Treze
Eu estava em Nova York há dois meses e até então não sabia
dizer como passava meu tempo fora do trabalho. Eu corria. Tinha alguns amigos
com quem me encontrava para ir a shows, tomar café ou beber alguma coisa.
Conversava com meus pais algumas vezes por semana. Não me sentia solitária;
certamente minha vida estava mais cheia aqui do que no final do meu tempo em
Chicago. Mas a maior parte da minha vida fora do trabalho tinha a ver com Joe.
Como diabos isso foi acontecer? Sexo casual: você está fazendo isso errado. Por
outro lado, da parte dele, Joe nunca pareceu surpreso com nada que acontecia
entre nós. Não se surpreendeu quando o coagi a transarmos na boate, ou quando
fui até seu escritório oferecendo sexo e nada mais, e nem mesmo quando fui
atrás dele em seu prédio e acabei caindo em lágrimas debaixo do chuveiro,
implorando para transar comigo e fazer todo o resto desaparecer. Até mesmo seus
amigos eram incríveis. Derek era provavelmente o maior ser humano que já
conheci, e, embora não fosse exatamente ligeiro com os pés, dançar com ele foi
uma das coisas mais divertidas que fiz nos últimos tempos… com exceção de todas
as horas que passei com Joe, é claro. Eu me despedi de Derek e ele piscou para
mim, acenando com a cabeça para onde Joe estava e lembrando aquilo que me disse
na pista de dança: – Esse cara aí é um tonto. Debaixo da única luz da pista de
dança, Derek parecia ainda mais coberto de lama que antes. Olhei para meu
vestido e notei algumas impressões digitais em meu ombro. – Ele não é tão ruim
assim. Rindo, Derek afagou minha cabeça. – Ele é o pior, é legal com todo mundo
e nunca faz nada de errado. Sempre está lá para os amigos, nunca age como um
filho da mãe – ele piscou. – Que maldito pesadelo. Depois de agradecer à Maddie
quando saímos, ainda ouvi a cantoria bêbada do resto do time enquanto Joe
chamava um táxi e abria a porta para mim. – Vejo você daqui a pouco – ele
disse, antes de fechar a porta e acenar levemente pela janela enquanto o
motorista acelerava. Olhei pela janela de trás. Joe estava de pé, observando
meu táxi desaparecer pela avenida Lenox.
Decidimos por algo mais simples para o jantar: hambúrguer
numa pequena e silenciosa lanchonete no East Village. O silêncio era bom. A
quietude iria ajudar a abafar o caos na minha mente. Meu plano de apenas me
divertir, ser selvagem e manter as coisas separadas tinha ido para o espaço.
Fui para casa e tomei um banho para tirar a lama depois de dançar com Derek e Joe,
depois escolhi um vestido azul simples. As canções do bar
ainda ecoavam em meus ouvidos e deixei minha mente imaginar como seria
encontrar seus amigos de novo: abraçada com Joe no sofá de um amigo assistindo
um filme com eles, ou tomando uma xícara de café em uma partida de rúgbi. Cada
uma das fantasias parecia agradável, mas parei de pensar nisso quando as
catracas da minha mente começaram a agir como o advogado do diabo, analisando
demais e criando preocupações demais. Saí e tranquei meu apartamento, lembrando
a mim mesma: Uma coisa por vez. Ninguém está obrigando você a fazer nada disso.
