Beautiful Bastard - Capitulo 14
A consciência bateu à porta da minha mente adormecida, mas
tentei mantê-la longe. Eu não queria acordar. Estava contente, confortável e
aquecida. Visões vagas do meu sonho passeavam atrás dos meus olhos fechados. O
cobertor que eu abraçava era o mais quente e cheiroso com o qual já tivera o
prazer de dormir – pois ele abraçava de volta. Algo quente se apertou contra
mim. Meus olhos se abriram e focaram mechas de cabelos familiarmente
desarrumados a apenas alguns centímetros do meu rosto. Centenas de lembranças
surgiram naquele segundo, quando a realidade da noite passada desabou sobre meu
cérebro confuso. Merda. Era real. Meu coração acelerou quando levantei a cabeça
para ver aquele lindo homem abraçado ao meu corpo. Sua cabeça estava deitada em
meu peito, sua boca perfeita, levemente aberta, deixando escapar lufadas de ar
quente em meus seios nus. Seu longo corpo estava deitado ao meu lado, nossas
pernas se entrelaçavam e seus braços fortes envolviam meu torso com força. Ele
ficou. A intimidade de nossa posição me atingiu com tanta força que eu até
perdi o fôlego. Ele não apenas ficara, ele se agarrara em mim. Tive dificuldade
para voltar a respirar e para evitar entrar em pânico. Eu estava muito ciente
de cada centímetro onde nossas peles se tocavam. Podia sentir a batida poderosa
de seu coração contra meu peito. Seu pênis estava pressionado contra minha
coxa, semiereto em seu sono. Meus dedos ardiam com a vontade de tocá-lo. Meus
lábios desejavam beijar seus cabelos. Aquilo era muito para mim. Ele era muito.
Algo mudara na noite anterior e eu não sabia se estava pronta para lidar com
isso. Também não sabia o que era essa mudança, mas ela tinha acontecido. A cada
movimento, a cada toque, a cada palavra e a cada beijo daquela noite, nós
estivéramos juntos. Ninguém nunca me fez sentir assim, como se meu corpo fosse
feito para encaixar em outro. Eu já estivera com outros homens, mas com ele eu
sentia como se estivesse sendo arrastada por uma maré invisível, completamente
incapaz de mudar a direção. Fechei os olhos, tentando dominar a crescente
sensação de pânico. Eu não me arrependia do que acontecera. Tudo fora – como
sempre – intenso e definitivamente o melhor sexo que já tivera. Eu apenas
precisava de alguns minutos sozinha antes de poder encará-lo. Pousando uma mão
em seus cabelos e a outra nas costas, eu consegui tirá-lo de cima de mim. Ele
começou a se remexer e eu congelei. Abracei-o de volta e tentei impedi-lo de
acordar. Ele murmurou meu nome antes de sua respiração voltar a se acalmar,
então eu deslizei para fora. Fiquei observando-o dormir por um momento,
sentindo meu pânico retroceder um pouco, e mais uma vez fiquei admirada por sua
beleza. Em seu sono, sua expressão era tranquila e pacífica, muito diferente do
que costumava mostrar na minha presença. Uma mecha de cabelo estava caída sobre
sua testa e meus dedos desejavam arrumála. Cílios longos, rosto perfeito,
lábios macios e um queixo coberto com uma barba por fazer. Meu Deus, ele é
bonito.
Comecei a andar até o banheiro, mas vi de relance meu
próprio reflexo no espelho do quarto e parei. Uau. A imagem de quem acabou de
transar. Definitivamente, era assim que eu parecia. Eu me aproximei e examinei
as pequenas marcas vermelhas espalhadas em meu pescoço, ombros, seios e
barriga. Uma pequena mordida estava visível debaixo do meu seio esquerdo, além
de uma vermelhidão em meu ombro. Olhando para baixo, corri os dedos pelas
marcas vermelhas na parte interna das minhas coxas. Meus mamilos endureceram
quando lembrei a sensação de sua barba mal feita raspando contra minha pele.
