Dezessete
A segunda-feira chegou desabando com outra tempestade de
verão e um céu tão azulesverdeado que até parecia que o oceano tinha tomado o
lugar das nuvens. Corri, debaixo de um guarda-chuva, até a estação de metrô e
quase perdi meu trem das 7h32. Por um milagre, havia um assento vazio, onde
sentei, guardei meu guarda-chuva e fechei os olhos para pensar em tudo que
precisava fazer hoje. Pesquisa de preços, algumas reuniões antes do almoço,
depois uma reunião com minha equipe. Quando olhei para cima e vi de relance o
jornal que uma mulher ao lado estava lendo, todos esses planos foram por água
abaixo. Olhando para mim no meio da coluna social, havia uma foto de Joe ao
lado da manchete: “As várias amantes de Mad Joe”. – Como é? – me levantei
involuntariamente e me aproximei para ler o artigo, sem me importar se estava
invadindo o espaço pessoal da mulher. – Posso ler isso? – perguntei, e a mulher
me entregou o jornal, provavelmente pensando que eu era louca. Li o mais rápido
que pude.
Joe Jonas é um amante das artes e de mulheres bonitas. E não
é surpresa para ninguém que seu “segredo” é sua inclinação por combinar esses
hobbies: fotografar a si mesmo em suas aventuras semanais. Flagrado apenas há
uma semana com uma linda loira num bar, novas fotos vazaram de Joe devorando
uma igualmente deliciosa morena. Enquanto a maioria das fotos é, digamos,
picante demais para publicação, uma foto do rosto da mulher a identifica
claramente como sendo a atriz Maria de la Cruz. A foto da “parceira” do
investidor foi tirada apenas dias atrás, como mostra a data do arquivo.
Vamos lá, Joe. Apenas nos dê logo um vídeo de sexo para
acabarmos com isso, certo?
Depois de ler pela décima vez, o trem parou e eu saí
correndo, tropeçando pelo caminho e andando transtornada pelas ruas. Depois de
andar os últimos quarteirões até nosso prédio, não fiquei nem um pouco surpresa
de encontrar Miley me esperando de pé dentro da minha sala. Com as mãos
trêmulas, eu levantei o jornal. – Preciso que você me explique o que estou
vendo aqui. Isso é apenas fofoca? Quem é essa mulher? Ela deu um passo em
direção a mim e me entregou seu celular. A tela mostrava o site Celebritini,
que aparentemente foi quem deu o furo. No topo da página, havia uma foto que eu
já tinha visto algumas semanas atrás, na cobertura do prédio de Joe. Era uma
foto dos meus quadris, com sua mão aberta sobre minha pele. Ao lado da foto do
obviamente meu corpo nu havia outra foto do rosto de uma mulher. Ela
tinha cabelos escuros e não dava para ver a cor de seus
olhos, pois sua cabeça estava caída para trás e os olhos fechados. Na parte de
baixo, havia um pedaço do cabelo do homem cujo rosto estava pressionado contra
o pescoço dela. Ela estava muito provavelmente tendo um orgasmo. – Esta foto
estava no celular dele – li rapidamente o artigo que falava de quantas mulheres
o Joe tinha fotografado. – Aparentemente havia muitas fotos de outras mulheres.
Miley pegou uma tesoura em minha mesa. – Volto daqui a pouco. Tenho que cortar
um par de bolas. – Ele está fora da cidade. Ela parou e respirou fundo. – Bom,
pelo menos isso vai impedir que eu seja presa. – O que Nick disse? Miley
desabou no meu sofá. – Ele disse que deveríamos tentar ser cautelosas. Disse
que não sabemos a história inteira. Que a impressa publica muitas mentiras. E
lembrou que eu pensava que ele estava transando com todo mundo no escritório
antes de ficarmos juntos. Apontei para a foto de sua atriz espanhola. – O
artigo diz que esta é a foto mais recente e que existem muitas outras. E a
minha foto foi tirada há poucas semanas. Então ele ficou com ela nesse
meio-tempo. Miley não respondeu. Fiquei olhando para a parede e considerei dar
um soco, então quase ri pensando nessa imagem. Joe poderia quebrar a parede com
um soco. Eu não deixaria nem uma marca e provavelmente quebraria a mão. – Estou
cansada de me sentir uma idiota. – Então não se sinta. Dê um chute no traseiro
dele. – Essa é exatamente a razão porque eu não queria me envolver com ninguém.
Pois estou sempre vendo o melhor das pessoas e acabo sempre me frustrando
quando a verdade vem à tona. Miley continuou em silêncio, apenas me observando
do outro lado da sala. Joe nem tinha um celular ou notebook. Eu não podia
simplesmente ligar para descobrir qualquer coisa. E nem sabia se queria. Peguei
meu celular e o desliguei. – O que temos na agenda hoje? – apertei a barra de
espaço no meu computador para sair da proteção de tela e olhei meus
compromissos. Então, voltei a olhar para Miley. Ela esticou o braço e desligou
meu monitor. – Nada urgente. Matthew? Cancele tudo e arrume suas coisas. Vamos
sair para beber.