Mesmo numa noite de sábado, com as pessoas saindo para desfrutar o preguiçoso
pôr do sol, o Village estava menos agitado do qualquer dia que passei no centro
da cidade. Quando foi que este lugar se tornou tão aconchegante? Joe escolheu
um restaurante perto do meu prédio – eu não precisava mais ler cada placa de
rua para me localizar. Fios com pequenas lâmpadas amarelas iluminavam a entrada
e um sininho soou quando abri a porta. Joe já estava lá, de banho tomado e
sentado nos fundos lendo o New York Times. Presenteei a mim mesma com um
momento para observar aquela imagem: camiseta bordô e jeans velho com um rasgo
na coxa. Cabelo castanho, quase dourado debaixo da luz. Tênis britânico chique
ao final de suas longas e esticadas pernas. Óculos escuros em cima da mesa. É
apenas seu magnífico parceiro de sexo, passando o tempo na lanchonete,
esperando por você. Fechei os olhos, respirei fundo e andei até ele. As
fronteiras estavam desaparecendo. Depois desse dia, eu não podia mais fingir
que não queria nada dele além de orgasmos. Não podia mais fingir que meu
coração não se contorcia deliciosamente quando eu o via, ou doía quando ele ia
embora. Não podia mais fingir que não tinha sentimentos por ele. Comecei a
pensar se era tarde demais para sair correndo. Foi apenas quando ele riu que
percebi que eu o encarava de boca aberta e ele estava me olhando por… sei lá
quanto tempo. Um sorriso surgiu no canto de sua boca. – Você parece muito
animada para essa cerveja – ele empurrou um copo de cerveja em minha direção e
levantou o seu próprio. – Tomei a liberdade de pedir um hambúrguer do tamanho
da minha cabeça e chips – ele sorriu e esclareceu: – Também conhecidas como
“fritas”. – Perfeito. Obrigada – deixei minha bolsa numa cadeira vazia e sentei
de frente para ele. Seus olhos sorriram e se abaixaram para olhar meus lábios.
– Então – eu disse, tomando um gole da cerveja e analisando-o por cima do copo.
– Então. Ele parecia contente com nossa situação. Não sou uma pessoa
controladora, mas estava acostumada a ter uma vida previsível, e, nos últimos
dois meses, não consegui prever nada do que aconteceu comigo. – Obrigada por me
convidar para o bar hoje. Ele assentiu, coçando a nuca. – Obrigado por aceitar.
– Seus amigos são legais. – São um bando de filhos da mãe. Eu ri, sentindo meus
ombros relaxarem.
– Engraçado. Foi isso que eles disseram sobre você. Ele
pousou os cotovelos na mesa e se inclinou para frente. – Tenho uma pergunta. –
Sim? – Estamos num encontro? Quase engasguei com a cerveja. – Pelo amor de
Deus, garota, calma! Queria apenas saber se você quer voltar com as regras.
Vamos relembrar nosso acordo. Concordei e limpei a boca com um guardanapo. –
Claro. Ele colocou sua bebida na mesa e começou a contar minhas regras em seus
dedos longos. – Uma noite por semana, nada de outros amantes, sexo
preferencialmente em público, definitivamente não na minha cama, fotos são
bem-vindas, mas nada de rostos, e nada de publicidade – levantou seu copo,
tomou um longo gole e então se inclinou para frente de novo, sussurrando: – E
nada entre nós além de sexo. É só uma questão de matar uma vontade. É isso
mesmo? – Parece correto – meu coração queria sair pela boca quando percebi o
quanto fomos longe em apenas um dia. O garçom trouxe duas cestas com os dois
maiores sanduíches que já vi, além de duas enormes pilhas de batatas fritas. –
Nossa – eu disse, olhando para toda aquela comida. – Isso é… – Exatamente o que
você queria? – ele disse, pegando um frasco de vinagre. – Sim, mas é muito mais
do que consigo comer. – Que tal deixarmos isso aqui mais interessante? Quem
conseguir comer mais vai poder estabelecer novas regras. Com um sorriso, ele
fechou o vinagre e o colocou de volta na mesa. Nós dois sabíamos que ele tinha
quase o dobro do meu tamanho. De jeito nenhum eu iria comer tudo aquilo. Mas
ele estava com fome? Talvez tivesse enchido a barriga tomando cerveja e sabia
que eu iria comer mais do que ele? Ou será que queria fazer as regras? – Meu
Deus, garota. Pare de pensar tanto – ele disse, pegando seu sanduíche e dando
uma mordida enorme.
Fiquei encarando Joe enquanto ele limpava as mãos no
guardanapo, jogando-o na cesta vazia depois de amassá-lo. – Isso foi bom – ele
murmurou, finalmente olhando para mim e começando a rir ao ver o patético
progresso com meu sanduíche. Consegui comer pouco mais que um quarto e
praticamente nem toquei nas batatas. Coloquei o lanche na cesta e gemi: – Estou
cheia. – Ganhei. – E você tinha alguma dúvida disso? – Então, por que aceitou o
desafio? – ele perguntou, empurrando a cadeira para se afastar da mesa. – Você
poderia ter dito não.