Meu cabelo estava todo desgrenhado, e mordi o lábio quando lembrei de suas mãos
mergulhadas nele. A maneira como ele me puxara primeiro para um beijo e depois
para seu pau... Isso não está ajudando. Fui retirada dos meus pensamentos por
uma voz grave e sonolenta. – Já está de pé e se estressando? Eu me virei e tive
uma rápida visão de seu corpo nu quando ele se ajeitou nos lençóis antes de
sentar e cobrir-se, deixando apenas o torso à mostra. Eu nunca me cansaria de
ver – e sentir – seu peito largo e musculoso, seu abdômen malhado e aquele
caminho da felicidade, que levava para o mais gloriosamente bem dotado homem
que eu já conhecera. Quando meus olhos finalmente alcançaram seu rosto, eu
franzi a testa ao ver seu sorriso maroto. – Peguei você olhando – ele murmurou,
esfregando a mão no queixo. Eu não sabia se deveria sorrir ou revirar os olhos.
Vê-lo daquele jeito, vulnerável e semiacordado, era desconcertante. Não
tínhamos fechado as cortinas na véspera, e agora o sol da manhã emitia seus
raios brilhantes contra o emaranhado de lençóis. Ele parecia tão diferente –
ainda era meu chefe cretino, mas também parecia outra pessoa: um homem, em
minha cama, parecendo pronto para a... quarta? Quinta rodada? Eu já tinha
perdido a conta. Quando seus olhos percorreram cada parte do meu corpo, eu me
lembrei que também estava completamente nua. Nesse momento, sua expressão
parecia tão intensa quanto seus toques. Pensei brevemente que, se ele
continuasse com aquele olhar, minha pele entraria em combustão. Será que aquilo
poderia ter sobre mim o mesmo efeito que seu toque? Mudei minha expressão para
esconder o fato de que eu estava mentalmente catalogando cada centímetro de sua
pele, então me abaixei para pegar sua camiseta branca no chão. Ela ficara a
noite inteira na frente do arcondicionado e por causa disso estava um pouco
fria, mas, graças a Deus, estava praticamente seca. Quando passei o tecido de
algodão pela minha cabeça, senti o perfume de ervas da pele dele, então
reemergi e encontrei seu olhar sombrio colado em mim. Ele molhou seus lábios
com a língua e grunhiu baixinho: – Venha aqui. Eu me aproximei da cama com a
intenção de sentar ao seu lado, mas ele me puxou para o colo e disse: – Diga o
que você está pensando. Ele queria que eu resumisse um milhão de pensamentos em
uma única frase? Aquele homem estava maluco. Então, abri a boca e soltei o
primeiro pensamento que surgiu: – Você disse que não esteve com mais ninguém
desde que nós... ficamos juntos – encarei seu peito para evitar seus olhos. –
Isso é verdade? Finalmente, olhei para cima. Ele assentiu e deslizou os dedos
debaixo da camiseta, passando as mãos lentamente na minha cintura e barriga. –
Por quê? – perguntei. Ele fechou os olhos e balançou a cabeça uma vez.
– Eu não quis ficar com mais ninguém. Eu não sabia como
interpretar aquilo. Ele queria dizer que não encontrara ninguém que quisesse,
mas que estava aberto a possibilidades? – Você sempre escolhe a monogamia
quando está ficando com alguém? Ele deu de ombros. – Se essa for a expectativa.
Joe beijou ao longo dos meus ombros, chegou ao peito e subiu pelo pescoço.
Estiquei o braço e peguei uma garrafa de água no criado mudo, tomei um gole e
ofereci. Ele tomou o resto da água em alguns longos goles. – Está com sede? –
Sim. E com um pouco de fome também. – Não é surpresa, nós não comemos desde...
