhas pernas, mas não fiz isso, e suas mãos lentamente baixaram até pararem totalmente. – O que aconteceu foi que ouvi o que você disse para o Jensen – ela disse. – Eu sabia que havia outras mulheres em sua vida, mas eu pensava que você tinha terminado com elas. Sei que evitei conversar sobre isso, e sei que não é justo eu querer isso, mas pensei que você tinha terminado com elas. – Eu não tinha terminado oficialmente, Demi, mas ninguém esteve em minha cama desde que você me puxou para aquele quarto e pediu para eu tocar em você. Merda, nem antes disso. – Mas como eu deveria saber? – Demi baixou a cabeça e ficou olhando para o chão. – Ouvir o que você falou com Jensen não era tão ruim, eu sabia que precisávamos conversar, mas daí eu vi a mensagem no carro. Apareceu quando eu estava olhando suas músicas – ela chegou mais perto, encostando as coxas nos meus joelhos. – Transamos sem camisinha na noite anterior, mas daí a mensagem apareceu e parecia como… como se você estivesse querendo se encontrar com ela logo depois. Entendi que Kitty ainda esperava poder se encontrar com você, e eu estava tentando… – Eu não transei com ela na terça, Demi – eu a interrompi, sentindo um pânico invadir meu sangue. – Sim, eu enviei uma mensagem para nos encontrarmos, mas era para terminar com ela pessoalmente. Não era para… – Eu sei – ela disse, suavemente me interrompendo. – Ela me falou hoje que fazia tempo que vocês não se encontravam. Deixei a ficha cair por um instante e depois suspirei. Não sabia se queria saber o que Kitty contou para Demi, mas, no fim, isso não importava. Eu não tinha nada para esconder. Sim, como uma pessoa que gosta de deixar tudo sempre claro, eu deveria ter terminado com Kitty assim que disse para Demi que queria algo mais, mas eu nunca menti para nenhuma deles, nem uma única vez. Não menti para Kitty quando disse, há tantos meses, que não queria nada mais sério. E não menti para Demi no mês passado quando disse que queria ir além com ela,
e apenas com ela. – Eu estava apenas tentando jogar com as suas regras. Eu não queria falar em relacionamento sério de novo porque você tinha decidido que eu não era capaz disso em primeiro lugar. – Eu sei – ela sussurrou. – Eu sei. E ficamos nisso. Seus olhos encontraram os meus, esperando eu dizer… o quê? O que eu poderia dizer que já não tivesse dito antes? Já não deixei claro o suficiente? Com um suspiro cansado, eu me levantei. – Você quer tomar banho primeiro? – eu perguntei. As coisas estavam tão esquisitas entre nós que mesmo quando ainda éramos praticamente desconhecidos um para o outro, correndo naquela primeira manhã gelada, mesmo naquele dia eu não senti tamanha estranheza. Ela precisou se afastar para me deixar passar. – Não, tudo bem. Pode ir. —
Liguei o chuveiro no mais quente que aguentava. Eu ainda não estava dolorido por causa da corrida – provavelmente nem sentiria nenhuma dor –, mas estressado por querer fazer amor com Demi ao mesmo tempo em que queria estrangulá-la, e a água quente e o vapor me ajudaram a me acalmar. Era possível que ela quisesse que as coisas voltassem como antes: com sexo, mas apenas amigos. Um conforto sem muitas expectativas. E eu a queria tanto que sabia como seria fácil cair nessa de novo e aproveitar seu corpo e sua amizade em medidas iguais, sem nunca precisar ou esperar ir além. Mas eu não queria mais isso. Nem com ninguém, e principalmente não com ela. Passei o sabonete, fechei os olhos e senti o vapor, limpando a corrida e o suor do meu corpo. Desejando que pudesse limpar também a bagunça dentro de mim. Ouvi o clique suave da porta do chuveiro apenas uma fração de segundo antes de sentir a rajada de ar frio atingindo minha pele. Adrenalina correu em minhas veias, bombeando em meu coração, enchendo minha cabeça com uma loucura que me deixou tonto. Apoiei a mão na parede, com medo de me virar e encará-la e sentir toda a minha determinação se esvair. Havia apenas uma fração de mim que eu sabia que resistiria. O resto daria tudo que ela pedisse. Ela sussurrou meu nome, fechando a porta e chegando perto o bastante para eu sentir os seios pressionando em minhas costas. Sua pele estava fria, e então deslizou as mãos subindo por minhas costelas. – Joe – ela repetiu, passando as mãos em meu peito e descendo pela barriga. – Olhe para mim. Agarrei seus pulsos para impedi-la de continuar descendo e sentir o quanto eu estava duro com apenas esse pequeno contato. Eu me sentia um cavalo de corridas, contido apenas por uma porta frágil pronta para se abrir a qualquer momento. Os músculos em meu braço estavam tensos e flexionados; segurar seus pulsos servia tanto para eu me restringir quanto para manter suas mãos longe de mim. Encostando minha testa na parede, fiquei parado até ter certeza de que conseguiria encarar seu rosto sem imediatamente agarrá-la em meus braços. Finalmente, eu me virei, soltando um pouco seus pulsos. – Não posso fazer isso – sussurrei, olhando em seus olhos.