Dei de ombros, depois me levantei e me virei para ir embora
antes que ele me pressionasse por uma resposta. Talvez eu estivesse curiosa
sobre o que ele queria entre nós, mas ainda não estava pronta para admitir. O
efeito da cerveja que tomei antes no bar estava diminuindo, e, com o peso do
sanduíche na barriga, eu poderia deitar na calçada e dormir um pouco. Mas ainda
eram oito e meia e eu não estava pronta para terminar a noite. A ideia de
esperar até sexta-feira para encontrá-lo parecia impossível… a não ser que ele
mudasse essa regra. O East Village estava cheio de jovens de vinte e poucos
anos atrás de uma noite de bebidas e diversão. Joe tomou minha mão e entrelaçou
nossos dedos. Por força do hábito, comecei a protestar dizendo que não iríamos
andar na rua de mãos dadas, mas ele me surpreendeu e me puxou para um bar pouco
iluminado ao lado. – Sei que comeu bastante, mas sente aqui comigo, tome uma
bebida e você ficará mais acordada. Não estou nem perto de deixar você ir embora.
Deus, gostei de onde isso estava indo. Sentamos pertinho um do outro numa mesa
afastada num canto escuro, eu tomando vodca e tônica, ele bebendo cerveja e me
contando sobre sua infância em Leeds, seus pais católicos irlandeses e como foi
crescer no meio de sete irmãs e três irmãos. Eles mantinham três irmãos por
quarto – era tão diferente da minha infância que mal pisquei o tempo inteiro em
que ele me deliciou com histórias do tempo em que decidiram formar uma banda,
ou quando sua irmã mais velha, Lizzy, foi flagrada transando, consensualmente,
com um padre no Volvo da família. O irmão mais velho de Joe, Daniel, saiu de
casa depois do colégio para se juntar a uma missão católica em Mianmar e acabou
voltando para casa como um monge budista da escola teravada. A irmã mais nova,
Rebecca, casou logo depois da faculdade e, aos vinte e sete anos, já tinha seis
filhos. Os outros tinham histórias igualmente fascinantes: o irmão que nasceu
apenas dez meses depois de Joe, Niall, era o segundo na hierarquia de comando
do metrô de Londres; uma das irmãs do meio era professora de química em
Cambridge e tinha cinco filhos, todos homens. Joe admitiu que às vezes ele se
sentia medíocre comparado aos irmãos: – Estudei Arte na faculdade e depois fiz
pós-graduação em Administração para poder vender arte. Aos olhos da minha
família, eu era um fracasso total, tanto na minha escolha de carreira quanto na
minha incapacidade de produzir filhos católicos antes dos trinta anos. Mas,
quando ele disse isso, começou a rir, como se ser um fracasso total não fosse
tão importante assim para seus pais no final. Seu pai, um fumante inveterado,
morreu de câncer no pulmão uma semana depois de Joe terminar a pós-graduação, e
sua mãe acabou decidindo que precisava de uma mudança, então partiu com ele
para os Estados Unidos. – Nenhum de nós conhecia uma única alma por aqui. Eu
tinha alguns contatos indiretos dos tempos da faculdade e alguns da
pós-graduação, amigos de amigos em Wall Street, mas sabia apenas que queria
estar envolvido com o comércio de arte em Nova York e queria formar uma
parceria com alguém que conhecesse ciência e tecnologia. Foi assim que conheci
o Mike. Ele relaxou na cadeira e terminou sua cerveja. Realmente, ele sabia
beber. Perdi a conta de quantas cervejas tomou, mas não parecia nem um pouco
afetado. – Bom, conheci ele num pub, é verdade, mas nos demos bem imediatamente
e começamos nosso projeto de estimação quase no dia seguinte. Alguns anos mais
tarde, trouxemos o James para dirigir nosso setor de tecnologia, pois Mike não
queria mais lidar com as duas coisas ao
mesmo tempo. – Como é possível você não ter uma barriga de
cerveja gigante? – eu perguntei, rindo. Aquilo era injusto. Ele era um
“tanquinho”, como Julia dizia, e seu torso tinha músculos que eu nem sabia que
existiam. Ele pareceu confuso por um instante antes de olhar para o copo vazio.