Ao meio-dia eu já estava bêbada, animada com a jukebox do
bar que escolhemos no Queens, e ainda mais animada com o dono do bar, que
gostava de músicas dos anos oitenta tanto quanto eu. Era um dos prazeres da
minha mãe, e tocar “Twisted Sister” várias vezes de alguma maneira fez com que
eu me sentisse em casa. – Ele foi brilhante na cama – murmurei por cima do meu
copo. – Bom – corrigi, levantando a mão –, pelo menos na única noite que
transamos numa cama. Minha cama. E naquela cama ele foi brilhante. Acho que
transamos umas sete mil vezes naquela noite. – Vocês transaram numa cama só uma
vez? – Matthew perguntou, de pé ao lado de uma mesa
de sinuca e segurando um taco para se apoiar. Miley suspirou
alto e o ignorou, jogando alguns amendoins altamente suspeitos na boca: – Odeio
ver que você sente que precisa desistir disso tudo. Nada é melhor para manter
uma relação do que sexo fantástico. Ah, e honestidade. Quer dizer, isso é
importante também – ela coçou o queixo e acrescentou: – E, tipo, ter diversão
juntos. Quer dizer, sexo, honestidade e diversão. É, aí está o segredo do
sucesso. – Nós tínhamos o sexo e a diversão. Miley parecia que estava a caminho
da terra do sono eterno. – Nick também é maravilhoso na cama – ela murmurou. –
Minha completa falta de atividade sexual também é fantástica – Matthew
resmungou. – Obrigado por perguntar. As mulheres realmente falam só de sexo o
tempo todo desse jeito? Miley disse “Sim” ao mesmo tempo em que eu disse “Na
verdade, não”. Depois mudei de ideia e disse “Talvez”, bem quando ela disse
“Pelo visto, não”. Caímos uma na outra rindo, mas minha risada rapidamente se
dissolveu quando um homem alto entrou no bar. Eu me ajeitei, com o coração na
mão. Ele tinha ombros largos, a mesma cor de cabelo… Mas não era Joe. Meu peito
parecia pequeno demais para tudo que havia dentro dele. – Ai – gemi, esfregando
o coração. – Da última vez, eu estava tão além da tristeza que apenas me sentia
brava. Mas, agora, sinto dor. Miley jogou um braço ao redor dos meus ombros. –
Homens são uns estúpidos. Seu celular tocou e ela atendeu com apenas um toque.
– Estou num bar – fez uma pausa, escutou, depois disse: – Pois é, estamos
bebendo no meio do dia… Ela está triste e eu quero castrar ele… eu sei. Eu vou…
prometo. Não vou vomitar no tapete novo, calma. Vejo você depois – ela terminou
a ligação e mostrou o dedo do meio para o celular. – Ele é tão mandão. E então
ela se apoiou em mim. – Você merece um cara como Nick. Matthew se inclinou e
nos olhou de um jeito estranho antes de balançar a cabeça. – Vocês duas já
estão acabadas. Amanhã à noite vamos animar a Demi ao estilo gay.
Na noite de terça-feira, Matthew nos levou para um bar gay,
lotado de uma parede a outra, com música no último volume. Era exatamente o
tipo de lugar que eu gostaria que ele me levasse em tempos mais felizes, mas
agora apenas me lembrava do quanto eu estava infeliz. E a verdade era que eu
realmente não estava a fim de sair para me divertir. Eu não queria estar no
meio da pegação de um monte de homens. Eu queria apenas encontrar uma maneira
de acelerar o tempo e chegar ao ponto onde Joe não importava mais. O que me
assustou mais foi que quase não tive tempo de parar de amar Will, pois tinha
conhecido Joe apenas uma semana depois. Mas suspeitava agora que levaria bem
mais tempo para esquecer desta vez. Por fim, liguei meu celular apenas na
quinta-feira de manhã e encontrei dezessete chamadas perdidas de Joe, mas ele
não deixou nenhuma mensagem de voz. Enviou quase vinte
mensagens de texto na segunda e terça-feira que diziam:
Ligue para mim. Demi, eu vi o Post. Ligue para mim.
Havia outras variações do mesmo tema: ligue, envie mensagem,
confirme que recebeu etc. E, bem quando eu estava para ligar, vi a última
mensagem que acionou uma barreira instintiva ao redor do meu coração.
Demi, eu sei que parece realmente ruim. Mas não é o que você
está pensando.
Ah, perfeito. Quantas vezes ouvi isso na minha antiga vida?
Acontece que, se alguém precisa dizer isso, quase sempre acaba sendo exatamente
o que você estava pensando. Levei uma eternidade para aprender essa lição, e
não seria um aprendizado que eu simplesmente apagaria da minha mente. Desliguei
o celular novamente, desta vez determinada a deixar assim.
Joe voltou na sexta-feira, eu sabia disso, mas mesmo assim
não liguei. Ele não foi me ver em meu escritório, e, quando liguei novamente
meu celular alguns dias depois de checar as mensagens de texto, percebi que ele
havia desistido de me ligar. O que era pior? O clichê de sua insistência em
dizer que eu tinha interpretado errado? Ou seu silêncio? Será que eu estava
mesmo sendo justa? Odiava essa indefinição, onde a raiva se encontra com a
incerteza. Vivi nessa situação por tanto tempo com Will, sempre sentindo que
algo estava acontecendo pelas minhas costas, mas nunca sabendo com certeza. Eu
estava no meio de uma horrível batalha entre um sentimento de culpa e ter
certeza que ele estava me traindo. Mas agora minha angústia era muito pior.