– parei quando ele mexeu as sobrancelhas e sorriu com o canto da boca. Revirei
os olhos, mas tive de fechá-los quando ele se aproximou e me beijou docemente
nos lábios. – A expectativa aqui é a monogamia? – eu perguntei. – Despois do
que aconteceu ontem à noite, acho que é você quem precisa me dizer. Eu não
sabia como responder. Eu já não sabia se poderia ficar com ele dessa maneira, e
sabia menos ainda no caso de monogamia. Pensar em como isso poderia funcionar
fazia minha mente girar. Será que conseguiríamos ser... amigos? Será que ele
diria “bom dia” de verdade? Será que ele se sentiria seguro para criticar meu
trabalho? Ele esticou os dedos sobre minhas costas, pressionando meu corpo ao
seu lado e me arrancando dos meus pensamentos. – Nunca tire essa camiseta – ele
sussurrou. – Trato feito – eu me estiquei para trás, melhorando o acesso de sua
boca ao meu pescoço. – Vou vestir isto e nada mais em nossa reunião mais tarde.
Sua risada foi grave e divertida. – Nem pensar. – Que horas são? – eu
perguntei, tentando enxergar o relógio atrás dele. – Dane-se o relógio – as
pontas de seus dedos encontraram meus seios e ficaram brincando na pele macia
da parte de baixo. No processo de me esticar, eu acabara expondo a pele dele um
pouco acima do quadril. Mas o quê...? Aquilo era uma tatuagem? – Isso aqui
é...? – eu mal podia formar as palavras. Afastando-o levemente, olhei em seus
olhos antes de voltar a encarar a marca. Logo abaixo da cintura havia uma linha
de tinta preta, palavras escritas naquilo que eu achava ser francês. Como
diabos eu não tinha visto isso antes? Tentei lembrar de todas as vezes em que
estivéramos juntos. Sempre fora de forma apressada, no escuro ou apenas
seminus. – É uma tatuagem – ele disse, confuso, afastando-se um pouco e
passando os dedos por minha barriga. – Eu sei que é uma tatuagem, mas... o que
está escrito aí? – o sr. Eu-Não-Brinco-em-Serviço tem uma maldita tatuagem. Cai
o outro pedaço do homem que eu achava conhecer. – Está escrito Je ne regrette
rien. Meus olhos dispararam na direção de seu rosto, e meu sangue ferveu ao som
de sua voz se dissolvendo em uma perfeita pronúncia do francês.
– O que você disse? Ele soltou um sorriso no canto da boca.
– Je ne regrette rien – pronunciou as palavras lentamente, enfatizando cada
sílaba. Era a coisa mais sexy que eu já tinha ouvido na vida. Em meio a tudo
isso – a tatuagem e sua completa nudez –, eu achei que entraria em combustão
espontânea. – Isso não é uma música? – Sim, é de uma música – ele assentiu, e
riu um pouco. – Você pode achar que eu me arrependo daquela noite, bêbado em
Paris, milhares de quilômetros distante de casa, sem um único amigo na cidade,
quando decidi fazer uma tatuagem. Mas não, nem mesmo disso eu me arrependo. –
Diga de novo – sussurrei. Ele se aproximou, encaixando os quadris ainda mais em
meu corpo, sua respiração quente em meu ouvido, e sussurrou novamente. – Je ne
regrette rien. Você entende? Assenti. – Diga mais alguma coisa. Eu respirava
com dificuldade, meus mamilos sensíveis raspando contra o algodão da camiseta.
Inclinando-se ligeiramente, ele beijou minha orelha e disse: – Je suis à toi –
sua voz estava ainda mais grave e quase falhando enquanto seu pau se mantinha
erguido para mim, então eu acabei com nossa agonia e mergulhei nele com um
gemido, novamente amando a profundidade daquela posição. Ele sussurrou uma
única e profana sílaba em francês de novo e de novo, encarando meu rosto. Em
vez de segurar meus quadris, suas mãos agarraram a camiseta nos dois lados do
meu corpo. Aquilo era tão fácil, tão natural entre nós, que de alguma forma
aumentava uma intranquilidade que eu não conseguia afastar. Em vez de pensar
nisso, eu me concentrei em seus grunhidos abafados na minha boca. Concentrei-me
na maneira como ele de repente nos colocou sentados e chupou meus seios por
cima da camiseta, expondo a pele rosada que havia sob o tecido. Eu me perdi na
urgência de seus dedos em minhas coxas e cintura, sua testa pressionada na base
do meu pescoço quando ele se aproximou do clímax. Eu me perdi na sensação de
suas coxas embaixo de mim, seus quadris se movendo cada vez mais rápido e com
mais força para acompanhar meus movimentos. Virando meu corpo, ele pousou a mão
totalmente esticada sobre meu peito e seus quadris diminuíram a velocidade até
parar. – Seu coração está acelerado. Diga o quanto você está gostando disso. Eu
relaxei instintivamente ao olhar para seu sorriso convencido. Será que ele
sabia que eu precisaria de ajuda para lembrar quem ele fora há menos de um dia?