Seu cabelo estava solto, as mechas molhadas grudavam em seu rosto, pescoço, ombros. As sobrancelhas se juntavam mostrando sua confusão, e eu sabia que ela não entendia minha posição. Mas, então, ela pareceu entender, e uma onda de humilhação se espalhou em seu rosto, e ela fechou os olhos com força. – Descul… – Não – eu disse, interrompendo-a. – Quero dizer que não posso fazer o mesmo de antes. Não posso compartilhar você. Não posso fazer isso se você ainda quiser se encontrar com outros homens. Demi abriu os olhos e suavizou a expressão em seu rosto. – Não posso culpá-la por querer experimentar – eu disse, apertando seus pulsos só de pensar nisso –, mas não vou conseguir impedir que meus sentimentos por você se tornem ainda maiores, e não vou querer fingir que somos apenas bons amigos. É muita mentira para mim. Enfim, nem mesmo com o Jensen. Sei que eu aceitaria qualquer coisa que você me oferecer, porque eu quero muito você, mas eu viveria arrasado se fosse apenas sexo para você. – Acho que nunca foi apenas sexo para mim – ela disse. Soltei seus pulsos, estudando seu rosto e tentando entender o que ela estava oferecendo. – Quando você me chamou de sua Demi hoje – ela começou e então parou, pressionando a mão contra meu peito. – Eu quis que fosse verdade. Eu quero ser sua. Minha respiração se transformou num tijolo em minha garganta. Debaixo da delicada pele de seu pescoço, eu podia enxergar sua pulsação martelando. – Quer dizer, eu sou sua. Isso já é fato. Demi ficou na ponta dos pés, com olhos arregalados enquanto cuidadosamente tomava meu lábio inferior, chupando levemente. Ela ergueu minha mão, colocou-a em seu seio e se arqueou com meu toque. Se o que eu sentia agora fosse apenas uma fração do medo que ela sentiu esse tempo todo em que eu a machuquei, então eu repentinamente entendi porque ela passou tanto tempo afastada. Estar apaixonado dessa maneira é algo assustador. – Por favor – ela implorou, beijando-me novamente, agarrando minha outra mão e tentando me fazer abraçá-la. – Quero tanto estar com você que mal consigo respirar direito. – Demi. Eu ofeguei e me abaixei involuntariamente, oferecendo melhor acesso aos meus lábios e pescoço. Agarrei o seio e passei o polegar em seu mamilo. – Eu te amo – ela sussurrou, beijando meu queixo e descendo pelo pescoço. Eu apertei meus olhos, sentindo meu coração martelar em meu peito. Quando ela disse isso, minha resistência se despedaçou e eu abri a boca, grunhindo quando senti sua língua deslizando sobre a minha. Ela gemeu, arranhando meus ombros, meu pescoço, pressionando a barriga contra minha ereção. Demi ofegou ao sentir os azulejos frios quando eu a virei e apertei contra a parede, e então ofegou de novo quando eu me abaixei e ergui o seio até minha boca, chupando com toda a minha fome. Não é que eu tivesse perdido o medo; na verdade, ouvi-la dizer que me amava era infinitamente mais amedrontador, pois também trazia a esperança de que nós conseguiríamos de algum jeito navegar cegamente por esta elusiva primeira vez. Voltei para sua boca, mergulhando nesta loucura, perdido na febre de seus beijos e sabendo sem precisar perguntar que parte da água em seu rosto não era apenas do chuveiro. Eu também
sentia esse alívio redentor, seguido imediatamente pelo desejo ardente de estar dentro dela, de mexer dentro dela, de senti-la por inteiro. Baixei minha mão e agarrei a parte de trás de suas coxas, erguendo-a até ela poder envolver minha cintura com as pernas. Senti o calor macio de seu sexo e entrei ali, pressionando lá dentro e saindo de novo, me apaixonando mais uma vez, ouvindo seus gemidos impacientes e roucos. – Nunca fiz isto antes – murmurei contra a pele de seu pescoço. – Não tenho a menor ideia do que estou fazendo. Ela riu, mordendo meu pescoço e agarrando meus ombros com força. Lentamente, entrei dentro dela, parando quando nossos quadris se encontraram e sabendo que isto acabaria num instante. Sua cabeça caiu para trás, encostando na parede, e seu peito subia e descia com pequenas respirações entrecortadas. – Ah, meu Deus, Joe. Tirando para fora, eu sussurrei: – Você também sente isso? Demi soluçou, implorando para eu mexer, apertando contra mim tanto quanto podia, presa entre a parede e meu corpo. – Isto não é apenas sexo – eu disse, chupando sua garganta. – Sabe, esta sensação que é tão boa que até dói? Sempre foi assim em todas as vezes que eu estive dentro de você, minha Ameixa. É o que acontece quando você faz sexo com alguém que você absolutamente adora. – Alguém que você ama? – ela perguntou, com