Pois, desta vez, eu realmente pensei que Joe era um homem que valeria a pena
conhecer. Em comparação, percebi que nunca senti isso em relação ao Will.
Talvez eu apenas quisesse transformar ele num homem que valesse a pena. Qual
era a história com a outra mulher? Será que era alguém com quem ele tinha
ficado uma vez antes da nossa relação ficar mais séria? Será que eu poderia
realmente condená-lo, mesmo depois de combinarmos nossa monogamia? Mas quando a
foto foi tirada? Será que foi realmente apenas dias antes de passarmos a noite
em meu apartamento? – Sarinha. Eu posso praticamente ouvir você pensando aí
dentro – Matthew chamou de sua mesa. – Seus pensamentos estão estridentes e
cada vez mais histéricos. Já está na hora de se acalmar um pouco. Guardei um
cantil na sua gaveta. É rosa e cheio de brilhantes, mas não se apegue demais.
Estou apenas emprestando. Abri a gaveta. – O que tem dentro? – Uísque. Fechei a
gaveta com força e soltei um grunhido. – Nem pensar. Isso é a marca registrada
de Joe Jonas.
– Eu sei disso. Olhei para a parede, querendo que ele
sentisse sua nuca queimando com meu olhar. – Você é um cretino. – Você não
ligou para ele, não é? – Não. Eu deveria? – passei a mão no rosto. – Não
responda. Ele está explorando o menu espanhol. É claro que eu não deveria
ligar. Eu me levantei e fechei a porta, mas, quando me sentei de novo, alguém
bateu de leve três vezes. – Você pode entrar, Matthew – resmunguei. – Mas não
vou beber uísque. Nick entrou em minha sala, preenchendo o espaço como apenas Nick
Ryan conseguia. Eu me ajeitei na cadeira e olhei para minha mesa procurando
instintivamente algum trabalho. – Oi, Nick. Eu estava totalmente brincando
sobre o uísque. Imagina, nunca bebi no trabalho. Ele sorriu. – Eu não a
culparia se bebesse. – Certo… – eu disse, imaginando o que ele estava fazendo
ali. Nós raramente tínhamos motivos para interagir no trabalho. Ele estudou
minha expressão por um tempo antes de dizer: – Em Los Angeles, quando eu atingi
o fundo do poço, você entrou na minha sala e gritou comigo. – Ah. Ah, merda. –
Você me deu perspectiva e insinuou que meus sentimentos não eram surpresa para
ninguém. Deixou claro que todos sabiam que eu era duro com ela porque a
respeitava mais do que qualquer um. Sorri quando percebi que ele não tinha
vindo me dar bronca. – Eu lembro. Vocês dois estavam completamente deprimidos. –
Estou aqui para devolver o favor. Conheço o Joe há muito tempo – Nick sentou na
cadeira do outro lado da minha mesa. – Ele sempre teve um lado playboy. Nunca
se apaixonou, eu acho. Até você aparecer – acrescentou, erguendo uma
sobrancelha. Eu sabia que não importava há quanto tempo eu conhecesse Nick, eu
sempre me sentiria intimidada por ele, especialmente quando mexia a
sobrancelha. – Ele não me contou o que está acontecendo, mesmo quando eu
quebrei minha regra de não me envolver e acabei perguntando, mas Joe respondeu
que você ainda não falou com ele. E, pelo que soube do Mike, ele não está bem.
Se você realmente teve sentimentos por ele, então você tem obrigação de pelo
menos dar uma chance para ele se explicar. Soltei um gemido. – Às vezes acho que
você está certo, mas então lembro que ele é um babaca. – Olha, Demi. A maneira
como Will tratou você era inconcebível. Todos enxergavam isso e me arrependo de
não ter defendido você. Mas agora você tem a opção de decidir como vai usar
isso para amadurecer. Se for pensar que todos os homens são iguais a ele, então
você não merece o Joe. Ele não é um cara desses. Ele ficou me observando por um
tempo e eu não sabia como responder. Mas a maneira como meu coração se apertou
ao ouvir que eu não merecia o Joe foi uma indicação de que
Nick estava certo. E que eu precisava encontrar um vestido
para o evento em seu apartamento.
Miley e Nick foram me buscar de carro, e, quando ele abriu a
porta, eu tomei um segundo para apreciar a visão de Nick vestindo smoking.
Honestamente, aquele homem era tão lindo que até parecia um pouco injusto. Já
dentro do carro, Miley brilhava ao seu lado num vestido longo cheio de pérolas.
