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Anjo da Noite 5 - A Vingança - Capitulo 6

Capítulo 6 – Sem Dor


Estávamos todos reunidos na sala... Exceto pelo meu pai, que tinha ido resolver uns assuntos pendentes e é claro Joe que ainda não tinha voltado. Eu tinha destruído metade da decoração do nosso quarto em minha irritação e a cada segundo que passava sem noticias dele era como se eu fosse surtar... Extremamente inquietante. Mais mesmo eu estava ali, com uma garrafinha de sangue na mão, um sorriso forçado no rosto. Eu tinha que parecer bem pra minha família... Pros meus dois filhos talentosos que sabiam muito que eu estava mal, pra minha melhor amiga que não importa o quanto eu mentisse sempre sabia que tinha algo errado. Minha mãe que me conhecia melhor que a mim mesma... Meus sobrinhos lindos que ainda não entendiam a gravidade das coisas e agora é claro a amiga humana de minha filha. Eu não podia me dar ao luxo de perder o controle na frente dela.
Mais o seu cheiro gostoso era irritante... Humanos cheiravam melhor que lobisomens, exceto o Joe é claro. E o cheiro dela estava me dando sede... Por isso eu mantinha minha garrafinha por perto.

_Onde ta o seu pai?_ Kat perguntou a Mellany.
Ela virou o rosto na minha direção e eu apenas suspirei.
_Ele teve que sair pra resolver um assunto_ Mell disse_ ele deve voltar daqui a pouco.
_Ah_ Kat sorriu.

Eu revirei os olhos... Tinha uma vontade imensa de sair dali gritando. Depois de alguns minutos jogando conversa fora Kevin teve a brilhante de ideia de ensinar Ramon e Mad tiro ao alvo. Pois é, Ramon ainda não podia se transformar e fazia de tudo pra aprender algo diferente e legal.
Kevin pos um alvo na parede, um desenho muito mal feito devo dizer... Depois pegou algumas facas que por acaso eram feitas de prata e entregou na mão do filho. Eu sinceramente achava imprudência. Se Ramon se cortasse com aquilo não ia ser muito agradável.
_É muito fácil filho_ Kevin sorriu_ é só acertar bem no centro.
_Até eu faço isso_ Kat riu.
_Quer tentar?_ Kevin ofereceu uma faca a ela.
_Não, não... É a vez do menino, eu não vou atrapalhar_ ela sorriu nervosa e todos na sala riram.
_Ta bom_ ele riu_ vai lá filho, manda ver.

Ramon sorriu animado... Eu apenas bufei me remexendo no sofá, os olhos grudados na porta.
Várias tentativas falhas... Ramon não conseguia acertar o alvo, a faca não ficava presa na parede e todos riam, riam fazendo minha paciência se esgotar.
Foi ai que aconteceu... Enquanto todos riam da cara emburrada de Ramon eu pude ouvir alguém lá fora, eu sabia que era ele... Conhecia o ritmo das batidas de seu coração, dos seus passos apressados... Me levantei do sofá num salto e foi ai que ele passou pela porta, ele não ia parar... Mais foi obrigado quando distraído Ramon tacou a faca na direção dele e ela com precisão acertou o seu braço, atravessando a carne e ficando presa na parede logo em seguida.

_Mais que... _ Joe não terminou a frase, apenas abaixou os olhos pra encarar seu braço que estava preso a parede.
_Puta merda_ foi Kevin que soltou essa.
_Ai droga, tio desculpa_ Ramon pediu desesperado.

Eu corri rapidamente até onde estava, ele não parecia abalado com a situação, só entediado enquanto observava a faca em seu braço. Eu fiz menção de tirá-la, mais ele me afastou gentilmente com a mão.

_Sai daqui Demi_ ele pediu educadamente.
_Por quê?_ o olhei confusa.
_Eu to sangrando_ ele disse.
_Agente vai tirar isso, calma_ Nick disse se aproximando.
_Mais...
Então eu o perdi... O controle me fugiu totalmente.
Avancei na direção dele e sem pena alguma peguei o kit de primeiros socorros em que ele mexia e o taquei contra parede com toda a minha força. A caixinha bateu na parede com uma força esmagadora e de desmanchou em vários pedaços.