os lábios pressionados em minha orelha. – Sim. Entrei com tudo e tirei novamente, sabendo que eu estava tão perto que precisaria levá-la para minha cama, chupar entre suas pernas e então foder mais um pouco até nós dois desabarmos de exaustão. Era intenso demais, e assim que comecei a mexer, eu sabia que nunca me acostumaria com a sensação de estar dentro dela sem nenhuma barreira entre nós. Eu mexia com ela, adorando seus gemidos e sussurrando um pedido de desculpas em seu pescoço. – É intenso demais… Aquilo era irresistível: a sensação dela me envolvendo, suas palavras, a certeza de que ela era realmente minha agora. – Estou perto demais, minha Ameixa, não consigo… Suas unhas arranhavam a pele em meu ombro e seus dentes mordiam minha orelha. – Eu gosto quando você não consegue se segurar. É assim que eu sempre me sinto com você. Com um gemido, eu parei de resistir e senti como se estivesse na beira de um penhasco… caindo caindo … pressionando cada vez mais fundo e mais forte até ouvir a gentil batida de nossas coxas e suas costas na parede. Senti meu corpo se aquecer e gozei dentro dela tão forte que meu grito de prazer ecoou pelas paredes entre nós. Acho que nunca gozei tão rápido em minha vida, e me senti ao mesmo tempo eufórico e um pouco horrorizado. Demi puxava meus cabelos, silenciosamente implorando por minha boca, mas depois de
apenas um pequeno beijo eu me retirei dela soltando um grunhido e caí de joelhos. Eu a abri com as mãos e tomei seu clitóris com toda a minha boca, chupando forte. Fechei os olhos e apenas aproveitei seu doce gemido e a sensação de seu sexo em minha língua. Suas pernas tremiam: afinal, ela estava exausta pela corrida e provavelmente também por causa do tratamento rude que eu a submeti contra a parede – então deslizei meus braços debaixo dela, abrindo suas pernas e erguendo as coxas até ela poder se apoiar em meus ombros, com minhas mãos segurando sua bunda. Demi soltou um grito procurando por algum apoio até finalmente agarrar minha cabeça entre as coxas e segurar meus cabelos, olhando fascinada para mim enquanto eu a chupava. – Estou muito perto – sua voz falhava e as mãos tremiam. Eu gemi e sorri para ela, movendo minha cabeça lentamente de cima a baixo enquanto chupava. Nunca fiz isso antes e senti que estava amando alguém de verdade, fazendo amor de todo jeito possível. Meu peito se aqueceu intensamente quando algo me ocorreu: isto era nosso começo. Exatamente aqui, parcialmente escondidos pelo vapor d’água, era onde deixávamos tudo muito claro para nós dois. Pude ver o momento quando ela começou a gozar, com a vermelhidão subindo por seu peito e alcançando o rosto bem quando seus lábios se separaram num suspiro afogado. Nunca vou me cansar disso. Nunca vou me cansar dela. Com o prazer mais possessivo que já senti, observei enquanto seu orgasmo retumbava por seu corpo, provocando um grito agudo em sua garganta. Parando quando suas coxas relaxaram, eu cuidadosamente a coloquei de volta ao chão com suas pernas trêmulas. Eu me levantei e olhei em seu rosto por um momento, até que ela envolveu meu pescoço e se esticou para me abraçar. Seu corpo estava macio e quente. Molhada com a água aquecida, ela parecia se derreter em meus braços. E tudo era tão diferente. Nunca foi assim – como se eu estivesse completamente conectado a ela –, mesmo quando estávamos em nossos momentos mais íntimos como “apenas amigos”. Aqui, ela era, enfim, minha. – Eu te amo – sussurrei em seus cabelos antes de esticar o braço e pegar o sabonete. Cuidadosamente, lavei cada pedaço do seu corpo, seus cabelos e a delicada pele entre suas pernas. Lavei meu orgasmo de seu corpo e beijei seu queixo, suas pálpebras e seus lábios. Saímos do chuveiro e eu a embrulhei numa toalha antes de envolver minha cintura com outra. Eu a conduzi até o quarto, coloquei-a na beira da cama e sequei seu corpo, antes de deitá-la carinhosamente no colchão. – Vou trazer algo para você comer. – Vou com você. Ela lutou contra meus braços e tentou se sentar, mas eu balancei a cabeça e me abaixei para chupar seu mamilo. – Apenas fique aqui e relaxe – sussurrei contra sua pele. – Quero manter você aqui na cama por toda a noite, então é melhor você comer algo antes. Água pingou dos meus cabelos molhados em sua pele nua, e Demi ofegou, com olhos arregalados e as pupilas negras dilatadas apagando o cinza de sua íris. Ela deslizou a mão até meus ombros, tentando me puxar para baixo, e merda, eu estava pronto para outra… mas precisávamos de comida. Eu já estava começando a sentir tonturas.