Ela revirou os olhos quando ele sussurrou algo em seu ouvido e, depois,
respondeu: – Você é um cachorro. Ele riu em silêncio e beijou seu pescoço. – É
por isso que você me ama. Eu adorava ver os dois tão felizes, e não era cínica
o bastante para pensar que não existia alguém assim para mim. Mas percebi, ao
olhar para meu próprio vestido, que tinha passado mais de uma hora me arrumando
para o evento. E realmente queria que o meu alguém fosse o Joe. Virei o rosto e
olhei pela janela, tentando não lembrar da última vez que estive em seu prédio
e como me senti segura com ele debaixo do chuveiro. Então senti uma mistura de
horror e alívio quando chegamos, pois o porteiro se lembrou de mim e sorriu. –
Boa noite, srta. Lovato – ele nos acompanhou até o elevador e apertou o botão
da cobertura antes de se afastar e nos deixar sozinhos. – Divirtam-se. Eu agradeci
enquanto as portas se fechavam, e senti como se fosse desmaiar. – Estou
realmente com medo de ter um ataque do coração – sussurrei. – Alguém pode me
lembrar o que estou fazendo aqui? – Respire – Miley sussurrou de volta. Nick se
ajeitou e olhou para mim. – Você está aqui para mostrar o quanto é linda e
mostrar que está muito bem sem ele. Se isso for a única coisa que acontecer
hoje, já estará de bom tamanho. Fiquei tão encantada com as palavras de Nick
que até esqueci de me preparar para ver a sala de estar de Joe. Quando as
portas do elevador se abriram, a visão de seu apartamento me acertou como um
soco no peito e até dei alguns passos para trás. A seção que foi reproduzida no
clube do Johnny era uma parte minúscula da sala – uma pequena área que ficava
num canto e obviamente feita para pequenas reuniões. Mas, para mim, aquilo
parecia um farol. Mesmo com o vasto espaço aberto e o que pareciam quilômetros
de chão de mármore entre eu e aquela memória, eu mal conseguia desviar os
olhos. Alguns homens estavam por lá, bebericando e olhando pela janela. De
alguma maneira aquilo parecia invasivo, como se estivessem do lado errado do
vidro. Sem perder tempo, Miley enlaçou meu braço e me puxou quando um senhor
alto nos acompanhou pelo saguão de entrada até a sala de estar. – Você está
bem? – Miley perguntou. – Não sei se isso foi uma boa ideia. Ouvi quando ela
suspendeu a respiração e disse: – Na verdade, você pode estar certa. Levantei o
olhar e segui sua atenção através da sala para onde Joe tinha acabado de
entrar,
logo atrás de Mike. Ele vestia smoking, parecido com o que
usou no baile do museu algumas semanas antes. Mas, nesse dia, o colete debaixo
do casaco era branco e seus olhos estavam vazios. Sua boca sorria
cumprimentando todos ao redor. Mas o sorriso desta vez não se espalhava até os
olhos. Havia talvez centenas de outras pessoas observando suas obras de arte,
indo até a cozinha em busca de vinho, ou de pé no centro da sala, conversando.
Mas eu me sentia congelada perto da parede. Por que escolhi um vestido
vermelho? Eu estava me sentindo uma sirene no meio dos outros convidados que
vestiam basicamente cores neutras. O que eu pensava que ganharia com isso? Por
acaso eu queria que ele me visse? Se queria ou não, isso não importou, pois ele
não me viu. Ao menos, foi o que pareceu. Joe andava pela sala, conversava com
os convidados, agradecendo a presença de todos. Tentei fingir que não estava
observando cada movimento que ele fazia, mas era uma causa perdida. Eu estava
com saudades dele. Não tinha certeza de como me sentia, o que era real e o que
não era. Não sabia o que realmente fomos um para o outro. – Demi. Eu me virei
ao ouvir a voz grave de Mike. – Oi, Mike – odiei vê-lo tão sério. Eu raramente
via Joe ou Mike sem um sorriso no rosto. Isso parecia totalmente errado. Ele
estudou minha reação por um instante, depois murmurou: – Ele sabe que você está
aqui? Olhei para onde Joe estava falando com duas senhoras. – Não sei. – Você
quer que eu avise? Balancei a cabeça negando e ele suspirou. – Ele tem sido um
cretino muito inútil nos últimos dias. Estou contente por você ter vindo. Rindo
um pouco, eu admiti: – Ainda não sei se foi uma boa ideia. – Sinto muito por
tudo que aconteceu – ele disse suavemente. Olhei em seus olhos. – Você não
precisa se desculpar pelas indiscrições do Joe. Ele ergueu a sobrancelha e
balançou a cabeça uma vez. – Ele não te contou? Meu coração afundou e
imediatamente começou a bater mais forte. – Contou o quê? Mas ele deu um passo
para trás, aparentemente desistindo de dizer qualquer coisa. – Ah, você
realmente não falou com ele ainda. Franzi a testa e ele olhou por cima do meu
ombro, para onde Joe estava. Mike pousou a mão em meu ombro. – Não vá embora
antes de falar com ele, certo? Concordei e olhei de novo para Joe, que estava conversando
com uma bela morena. Ela tocava seu braço e ria de algo que ele disse. E ria de
um jeito muito exagerado. Quando virei de volta, Mike já tinha sumido.