_OLHA PRA MIM JOE_ ordenei irritada.
Ele ergueu os olhos pra me encarar, a expressão paciente.
_O que esta havendo?_ diminui o tom de voz.
_Nada... Eu só cheguei em casa na hora errada_ ele sorriu.
_OLHA AQUI, CHEGA TA LEGAL? EU POR ACASO TENHO CARA DE PALHAÇA?_ perguntei exaltada_ VOCÊ SAI DE CASA DAQUELE JEITO SEM DIZER NADA, LEVA UMA FACADA NO BRAÇO, E AI FINGE QUE NADA ACONTECEU?
_Pode abaixar o tom de voz por favor?_ ele pediu irritado.
_NÃO, EU NÃO POSSO_ gritei_ me explica o que ta havendo.
_Não esta havendo nada_ disse secamente.
_Não confia em mim?_ perguntei agora magoada_ depois de tudo... Eu achei que...
_Demi, por favor, não_ ele gemeu.

Eu o olhei nos olhos, e agora ele parecia sentir dor... Mais não física. Eu estava cansada de ser a esposa tolerante e paciente, se ele não queria me contar eu descobriria a força.

_Se não me disser por bem vai ser por mal_ eu disse ignorando a cara de sofrimento dele.
Ele se levantou da cama rápido e antes que eu pudesse perceber estava na minha frente a centímetros de mim, os olhos cheios de ódio que me fizeram estremecer.

_VOCÊ QUER SABER O QUE EU TENHO?_ ele gritou_ pois então. 
Sem dizer nada, ele ergueu as mãos de forma violenta e a pos em meus cabelos, puxando meu rosto mais pra perto... Ele me beijou de forma grosseira e intensa, enquanto colava seu corpo ao meu e me imprensava na parede. Eu gemi quando ele me empurrou com violência contra a parede. Seu beijo era tão desesperado e intenso... Meu coração quase saiu pela boca.
E então ele parou, mais manteve aquela mesma posição... Ainda segurando meus cabelos e me olhando nos olhos com raiva.

_Você sentiu isso?_ ele perguntou_ você sente isso?
Ele deslizou as mãos pela minha saia até o meio das minhas pernas e eu gemi com toque.
_Sentiu Demi?_ ele voltou a perguntar.

Eu não disse nada, estava tão assustada, que fiquei sem reação... Não sabia bem o que dizer ou o que sentir. Nunca o vira tão fora de controle assim. Nunca esteve tão assustador, nem tão lindo.

_Você sente isso?_ sua mão parou de puxar meu cabelo e desceu até meu rosto, acariciando com calma e tanto carinho que era um contraste gritante com a situação, e então seus olhos ficaram suaves, quando sua mão parou em meu rosto_ pois eu não sinto.
_O que?_ sussurrei atordoada.
_Eu não consigo sentir_ ele sussurrou me olhando profundamente, sem me soltar_ não sinto dor... Não sinto desejo, não sinto quando você me toca... Não sinto nada.
_Eu... Não...

Ele se afastou um pouco de mim, me dando espaço pra respirar... Ergueu o braço na minha frente, onde seu sangue escorria e senti minha garganta arder. Ele pegou um pedaço de vidro de algo que eu quebrara no chão e sem pena alguma enterrou em sua ferida.

_NÃO_ eu gemi de horror, levando as mãos ao rosto.
_Ta vendo isso?_ ele perguntou_ eu não sinto nada, não consigo sentir dor... NADA.
Ele tacou o pedaço do vidro no chão.
_Eu não sei o que tem de errado comigo_ ele disse_ mais eu não sinto nada... Eu não...
Ele parou de falar, me olhando nos olhos. Eu não sabia o que dizer a ele.
Ele de deu as costas, respirando fundo... Eu obriguei meu corpo a se mexer, pois eu estava grudada ao chão de olhos arregalados. Cheguei mais perto dele e toquei em seu ombro com minha mão... Não houve nenhuma reação da parte dele.

_Joe, eu... _ eu o que? Eu não sabia.
Ele se virou e seus olhos pararam na mão que eu mantinha em seu ombro... Ele a pegou com delicadeza e a levou ao rosto, escorando ele em minhas mãos, fechou os olhos.
_Não consigo sentir você Demi_ sussurrou_ não sinto o seu toque suave.
_Porque não?
_Não sei, não sinto nada desde ontem_ ele disse_ começou depois que acordei. Primeiro foi só a dor... Depois eu não sentia mais nada, frio, calor... Nada.
_Acha que tem alguma coisa...
_Não acho nada... Não sei o que tem de errado comigo_ ele disse_ só sei que isso é horrível.