– Você está me sacaneando? – Com certeza – eu disse, sentindo os efeitos da
minha segunda vodca com tônica. Meu rosto estava quente e meu sorriso parecia
que não acabava mais. – Estou definitivamente te sacaneando. – Humm… – ele
murmurou, balançando a cabeça. – Essa frase não soou correta com sotaque
americano. – Você gosta ou não do sotaque americano? Porque esse seu sotaque
britânico me faz querer fazer coisas muito depravadas com essa sua boquinha. Joe
lambeu rapidamente os lábios e até ficou um pouco vermelho. – Sotaque americano
não é particularmente sexy. Mas gosto do seu jeito de falar de Chicago.
Principalmente quando você já está altinha. É tão agudo, é tipo assim… – ele
fez um horrível som esquisito que eu queria acreditar que não era nada igual ao
meu jeito de falar. Eu estremeci e ele riu. – Eu definitivamente não falo desse
jeito. – Certo, isso saiu um pouco exagerado – ele disse. – Mas o que acho sexy
mesmo é o seu cérebro, seus olhos castanhos gigantes, seus lábios macios, seus
gritinhos quando você está gozando e particularmente suas coxas e seios
maravilhosos. Limpei a garganta, sentindo um calor se espalhar pelo meu peito
até a ponta dos dedos. – Minhas coxas? – Sim. Acho que já mencionei que sua
pele é incrível. E a pele nas suas coxas é incrivelmente macia. Talvez você não
se lembre. Suspeito que poucas pessoas beijaram suas coxas tanto quanto eu.
Pisquei, incrédula. Ele sabia que Will tinha sido meu único amante, mas estava
mais certo do que imaginava. Will mal beijava abaixo do meu peito. – Quais são
as novas regras? – perguntei, sentindo-me um pouco atordoada. Por causa da
bebida ou por causa do homem, não tinha certeza. Um sorriso de predador
apareceu em seu rosto. – Pensei que nunca iria perguntar. – Eu deveria estar
com medo? – Ah, devia. Estremeci, mas foi mais por causa do calor que subia por
minha barriga do que por medo. Afinal, eu poderia simplesmente dizer não para
qualquer coisa que ele dissesse. Mas eu sabia que não diria. – Regra número um,
as sextas-feiras continuam como estão, mas adicionamos mais dias sempre que
quisermos. Você pode dizer não, mas nesse cenário eu não preciso me sentir um
idiota por pedir outro dia. E… – ele disse, esticando o braço e tirando uma
mecha de cabelo dos meus olhos – você pode pedir. E pode admitir que também
quer me ver mais vezes. Não precisa pedir desculpa por ir atrás de mim quando
está chateada. Sexo não é tudo, sabe? Soltei um suspiro e concordei.
– Certo… – Regra número dois, você tem que me deixar ficar
com você numa cama. Uma cama gigante com uma cabeceira onde eu possa amarrar
você. Talvez comer você até afundar no colchão com um par dos seus lindos
sapatos de salto nos meus ombros. Não precisa ser a minha cama e não precisa
ser agora. Eu adoro comer você em público – e vamos falar mais disso daqui a
pouco –, mas quero ter você inteira para mim de vez em quando. E ter tempo para
fazer coisas com você. Ele esperou minha resposta, e, depois de um momento, eu
finalmente concordei novamente. – Prometo continuar tirando fotos de você
porque isso é excitante para nós dois. Não vou pedir para você ser vista comigo
em público até se sentir pronta; tudo bem por mim. E, se você nunca quiser,
tudo bem também. Mas estou fascinado por você, Demi, e sua necessidade de
privacidade e sua necessidade de ser observada. Agora eu entendo, acho. E amo
isso. Quero brincar mais com isso. Explorar essa coisa que nós dois gostamos –
ele abriu as mãos e deu de ombros, antes de se aproximar e beijar rapidamente
meus lábios. – Tudo bem? – Só isso? Rindo, ele perguntou: – O que você achou
que eu iria dizer? – Não sei – peguei meu copo e terminei meu drinque em poucos
e longos goles. A vodca deslizou por minha barriga e me esquentou ainda mais,
desencadeando uma eletricidade em meus membros. – Mas… acho que gosto dessas
regras. – Achei que gostaria. – Você é meio convencido, sabia? – Sou meio
esperto – ele corrigiu, rindo. – E… Demi? Levantei os olhos das minhas mãos e
encontrei seu olhar. – O quê? – Obrigado por confiar em mim para ser sua
primeira decisão louca. Eu o encarei, observando sua expressão se transformar
de brincalhona para curiosa, depois para levemente ansiosa. E talvez fosse
aquela expressão, ou talvez fosse a calma música pulsante que tocava ao fundo,
ou o fato de que eu estava enxergando Joe de um jeito diferente – com
profundidade, e uma história cheia de familiares e pessoas que ele amava e
mantinha por perto em cada momento de seu dia a dia –, mas acontece que eu
estava começando a querê-lo mais perto de mim. Perto não apenas em proximidade.