– Vou preparar alguma coisa rápida. —
Comemos sanduíches, sentados nus na cama, e depois conversamos por horas sobre a corrida, sobre o fim de semana com seus pais, e finalmente sobre como foi quando nós dois pensamos que tudo estava acabado. Nós fizemos amor até o sol se pôr lá fora, e depois dormimos, acordando no meio da noite famintos por mais. E então foi selvagem, intenso e exatamente como sempre foi quando tudo ia bem entre nós: foi honesto. No momento, eu estava saciado, então estiquei o braço para pegar uma caneta no criadomudo. Voltando para seu lado, desenhei a tatuagem de volta em seu quadril – “Raridades para os raros” –, com esperança de que eu pudesse ser aquilo que Demi merecia: uma raridade, um animal domado, um jogador reabilitado.

Playboy Irresistivel - Capitulo 19



Dezenove

Quando eu era pequena, eu deixava minha família maluca porque eu não dormia por dias antes de feriados ou grandes eventos. Ninguém entendia a razão. Minha mãe exausta sentava ao meu lado noite após noite, implorando para eu dormir. – Dem – ela dizia. – Meu amor, se você dormir, o Natal chega mais cedo. O tempo passa mais rápido quando você está dormindo. Mas isso nunca funcionava comigo. – Não consigo dormir – eu insistia. – Minha mente está muito cheia. Não consigo parar de pensar. Eu passava a contagem regressiva para aniversários e férias totalmente acordada e ansiosa, andando de um lado para o outro nos corredores da nossa casa em vez de dormir no andar de cima. Nunca consegui me livrar desse hábito. Sábado não era Natal ou o primeiro dia das férias de verão, mas eu estava contando cada dia, cada minuto, como se fosse. Pois, por mais patético que pareça, e por mais que eu odiasse estar animada com isso, eu sabia que veria Joe. Só esse pensamento já era suficiente para me deixar de pé à noite, completamente acordada olhando para a janela, contando os postes de luz até seu prédio.
Sempre ouvi dizer que a primeira semana após uma separação é a pior de todas. Eu torcia para ser verdade. Pois receber a mensagem de Joe na terça à noite – “Não consigo parar de pensar em você” – foi uma tortura. Será possível que ele tenha enviado a mensagem para o número errado? Ou será que disse isso porque acabou sozinho, ou porque estava com outra mulher, mas pensando em mim? Eu não podia exatamente ficar brava, e minha indignação inicial pela possibilidade de Joe ter enviado a mensagem enquanto estava com Kitty logo se desvaneceu; lembrei que eu também enviei mensagens para ele enquanto estava num encontro com Dylan. A pior parte é que eu não tinha ninguém para conversar sobre isso. Bom, na verdade, eu tinha, mas a única pessoa com quem eu queria conversar era o próprio Joe. O sol já havia se posto na sexta-feira enquanto eu andava os últimos quarteirões para encontrar Dani e Miley para tomar uns drinques. A semana inteira eu tentei manter uma fronte corajosa, mas na verdade eu estava muito deprimida e já não conseguia esconder direito. Eu parecia triste. Eu parecia exatamente como me sentia. Eu tinha tanta saudade que sentia em cada respiração, em cada segundo que se passava sem ele. O Bathtub Gin era um pequeno bar com visual retrô no Chelsea. Os visitantes são recebidos com uma frente discreta e uma placa dizendo “Stone Street Coffee”. Se você não souber o que está procurando, ou se passar durante a semana quando não existe uma longa fila na entrada, poderia nem perceber do que se trata. Mas se você sabe o que tem lá, não terá problemas em
encontrar a porta iluminada por uma única lâmpada vermelha. Uma porta que se abre para um clube da época da Lei Seca, completo com luz ambiente, jazz ao vivo e até uma grande banheira de cobre no meio do salão. Encontrei Dani e Miley sentadas no balcão, com drinques já esperando por elas e um lindo homem de cabelo preto ao seu lado. – Oi, gente – eu disse, ocupando o banco ao lado delas. – Desculpe pelo atraso. Os três viraram para mim e me olharam de cima a baixo antes do homem dizer: – Ah, meu amor, conte tudo sobre o homem que fez isso com você. Pisquei olhando de volta para eles, confusa. – Humm.. oi, sou eu, a Demi. – Ignore ele – Dani disse, deslizando o cardápio para mim. – Nós também ignoramos. E peça uma bebida antes de falar. Parece que você precisa de uma. O homem misterioso ficou propriamente ofendido, e os três começaram a discutir enquanto eu analisava os vários coquetéis e vinhos, escolhendo a primeira coisa que combinava com meu humor. – Quero um Tomahawk – eu disse para o bartender, notando com o canto do olho a maneira como as duas se entreolharam, surpresas. – Então a coisa está nesse nível, humm? Dani fez um gesto pedindo outro drinque e então tomou a minha mão, conduzindo a todos nós para uma mesa. Na realidade, eu provavelmente apenas deixaria meu coquetel intocado a noite inteira, aproveitando apenas o conforto da opção de poder ficar completamente