– Você está falando daquele jeito de novo. Pare com isso. Seu sorriso se
alargou. – Você adora quando eu falo assim. Principalmente quando meu pau está
dentro de você. Eu revirei os olhos. – O que foi que me denunciou? Os orgasmos?
O jeito como eu imploro para você? Parabéns, você é praticamente um detetive.
Ele piscou, puxando meu pé para cima do seu ombro e beijando meu calcanhar. –
Você sempre foi desse jeito? – eu perguntei, puxando inutilmente seus quadris.
Odiava admitir, mas queria que
ele continuasse mexendo. Quando ele parava, eu sentia a
provocação, a ardência, a sensação de coisa incompleta. E quando se movia, eu
apenas queria que o tempo parasse. – Eu tenho pena das mulheres cujos egos
foram destroçados pelo caminho. Joe balançou a cabeça, inclinando-se sobre mim
e se apoiando nas mãos. Graças aos céus, ele começou a se mover. Os quadris
subiram, entrando profundamente em mim. Meus olhos se fecharam. Ele acertou o
ponto perfeito de novo, de novo e de novo. – Olhe para mim – ele sussurrou.
Olhei para cima, observei o suor em suas sobrancelhas e os lábios se separarem
quando ele encarou minha boca. Os músculos dos ombros se apertavam com seus
movimentos, seu torso brilhava com uma fina camada de suor. Pousei meu olhar
onde ele se movia para dentro e para fora de mim. Não sei o que eu disse quando
ele tirou quase tudo para fora e então enfiou com força de volta em mim, mas
foi algum murmúrio sujo e instantaneamente esquecido enquanto ele estocava. –
Você me faz sentir convencido. É o jeito como você reage que me faz sentir um
maldito deus. Como você pode não enxergar isso? Eu não respondi e claramente
ele não esperava que eu respondesse – seu olhar e os dedos de uma mão
exploravam meu pescoço e seios. Ele encontrou um lugar especialmente sensível e
eu ofeguei. – Parece que alguém te deu uma mordida aqui – ele disse, esfregando
o polegar na marca de seus dentes. – Você gostou? Engoli em seco, juntando
nossos corpos. – Sim. – Garota safada. Minhas mãos deslizaram por seus ombros e
desceram até o peito, passaram pela barriga e pelos músculos dos quadris. Meu
polegar acariciou sua tatuagem. – Eu gosto disso também. Seus movimentos se
tornaram mais selvagens e violentos. – Oh, merda, Demi... eu não consigo... não
vou aguentar mais. Ouvir sua voz tão desesperada e fora de controle apenas
intensificou meu desejo por ele. Fechei os olhos, concentrando-me na deliciosa
sensação que começava a se espalhar por meu corpo. Eu estava muito perto, quase
lá. Abaixei a mão entre nós e meus dedos encontraram meu clitóris, que comecei
a esfregar vagarosamente. Ele abaixou a cabeça, olhou para minha mão e
praguejou. – Oh, merda – sua voz estava desesperada, sua respiração saía com
dificuldade. – Vai, se toca, quero ver você se esfregando – suas palavras foram
tudo o que eu precisava e, com uma última passada de dedos, senti o orgasmo me
dominar. Gozei com força, apertando-o ao meu redor, as unhas da minha mão livre
se enterrando em suas costas. Ele gritou, e seu corpo se descontrolou quando
também gozou dentro de mim. Meu corpo todo tremeu nos momentos seguintes, mesmo
quando o orgasmo se dissipou. Agarrei seu corpo quando ele parou, afundando em
cima de mim. Ele beijou meu ombro e meu pescoço antes de plantar um único beijo
em meus lábios. Nossos olhos se encontraram brevemente, e então ele rolou para
o lado. – Meu Deus, garota – ele disse, exalando uma respiração pesada e
forçando uma risada. – Você vai acabar me matando. Rolamos cada um para um
lado, cabeça nos travesseiros, e quando nossos olhos se encontraram eu não pude
