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Beautiful Bastard - Capitulo 6 (1.5) MARATONA

 

Beautiful Bastard - Capitulo 6

A queimação em meu peito era quase suficiente para me distrair da bagunça em minha mente. Quase. Aumentei a inclinação da esteira e intensifiquei meus movimentos. Pés batendo com força no chão, músculos pegando fogo, isso sempre funcionou. Era assim que eu vivia minha vida. Não havia nada que não pudesse conquistar se eu me esforçasse ao máximo: escola, carreira, família, mulheres. Merda. Mulheres. Irritado, balancei a cabeça e aumentei o volume no iPod, esperando que isso me distraísse por tempo suficiente até conseguir alguma paz. Eu deveria saber que não daria certo. Não importava o quanto eu me dedicasse, ela estaria sempre lá. Fechei os olhos e lembrei de tudo: meu corpo por cima dela, sentido suas pernas me envolvendo, suado, ansioso, querendo parar, mas sem conseguir. Estar dentro dela era a mais perfeita tortura. Saciava a fome que eu sentia no momento, mas, quando acabava, eu, como um viciado, era imediatamente consumido pela necessidade de ter mais. Era amedrontador, pois, naqueles momentos com ela, eu faria tudo que ela pedisse. E esse sentimento estava começando a aparecer em horas como agora, quando eu nem estava perto dela, mas desejava ser tudo o que ela precisava. Eu sei, é ridículo. Alguém puxou meu fone de ouvido e eu virei em direção à fonte do aborrecimento. – O que foi? – eu disse, encarando meu irmão. – Se continuar correndo desse jeito você vai acabar jogado no chão, Ben – ele respondeu, – O que foi que ela fez dessa vez para te irritar tanto? – Quem? Ele revirou os olhos. – A Demi. Senti meu estômago embrulhar com o som daquele nome e voltei minha atenção para a esteira. – Por que você acha que isso tem alguma coisa a ver com ela? – Porque eu não sou um maldito idiota. – Nada está me incomodando. E mesmo se alguma coisa estivesse, por que diabos teria qualquer coisa a ver com ela? Ele riu e balançou a cabeça. – Nunca conheci alguém que provocasse esse tipo de reação em você. E sabe por que, não é? – ele desligou sua esteira e voltou toda a atenção para mim. Eu estaria mentindo se dissesse que aquilo não era um pouco irritante. Meu irmão era muito observador. Às vezes, observador demais. E, se tinha alguma coisa que eu não queria que ele observasse, era isso. Mantive os olhos fixos à frente enquanto corria, tentando não encontrar seu olhar. – Não, não sei, mas estou sentindo que você vai querer me explicar. – Porque vocês dois são parecidos demais – ele disse, todo presunçoso. – O quê?! Várias pessoas olharam para nós ao ouvirem meu grito no meio da academia lotada. Bati no botão que parava a esteira e me virei para ele. – Como você pode pensar isso? Nós não somos nada parecidos – eu estava suado, sem fôlego e exausto por correr mais de quinze quilômetros. Mas, naquela hora, o aumento na minha pressão sanguínea não tinha nada a ver com o exercício.
Kevin tomou um longo gole de sua garrafa de água e continuou sorrindo. – Quem você acha que está enganando? Nunca encontrei duas pessoas mais parecidas. Em primeiro lugar... – ele parou, limpando a garganta e levantando uma das mãos para contar dramaticamente seus argumentos – vocês dois são inteligentes, determinados, trabalham duro e são leais. E... – ele continuou, apontando para mim – ela é uma pessoa ousada e atrevida. Na verdade, ela é a primeira mulher em sua vida que consegue te encarar de frente e não fica te seguindo como uma cachorrinha perdida. Você odeia saber que precisa disso. Será que todo mundo estava louco? Claro, ela até poderia ser alguma dessas coisas. Nem mesmo eu posso deixar de admitir que ela era incrivelmente inteligente. E trabalhava duro, eu várias vezes me surpreendi com o quanto ela estava inteirada com nosso trabalho. Era definitivamente determinada, embora eu talvez descrevesse isso mais como teimosia ou obsessão. E, realmente, ninguém podia questionar sua lealdade. Afinal, ela teve milhões de oportunidades para me denunciar desde que começamos nosso joguinho safado. Fiquei parado olhando para ele enquanto tentava formular uma resposta. – Bom, sim, mas ela também é uma megera desagradável. Boa. Muito articulado, Joe. Descendo da esteira, rapidamente limpei a máquina e cruzei a academia tentando me livrar dele. Ele riu atrás de mim. – Está vendo? Eu sabia que ela estava tirando você do sério. – Vá se ferrar, Kevin. Comecei a me preparar para outro exercício quando ele parou ao meu lado, sorrindo como um gato que tinha acabado de pegar um canário. – Bom, meu trabalho terminou por aqui – ele disse, esfregando as mãos e parecendo muito satisfeito consigo mesmo. – Acho que vou voltar para casa. – Ótimo. Suma daqui. Rindo, ele se virou para ir embora. – Ah, mas antes que eu esqueça, a Dani perguntou se você conseguiu convencer a Demi a aceitar o convite para o jantar. Assenti enquanto amarrava meu tênis. – Ela disse que aceita. – Será que eu sou a única pessoa que acha hilário que a mãe quer apresentar o Joel Cignoli para ela? – aquela sensação em meu peito surgiu novamente. Kevin e eu crescemos com Joel. Ele era um cara decente, mas, só de pensar nos dois juntos, eu tinha vontade de socar alguma coisa. – Quer dizer, o Joel é muito legal – ele continuou –, mas a Demi é areia demais para ele, você não acha? – pude sentir Kevin me encarando mais do que deveria. – Mas, se ele acha que tem chance, boa sorte, não é? Comecei a fazer abdominais um pouco mais rápido do que o necessário. – Vejo você mais tarde, Joe. – Suma logo daqui – murmurei.
