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Estranho Irresistivel - Capitulo 9



Nove

– Então, vamos conversar sobre isso hoje? Eu me virei em cima da escada e olhei para Miley. Ela segurava um pincel na altura da cintura e ergueu os olhos para me encarar. – Sobre…? – Sobre você terminar o namoro. Sobre a sua mudança repentina. Sobre Will e esse homem misterioso com quem você está transando e sobre o quanto sua vida está diferente de como estava há dois meses. Mostrei um sorriso fingido. – Ah, isso? O que tem pra falar? Ela riu, mas então passou seu delicado pulso na testa, deixando uma leve mancha de tinta. Nick estava viajando a negócios e Miley estava determinada a pintar todo seu apartamento gigantesco enquanto ele não poderia interferir. Ela parecia exausta. – Por que você simplesmente não contratou alguém para fazer isso? – eu perguntei, olhando ao redor. – Deus sabe que você pode pagar. – Porque eu sou muito controladora – ela disse. – E pare de tentar mudar de assunto. Olha, eu sei como aquele namoro trouxe você para baixo aos pouquinhos, mas eu me sinto estranha por não saber mais sobre o verdadeiro Will. Nick o conhecia por meio dos eventos da cidade, mas eu nunca o conheci muito bem e… – Isso é porque – eu disse, interrompendo-a – você teria percebido na hora quem ele era. Assim como Nick – senti uma familiar pontada no estômago só de pensar em Will. Miley começou a dizer alguma coisa, mas eu ergui a mão num gesto para que ela não continuasse. – Vamos lá. Eu sei que Nick sabia de Will desde o início, mesmo que pensasse que não deveria interferir. E acho que, quando eu te conheci, até mesmo eu suspeitava que Will estava me traindo. Eu não queria ele perto de você, pois você seria capaz de ver até onde eu tinha afundado. Seus olhos se abaixaram e eu sabia exatamente o que ela iria dizer. – Meu amor, eu não precisava conhecer Will pessoalmente para saber que ele era um traidor babaca. Ninguém precisava. A única coisa que o ajudava a parecer minimamente decente era você. Engoli em seco algumas vezes, tentando evitar as lágrimas. – Você acha que isso diz algo sobre mim, tipo, como eu sou tão estúpida e cega por ter passado tantos anos com ele? Lembrei de nosso primeiro aniversário no restaurante Everest, quando ele chegou meia hora atrasado e cheirava fortemente a perfume de mulher. Tão clichê. Quando perguntei se estava com outra pessoa, ele respondeu: “Querida, quando não estou com você, estou sempre com outra pessoa. A minha vida é assim. Mas estou aqui agora”. Na hora entendi que ele estava sempre trabalhando quando estava longe de mim. Mas, na
verdade, aquela foi provavelmente a única vez em que ele foi honesto comigo sobre outras mulheres. – Não – disse Miley, balançando a cabeça. – Você era jovem; ele deve ter parecido irreal para você quando se conheceram. Ele era realmente muito charmoso, Demi. Mas não é saudável mudar tudo de repente e não conversar sobre isso. Você está mesmo bem? Assenti. – Na verdade, estou sim. – Will liga para você de vez em quando? Fiquei encarando o pincel na minha mão e então o deixei cair no balde de tinta. – Não. – Isso incomoda você? – Talvez um pouco. Quando parti, eu queria que ele percebesse o quanto estragou tudo. Seria legal vê-lo rastejar de volta. Mas a verdade é que eu provavelmente não atenderia o telefone, de qualquer forma. Eu nunca voltaria para ele. – O que ele fez quando você contou que estava indo embora? – Gritou. Ameaçou – olhei lá fora pela janela e lembrei do rosto de Will distorcido pela raiva. Seu ódio geralmente me deixava mais calma, mas, naquela última vez, algo dentro de mim estalou. – Ele jogou minhas roupas na rua. E me empurrou para fora. Miley me surpreendeu ao jogar o pincel na lata sem nem olhar onde cairia. Ela se aproximou e me abraçou fortemente. – Você podia destruir a vida dele. – Suspeito que ele vai fazer isso consigo mesmo, eventualmente. Eu apenas queria sumir de lá – sorri em seu ombro. – E fiz o advogado da minha família expulsá-lo ele da casa. Acho que os jornais gostaram dessa parte. A maldita casa era minha, lembra?