Pousando minhas mãos em seu rosto, eu me inclinei e disse para ele: – Deixe eu
refazer minha frase anterior: você é meio maravilhoso. Ele sorriu, balançando
levemente a cabeça: – E você já bebeu meio demais. – Posso estar um pouco alta,
mas isso não afeta o fato de você ser maravilhoso – pressionei um único beijo
em sua boca. – Apenas me faz expressar isso mais do que o comum – chupei seu
lábio inferior, sentindo o sabor. E, meu Deus, em qualquer outro dia eu
preferiria sabor de gasolina a cerveja, mas, nos lábios dele, o gosto era
fantástico. – Demi… – ele murmurou no meio do meu beijo. – Diga de novo. Eu
adoro quando você diz meu nome com esse sotaque. Sahhhrahhh. – Demi – ele
repetiu, obediente, antes de se afastar. – Linda, você sabe que estamos num
lugar onde as pessoas podem nos ver.
– Não me importo – fiz um gesto com minha mão. – Mas você
pode se importar amanhã, quando estiver menos… expressiva. – Não estou tão
bêbada. E honestamente não me importo. Percebi na noite passada que fui
fotografada pelo país inteiro com um homem que não se importava com nada além
do meu nome. E você está aqui, sendo legal e querendo me ver mais vezes e
refazendo minhas regras idiotas… – Demi… Pressionei um dedo em seus lábios. –
Não me interrompa, estou no meio de um discurso inspirado. – Dá para perceber –
ele sorriu contra meu toque. – Então, meu argumento é que você é maravilhoso e
quero beijar você dentro de um bar. Não me importo se alguém me ver e pensar
Uau! Aquela mulher quer ser a sra. Jonas, que patético! Ela não sabe que ele
come uma mulher por noite? – Eu não faço isso. – Mas eles não sabem disso, e
acontece que – respirei fundo, colocando minha mão em seu peito e olhando
diretamente em seus olhos curiosos – agora não me importo mesmo com o que eles
pensam. Estou cansada de me importar com o que as pessoas pensam. Eu gosto de
você. – Eu gosto de você também. Gosto muito. Na verdade… Eu me inclinei e o
beijei de novo. Foi um beijo louco: mãos nos cabelos e praticamente subindo em
seu colo ali mesmo no meio daquele bar estúpido, mas eu não me importava. Eu
não me importava. Suas mãos se moveram até meu rosto, e seus olhos – quando dei
uma espiadela – estavam abertos, suplicantes, e havia algo neles. Algo que eu
não conseguia distinguir exatamente o que era. – Minha doce Demi – ele murmurou
no meio do beijo. – Uma coisa por vez. Vamos levar você para casa.