No domingo à noite, deitado na cama, revisei o plano em minha mente. Eu estava pensando demais nela, e de uma forma diferente. Eu tinha de me esforçar e passar uma semana sem tocá-la. Seria como uma desintoxicação. Sete dias, eu consigo. Sete dias sem tocá-la e essa coisa seria expulsa do meu sistema. Poderia finalmente seguir com minha vida. Mas havia algumas precauções que eu teria de tomar. Primeiro, eu não poderia mais cair na tentação de discutir com ela. Por alguma razão, nossas discussões eram como um tipo doentio de preliminar. Segundo: chega de fantasiar sobre ela, nunca mais. Isso significava parar de reviver nossos encontros sexuais e parar de criar fantasias sobre novos encontros – e também parar de pensar nela nua ou em qualquer parte do corpo dela tocando qualquer parte do meu corpo. Chega disso tudo. E, em grande parte, as coisas pareciam estar indo de acordo com o plano. Eu estava em um constante estado de desconforto e a semana parecia se arrastar, mas, com exceção de algumas fantasias sem-vergonha, consegui
manter o controle. Fiz o possível para me manter ocupado fora do escritório, mas, durante os momentos que fomos forçados a ficar juntos, eu mantive uma distância constante e, na maior parte do tempo, nós tratamos um ao outro com a mesma aversão educada de antes. Mas juro que ela estava tentando me provocar. A Srta. Lovato parecia ficar mais sexy a cada dia. Algo sobre suas roupas, ou algo que fazia, ou como me olhava sempre jogava minha mente de volta para a sarjeta. Combinei comigo mesmo que não haveria mais “sessões” na hora do almoço. Eu tinha de por um fim nisso, e imaginá-la enquanto eu me masturbava – inferno, imaginar ela se masturbando – não iria ajudar em nada. Na segunda-feira ela usou o cabelo solto. Ao vê-la sentada na minha frente em uma reunião, tudo que eu conseguia pensar era em agarrar aqueles cabelos enquanto ela me chupava. Na terça-feira ela vestiu uma saia na altura dos joelhos e meias com a costura subindo pela parte de trás das pernas. Ela parecia algum tipo de secretária pin-up. Na quarta-feira ela vestiu um terno. Isso foi inesperadamente pior, pois eu não conseguia parar de pensar como seria tirar aquelas calças de suas longas pernas. Na quinta-feira, ela usou uma blusa com decote completamente normal, mas, por duas vezes, quando se abaixou para pegar minha caneta, eu tive uma bela visão de seus seios. Apenas uma dessas vezes foi de propósito. Na sexta-feira, pensei que iria explodir. Não tinha batido uma na semana inteira, e, por causa disso, eu estava andando por aí com o pior caso de saco roxo que a humanidade já presenciou. Enquanto me dirigia para o escritório na sexta-feira de manhã, eu rezava para que ela faltasse no trabalho, por motivos médicos ou algo assim. Mas, por alguma razão, não achava que teria tanta sorte. Eu estava excitado e com um humor particularmente ruim e, quando abri a porta do escritório, quase tive um ataque do coração. Ela estava abaixada regando as plantas, usando um vestido cinza e botas que subiam até o joelho. Cada curva de seu corpo estava à mostra. Alguém lá em cima realmente me odiava. – Bom dia, Sr. Jonas! – ela disse docemente, fazendo eu parar quando passei ao seu lado. Alguma coisa estava diferente. Ela nunca falava comigo com aquela doçura. Olhei com desconfiança. – Bom dia, Srta. Lovato. Você parece estar com um humor excepcionalmente cordial hoje. Por acaso alguém morreu? O canto de sua boca mostrou um sorrisinho diabólico. – Ah, não. Estou apenas animada para o jantar de amanhã e para conhecer seu amigo Joel. Kevin me contou tudo sobre ele. Acho que podemos ter muita coisa em comum. Filho da puta. – Ah, certo. O jantar. Tinha esquecido completamente. Sim, você e o Joel... Bom, já que ele é um filhinho de mamãe e você é uma megera insuportável, vocês dois podem encontrar uma conexão amorosa realmente espetacular. Mudando de assunto, eu adoraria uma xícara de café se você estiver indo para a cafeteria – virei e entrei