Foi bom ter colocado tudo para fora. Miley sabia como é ter o coração partido, e durante nossa conversa sobre Will, lembrei da época em que ela deixou abruptamente a Ryan Media e se isolou em seu apartamento. Quando finalmente ligou para mim, contou tudo que acontecera entre ela e Nick – como eles tinham começado um caso secreto e como tinha decidido que precisava se afastar dele. Foi um momento revelador para mim, mas de um jeito completamente errado. Sua decisão de deixar o emprego e potencialmente sacrificar seu relacionamento apenas aumentou minha vontade de discutir a relação com Will. Eu quis me esforçar por nós dois para manter o namoro. Acontece que Nick era o cara certo para Miley trabalhar a relação. Will nunca seria isso para mim. Pensar no meu ex-namorado sempre me deixava com uma dor de cabeça, mas falar sobre ele trouxe uma bola de chumbo no meu estômago que não desaparecia, não importava quantos quartos eu ajudasse Miley a pintar ou quantos quilômetros eu corresse no parque mais tarde naquele dia. Por um breve momento, considerei ligar para Joe, mas a resposta para um problema nunca está em criar outro. Embora ele quisesse jantar comigo na outra noite, isso não significava que quisesse algo a mais. Ele também não seria o cara certo para eu discutir minha vida. A segunda e terça-feira voaram. Na quarta-feira, tivemos várias reuniões com novos
clientes e parecia que cada minuto durava uma eternidade. A quinta-feira foi pior de um jeito completamente oposto: Miley e Nick foram viajar para o feriado prolongado de 4 de julho, e George foi para sua casa em Chicago. Um silêncio baixou nos escritórios e, apesar de nossa empresa estar prosperando, minha equipe inteira tinha trabalhado estranhamente bem demais. Eu não tinha nada para fazer e os corredores pareciam ecoar ao meu redor. Por que estou aqui?, enviei em uma mensagem para Miley, sem esperar uma resposta
Eu te perguntei a mesma coisa antes de ir embora ontem.
Meus passos ecoaram no corredor quando fui buscar mais café. Já tomei cafeína suficiente para ficar acordada por um mês.
Então envie uma mensagem para aquele seu estranho irresistível. Use essa energia para algo útil.
Não funciona desse jeito.
Meu telefone vibrou imediatamente.
O que isso quer dizer? Então como é que funciona?
Joguei meu celular de volta para dentro da bolsa e suspirei, encarando a janela. Não contei mais nada para Miley sobre o acordo com meu estranho, mas eu podia perceber que a paciência dela estava se esgotando. Felizmente ela não estava na cidade; eu podia desligar o celular e manter o segredo por mais alguns dias.
O clima no mês de junho em Nova York estava lindo, mas, no momento que julho chegou, tornou-se insuportável. Comecei a sentir como se não fosse capaz de escapar do labirinto de arranha-céus e estivesse sendo cozida num forno de tijolos. Pela primeira vez desde que me mudei, senti saudades de casa. Senti falta do vento que soprava do lago, com correntes de ar tão fortes que podiam até derrubar você enquanto andava. Senti falta do céu esverdeado das tempestades de verão, quando eu me aninhava no porão dos meus pais e ficava jogando fliperama com meu pai por horas. Porém, o lado bom de viver em Manhattan era que eu podia andar aleatoriamente por aí e sempre esbarrar em alguma coisa interessante. A cidade tinha de tudo: entrega de yakisoba às três da manhã, homens que encontravam galpões cheios de espelhos para aventuras sexuais e fliperama num bar perto do trabalho. Quando vi o piscar das luzes pela vitrine, quase tive um ataque, sentindo que a cidade tinha me presenteado exatamente com aquilo de que eu precisava. Talvez mais vezes do que eu podia admitir. Entrei no bar pouco iluminado e senti o familiar cheiro de pipoca e cerveja. No meio de
uma quinta-feira ensolarada, o bar estava escuro o bastante para me fazer sentir que já era meia-noite lá fora e que quem não estava dormindo estava ali bebendo e jogando sinuca. A máquina que eu tinha visto na frente do bar era nova, com botões polidos e música emo que não me interessava. Mas, no canto de trás, havia uma máquina antiga do Kiss, com toda a glória de seus rostos pintados e a língua gigante de Gene Simmons. Comprei fichas, pedi uma cerveja e me dirigi no meio das pessoas até a máquina nos fundos. Meu pai gostava de colecionar coisas. Quando eu tinha cinco anos e queria um cachorro, ele comprou um dálmata, depois comprou outro, e então, de repente, acabamos com uma casa cheia de cachorros surdos latindo uns para os outros. Depois começou a colecionar carros antigos, com os clássicos Corvairs, a maioria apenas com a carroceria. Meu pai alugava uma garagem apenas para guardá-los. Em seguida vieram os trompetes antigos. Depois vieram as esculturas de um artista local. E, por último, máquinas de fliperama. Meu pai tinha quase setenta máquinas num depósito e outras sete ou oito na sala de jogos da nossa