Ainda bem que minha cabeça parou de latejar na segunda-feira
de manhã, pois eu tinha muito trabalho a fazer. A primeira coisa era a
estratégia de preços da nova linha da Provocateur. A segunda coisa era passar o
trabalho inteiro da B&T Biotech para a Dianna. E definitivamente não
constava na minha lista ficar obcecada por Joe e ficar pensando em como toda a dinâmica
da nossa relação tinha mudado nas últimas trinta e seis horas. O trabalho vinha
em primeiro lugar. Haveria muito tempo para ficar maluca depois. Pelo menos,
foi isso que eu pensei. – Deeeeemiiiii – Matthew chamou, conseguindo de algum
jeito esticar meu nome em dezessete sílabas diferentes. Parei de repente quando
entrei na minha sala, deixando meu notebook cair numa cadeira e digerindo a
cena diante de mim: Matthew, sentado na minha cadeira, com os pés na mesa e um
jornal aberto em seu colo. – Por que você está na minha mesa? – Porque achei
que seria o melhor lugar para ler a coluna social com você. Está pronta? Minha
barriga congelou. – Pronta para o quê? – eram sete horas da manhã de uma
segunda-feira. Eu mal estava pronta para respirar conscientemente. Matthew
virou o jornal para mim e, numa foto gigante, em preto e branco, aparecia
metade do
rosto de Joe. A outra metade estava coberta pela minha
cabeça. Isso é que eu chamo de déjàvu. – O que é isso? – Um jornal, minha linda
– disse Matthew, balançando o jornal na mão, e a palavra linda lançou um nó em
meu estômago. Fiquei repassando essa palavra durante todo o dia anterior,
lembrando como me senti quando Joe me chamou desse jeito. – Uma foto de Joe
beijando, oh, veja só, uma “mulher misteriosa” – ele virou de novo para si e
leu a legenda: – O playboy milionário Joe Jonas foi visto tomando um drinque
com uma misteriosa loira… – Eu não sou loira! Matthew olhou para mim com um
grande sorriso. – Obrigado por confirmar! E eu concordo. Seu cabelo está mais para
um castanho claro. Mas me deixe continuar: “O casal começou a noite com
pequenos sorrisos e provocações, e terminou com um beijo ardente no canto
escuro de um bar”. Matthew começou a gargalhar e passou o jornal para mim.
Então seu rosto começou a ficar sério. – Você não precisava mentir para mim
sobre você e Joe, chefe. Estou ofendido. – Não é da sua conta – eu disse,
praticamente arrancando o jornal das mãos dele. Era obviamente o Joe na foto,
mas com apenas a parte de trás da minha cabeça e parte do meu braço e mão
visíveis, minha identidade seria praticamente impossível de discernir por
qualquer pessoa que não me conhecesse. – Dá para ver seu bracelete de alergia e
seu cabelo adorável – Matthew completou. – Quanto tempo faz? – Não é da sua
conta. – Ele é bom de cama? É sim, não é? Oh, Deus, não me conte ainda, deixe
eu criar uma boa imagem mental antes – ele fechou os olhos e começou a gemer. –
Não é da sua conta – eu repeti, colocando a mão na testa. Inferno. Nick e Miley
iriam ver isso. E meus colegas de trabalho. Alguém poderia mandar isso para
meus pais. – Oh, Deus. – Você estão, tipo, namorando? – ele perguntou,
exasperado e batendo a mão na minha mesa. – Meu Deus! Já disse que não é da sua
conta. Agora suma do meu escritório! Ele se levantou e lançou um olhar irritado
que era tão genuíno quanto o sorriso de um político. Ele parecia mais animado
do que qualquer outra coisa. Talvez até um pouco excitado. – Certo – ele
resmungou. – Mas é melhor você me contar cada detalhe depois que se acalmar. –
Nem pensar. Agora, suma! – E, a propósito, isso tudo é demais – ele disse com
um jeito sério desta vez. – Você merece um bonitão na sua vida. Fiz uma pausa
na minha crise nervosa por um momento e olhei para Matthew. Ele não estava
pirando. Ele não estava pensando no pior. Ele estava sendo um total pervertido
e adorando cada minuto do meu tormento, mas, ao mesmo tempo, entendia que eu
estava me divertindo, sendo feliz e agindo como uma mulher solteira de vinte e
poucos anos. Ele estava espelhando meus pensamentos da noite de sábado – este
homem é bom para você, Demi –, os mesmos
pensamentos que eu queria tanto que fossem verdade. Mas, por
algum motivo, na luz do dia de uma segunda-feira, ser jovem, selvagem e
confiante de que eu não me dirigia para outro desastre estava mais difícil do
que eu esperava. – Obrigada, Matthew. – Imagina. Mas Miley está vindo para cá,
portanto fique esperta. Na verdade, ela estava mais perto do que imaginávamos e
de repente surgiu e empurrou meu assistente do caminho antes de entrar na minha
sala e bater a porta na cara dele. – Joe? – Pois é. – O cara misterioso é o Joe?