Ele soltou minha mão com pesar... Eu estava quase morrendo ali de preocupação, o que havia de errado com ele? Porque ele não sentia nada? O que tinha acontecido?

_Nós vamos descobrir o que houve_ eu sorri o encorajando.
_Como?_ ele não pareceu esperançoso.
_Não sei, mais eu...

Ele não me deixou terminar... Só me abraçou apertado, enterrando a cabeça em meu peito. Eu o envolvi com meus braços e acariciei seu cabelo... Eu ia dar um jeito nisso. Não suportava vê-lo assim.

Joe Narrando

Demi estava sentada na cama, e eu estava deitado, a cabeça escorada em seu colo... Ela acariciava meus cabelos e cantava uma musica pra mim. Mais diferentes das outras vezes aquilo não me trouxe nenhum conforto... Porque eu não podia sentir. Eu não sentia sua mão suave e macia bagunçando meus cabelos, não sentia sua pele fria tocar minha pele. Era como se ela não existisse, como um fruto da minha imaginação.
Senti uma estranha vontade de chorar... Como se de repente eu descobrisse que a coisa mais importante na minha vida não era real... E enquanto eu não sentisse aquilo não seria real. 
_Desculpa_ eu sussurrei pra ela.
_Pelo que?_ ela perguntou parecendo confusa.
_Por ter te tratado mal_ expliquei_ fiquei meio louco com tudo isso.
_Não precisa se desculpar, eu te entendo_ ela garantiu.
_Porque quando viu que tinha algo errado não entrou na minha mente pra descobrir?_ perguntei curioso.
_Eu queria que você me contasse_ ela deu de ombros_ temos um trato lembra? Um voto de confiança.

Eu suspirei... Eu devia ter contado a ela desde o inicio, mais estava tão louco com tudo isso... Era como se a minha parte humana tivesse simplesmente sumido, e só sobrasse o monstro dentro de mim. A minha capacidade de sentir, que me fazia como os outros simplesmente não existia mais... Era enlouquecedor.

_Agente vai dar um jeito nisso meu amor_ ela me garantiu_ não se preocupe, vamos descobrir o que esta errado.

Eu queria poder concordar com ela... Ter essa certeza de que tudo ficaria bem, mais era eu que não sentia nada e não tinha a mínima ideia do por que. Se eu ao menos soubesse o que aconteceu comigo seria mais fácil... Mais eu não sabia, não tinha nem a mais remota ideia.

_Quando começou?_ ela perguntou.
_Ontem_ eu disse_ quando dormimos juntos e você me acertou com as unhas eu não senti... Achei que talvez fosse por eu estar distraído com outra coisa_ sorri pras paredes_ mais ai você me atacou no banco... Rasgou meu braço e eu não senti.
_A Selena ficou espantada com isso_ comentou.
_É... Depois nos beijamos, você me mordeu e mais uma vez nada_ suspirei_ comecei a ficar intrigado com isso, marquei meus próprios pulsos com as unhas esperando sentir algo, mais não senti nada.
_Você me assustou com aquilo.
_Ai veio a pior parte_ sussurrei_ eu te agarrei... Te beijei e te toquei e não senti nada. Cada toque, cada vez que o beijo mais ficava mais intenso eu me desesperava porque eu não sentia... Era como se não estive ali.
Fechei os olhos e suspirei com a lembrança horrível... Era como agora, ter ela ali tão perto de mim e não poder tocá-la. Não faria diferença se eu estendesse a mão e acariciasse seu rosto.

_Pra onde você foi?_ perguntou quando o silencio tomou conta.
_Fui até o rio_ eu disse_ O nosso rio lembra? Onde nos encontrávamos escondidos... Onde eu te vi sem roupa a primeira vez.
Ela riu com a lembrança... Eu nunca me esqueceria daquilo... Quando saiu de dentro da água como um anjo, um sorriso encantador... Querendo me provocar.
_Passei a tarde pensando na vida_ ele disse_ e tentando sentir alguma coisa... Não adiantou.

Eu me sentei então, ficamos cara, olho no olho... E me angustiei... E se eu nunca mais pudesse senti-la? Algo parecido com o desespero tomou conta de mim e ela pareceu perceber.

_Não fica assim Joe... Vai dar tudo certo_ ela disse aflita_ vamos dar um jeito.

Eu não respondi... Só me aproximei dela e a beijei... E não senti nada, só um tremendo vazio dentro de mim um completo desespero... Eu estava sozinho... Sem nada. 


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