casa. Na verdade, foi durante um passeio pela sala de jogos que meu pai e Will ficaram amigos. Embora meu pai não soubesse que ele nunca tinha jogado fliperama, Will agiu como se a coleção fosse a coisa mais incrível do mundo e conseguiu parecer ter jogado a vida inteira. Meu pai ficou fascinado, e, na época, eu fiquei muito contente com isso. Eu tinha apenas vinte e um anos e não sabia como meus pais reagiriam com um namorado quase dez anos mais velho. Mas meu pai imediatamente fez tudo que pôde – com seu tempo e talão de cheques – para apoiar nosso namoro e as ambições de Will. Não era difícil convencer meu pai e, uma vez conquistado, era quase impossível perder sua estima. A não ser, é claro, que ele esbarrasse em você num restaurante tendo um jantar romântico com uma mulher que não era sua filha. Apesar do que meu pai me contou e de seu pedido para eu tentar enxergar o verdadeiro Will ao invés da imagem pública que ele tanto cultivava, eu decidi acreditar em Will: ele disse que a mulher era uma pessoa de sua equipe de trabalho que estava deprimida por causa do término de seu namoro e apenas precisava conversar com alguém, só isso. Que chefe bondoso ele era. Dois meses depois, o jornal local o flagrou me traindo com outra mulher. Coloquei uma ficha na máquina e segurei os botões de cada lado enquanto a bolinha prateada aparecia no lançador. Aparentemente, o som estava desligado, pois a máquina permaneceu estranhamente silenciosa quando comecei a jogar. Eu estava enferrujada e jogando muito mal, mas não me importava. Tive alguns momentos iguais a esse nas últimas semanas, momentos de quietude que parecia se cristalizar ao redor. Momentos em que eu simultaneamente registrava o quanto amadureci e o quanto não sabia sobre a vida e os relacionamentos. Alguns desses momentos aconteceram enquanto eu observava Nick e Miley, e o jeito como eles provocavam e adoravam um ao outro na mesma medida. Outro momento foi ali mesmo, jogando fliperama sozinha, sentindo um contentamento que há muito tempo não sentia. Alguns homens vieram conversar comigo – eu estava acostumada com a maneira como os homens parecem não resistir a uma mulher que joga videogame sozinha. Mas, após quatro partidas, senti que havia uma pessoa me observando.
Era como se a pele atrás do meu pescoço estivesse sendo pressionada apenas com a força de uma respiração. Tomando um gole da cerveja, virei e vi Joe de pé do outro lado do bar. Ele estava com outro cara, alguém que eu não conhecia, mas que também estava vestido formalmente e se destacava no bar da mesma maneira que eu com meu vestido cinza e saltos vermelhos. Joe olhou para mim por cima de sua cerveja, e, quando o localizei, ele sorriu e ergueu levemente o copo fazendo um cumprimento. Terminei meu jogo depois de uns vinte minutos e andei até onde eles estavam, tentando evitar um sorriso besta. Eu estava com vontade de encontrá-lo e nem sabia. – Oi – eu disse, deixando escapar um pequeno sorriso. – Oi também. Olhei para seu amigo ao lado, um homem mais velho, com um rosto triste e olhos castanhos bondosos. – Demi Lovato, este é James Marshall, um colega de trabalho e grande amigo. Estiquei o braço e o cumprimentei. – Prazer em conhecê-lo, James. – Igualmente. Joe tomou um gole de sua cerveja e então apontou para mim com o copo. – Demi é a nova mandachuva do financeiro na RMG. Os olhos de James se arregalaram e ele balançou a cabeça, impressionado. – Ah, é mesmo? – O que você está fazendo aqui? – perguntei, olhando ao redor. – Isso aqui não parece um lugar para se fazer negócios no meio da tarde. – Fugi do trabalho mais cedo, igual todo mundo faz nesta cidade. E você, senhorita? Tentando se esconder? – perguntou Joe, com um olhar malicioso em seus olhos. – Não – respondi, aumentando meu sorriso. – Nunca faria isso. Seus olhos se arregalaram ligeiramente, então virou o rosto para o bar e fez um gesto com a cabeça para o barman. – Eu venho aqui porque é sujo e geralmente vazio, além de servirem chope da Guinness. – E eu venho aqui porque tem sinuca e eu gosto de fingir que posso detonar o Joe – disse James antes de tomar toda sua cerveja num longo gole. – Então, vamos jogar. Entendi aquilo como sendo minha deixa e pendurei minha bolsa no ombro, sorrindo um pouco para Joe. – Divirta-se. Vejo você por aí. – Deixe eu acompanhá-la até a saída – então virou para o James e disse: – Peça mais um chope para mim e depois eu encontro você na mesa. Com sua mão nas minhas costas, nós saímos do bar e ganhamos a rua ensolarada. – Oh, droga – ele grunhiu ao ser atingido pela forte luz do sol. – Lá dentro está melhor. Por que você não fica e joga com a gente? Balancei a cabeça. – Acho que vou voltar para casa e lavar algumas roupas. – Trocado por roupas sujas. Que situação. Eu ri, mas então olhei ao redor ansiosa quando ele levantou a mão e tocou meu rosto. Então tirou rapidamente e murmurou: – Certo, certo.