bêbada. Mas eu sabia que queria correr amanhã, e de jeito nenhum eu iria competir de ressaca. – Aliás, Demi – Dani disse, gesticulando para o homem que agora me olhava com olhos curiosos. – Este é George Mercer, assistente da Miley. George, esta é a adorável e prestes-aficar-chapada Demi Lovato. – Ah, uma peso leve – George disse. – O que é que você está fazendo com essa bêbada de carteirinha? Ela deveria ter uma etiqueta de aviso para garotas como você. – George, você já está merecendo um chute na bunda – Dani disse. George mal piscou. – Com um salto desse tamanho? – Credo, só você gosta dessas coisas – Dani gemeu. Rindo, George disse pausadamente: – Mentirosa. Miley se inclinou com os cotovelos na mesa. – Ignore esses dois. É como assistir Kevin e Dani, com a diferença de que os dois preferem transar com o Kevin do que um com o outro. – Estou vendo – murmurei. Uma garçonete serviu nossos drinques e eu tomei um gole hesitante. – Putz! – comecei a tossir, sentindo a garganta pegar fogo. Tomei quase um copo inteiro de água enquanto Miley olhava para mim. – Então, como vão as coisas? – ela perguntou. – Esse drinque é tão apimentado. – Não foi isso que ela quis saber – Dani disse sem rodeios. Olhei para meu copo, tentando focar nos pedacinhos de páprica flutuando em vez de exagerar o vazio em meu peito. – Vocês conversaram com Joe recentemente? As duas balançaram a cabeça, mas George se animou. – Joe Jonas? – ele esclareceu. – Você está transando com Joe Jonas? – ele chamou a garçonete novamente. – Vamos precisar de outra taça, minha querida. E é melhor trazer a garrafa também. – Na verdade, eu não falo com ele desde segunda-feira – Miley disse. – E eu desde terça-feira – Dani completou. – Mas sei que ele teve uma semana maluca. – Humm. Ele não viajou com você no feriado? George respirou fundo. – Uau, sério? E agora eu era aquela garota, aquela com a história da separação que eu não queria nem na minha mente, muito menos como assunto numa mesa cheia de bebidas. Como poderia explicar que o fim de semana foi perfeito? Que acreditei em tudo que ele falou? Que eu me apaixo… Interrompi esse pensamento, pois não estava pronta nem para pensar nessa palavra. – Demi, meu amor? Miley tocou levemente em meu braço. – Sinto que sou uma idiota. – Linda – ela disse, com olhos cheios de preocupação. – Você sabe que não precisa falar sobre isso se não quiser. – Ah, precisa, sim – George interrompeu. – Como vamos depois transformar a vida dele num inferno se não soubermos todos os detalhes sórdidos? Mas é melhor começarmos do começo e ir devagar até a parte horrível. Primeira pergunta: o pau dele é tão épico quanto eu ouvi dizer? E os dedos… ele são mesmo abre-fecha-aspas mágicos? – ele se inclinou mais perto, sussurrando: – E o maior rumor é que o cara poderia vencer um concurso de chupar manga, se é que você me entende. – George – Miley exclamou, enquanto Dani jogava um olhar gélido para ele. Quanto a mim, eu tive que sorrir. – Não, eu não sei do que você está falando – sussurrei de volta. – Procura no YouTube – ele disse. – Você vai entender vendo a imagem. – Certo, voltando para a parte onde Demi está triste – Miley disse, olhando fixamente para George. – Então, acontece que… – respirei fundo, procurando as palavras certas. – O que vocês podem me dizer sobre Kitty? – Ah – Dani se ajeitou na cadeira e olhou para Miley. – Ah. Eu me inclinei sobre a mesa, juntando as sobrancelhas. – O que esse “ah” significa? – Essa é aquela… quer dizer, essa Kitty é uma das… – George parou de falar e ficou gesticulando como um maluco. – Sim – Miley disse. – Kitty é uma das amantes do Joe. Revirei os olhos. – Você sabe se ele ainda está se encontrando com ela? Dani começou a considerar sua resposta cuidadosamente. – Bom… não sei oficialmente se ele terminou as coisas com ela. Mas, Demi. Ele adora
você. Qualquer um pode… – Mas ele ainda está se encontrando com ela – eu afirmei. Ela suspirou com relutância. – Honestamente, eu não sei. Sei que nós sempre cobramos dele para terminar com as outras, mas não posso… com certeza dizer que ele parou de se encontrar com ela. – E você, Miley? – perguntei. Balançando a cabeça, Miley murmurou: – Desculpe, eu honestamente também não sei. Fiquei imaginando se era possível um coração se partir pouco a pouco. Eu tinha certeza de que senti a primeira fissura quando li a mensagem de Kitty. O segundo pedaço caiu quando ele mentiu sobre a noite de terça-feira. E durante o resto da semana, eu me senti machucada, senti cada pedacinho que ainda restava cair na escuridão, até o ponto de não saber mais o que era aquilo que batia em meu peito. – Eu o ouvi conversando com meu irmão sobre querer algo mais sério com alguém, mas estar com medo de terminar com as outras. Mas então eu pensei que talvez ele quisesse dizer terminar oficialmente com elas. As coisas pareciam boas entre nós. Mas daí Kitty enviou