– Miley, desculpe não ter contado… Ela me interrompeu levantando a mão. – Eu
perguntei se era o Joe. Você mentiu para mim de um jeito muito convincente. Não
sei se deveria estar impressionada ou irritada. – Impressionada é uma boa
escolha – sugeri, mostrando o sorriso mais sarcástico que eu conseguia. – Oh,
meu Deus. Não seja engraçadinha – ela andou até meu sofá perto da janela e
sentouse. – Explique tudo para mim. Atravessei a sala e sentei ao seu lado,
respirando fundo antes de contar tudo: como conheci Joe na boate e como ficamos
juntos. Contei sobre o restaurante chinês e como fui atrás dele para tentar
dizer que não me procurasse mais, porém acabei deixando-o me fazer gozar.
Admiti que ele era o homem com quem fiquei no baile de arrecadação, e como foi
ela quem me fez perceber que seria uma boa distração explorar esse meu novo
lado aventureiro com um homem que praticamente era especialista em relações
casuais. – Mas se tornou mais do que isso – ela disse, interrompendo. – Nos
últimos, o quê? Dois meses? Isso se tornou mais do que uma relação casual, não
é? – Para mim, acho que sim. Acho que para ele também. Talvez. – Nick viu as
fotos hoje de manhã – ela disse. – Quase surtei, pois tentei esconder, mas ele
viu o New York Post no metrô. – Oh, não. Ela sorriu um pouco. – Honestamente,
ele pareceu mais preocupado com a minha reação. Mas disse que conhece o Joe, e,
se ele prometeu que ficaria apenas com você, então vai cumprir a promessa. O
que é bom, pois, se te machucar, eu vou atrás dele para quebrar aquele rostinho
lindo, se é que você me entende. – O problema não é esse – eu disse. – O que é
uma ironia, porque – apontei para meu peito – olááá, fui traída durante seis
anos. O que me incomoda é que eu não queria querer alguém. Essa coisa toda era
para ser apenas uma distração para mim. Mas e se ele gostar de mim porque fui
clara sobre o que não quero dele? Dei a ele um objetivo: me fazer querer ele.
Acho que Joe nunca admitiria isso, talvez nem perceba, mas tenho medo que não
seja habituado a ter alguém ditando limites. Talvez isso seja o que o atraiu
tanto: o desafio. Ela deu de ombros e fez um gesto com as mãos. – Por
experiência própria posso dizer que existe uma primeira vez para tudo e todos.
Você já contou para ele como se sente?
De repente, ouvimos um barulho na recepção, seguido por um
grito frenético do Matthew dizendo: – Visita chegando! Joe irrompeu pela porta,
com Matthew todo atrapalhado vindo atrás. – Por acaso ele é surdo? – Matthew
perguntou. – Geralmente, não – Joe respondeu, parando imediatamente quando viu
o jornal em minhas mãos. – Você já viu. – Pois é – eu disse, jogando o jornal
em cima da mesa. Ele atravessou a sala com uma expressão sombria. – Olha, não é
uma foto muito boa, duvido que… – Está tudo bem – eu disse, passando uma mecha
de cabelo para trás da orelha. – Eu… – Bom, eu não diria que está tudo tão bem
– Miley interrompeu, circulando minha mesa. Ela cruzou os braços e ficou de pé
entre nós dois. – Concordo que não é uma foto muito boa, mas eu sabia que era
você. Nick também. – E eu também – Matthew acrescentou, com a mão levantada. –
Por que você ainda está aqui? – eu perguntei, olhando para ele. – Vai
trabalhar. – Você é sensível demais – ele disse, se afastando. – Ora, veja só –
ao ouvir isso, todos viraram a cabeça em direção à porta. – Estou feliz que
todos resolveram se encontrar aqui – Nick disse enquanto entrava, parecendo ter
ganho a aposta mais ridícula do mundo. – Bela foto, Jonas. Um bar? Senti meus
olhos se arregalarem. – O que foi? Você acha que seria melhor na escadaria do
décimo oitavo andar? Ele virou imediatamente a cabeça para Miley. – Sério, Miley?