– James sabe sobre nós? – perguntei quase sussurrando. Ele olhou para mim, levemente desapontado. – Não. Meus amigos sabem que estou saindo com alguém, mas não sabem quem é. Um constrangimento surgiu entre nós por um instante e eu não sabia qual era o protocolo numa situação dessas. Era exatamente por isso que nosso acordo sobre as sextas-feiras era ideal: não era preciso pensar muito nem negociar amigos, sentimentos e limites. – Você já reparou como é estranho a gente se esbarrar tanto por aí? – ele perguntou, com uma expressão enigmática no rosto. – Nunca pensei nisso – admiti. – Não é assim que o mundo funciona? Numa cidade de milhões, você sempre vê a mesma pessoa. – Mas quantas vezes isso acontece com a pessoa que você mais quer ver? Desviei o olhar, sentindo uma mistura entre desconforto e excitação em meu estômago. Ele ignorou meu silêncio embaraçado e continuou. – Ainda vamos nos encontrar amanhã, certo? – Por que não iríamos? Ele riu, baixando os olhos até meus lábios. – Porque é feriado, flor. Não sei se tenho privilégios nos feriados. – Não é feriado para você. – Claro que é – ele disse. – Nós comemoramos o dia que nos livramos dos americanos irritantes. – Engraçadinho. – Felizmente para mim, nenhum feriado vai cair em sexta-feira até o fim do ano, então não preciso me preocupar em perder meu dia favorito da semana. – Você estudou o calendário? – senti meu corpo se aproximar dele, perto o bastante para sentir seu calor mesmo debaixo de mais de trinta graus. – Não, acontece que sou meio gênio com números. – Um gênio idiota? Ele riu, fazendo uma careta engraçada. – Algo desse tipo. – Então, onde devo encontrar você amanhã? Ele ergueu a mão novamente e passou um dedo em meu lábio inferior. – Vou enviar uma mensagem. E enviou mesmo. Logo após eu dobrar a esquina e entrar no metrô, meu celular vibrou no bolso com as palavras: 11ª Avenida c/ rua 24. Tem um arranha-céu do outro lado do parque. 19h. Sem indicação sobre qual edifício, qual andar ou mesmo o que eu deveria vestir.
Quando cheguei lá, ficou claro que ele só poderia estar se referindo a um certo prédio. Era todo de vidro e mármore e ficava em frente ao Chelsea Waterside Park. Também tinha uma vista ridícula do rio Hudson. O saguão estava vazio, com exceção de um único segurança na portaria, e, após eu hesitar por um minuto, ele me perguntou se eu era a amiga do sr. Jonas. Desconfiada, hesitei mais um pouco. – Sim.
– Ah, bom. Eu deveria ter perguntado antes! – ele ficou de pé, com seu corpo quase tão largo quanto alto, e acenou para os elevadores. – Ele pediu para que eu deixasse você subir. Encarei-o por um segundo antes de acompanhá-lo até o elevador. O segurança usou uma chave para abrir um painel e apertou o botão C. Era o botão da cobertura. Estávamos indo para a cobertura? Com um aceno amigável, ele saiu do elevador. – Feliz 4 de julho – ele disse, enquanto as portas se fechavam. Havia vinte e sete andares no prédio, mas o elevador era claramente novo e muito rápido, e eu mal tive tempo de pensar no que poderia estar me esperando lá em cima. Quando as portas se abriram, me encontrei num pequeno corredor de frente a alguns degraus que davam numa porta com uma placa: “Acesso à cobertura. Somente pessoal autorizado”. O que mais eu poderia fazer além de pensar que, somente naquele dia, essa placa não valia para mim? Afinal, era uma ideia do Joe. Eu tinha a impressão que ele respeitava regras apenas até encontrar um modo de quebrá-las apropriadamente. A porta se abriu com um chiado metálico e bateu pesadamente atrás de mim. Eu me virei e tentei abrir de novo, mas não consegui. O dia estava quente, com muita ventania, e eu estava presa na cobertura de um prédio. Droga. É melhor que Joe esteja aqui em cima ou eu vou ficar maluca. – Estou aqui! – gritou Joe em algum lugar à minha direita. Soltei um suspiro aliviado e andei ao redor de uma grande caixa de eletricidade. Lá estava Joe, sozinho, com um cobertor, travesseiros e vários tipos de comida e cerveja aos seus pés. – Feliz Dia da Independência, flor. Está pronta para transar ao ar livre? Ele estava incrível, vestido casualmente com jeans e camiseta azul, bronzeado, com seus braços fortes e toda sua altura caminhando em direção