desviar o olhar. Perdi qualquer esperança de que na próxima vez tudo seria
menos poderoso, ou que nossa conexão de alguma maneira diminuísse se simplesmente
transássemos até cansar. Aquela “trégua” não ajudara em
nada. Eu já queria me aproximar novamente, beijar a barba
mal feita e puxá-lo de volta para mim. Enquanto o encarava, ficou claro para
mim que iria doer bastante quando isto acabasse. O medo tomou conta do meu
coração e o pânico da noite anterior retornou, trazendo um desconfortável
silêncio. Eu me sentei, puxando os lençóis até meu queixo. – Oh, merda. A mão
dele disparou e agarrou meu braço. – Demi, eu não posso... – Nós provavelmente
precisamos nos arrumar – eu interrompi o que poderia ser o começo de um milhão
de formas para partir meu coração. – Temos apresentações para ver em vinte
minutos. Ele pareceu confuso por um momento antes de falar: – Eu não tenho
nenhuma roupa limpa aqui. Eu nem sei onde fica o meu quarto. Senti meu rosto
corar ao relembrar o quão rápido tudo acontecera na véspera. – Certo. Vou usar
sua chave e trazer alguma coisa. Entrei no banheiro, tomei um banho rápido e
enrolei uma toalha ao redor do meu corpo, pensando que deveria ter trazido um
roupão do hotel. Respirei fundo, abri a porta e voltei para o quarto. Ele
estava sentado na cama e seus olhos se ergueram para o meu rosto. – Eu só
preciso... – fiz um gesto na direção da minha mala. Ele assentiu, mas continuou
calado. Eu geralmente não sinto vergonha do meu corpo, mas ali, de pé usando
apenas uma toalha e sabendo que ele me observava, eu me senti estranhamente
tímida. Peguei algumas coisas e passei apressada por ele, parando apenas na
segurança do banheiro. Eu me vesti mais rápido do que achava ser possível,
decidindo prender o cabelo para trás e deixar o resto para depois. Peguei a
chave sobre a pia, voltei para o quarto. Ele não saiu do lugar. Sentado na
ponta da cama com os cotovelos apoiados nas coxas, parecia perdido em
pensamentos. O que estaria pensando? Pela manhã toda eu estivera uma pilha de
nervos, minhas emoções mudando ferozmente de um extremo a outro, mas ele
parecia tão calmo. Tão seguro. Mas estava seguro do quê? O que teria decidido?
– Você quer que eu traga alguma roupa em particular? Quando ele levantou a
cabeça, parecia levemente surpreso, como se o pensamento não tivesse ocorrido
em sua mente. – Hum... tenho apenas algumas reuniões esta tarde, certo? – eu
assenti. – O que você escolher está bom. Demorei apenas um segundo para achar o
quarto dele, que ficava logo ao lado do meu. Ótimo. Agora eu poderia ficar
imaginando ele na cama logo atrás da minha parede. Suas malas já estavam ali e
eu parei brevemente, percebendo que teria de mexer em suas coisas. Levantei a
maior delas, coloquei-a na cama e abri o fecho. Seu perfume me envolveu e
causou uma grande pontada de desejo em meu corpo. Comecei a procurar pelas
roupas perfeitamente dobradas. Tudo que pertencia a ele era tão arrumado e
organizado, e isso me fez imaginar como seria sua casa. Nunca pensara muito
nisso, mas de repente me perguntei se algum dia eu a veria, se alguma vez eu
estaria em sua cama. Parei quando percebi que eu queria conhecê-la. Será que
ele gostaria de me ver lá? Desviei esses pensamentos e continuei procurando as
roupas. Escolhi um terno Helmut Lang, camisa branca, gravata preta de seda,
cueca, meia e sapato. Após guardar o resto de volta, juntei as roupas que ele
usaria e comecei a voltar para meu quarto. Eu não conseguia parar de rir
nervosamente quando entrei no corredor, balançando a cabeça por causa do
absurdo da
situação. Felizmente, me recompus antes de abrir a porta.