uma mensagem – eu disse. – Eu estava mexendo em seu celular e ela respondeu uma mensagem que ele obviamente enviou para ela, dizendo para se encontrarem na terça à noite. – Por que você não perguntou para ele? – Dani disse. – Eu queria que ele me dissesse por iniciativa própria. Joe sempre gostou de honestidade e comunicação, então imaginei que se eu o convidasse para jantar na terça-feira ele me diria que tinha um encontro com Kitty. – E então? – Miley perguntou. Suspirei. – Ele disse que tinha um compromisso. Uma reunião de noite. – Nossa – George exclamou. – Pois é – eu murmurei. – Então terminei tudo ali mesmo. Mas fiz isso muito mal, porque eu não sabia o que falar. Eu disse que estava ficando pesado demais, que eu tinha apenas vinte e quatro anos e não queria nada sério. Disse que não queria mais isso. – Caramba, menina – George sussurrou. – Quando você quer terminar as coisas, você cava um buraco e joga uma bomba. Eu gemi, pressionando as mãos nos meus olhos. – Deve ter uma explicação – Miley disse. – Joe nunca diz que tem uma reunião quando vai se encontrar com uma mulher. Ele apenas diz que vai se encontrar com uma mulher. Demi, eu nunca o vi desse jeito antes. O próprio Nick nunca o viu desse jeito. É óbvio que ele adora você. – Mas isso importa? – eu perguntei, deixando meu drinque totalmente de lado. – Ele mentiu sobre a reunião, mas fui eu quem disse que deveríamos manter o relacionamento aberto. Acontece que para mim isso significava a possibilidade de outra pessoa. Para Joe, isso era uma realidade que ele já vivia. E todo o tempo ele sempre insistia em algo mais entre nós. – Converse com ele, Demi – Dani disse. – Confie em mim. Você precisa dar uma chance para ele se explicar. – Explicar o quê? Que ele ainda estava se encontrando com ela, de acordo com as regras que eu estabeleci? E depois? O que acontece?
Dani tomou minha mão e apertou. – Daí você ergue a cabeça e manda ele se ferrar pessoalmente.
Eu me vesti assim que os primeiros raios de sol apareceram lá fora e andei os dez quarteirões até a corrida num nervosismo só. A competição aconteceria no Central Park, e o circuito percorria vinte quilômetros entre as trilhas e os caminhos do parque. Várias ruas ao redor foram fechadas para abrigar os caminhões e tendas dos patrocinadores, além da multidão presente, tanto de corredores quanto de espectadores. Agora isso era real. Joe estaria lá, e eu teria que decidir se conversava com ele ou apenas deixava tudo como estava. Eu não sabia se aguentaria qualquer uma das opções. O céu tinha começado a clarear e um frio ainda pairava no ar. Mas meu rosto estava quente, meu sangue se aquecia correndo pelas veias e por meu coração, que batia rápido demais. Eu tinha que me concentrar para puxar o ar em meus pulmões e depois soprar de volta. Eu não sabia para onde estava indo, ou o que estava fazendo, mas o evento parecia bem organizado e, assim que cheguei perto, vi as placas que indicavam onde eu deveria me apresentar. – Demi? Ergui os olhos para ver meu antigo parceiro de treinamento, meu antigo amante, de pé ao lado da mesa de inscrição, olhando para mim com uma expressão que eu não conseguia decifrar. Eu esperava que a minha memória tivesse exagerado sua beleza e o quanto era difícil apenas ficar do lado dele. Mas não era exagero. Joe continuou olhando em meus olhos, e fiquei imaginando se eu iria começar a rir descontroladamente, chorar ou talvez sair correndo se ele chegasse mais perto. – Oi – ele finalmente disse. Abruptamente, estendi minha mão como se ele fosse… fazer o quê? Cumprimentar com um aperto de mão? Meu Deus, Demi! Mas agora era tarde demais, e minha mão trêmula ficou estendida entre nós enquanto Joe olhava para ela. – Ah… então nós… é assim que vai ser? – ele murmurou, limpando a mão na calça antes de apertar minha mão. – Certo. Bom, oi. Como vai você? A situação era comicamente ruim, e só piorava o fato de que eu gostaria de analisar as minúcias disso com Joe, apenas com Joe. De repente, pensei em milhões de perguntas sobre o protocolo pós-separação-constrangedora, e se um aperto de mão é sempre uma má ideia ou era só nesse momento mesmo. Eu me abaixei sem jeito e assinei meu nome antes de receber um pacote de informações de uma mulher sentada atrás da mesa. Ela me deu instruções que eu mal compreendi; eu me sentia como se estivesse debaixo d’água. Quando terminei, Joe ainda estava lá de pé, com a mesma expressão nervosa e esperançosa de antes. – Você precisa de ajuda? – ele sussurrou. Balancei cabeça. – Não, tudo bem. Era uma mentira; eu não fazia ideia do que estava fazendo. – Você precisa ir até aquela tenda – ele disse com um tom de voz gentil, sabendo