a mim. Sua presença física, debaixo do sol, com o vento soprando em sua camiseta e delineando seu peitoral… meu Deus. Vamos apenas dizer que isso provocou coisas em mim. – Perguntei se você está pronta para transar ao ar livre – ele disse com a voz baixa, inclinando-se para me beijar. Seu beijo tinha gosto de cerveja e maçãs e algo intangível que era próprio dele. Excitação, sexo, conforto… ele era meu vício, aquela coisa que você precisa consumir de vez em quando, sem culpa, sabendo que vai te acalmar, mesmo não sendo muito bom para você. – Sim – eu disse. – Então você não está preocupado com helicópteros ou câmeras ou… – olhei atrás dele, apontando para as pessoas que estavam em outra cobertura ao longe – com aquela gente ali com binóculos? – Não. Estreitei meus olhos e corri minhas mãos em seu peito até o pescoço. – Por que você nunca se preocupa em ser visto? – Por que eu não seria eu mesmo se me preocupasse. Eu ficaria paranoico dentro de casa e não sairia para transar com você numa cobertura. Considere a tragédia que isso seria. – Uma grande tragédia. De repente me ocorreu que ele era indiferente tanto para ser visto quanto para não ser visto. Ele não buscava a fama, mas também não a evitava. Apenas vivia na realidade em torno disso. Era uma maneira tão diferente de interagir com a imprensa e o público que até fiquei um
pouco abalada. Parecia tão simples. Ele abriu um sorriso e beijou a ponta do meu nariz. – Vamos comer. Ela havia trazido pães, queijos, salsichas e frutas. Bolachinhas com geleia e pequenos e perfeitos macarons. Numa bandeja, havia tigelas com azeitonas, amêndoas e pepinos franceses. Num balde de metal, havia várias garrafas de cerveja escura. – Bela seleção. Ele riu. – Eu sei – sua mão passeou por minha barriga e seios. – Espero receber sua gratidão. Ele me puxou para o cobertor, abriu uma cerveja e serviu dois copos. – Você mora neste prédio? – eu perguntei, mordendo uma maçã. A ideia de estar tão perto de seu apartamento me fez sentir um pouco nervosa. – Eu moro no prédio que você me deixou depois de passearmos de táxi naquele dia. Tenho um apartamento aqui, mas é minha mãe quem usa – ele ergueu a mão antes que eu pudesse protestar. – Ela está visitando minha irmã em Leeds por algumas semanas. Ela não vai aparecer aqui na cobertura. – E por acaso alguém vai? Ele deu de ombros e jogou uma azeitona na boca. – Acho que não. Mas não tenho certeza – mastigando, ele me encarou por um instante, sorrindo com os olhos. – Como você se sente sobre isso? Uma apreensão aqueceu meu estômago e eu olhei para a porta fechada, imaginando como seria ficar debaixo de Joe no cobertor, sentindo-o me penetrar, e de repente ouvir o som daquela porta abrindo e fechando. – Estou tranquila – eu disse, sorrindo. – Temos a melhor vista para os fogos – ele explicou. – Eles fazem quatro shows simultâneos ao longo do rio, que nós poderemos ver. Achei que você gostaria disso. Eu o puxei para perto e beijei seu queixo. – Estou mais interessada em ver você completamente pelado. Com um pequeno gemido, Joe empurrou os travesseiros para o lado e me deitou em cima do grosso cobertor. Ele sorriu, fechou os olhos e me beijou. Droga, por que ele tinha que ser tão gostoso? Seria mais fácil ter algo casual – embora certamente menos satisfatório – se Joe fosse um amante medíocre, ou se me tratasse apenas como uma forma conveniente de tirar o atraso uma vez por semana. Mas ele era doce, atencioso e tão seguro de si mesmo a esse respeito que era muito fácil me fazer ficar a seus pés, desejá-lo e implorar silenciosamente por ele. Ele adorava quando eu implorava. Ele me provocava para ter mais disso. E eu implorava para ele me provocar ainda mais. Em momentos como esse, quando ele me beijava, correndo as mãos em minha pele e beliscando em locais sensíveis e famintos, eu tinha dificuldades em não compará-lo com o único outro amante que já havia tido. Will era rápido e desconfortável. Após um ano de sexo recreativo, nosso contato nunca foi realmente sobre explorar ou compartilhar. Transávamos em nossa cama, às vezes no sofá. Uma ou outra vez na cozinha. Mas aqui, Joe passava um morango em meu queixo e depois lambia. Ele murmurava dizendo que iria sentir meu sabor e me foderia até que meus gritos ecoassem pelas ruas lá em
