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Anjo da Noite - Capitulo 1



Capítulo 1 – Cobrança


Eu andei calmamente até o escritório do meu pai, ele mandara me chamar. Mais um trabalho... Eu podia imaginar. Eu sou a única em quem meu pai confia pra certos assuntos e é claro que eu trabalho melhor do que qualquer um dos homens dele. Eu tenho um jeitinho especial de convencer os caloteiros a pagar suas dívidas... Nunca falha! Eu abri a porta sem bater, ele saberia que eu estava chegando...

_Com licença_ eu entrei e parei de frente pra ele_ desculpa a demora.
_Onde você estava?
_Com a mamãe, o senhor sabe como ela é_ eu expliquei.
_Tudo bem_ ele pegou uma pasta na gaveta e jogou sobre a mesa_ tenho um trabalho pra você.
_Quem é o caloteiro da vez?_ eu peguei a pasta.
_Michael Payne, ele tem uma loja de mecânica no lado oeste da cidade. Todas as informações que você precisa sobre ele estão na pasta.
_E quanto ele deve?
_Esse superou os outros_ ele escreveu o valor rapidamente no papel e me mostrou.
_Nossa, que favor foi esse?_ eu perguntei espantada, seja lá o que for custou caro.
_Isso não importa agora, eu preciso do dinheiro pra hoje. Pode ser?
_Tudo bem, eu vou e volto num instante_ eu afirmei.
_Obrigada querida_ ele sorriu pra mim.
_Tchau pai_ eu me despedi e sai pela porta.

Deixe-me explicar... São muito poucas as pessoas que sabem da nossa existência, nós vampiros evitamos o convívio com os humanos o máximo possível. Mas algumas pessoas nos pagam e pagam bem... Pra que nós façamos alguns favores pra elas, como proteção ou algo do tipo, e a encarregada das cobranças sou eu. Eu dei uma rápida lida na pasta enquanto ia até meu quarto, peguei minhas luvas favoritas e larguei a pasta em cima da cama, quando ia saindo dei de cara com a Selena... Ela é minha melhor amiga e fiel escudeira.
_Trabalho?_ ela perguntou.
_Michael Payne, um idiota que concerta coisas_ eu expliquei.
_Quanto o palhaço deve?
_Isso aqui_ eu mostrei o papel a ela.
_Credo, deve ter sido um favor muito bom_ ela disse espantada.
_Nós não fazemos favores ruins Selena.
_Eu sei mais por esse valor, deve ter sido algo grande, muito grande.
_Tanto faz, eu preciso ir... Fazer o idiota pagar o que deve.
_Vai lá, arrasa amiga_ ela sorriu.
_Pode deixar_ eu sorri de volta e saí.

Eu corri pela floresta escura, à noite e o silencio deixavam o lugar sinistro. Eu e os outros vampiros moramos em uma espécie de fortaleza, um castelo que nós mesmos construímos na parte mais escura da floresta, pra ficar longe dos humanos... Longe da tentação... É que nós somos diferentes dos outros, nós não matamos humanos, só nos alimentamos de animais... É nojento, mais é a melhor opção, pra segurança e uma melhor qualidade de vida pra todos... Tanto pra eles quanto pra nós.
Não demorou pra que eu chegasse à cidade, estava escuro, não havia ninguém na rua, exceto um homem parado em frente à loja do Michael Payne. Ele observava tudo atentamente, estava vigiando o lugar com certeza, eu me aproximei tranquilamente, como uma pessoa normal que não queria nada, mais aparentemente não o enganei, ele ficou extremamente alerta ao me ver, era difícil não notar a diferença entre mim e um humano.

_Boa noite_ eu sorri e mantive uma distancia segura entre nós.
_O que você quer?_ ele perguntou preocupado.
_Michael Payne. Você trabalha pra ele?
_Quem quer saber?
_Ele ta devendo uma grana pro meu pai_ eu falei_ eu vim cobrar.

Ele perdeu a cabeça ao finalmente ter certeza do que se tratava, os humanos procuravam nossa ajuda mais eram extremamente covardes. Ele puxou uma arma e apontou pra mim. Não foi uma boa idéia, eu tinha um problema com meu temperamento, era perigoso me tirar do sério.
_Eu abaixaria isso se fosse você_ eu aconselhei.
_Não, eu sei o que você é_ ele disse nervoso.
_Se sabe quem eu sou, sabe que não devia me provocar.
_Vai embora_ ele gritou.
_Depois que seu chefe me pagar eu vou.

Ele perdeu a cabeça e atirou em mim, como ele estava extremamente nervoso e tremendo não conseguiu acertar, mais continuou atirando, eu me afastei instintivamente, e corri na direção contrária, não valia a pena começar uma briga com esse pobre coitado, ele com certeza sairia perdendo. Mas ele não desistiu e veio atrás de mim, eu apertei o passo, correndo em uma velocidade com a qual ele não poderia me acompanhar. Como estava distraída esbarrei em alguma coisa, me virei pra olhar, tinha um homem parado ali me encarando meio confuso, eu respirei fundo com a surpresa e logo me arrependi... Ele tinha um cheiro incrivelmente bom, tentador demais, mais do que qualquer outro que eu já tenha visto. Eu senti o calor subir pela minha garganta, o fogo querendo me consumir... Ele arregalou os olhos assustado quando viu minha expressão de ódio, eu corri na direção contrária, pra longe do cheiro, pro lugar de onde tinha vindo e o palhaço que havia tentado me matar antes estava parado no beco, ainda a minha procura, eu não aguentei a sede que me consumia e voei no pescoço dele. O seu grito de dor foi o último som que ouvi, acabando com o silêncio da noite sombria. 

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