Então, dei dois passos dentro do quarto e congelei. Ele estava de pé em frente
à janela aberta, coberto pela luz do sol. Cada linha escultural estava
acentuada em perfeitos detalhes pelas sombras projetadas em seu corpo. Uma
toalha estava indecentemente enrolada em sua cintura, deixando aparentes as
palavras de sua tatuagem. – Viu alguma coisa de que gostou? Eu relutantemente
voltei minha atenção para seu rosto. – Eu... Meus olhos baixaram mais uma vez
para sua cintura, como se fossem atraídos por um imã. – Eu disse: você viu
alguma coisa de que gostou? – ele atravessou o quarto, parando bem na minha
frente. – Eu ouvi da primeira vez – eu disse, sentindo meu rosto corar. – E
não, eu estava apenas perdida em pensamentos. – E o que exatamente você estava
pensando? – ele esticou o braço, movendo uma mecha do meu cabelo para trás da
orelha. Apenas esse simples toque fez meu estômago revirar. – Que temos uma
agenda para cumprir. Ele deu um passo em minha direção. – Por que eu não
acredito em você? – Porque você é um egocêntrico? – eu disse, encarando-o de
volta. Ele ergueu uma sobrancelha e ficou me observando por um momento antes de
pegar suas roupas da minha mão e colocá-las em cima da cama. Antes que eu
pudesse me mexer, ele tirou a toalha da cintura e a jogou para o lado. Meu Deus
do céu. Se existisse no planeta um homem melhor que este, eu pagaria para
vê-lo. Ele pegou sua cueca e começou a vesti-la, mas parou e voltou a me olhar.
– Você não acabou de dizer que temos uma agenda para cumprir? – ele perguntou,
olhando para mim como se estivesse se divertindo. – A não ser, é claro, que
tenha visto alguma coisa de que gostou. Filho da... Apertei os olhos e me virei
rapidamente, voltando ao banheiro para terminar de me arrumar. Enquanto secava
os cabelos, eu não conseguia evitar a estranha sensação de que ele tentara
dizer algo mais além de “olhe para meu corpo nu”. Antes mesmo de desembaralhar
meus próprios sentimentos, eu já estava tentando adivinhar os dele. Estaria eu
preocupada se, caso houvesse opção, ele escolheria continuar ali comigo? Quando
saí do banheiro, ele já estava vestido e esperando, olhando para a grande
janela. Ele se virou, andou até mim e colocou suas mãos quentes no meu rosto,
encarando-me intensamente. – Eu preciso que você ouça uma coisa. Eu engoli em
seco. – Certo. – Eu não quero sair por aquela porta e perder o que encontramos
aqui neste quarto. Suas palavras simples me abalaram. Ele não estava se
declarando, não estava prometendo nada, mas disse exatamente o que eu precisava
ouvir. Talvez não soubéssemos o que era aquilo entre nós, mas não deixaríamos
inacabado. Deixando escapar uma respiração trêmula, coloquei a mão sobre meu
peito. – Eu também não, mas não quero que sua carreira acabe com a minha.
– Eu também não quero isso. Eu concordei, sentindo as
palavras se emaranharem em meus pensamentos, e fui incapaz de pensar em algo
articulado para acrescentar. – Certo – ele disse, me olhando de cima a baixo. –
Então, vamos.
eles ainda nao notaram que estao ♥? achei romantico eles assim no mesmo quarto, sem brigas, apenas mto amor
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