baixo. Ele me fotografou enquanto eu tirava minha camisa e depois sua camiseta. Mais fotos enquanto eu lambia descendo por sua barriga, abria sua calça e tomava seu pau duro em minha boca. Eu queria que ele me deixasse ir até o fim desta vez. Ele sussurrou: – Mantenha os olhos abertos. Olhe para mim – e então tirou uma foto. Eu estava perdida o suficiente naquele momento para não me importar. Por fim, seu celular caiu no cobertor e suas mãos agarraram meus cabelos, guiando meus movimentos e os deixando mais lentos. Minha boca se movia tão devagar que achei impossível Joe gozar desse jeito. Mas ele não me deixava acelerar, e seus olhos se tornaram sombrios, famintos, e finalmente o senti inchar. – Tudo bem? – ele perguntou, com a voz trêmula. – Vou gozar. Murmurei um sinal positivo, observando seu rosto corar e sua boca se abrir um pouco enquanto ele encarava meus lábios, que o envolviam. Os sons que ele fez quando gozou foram graves, roucos, com as palavras mais depravadas que já ouvi. Engoli rapidamente, focando na expressão de seu rosto. – Merda – ele grunhiu, sorrindo. Esticou os braços e me puxou para cima em seu peito. O dia já estava acabando. O pôr do sol primeiro pintou o céu de rosa, depois em tom de lavanda, e nós ficamos olhando as nuvens desfilando. Sua pele estava quente, macia, e virei meu rosto para encará-la, sentindo seu cheiro. – Eu gosto do desodorante que você usa. Ele riu. – Ora, muito obrigado. Beijei seu ombro e hesitei, com medo de arruinar o momento. Mas eu precisava dizer. – Você tirou fotos do meu rosto. Senti mais do que ouvi sua risada. – Eu sei. Vou apagar agora. Apenas quero olhar mais algumas vezes – seu braço pesado começou a procurar cegamente ao redor. O celular estava debaixo da minha cintura, então o peguei e entreguei. Juntos, olhamos as fotos. Minha mão em sua camiseta, em seu peito. Meus seios, meu pescoço. Paramos na foto das minhas mãos desabotoando seu jeans e tirando seu pau para fora. Quando chegamos na foto em que meu polegar acariciava a ponta de sua ereção, ele se virou por cima de mim, duro novamente. – Não, espere – eu disse, com as palavras morrendo em minha garganta enquanto ele me beijava. – Apague as fotos com meu rosto, Joe. Com um gemido, ele rolou de volta e mostrou as fotos para mim. Eu não podia negar que era a coisa mais sensual que já vi: meus dentes enterrados em sua cintura, minha língua tocando a ponta de seu pau e, finalmente, minha boca o envolvendo enquanto eu olhava diretamente para a câmera. Meus olhos ficaram tão sombrios que claramente eu continuaria chupando até não poder mais. Com uma foto dessas, eu permaneceria nessa posição para sempre. Ele apertou o botão para apagar e confirmou. – Isso foi a coisa mais sexy que já vi – ele disse, rolando de volta para cima de mim e beijando meu pescoço. – Eu realmente odeio essa regra de proibir os rostos.
Eu não disse nada. Em vez disso, tirei sua calça e ele tirou meu short, puxando minhas pernas ao redor de seus quadris. – Pegue uma camisinha – murmurei em seu pescoço. – Na verdade – ele começou, afastando apenas o suficiente para olhar em meus olhos –, eu estava pensando que a gente podia acabar com a regra da camisinha. – Joe… – Eu trouxe isto – ele puxou uma folha de papel que estava embaixo do cobertor. Ah, a tão romântica folha com resultados de testes. – Eu não transo sem camisinha desde o colegial – ele explicou. – Não estou transando com mais ninguém e quero transar sem camisinha com você. – Como você sabe que estou tomando pílula? – Porque eu vi a cartela na sua bolsa na biblioteca – ele se aproximou de novo, posicionando seu corpo e mexendo os quadris. – Tudo bem? Concordei, mas tive que perguntar: – Você não está preocupado com o meu histórico? Ele sorriu, beijou meu ombro e subiu a mão até encontrar meu seio. – Conte para mim. Engoli em seco, desviando os olhos. Ele encostou um dedo no meu queixo e virou meu rosto de volta. – Eu tive apenas um outro parceiro – admiti. Os olhos de Joe pararam de sorrir. – Você esteve com apenas uma outra pessoa? – Mas ele transou com todo mundo em Chicago enquanto nós estávamos juntos. Ele praguejou baixinho. – Demi… – Então, se