Senti uma repentina falta de ar e procurei o corredor mais
próximo, onde não houvesse garçons com bandejas de comida ou convidados
socializando. Encontrei um largo corredor cheio de portas fechadas. Entre eles,
havia lindas fotografias de árvores, neve, lábios, mãos e costas. Para onde eu
estava indo? Haveria ainda mais coisas sobre o Joe para eu descobrir? Será que
eu encontraria um quarto cheio de coisas de mulher? Será que a razão para ele
sempre ter aceitado tão bem minha exigência de ficar longe de seu apartamento
era o fato de que isso o permitia ter privacidade com outra pessoa? Por que diabos
eu estava ali, afinal de contas? Ouvindo passos se aproximando, eu rapidamente
me escondi num quarto no fim do corredor. Dentro, longe das pessoas, o silêncio
era tanto que eu podia ouvir minha própria pulsação batendo em meu ouvido. E
então, olhei ao redor. Era um quarto enorme, com uma grande cama no centro. No
criado-mudo, onde estava o único abajur aceso, havia uma foto minha num
porta-retratos. Na foto, eu estava de pé encarando a câmera, com meus dedos em
cima dos botões da camisa e os lábios separados. Olhei para aquilo sentindo
surpresa e alívio ao mesmo tempo. Eu sabia exatamente que foto era aquela. Ele
tinha acabado de dizer que me amava. Virei e olhei a parede atrás de mim. Havia
mais fotos: minhas costas enquanto eu desabotoava o sutiã. Meu rosto sorridente
olhando para baixo e desabotoando a saia. Meu rosto olhando para ele debaixo do
sol da manhã. Comecei a andar cambaleando, querendo escapar da percepção de que
eu tinha estragado tudo. De que havia mais coisas ali para eu entender. Mas, quando
passei por outra porta, eu me deparei com um grande closet e, se ainda era
possível, tudo piorou. O lugar estava explodindo com intimidade. Havia
provavelmente trinta fotos de nós dois, todas em preto e branco, de diferentes
tamanhos, artisticamente penduradas na parede. Algumas eram recatadas e
simplesmente lindas. A imagem de seus lábios pressionados no topo do meu pé.
Seu polegar em cima de um pequeno espaço de pele enquanto levantava minha
camisa. Algumas eram eróticas, mas discretas, sugerindo momentos onde nos
perdíamos um no outro, mas sem mostrar demais. Meus dentes mordendo sua orelha,
onde apenas minha boca e queixo eram visíveis, mas meu estado de clíJoe era
claro. Minha barriga debaixo de seu corpo. Minhas unhas se enterrando em seus
ombros, minhas coxas levantadas para o alto. Outras fotos eram totalmente
depravadas. Minha mão agarrando seu pau duro. Seu corpo desfocado e contorcido
por trás de mim. Mas aquela que me fez congelar ali mesmo era uma foto tirada
na noite em que transamos em meu apartamento. Eu nem tinha percebido que Joe
tinha programado o timer, com a câmera em cima do meu criado-mudo. Na foto, Joe
estava por cima, com os quadris flexionados enquanto me penetrava. Uma das
minhas pernas enlaçava sua coxa. Ele se apoiava nos braços e se abaixava para
me beijar. Nossos olhos estavam fechados, mas os rostos não mostravam qualquer
tensão. Aquilo era nossa essência, capturada numa única e perfeita imagem de
nós dois fazendo amor.
E, ao lado, havia mais uma foto de seus lábios abertos em
meu seio, com seus olhos focados em meu rosto mostrando uma completa adoração.
– Oh, meu Deus – sussurrei. – Ninguém pode entrar aqui. Pulei de susto,
pressionando meu peito ao ouvir sua voz. Fechando os olhos, perguntei: – Nem
mesmo eu? – Principalmente você. Eu me virei para olhar em seu rosto, mas isso
foi um erro. Eu deveria ter respirado fundo e me preparado para encarar sua
imagem de perto: todo arrumado e incrivelmente lindo. Mas, por dentro, ele
parecia vazio. Linhas escuras circulavam seus olhos, que não sorriam. Os lábios
estavam duros e pálidos. – Estava difícil ficar lá fora – admiti. – A sala, o
sofá… Ele olhou para mim com olhos endurecidos. – Foi difícil para mim também
quando voltei para casa depois de São Francisco, sabe? Pensei em jogar fora
toda a mobília. Nós caímos num pesado silêncio até que ele finalmente desviou o
olhar. Eu não sabia por onde começar. Tive que me lembrar que seu celular tinha
fotos de outras mulheres, algumas mais recentes do que as minhas. Mas ali,
naquele quarto, ele parecia mais machucado do que eu. – Não entendo o que está
acontecendo agora – admiti. – Eu não preciso que minha humilhação seja jogada
na minha cara desse jeito – ele disse, fazendo um gesto para as fotos. –
Acredite em mim, Demi, eu já me sinto bastante patético sem você vir até aqui
sem ser convidada – ele olhou para a foto onde meus lábios beijavam sua
cintura. – Fiz um acordo comigo mesmo. Iria deixar as fotos penduradas por duas
semanas, e depois tiraria. – Joe… – Você disse que me amava – seu exterior
calmo se partiu levemente; nunca o vi tão bravo antes. Eu não sabia o que
dizer. Ele usou o verbo no passado. Mas nada parecia tão presente quanto meus
sentimentos por ele, principalmente naquele quarto, cercada pela evidência
daquilo que nos tornamos naquela noite. – Você tinha fotos de outra mu… – Mas
se você me amasse da mesma maneira que eu te amo – ele me interrompeu, – teria
dado uma chance para eu explicar o que você viu no Post. – Mas quando
explicações são necessárias, geralmente já é tarde demais. – Você deixou isso
bem claro. Mas por que presume que eu fiz algo errado? Por acaso eu já menti
para você alguma vez? Eu confiei em você. E você presume que eu nunca me
machuquei e que a confiança vem fácil para mim. Você fica ocupada demais protegendo
seu coração para perceber que talvez eu não seja o filho da mãe que todos
esperam que eu seja. Qualquer resposta que eu pudesse dar se dissipou quando
ele disse isso. Joe estava certo. Depois do que me contou sobre Cecily e sua
vida romântica depois dela, eu presumi que tinha sido fácil para ele, e também
pensei que ele não tinha experiência com o lado difícil do amor. – Você poderia
ter me deixado explicar – ele disse. – Estou aqui. Então me explique agora.