exatamente o que eu estava pensando, como sempre, e colocando a mão em meu braço. Eu me afastei e forcei um sorriso. – Pode deixar. Obrigada, Joe. Enquanto o silêncio continuava, uma mulher que eu nem tinha notado começou a falar. – Oi – ela disse. Eu pisquei e a vi sorrindo com a mão estendida para mim. – Acho que ainda não fomos apresentadas. Eu sou Kitty. Levei um tempo para juntar as peças, e quando tudo se encaixou, eu mal contive meu choque. Senti minha boca se abrir e meus olhos se arregalarem. Como ele poderia pensar que isso era remotamente apropriado? Olhei para ela e para Joe, e logo percebi que ele estava tão surpreso quanto eu ao vê-la parada ali. Ele não percebeu sua aproximação? O rosto de Joe era a própria definição da palavra desconfortável. – Ai, Deus – e olhou para nós duas antes de murmurar: – Ah, merda, humm… oi, Kitty, esta é a… – Joe virou-se para mim, suavizando os olhos. – Esta é a minha Demi. Pisquei incrédula. O que foi que ele disse? – Prazer em conhecer você, Demi. Joe me contou tudo sobre você. Eu sabia que eles estavam se falando, mas as palavras não penetravam o eco daquela frase que se repetia em minha mente. Esta é a minha Demi. Esta é a minha Demi. Foi um lapso. Só pode ser isso. Ele estava apenas desconfortável. Apontei para trás. – Eu preciso ir. Virando, saí andando desajeitadamente em direção à tenda das mulheres. – Demi! – ele chamou atrás de mim, mas eu não olhei para trás. Eu ainda estava um pouco tonta quando entreguei minha ficha de informações, peguei meu número e andei até um lugar vazio para me alongar e amarrar meu tênis. Quando ouvi o som de passos, levantei a cabeça, com medo do que iria encontrar. Ver Kitty parada ali foi pior do que pensei. – Ele é mesmo uma figura – ela disse, pregando seu número na frente da camiseta. Desviei os olhos e ignorei o fogo que ardia em meu estômago. – É, pois é. Ela sentou-se num banco e começou a abrir uma garrafa de água. – Sabe, achei que isso nunca iria acontecer – Kitty começou a rir. – Todo esse tempo ele sempre usou a desculpa “Não é você. Sou eu que não quero nada sério com ninguém”. Mas agora que ele finalmente terminou tudo entre nós, é porque quer algo mais. Só que com outra pessoa. Eu me endireitei e olhei em seus olhos. – Ele terminou com você? – Sim. Bom… Nesta semana foi o fim oficial, mas não nos encontrávamos desde… – ela olhou para cima, tentando lembrar uma data. – Desde fevereiro? E desde então ele só cancela nossos encontros. Eu não sabia o que dizer. – Pelo menos, agora eu entendo a razão. Acho que eu fiquei com cara de quem não estava entendendo nada, pois ela sorriu e chegou um pouco mais perto. – Porque ele está apaixonado por você. E se você é mesmo tão incrível quanto ele diz, você não vai estragar tudo.
Não me lembro de cruzar o parque até onde os outros corredores estavam reunidos. Meus pensamentos estavam bagunçados e inquietos. Fevereiro? Nós começamos a correr em… … março. Foi quando começamos a transar… Terça à noite… para poder terminar as coisas pessoalmente. Como um ser humano decente, como um bom homem. Fechei meus olhos quando a força dessa descoberta me atingiu: ele disse tudo isso a ela mesmo depois que eu dei o fora nele. – Você está pronta? Eu me assustei, surpresa ao ver Joe de pé ao meu lado. Ele pôs a mão em meu braço, oferecendo um sorriso hesitante. – Você está bem? Olhei ao redor, como se pudesse escapar para algum lugar e apenas… pensar. Eu não estava pronta para ele ficar tão perto ou conversar como se fôssemos amigos de novo. Eu tinha um pedido de desculpa tão grande para fazer, e ainda queria reclamar muito por ele ter mentido… eu nem sabia por onde começar. Encontrei seus olhos e procurei por qualquer sinal que dissesse que poderíamos consertar tudo isso. – Acho que sim. – Demi? – ele começou, dando um pequeno passo em minha direção. – Sim? – Você… você vai se sair muito bem – seus olhos procuraram os meus, pesados de ansiedade, e isso fez meu estômago se retorcer com culpa. – Sei que as coisas estão estranhas entre nós. Apenas tire tudo da cabeça. Você precisa estar aqui, com a cabeça na corrida. Você treinou muito para isso e vai conseguir se sair muito bem. Suspirei e senti a primeira onda de nervosismo pré-corrida, que não tinha nada a ver com Joe. Massageando meus ombros, ele murmurou: – Está nervosa? – Um pouco. Pude ver o momento em que ele entrou no modo treinador e senti um pouco de conforto nisso, aproveitando essa familiaridade platônica. – Lembre-se de cadenciar o ritmo. Não comece rápido demais. A segunda parte é a pior, e você precisa reservar um pouco de energia para o final, certo? Concordei com a cabeça. – Lembre-se, esta é a sua primeira corrida e seu objetivo é cruzar a linha de chegada. Não se importe com a posição de chegada. Lambendo meu lábios, eu respondi: – Certo. – Você já correu quinze quilômetros antes; você consegue correr vinte. Estarei ao seu lado, então… vamos fazer isso juntos. Olhei para ele surpresa. – Você pode chegar numa boa posição, Joe. Isso não é nada para você… Você deveria ficar lá na frente. Ele balançou a cabeça.