você considerar que eu estive com todas as mulheres que ele comeu, então foi bem mais que uma pessoa – tentei sorrir para suavizar as duras palavras que dizia. – Você fez algum teste desde então? – Sim. Acomodei meus quadris em cima dele, querendo isso mais do que imaginava. Will tinha começado a usar camisinha no meio do nosso namoro; só esse fato já deveria ter me alertado de alguma maneira. Na época pareceu um distanciamento deprimente, apesar de Will ter dito que era para nos certificar de não termos filhos antes de estarmos prontos. Percebia agora que ao menos ele tinha me concedido essa delicadeza. Mas Joe estava fazendo do jeito oposto. Distanciamento primeiro, e depois lentamente navegando por esta estranha monogamia que nós inventamos. Merda, Demi. É assim que a maioria das pessoas faz. Eu me apoiei em seus quadris e subi para chupar seu pescoço. – Certo. Joe se moveu para trás, levou a mão entre nós e deslizou para dentro com um gemido grave. Devagar, muito devagar, ele foi me preenchendo. E então cobriu meu corpo com o seu, beijou subindo por meu pescoço e pressionou os lábios nos meus. – Meu Deus, isso é bom – ele sussurrou. – Nada é melhor que isso. Um estranho desespero tomou conta de mim. Nunca havia sentido seu peso tão
completamente, percebendo cada pedaço de pele com tanta intensidade. Parecia um tipo totalmente novo de posse. Seus ombros eram tão largos, cada músculo flexionava e se definia sob as minhas mãos. Por cima e dentro de mim, Joe parecia me consumir de corpo e alma. Ele continuou a me beijar enquanto mexia, começando tão devagar, deixando que eu sentisse cada centímetro. – Alguém poderia olhar para nós. Ver você debaixo de mim, com as pernas abertas, seus pés descalços em minhas costas – ele se apoiou nos cotovelos e olhou para meus seios. – Acho que gostariam de ver isso. Fechei meus olhos e arqueei as costas para que ele tivesse uma visão melhor. Deus, havia uma segurança tão estranha com Joe. Ele nunca fazia parecer estranho ou errado eu gostar da ideia de ter alguém nos observando. Era como se ele adorasse isso tanto quanto eu. E até quisesse ser flagrado. – O que acha de ter alguém assistindo você transar algum dia desses? – ele perguntou, acelerando um pouco. Soltei toda minha honestidade quase sem fôlego: – Gosto da ideia de pessoas verem você desse jeito comigo. – É mesmo? – Eu não sabia que eu gostava disso antes de conhecer você. Ele praticamente se deitou em cima de mim, com seu corpo pesado e quente. – Quero dar a você tudo que quiser. Amo o jeito como você se transforma quando estou transando com você e observando ao mesmo tempo. Quando tiro as fotos, você perde essa sua barreira misteriosa e se abre por inteira, como se estivesse finalmente respirando. Eu me estiquei debaixo dele, puxando-o o mais perto que pude, e olhei para o céu escurecido no momento em que os primeiros fogos de artifício disparavam acima do rio. O som veio depois da luz, e a explosão fez a cobertura vibrar debaixo das minhas costas. Mais fogos explodiram em cascatas tão brilhantes e tão perto que senti como se o próprio céu pegasse fogo. O edifício vibrava debaixo de mim, fazendo meus ossos tremerem e ecoarem em meu peito. – Meu Deus – ele disse, rindo e mexendo mais forte, estocando com força, cada vez mais fundo. Eu já conhecia muito bem seus sinais a essa altura. Ele mal conseguia se segurar. O barulho era quase ensurdecedor por estarmos tão perto do rio, e o ar ficou pesado com toda a fumaça e as luzes. Ele apoiou a mão ao lado da minha cabeça, ergueu seu corpo nos joelhos e penetrou mais forte, tirando uma foto de onde nos juntávamos enquanto as luzes banhavam minha pele com cores em azul, vermelho e verde. Respirei fundo e deixei o mundo acabar com um grito agudo, mas meu som se perdeu no meio do estrondoso espetáculo ao nosso redor.
Joe puxou um cobertor e nos cobriu, talvez menos por estar frio e mais porque tínhamos acabado nosso showzinho para um público imaginário. Ficamos apenas bebendo cerveja e assistindo aos fogos de mãos dadas. – Você disse que faz tempo que não tem um relacionamento sério, então você acha estranho ser monógamo com uma parceira de sexo casual? – eu perguntei, me virando para encarar seu rosto.