na minha sala. De repente pensei que talvez não fosse prudente pedir um café. Um dia desses ela poderia colocar alguma coisa nele. Arsênico, por exemplo. Antes mesmo que eu pudesse sentar, ela bateu na porta. – Entre. Ela colocou o café com tanta força que até espirrou um pouco na mesa, que, como ela sabia perfeitamente, era caríssima. Então, me encarou. – Vamos fazer a reunião da agenda da semana? – ela estava de pé na frente da minha mesa, debaixo de um raio de sol. Sombras caíam sobre seu vestido, acentuando a curva de seus seios. Merda, eu queria tomar seu mamilo endurecido com a minha boca. Estava frio ali? Como ela poderia estar com frio se eu estava suando tanto? Eu tinha de sair dali. – Não. Esqueci que tenho uma reunião no centro da cidade hoje à tarde. Então, vou sair daqui a dez minutos e não vou voltar. Envie os detalhes da agenda para mim por e-mail – respondi rapidamente, dirigindo-me para a segurança da minha cadeira. – Não estou sabendo de nenhuma reunião fora da empresa hoje – ela disse com ceticismo. – Não, claro que não – eu disse. – É uma coisa pessoal.
Quando ela não respondeu, eu dei uma olhada em seu rosto e vi uma expressão estranha. O que era aquilo? Ela obviamente parecia brava, mas havia algo mais. Será que estava... com ciúme? – Ah – ela respondeu, mordendo o lábio inferior. – É com alguém que eu conheço? – ela nunca perguntava esse tipo de detalhe. – Quer dizer, apenas no caso de seu pai ou seu irmão precisarem te encontrar. – Bom... – fiz uma pausa, tentando torturá-la por um instante.  – Nos dias de hoje, se alguém precisar falar comigo, eles podem ligar no meu celular. Você deseja mais alguma coisa, Srta. Lovato? Ela hesitou por um momento antes de levantar o queixo e endireitar os ombros. – Já que você não vai estar aqui, eu gostaria de começar meu fim de semana mais cedo. Talvez fazer umas compras para amanhã à noite. – Sem problema. Vejo você amanhã – nossos olhos se encontraram, e a eletricidade no ar era tão palpável que pude sentir meu coração acelerar. – Tenha uma boa reunião – ela disse com os dentes cerrados, antes de sair e fechar a porta. Fiquei aliviado quando ouvi a Srta. Lovato ir embora, quinze minutos mais tarde. Quando decidi que era seguro, juntei minhas coisas e saí. Fui interrompido por um homem carregando um grande arranjo de flores. – Posso ajudar? – perguntei. Olhando em seus papéis, ele olhou ao redor e disse: – Eu tenho uma entrega para a Srta. Demi Lovato. Mas que...? Quem diabos mandaria flores para ela? Será que estava saindo com alguém enquanto nós...? Eu nem conseguia terminar esse pensamento. – A Srta. Lovato saiu para almoçar. Ela voltará em cerca de uma hora – menti. Eu tinha de olhar o cartão – Pode deixar que eu assino o recebimento e entrego para ela – ele colocou as flores em cima da mesa. Assinando rapidamente o recibo, dei uma gorjeta e ele foi embora. Por três longos minutos fiquei de pé observando as flores, tentando me convencer a deixar de ser uma mocinha e a definitivamente não olhar o cartão. Rosas. Ela odiava rosas. Tive de rir, pois, seja lá quem enviou, não sabia nada sobre ela. Até eu sabia que ela não gostava de rosas. Uma vez a ouvi conversar com Sara sobre um ex-namorado que enviou um buquê de rosas. Ela imediatamente deu as flores para outra pessoa, pois não gostava do perfume forte. No fim, minha curiosidade venceu e eu tirei o cartão do arranjo.
Estou animado para o nosso jantar, Joel Cignoli
Aquela sensação estranha voltou a se espalhar lentamente pelo meu peito enquanto eu amassava o cartão. Tirando as flores de sua mesa, andei até a porta, tranquei a fechadura e me dirigi para o elevador. Assim que as portas se abriram, passei ao lado de uma grande lata de lixo cromada e, sem pensar duas vezes, joguei fora o arranjo e tudo mais. Eu não sabia que diabos estava acontecendo comigo. Mas sabia com toda certeza que aqueles dois não podiam sair juntos de jeito nenhum.

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