Seu rosto ficou ainda mais fechado, mas concordou. – A
pessoa que roubou minha mala vendeu as fotos como se fossem dela. Os idiotas do
Celebritini encontraram cento e noventa e oito fotos suas. Estavam no meu
cartão, no meu celular e num pen drive. Se tivessem descoberto a senha do meu
laptop, teriam encontrado outras duzentas fotos. Mas, mesmo assim, eles
decidiram publicar uma foto dos seus quadris e a foto de uma mulher que eu
nunca vi antes. Senti minhas sobrancelhas se curvarem sem entender; meu coração
batia desesperadamente em meu peito. – Você quer dizer que eles simplesmente
colocaram lá no site? A foto não era sua? – A foto estava no meu celular – ele
disse, olhando de volta para mim. – Mas eu não sei quem ela é. Era uma foto que
o Mike tinha me enviado naquela manhã, um pouco antes da minha mala ter sido
roubada. Era de uma mulher com quem ele ficou algumas vezes, vários anos atrás.
Balancei a cabeça, ainda sem entender. – Por que ele enviaria isso? – Eu contei
a ele sobre as fotos artísticas que tirei de você e como tudo isso era novo
para mim. E, como sempre, ele fez piada dizendo que obviamente já tinha feito
isso antes. Tirar fotografias de amantes, fotografias artísticas. Era uma piada
entre melhores amigos. Ele estava tirando sarro de mim. Percebeu que eu estava
sendo sincero e amava você de verdade – Joe deu um passo para trás e se
encostou na parede. – E estava fazendo piada sobre isso no dia anterior à
viagem. Ele perguntou se eu tinha enchido meu celular com pornô da Demi. E
enviou aquela foto só porque estava sendo um cretino e tirando sarro. Mas não
podia ter sido numa hora pior. – O artigo dizia que havia fotos de várias
mulheres. – Foi uma mentira. – Por que você não me disse isso? Por que não
deixou uma mensagem de voz ou de texto falando a verdade? – Bom, primeiro
porque achei que iríamos conversar cara a cara como dois adultos. Foi preciso
muita confiança para tudo o que fizemos juntos, Demi. Pensei que eu já tinha
superado as dúvidas com você. Mas, além disso – ele passou a mão nos cabelos e
praguejou –, eu teria que admitir que contei ao Mike sobre você deixar eu tirar
as fotos. Teria que admitir que traí nosso segredo. Teria que revelar que ele
me enviou uma foto privada de uma mulher que confiou nele. Deixei meus
advogados lidarem com o controle de danos, mas, honestamente, isso tudo nos fez
parecer dois idiotas. – Não tanto quanto ver a foto dela nos jornais. – Mas
você não vê que isso era exatamente o que eles queriam? Uma história sobre eu e
minhas várias mulheres? Eles encontraram centenas de fotos de nós dois, mas
decidiram mostrar apenas uma? E tinha uma imagem de outra mulher e pronto!
Agora eles têm uma história. Eu disse a você que não estava saindo com mais
ninguém; por que isso não foi suficiente? – Porque estou acostumada com homens
que dizem uma coisa e fazem outra. – Mas você esperava que eu fosse diferente –
ele disse, com os olhos procurando os meus. – Caso contrário, por que admitiria
que me ama? Por que me daria uma noite como aquela? – Acho que quando as fotos
saíram no jornal… pensei que a noite não tinha significado
tanto para você quanto para mim. – Isso é besteira. Você
estava lá também. Está olhando agora mesmo para as fotos. Você sabe exatamente
o que aquilo significou para mim. Estendi a mão para ele, mas reconsiderei. Joe
parecia realmente bravo, e minha frustração comigo mesma, com ele e com toda a
situação simplesmente explodiu. Eu ainda lembrava da facada no coração que
senti quando vi a foto da outra mulher. – O que eu deveria pensar? Parecia
razoável que você estivesse me traindo. Tudo entre a gente sempre pareceu tão
fácil para você. – Porque foi fácil. Me apaixonar perdidamente por você foi
algo realmente fácil. E não é assim que deve acontecer? Só porque não tive meu
coração despedaçado nos últimos anos não significa que sou incapaz de me
apaixonar. Merda, Demi! Passei as últimas duas semanas no fundo do poço.
Completamente destruído. Pressionei a mão em minha barriga, como se tivesse que
fisicamente me manter inteira. – Eu também. Ele suspirou, olhou para o chão e
não disse mais nada. Em meu peito, meu coração se apertava cada vez mais. – Eu
quero ficar com você – eu disse. Ele assentiu uma vez, mas não tirou os olhos
do chão e nem respondeu. Eu dei um passo para frente, fiquei na ponta dos pés e
fui beijar seu rosto, mas cheguei apenas até o queixo, pois ele continuou
parado como uma estátua. – Joe, eu sinto sua falta – admiti. – Sei que tirei
conclusões precipitadas. Acontece que… eu pensei… – parei de falar, odiando a
maneira como ele se mantinha parado. Sem olhar para trás, saí do closet,
atravessei seu quarto e voltei para a festa.