Você contou isso para ela? – É claro que sim – ela fez um gesto com uma mão
impaciente e Joe começou a rir ao seu lado. – Você fez isso, Ben? Você comeu
sua estagiária no trabalho? – Algumas vezes – Miley disse, sussurrando. Joe
esfregou as mãos, obviamente adorando o desenrolar dos acontecimentos. – Isso é
muito, muito interessante – ele disse, olhando para Nick. – Engraçado você não
ter mencionado isso enquanto estava basicamente me chamando de galinha no outro
dia. – Ah, isso é ótimo. O roto falando do rasgado – Miley disse, gesticulando
entre os dois homens. – Acho que já terminei por aqui – Nick resmungou. – Joe,
dê um pulo no meu escritório antes de ir embora – ele beijou rapidamente Miley
nos lábios antes de sair da minha sala. Miley se virou para Joe: – Queria saber
como é trabalhar com a sua mãe quando esse tipo de notícia chega aos jornais.
Por acaso ela surtou? Joe deu de ombros. – Ela finge que eu não tenho uma
libido ativa. É melhor assim. – Do que é que nós estamos falando? – eu
murmurei. – Miley, eu amo você, mas saia da minha sala. Matthew! A cabeça dele
surgiu na porta numa fração de segundo após meu grito. – Pare de bisbilhotar.
Leve a Miley até a sala de descanso e compre um chocolate para ela
– finalmente, olhei nos olhos de Joe. – Preciso falar a sós
com Joe. Miley e Matthew desapareceram no corredor e Joe fechou e trancou a
porta da minha sala. – Você está brava comigo? – O quê? Não – suspirei e
desabei na minha cadeira. – Se lembro corretamente, fui eu quem pulou em você
no bar. Acho que você até me alertou para não fazer aquilo. – É verdade – ele
disse, mostrando sua covinha quando soltou um sorriso ao levantar o jornal com
a foto. – Mas até que me saí bem nessa situação. Quer dizer, essa nuca só pode
pertencer a uma mulher incrivelmente em forma. Tentei evitar uma risada, mas
não consegui. Ele se inclinou para que ficássemos cara a cara. – Estamos
passando bastante tempo juntos, Demi. Era só uma questão de tempo antes de
sermos fotografados. Concordei. – Eu sei. Ele se endireitou e olhou pela
janela, soltando um profundo suspiro. – Acho que teremos que manter nossas
escapadas apenas em quartos e limusines daqui para frente. Ele disse isso com
um sorriso no canto dos lábios, mas senti um nó na barriga, e não por que eu
era avessa à ideia de ter Joe numa cama. Acontece que eu ainda não tinha
terminado de ter Joe em todos os outros lugares. Queria manter essa nova Demi
viva por mais algum tempo. – Isso não parece uma cara feliz – ele comentou. –
Eu gosto do que fazemos. Seu rosto entristeceu levemente. – A loucura dos
lugares públicos? Concordei com a cabeça. – E sentir que posso fazer qualquer
coisa que eu quiser com você. Ele fez uma pausa e parecia estar pensando em
algo. – Isso não precisa mudar, Demi. Não importa o local onde decidirmos ser
depravados. Sorri. – Eu sei. – Mas você entende que, se continuarmos desse
jeito, e não sou contra, é possível que eventualmente sejamos flagrados de
novo. Ele estava certo, e a realidade da situação era suficiente para fazer
minhas esperanças diminuírem um pouco. – Nós vamos pensar em algo – eu disse,
mas sei que ele podia ouvir minha falta de convicção. – Demi, é possível nos
divertirmos mesmo com regras mais normais para relacionamentos. Concordei
novamente e mostrei o sorriso mais convincente que eu conseguia fazer. – Eu
sei. Mas a verdade era que eu não sabia. Apenas sabia que não queria nada que
fosse igual à minha antiga vida.
Ownn que fofo esses dois, demi tem que deixa esse medo de lado e partir pra cima do joe kkkkkkk
ResponderExcluirela ainda com medo do que sente por ele.....agarre o bofe e se divirta mulher
ResponderExcluirVai ter capítulo hoje pq eu to amando mega perfeito mega ansiosa
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