– Essa corrida não é sobre isso. A minha corrida é daqui a duas semanas. Esta aqui é sua. Já disse isso antes. Assenti novamente, um pouco atordoada, sem conseguir desviar os olhos de seu rosto: olhei para a boca que me beijou tantas vezes, e queria beijar apenas a mim. Olhei para os olhos que me olhavam atentamente sempre que eu dizia alguma coisa, sempre que eu o tocava. Olhei para as mãos que agora tocavam meus ombros, as mesmas que já tocaram todos os centímetros da minha pele. Ele disse para Kitty que queria ficar comigo, apenas comigo. Ele já tinha falado isso para mim. Mas eu não tinha acreditado. Talvez o jogador realmente não existisse mais. Com um último olhar, Joe tirou as mãos dos meus ombros e pressionou a palma nas minhas costas, conduzindo meu corpo para a linha de partida.
A corrida começou no canto sudoeste do parque, perto do Columbus Circle. Joe fez um gesto para eu acompanhá-lo, e então comecei a rotina: alongamento da perna, dos quadris, das costas. Ele observava em silêncio meus movimentos e mantinha um contato tranquilizador. – Segure um pouco mais – ele disse, pairando sobre mim. – Respire fundo. Eles anunciaram que era hora de começar e tomamos nosso lugar. O estampido da pistola ecoou no ar, e os pássaros voaram das copas das árvores. A súbita corrida de centenas de corpos criou um som único que preencheu tudo ao redor. A rota da maratona começava na rotatória do Columbus Circle e seguia pela pista exterior do Central Park, fazendo uma curva perto da Rua 72 e voltando para o começo. O primeiro quilômetro é sempre o mais difícil. No segundo, a visão começa a embaçar nos cantos e você apenas escuta o som abafado das passadas na trilha e o sangue bombeando em seus ouvidos. Nós mal nos falamos, mas eu podia ouvir cada passo de Joe atrás de mim, além do ocasional contato de seu braço contra o meu. – Você está indo muito bem – ele disse na altura do quarto quilômetro. No décimo quilômetro, Joe me lembrou: – Já estamos na metade, Demi, e você está chegando ao seu melhor ritmo. Senti cada centímetro do último quilômetro. Meu corpo doía; meus músculos passaram de endurecidos para molengas, depois pareciam queimar até quase ter câimbras. Eu podia sentir minha pulsação martelando em meu peito. A batida pesada espelhava cada passada, e meus pulmões gritavam para que eu parasse. Mas minha mente estava calma. Era como se eu estivesse debaixo d’água, com vozes abafadas juntando-se até formar um único zumbido constante. Mas uma voz era clara: – Já estamos no último quilômetro. Você vai conseguir. Você é incrível, minha Ameixa. Quase tropecei quando ele me chamou assim. Sua voz estava doce e carente, mas, quando olhei para ele, seu queixo estava apertado, com olhos colados à frente. – Desculpe – ele disse, rouco e imediatamente arrependido. – Eu não deveria… Desculpe. Balancei a cabeça, lambi os lábios e voltei a olhar para frente, cansada demais até para estender o braço e tocá-lo. Fui atingida pela percepção de que este momento era provavelmente mais difícil do que qualquer prova que fiz na faculdade, e qualquer noite de pesquisa no laboratório. A ciência sempre veio fácil para mim – eu estudava muito, é claro, fiz minha lição de casa –, mas nunca tive que ir tão fundo e fazer tanto esforço para continuar
quando tudo que eu queria era desabar na grama e ficar lá. A Demi que encontrou Joe naquela manhã gelada nunca conseguiria correr vinte quilômetros. Ela tentaria sem muito entusiasmo, ficaria cansada e, após concluir que esse não era seu forte, teria voltado para o laboratório e seus livros e seu apartamento vazio cheio de refeições congeladas para uma pessoa. Mas não esta Demi, não agora. E ele me ajudou a chegar até aqui. – Quase lá – Joe disse, ainda me encorajando. – Sei que está doendo, sei que é difícil, mas, veja só – ele apontou para um grupo de árvores ao longe –, você está quase lá. Tirei o cabelo do meu rosto e continuei, respirando para dentro e para fora, querendo que ele continuasse falando, mas ao mesmo tempo querendo que ele calasse a boca. Sangue bombeava pelas minhas veias, cada parte de mim parecia ligada a um fio elétrico, levando um choque de mil volts que vazava do meu pé para o chão em cada passada. Nunca estive tão cansada em minha vida, nunca senti tanta dor, mas também nunca me senti tão viva. Era uma loucura, mas mesmo com membros que pareciam pegar fogo, e com cada respiração mais difícil do que a anterior, eu mal podia esperar para fazer de novo. A dor valeu o medo de falhar ou de me machucar. Eu desejei algo, corri os riscos e mergulhei de cabeça. E com esse último pensamento em minha mente, segurei a mão de Joe quando cruzamos a linha de chegada juntos.

 

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