– Quero ir para casa – eu disse para Miley, assim que
consegui, quase discretamente, puxála de uma conversa com Nick e Mike. Os dois
homens nos observaram da maneira óbvia como os homens fazem quando nem tentam
esconder o que estão fazendo. Estávamos na parte da sala que parecia exatamente
igual ao quarto no clube. As memórias lançaram pontadas de dor em meu peito. Eu
queria tirar o vestido, lavar o rosto e mergulhar numa banheira cheia de
sorvete. – Pode nos dar uns vinte minutos? – ela perguntou, tentando olhar em
meus olhos. – Ou você precisa ir embora agora mesmo? Eu gemi, olhando ao redor
da sala. Joe ainda não tinha saído de seu quarto e eu não queria mais estar na
festa quando saísse. Certamente não queria estar de pé exatamente onde eu
estava, lembrando de como ele foi amoroso comigo no clube de Johnny e em cada
segundo depois disso. Eu me sentia horrorizada, confusa e, acima de tudo,
loucamente apaixonada por ele. A lembrança da maneira como ele exibiu a beleza
de nossas fotografias ainda pulsava como um eco vívido em minha mente. – Acabei
de ter a conversa mais constrangedora possível com Joe. Eu me sinto uma
estúpida e ele está agindo com muita frieza, e tem todo o direito porque eu sou
uma idiota e quero ir embora. Vou chamar um táxi lá fora. Mike colocou a mão em
meu braço. – Não vá embora ainda.
Não pude deixar de lançar um olhar de ódio para cima dele. –
Você também é um idiota, Mike. Não posso acreditar que fez aquilo. Eu mataria o
Joe se ele enviasse uma foto minha para você. Ele concordou, mostrando-se
arrependido. – Eu sei. Minha atenção se voltou para o corredor que dava para o
quarto de Joe. Ele tinha saído de lá sem que eu visse. Estava agora encostado
na parede, tomando um gole de uísque. Olhava diretamente para mim. Era a mesma
expressão intensa que tinha usado na noite em que nos conhecemos, enquanto me
observava dançando. – Sinto muito – eu disse apenas movimentando os lábios e
com os olhos lacrimejando. – Estraguei tudo. Mike estava dizendo algo, mas não
prestei atenção. Eu estava focada demais na maneira como Joe lambia os lábios.
E, então, seus olhos sorriram de um jeito muito familiar, e ele movimentou os
lábios dizendo: – Você está linda. Mike tinha perguntado algo. O que foi que
ele disse? Assenti e murmurei: – Sim… Mas ele riu, balançado a cabeça. – Isso
não foi uma pergunta de sim ou não, minha querida Demi. – Eu… – tentei me
concentrar. Mas, atrás dele, Joe deixou o drinque de lado e começou a andar
diretamente para mim. Arrumando meu vestido, eu ajeitei minha postura e tentei
manter meu rosto impassível. – O que você perguntou mesmo? – Joe está vindo
para cá, não é mesmo? – Mike disse, olhando para mim com visível diversão.
Assenti de novo. – Humm. Eu não havia percebido o quanto estava perto da parede
até estar pressionada contra ela, com a boca de Joe quente e macia me beijando
e sussurrando meu nome de novo e de novo. Eu queria dizer alguma coisa, queria
fazer piada por ele me beijar daquele jeito no meio de sua própria festa, mas
fiquei tão absorvida pela intensidade do meu próprio alívio que apenas fechei
os olhos, abri a boca e deixei sua língua deslizar contra a minha. Ele arranhou
meu queixo com os dentes, chupou meu pescoço. Por cima de seu ombro, vi que
todos na sala tinham parado de conversar e agora nos encaravam com olhos
arregalados. Alguns já estavam discutindo no ouvido um do outro o que viam. – Joe
– sussurrei, agarrando seus cabelos para puxar sua cabeça de volta. Eu não
conseguia parar de sorrir; sentia como se meu rosto fosse se partir ao meio.
Ele olhou para meus lábios, com olhos semicerrados, como se estivesse bêbado
por minha causa. – Nós temos uma plateia. – Não é esse o seu fetiche? – ele se
inclinou e me beijou mais uma vez. – Eu gosto de um pouco mais de anonimato. –
Problema seu. Acho que já tínhamos concordado que esta festa serviria para
anunciar nosso namoro. Eu me afastei, estudando seus olhos enquanto se tornavam
mais sóbrios.
– Eu sinto muito mesmo. – Acho que já está óbvio que eu
também quero ficar com você. Eu apenas precisava… de um momento para me
recompor – ele disse num sussurro. – Entendo totalmente. Joe sorriu e beijou
meu nariz. – Pelo menos tiramos isso da frente. Mas agora eu já mereço o
direito de um julgamento justo. Não quero mais ver a Demi Desconfiada. – Eu
prometo. Ajeitando-se, ele enlaçou meu braço e se virou para seus convidados
perplexos. Então, anunciou para todos ouvirem: – Desculpe a interrupção.
Acontece que eu não via minha namorada fazia duas semanas. As pessoas sorriram
em nossa direção como se fôssemos a coisa mais charmosa do mundo. Era uma
atenção muito familiar, do tipo que recebi por vários anos. Mas desta vez era
real. Aquilo que descobri com Joe não tinha nada a ver com pesquisas de
eleitorado ou imagem pública. Pela primeira vez em minha vida, o que acontecia
na intimidade era mil vezes melhor do que as pessoas de fora podiam enxergar. E
ele era meu.
Joe ainda estava lá fora se despedindo dos últimos
convidados quando entrei em seu quarto para olhar as fotos novamente. Elas
revelavam tanto de nossas emoções que quase faziam com que eu me sentisse
completamente nua. Ouvi quando ele entrou no quarto e fechou a porta
silenciosamente. – Como você conseguiu aguentar? – Aguentar o quê? – ele se
aproximou e se abaixou para beijar meu pescoço. – Ver essas fotos todos os dias
– apontei para a parede. – Se estivessem na minha parede enquanto estávamos
separados, isso teria me machucado tanto que eu acabaria enrolada no cobertor,
sobrevivendo apenas de chocolate. Ele riu e me virou para encará-lo. – Eu ainda
não estava pronto para desistir de você. Eu estava me sentindo horrível, mas
ficaria ainda pior se admitisse que tudo estava acabado. E esse foi o presente
que ele me deu, um lembrete de que o copo não estava apenas cheio pela metade,
estava transbordando. – Isso vai esgotar você às vezes – eu disse. – Essa coisa
de você ser otimista por nós dois. – Ah, mas eventualmente eu vou fazer você
enxergar o meu lado das coisas – ele estendeu a mão atrás de mim, abriu o zíper
do meu vestido e o deslizou por meus ombros. O tecido caiu aos meus pés e senti
o prazer de ter seus olhos pousados em minha pele. Quando olhei para seu rosto,
ele parecia tão sério que até fez meu estômago doer. – O que foi? – Você
poderia partir meu coração. Você sabe disso, não é? Confirmei, engolindo em
seco. – Eu sei. – Quando eu digo “eu te amo”, não estou querendo dizer que amo
o que você faz pela minha carreira, ou que amo o fato de você sempre estar
disposta para uma transa. Quero dizer eu te
amo. Amo fazer você dar risada, amo suas reações, amo
descobrir as pequenas coisas sobre você. Amo quem eu sou ao seu lado, e estou
confiando que você não vai me machucar. Talvez por ser tão alto, e largo, e
estar constantemente sorrindo, e ser impossível de ofender, Joe parecia tão formidável,
como se nada pudesse abalar sua pessoa. Mas acontece que ele também era apenas
um ser humano como todos nós. – Eu entendo – sussurrei. Era tão estranho estar
do outro lado, ser a pessoa que estragou tudo e a pessoa que recebeu uma nova
chance. Ele me beijou e se afastou, tirando o casaco e o pendurando num gancho.
Eu vi sua câmera numa prateleira do outro lado do quarto e fui até lá. Achei o
botão para ligar, levantei e ajustei a lente. Enquadrei Joe, que estava me
observando e abrindo a gravata. – Eu também te amo – eu disse, aproximando o
zoom e fechando em seu rosto. Cliquei algumas fotos em rápida sucessão enquanto
ele continuava me encarando com uma expressão faminta. – Tire as roupas. Ele
tirou a gravata e a deixou cair, com os olhos cada vez mais sombrios. Em
seguida, começou a abrir os botões da camisa. Clique. – Um aviso – murmurei por
trás da câmera enquanto ele abria a camisa. – Eu provavelmente vou precisar
lamber cada centímetro do seu peito hoje. Um sorriso surgiu no canto de sua boca.
Clique. – Por mim tudo bem. Mas talvez eu insista para que você desça um pouco
mais. Tirei uma foto de sua mão sobre o cinto, de suas calças no chão e de seus
pés, ao ficarem bem na minha frente. – O que você acha que está fazendo? – ele
perguntou, tirando a câmera das minhas mãos. – Tirando fotos para o meu quarto.
Ele riu e balançou a cabeça. – Já para a cama, flor. Aparentemente você precisa
se lembrar de como isto funciona. Subi na cama, sentindo os lençóis frios e o
colchão afundando com meu peso. Ele estendeu um braço, ajustou minhas pernas e
me estudou. Clique. – Olhe para mim – ele murmurou. A luz do horizonte de
Manhattan banhava meu corpo, iluminando uma faixa de pele em meu peito. Seu
dedo percorreu minha coxa quando olhei em seu rosto, que estava parcialmente
coberto pela câmera. Clique. Suspirei, fechando os olhos e sorrindo. Nova vida.
Novo amor. Nova Demi.
Que lindo.
ResponderExcluirAmeei <3
Que fofoooooo amei, esses dois são tão meigos, que bom que tudo se resolveu
ResponderExcluirEstou amando esta história, ainda bem que eles ficaram juntos logo... Estou ansiosa para os próximos capítulos m. Podias por favor fazer uma maratona
ResponderExcluirPlease
que perfeitoooooooooo
ResponderExcluirna minha mente a fic acabou, não? esse cap pareceu uma conclusão
mas enfim, quero ver a demi gravida sjsjsjsjsj
posta logo, bjs