Ele riu e levou a cerveja até a boca. – Não. Eu não sou um babaca tão grande que não poderia ficar com apenas uma pessoa, se for isso o que ela quer. – O que ela quer? Você não se importaria se eu ficasse com outro homem? Ele balançou a cabeça e olhou de volta para o rio, onde a fumaça estava começando a baixar. – Na verdade, acho que me importaria sim – levantou a cerveja novamente e esvaziou a garrafa num único gole. – Nós não usamos camisinha hoje, se você se lembra. Eu não poderia fazer isso se você estivesse ficando com outros homens. Ele esticou o braço para pegar outra cerveja e o cobertor deslizou em seu ombro, revelando suas costas nuas, cada músculo delineado perfeitamente. Eu me inclinei e beijei o caminho entre sua coluna até o pescoço. – Quando foi a última vez que você teve uma namorada? Cecily foi uma namorada? – Na verdade, não – ele voltou a ficar ao meu lado e me abraçou debaixo do cobertor. – Fiquei com algumas mulheres exclusivamente desde que me mudei para cá. Mas faz uma eternidade desde que me apaixonei por alguém, se é isso que você quer dizer. – Sim, acho que é isso que eu quis dizer. – Tive uma namorada séria por um tempo na faculdade. Ela me trocou por um amigo meu. Acabou casando com ele. Fiquei com um pouco de raiva das mulheres por um tempo depois disso. Agora sei que relacionamentos precisam de muito trabalho, energia e tempo – tomou mais um gole. – E não tenho muito disso ultimamente, enquanto estou tentando cuidar da empresa. Não me oponho à ideia de ter alguém, mas é difícil encontrar o par certo, o que pode soar estranho numa cidade com milhões de pessoas. Não senti absolutamente nada quando ele disse isso, nenhuma esperança de o par certo ser eu, nem preocupação de que Joe estivesse procurando outra pessoa. Para alguém como eu, que era um poço de sentimentos, isso foi chocante. Esse vazio parecia se espalhar em meu peito. – Acho que é melhor eu ir – eu disse, alongando meu corpo e deixando o cobertor cair. Joe olhou para minha nudez antes de encontrar meus olhos. – Por que você sempre tem pressa para ir embora? – Nós não passamos as noites juntos – eu o lembrei. – Nem mesmo nos feriados? Eu não me importaria de ter uma transa matinal. Podemos usar o quarto de hóspedes da minha mãe. – Então ligue para o Mike. Ele é bonitinho. – Eu ligaria, mas ele sempre insiste em ficar abraçado na cama depois. Isso é embaraçoso – ele fez uma pausa. – Espere. Você acha o Mike bonitinho? Eu ri, tomando o último gole da minha cerveja e pegando minhas roupas. – Sim, mas você faz mais o meu tipo. – Elegante? Bem-dotado no meio das pernas? Divino? Olhei para ele e ri mais um pouco. – Eu ia dizer que você tem uma ótima boca suja. Seus olhos se tornaram sombrios, e ele me beijou. – Fique até amanhã. Por favor, minha flor. Quero comer você pela manhã, quando estiver ainda meio sonolenta.
– Não posso, Joe. Ele me encarou por um longo momento e então desviou o olhar, tomando um gole da cerveja e murmurando: – Ele realmente causou um estrago em você. Senti meu sorriso murchar. – É melhor não tentar entender uma mulher que deseja que sexo seja apenas sexo. Sim, Will causou um estrago em mim, mas não é por isso que eu não quero ficar. Eu o observei por um momento, quando me lembrei de estampar um sorriso no rosto novamente. – Mal posso esperar para saber o que você vai inventar da próxima vez.
Quando cheguei ao meu apartamento, a excitação de estar com Joe se transformou em uma estranha dor no meu peito. Joguei minhas chaves e a bolsa na mesa e me encostei na parede, encarando a escuridão da sala de estar. Meu apartamento era pequeno, mas, nos poucos meses que estive em Nova York, eu já o sentia mais como um lar do que o grande apartamento que dividi com Will por quase cinco anos. Mas, nesta noite, com a música e os fogos de artifício ecoando por entre os prédios e o som das celebrações nas calçadas lá fora, meu pequeno espaço parecia solitário pela primeira vez desde que me mudei. Sem acender nenhuma luz, tirei minhas roupas enquanto caminhava até o banheiro. Entrei no chuveiro, fiquei debaixo da água quente e fechei os olhos, com esperança de que o som da água abafasse o barulho em minha mente. Não funcionou. Meus músculos estavam tensos e doendo, e o súbito desejo que surgiu no meio das minhas pernas deixou quase impossível que meus pensamentos não girassem em torno de Joe. Nunca fui o tipo de garota que fica obcecada por um homem, mas isso definitivamente parecia estar acontecendo agora. Joe não era apenas lindo, ele era legal também. E eu sabia que era o sexo que nos tornava compatíveis. Eu ainda tentava entender minha nova obsessão de ser observada por ele – talvez até por outras pessoas –, mas essa necessidade surgia como um vapor debaixo da minha pele: era quente, excitante e impossível de ignorar. E Joe parecia aceitar, até mesmo incentivar, de um jeito tão fácil quanto tudo o mais que fazia. Enquanto meu relacionamento com Will existiu apenas para exposição pública, Joe parecia explorar meu desejo pouco familiar de ser observada ao mesmo tempo em que respeitava minha necessidade de privacidade. Por mais que fosse um playboy e parecesse tão errado para mim em todos os sentidos, ele permitia que eu experimentasse algo que nunca sentiria segurança de fazer com Will. Será mesmo que era tão simples assim? Será que eu estava mantendo Joe por perto porque era o oposto de tudo que tive com Will? Meu namoro com Will tinha uma falsa profundidade e nenhuma excitação. Meu relacionamento com Joe era intencionalmente simples, e mesmo vê-lo à distância me fazia sentir como se uma tocha se acendesse em meu peito. Desliguei a água que, subitamente, ficou quente demais. Por um instante, eu me arrependi por não estar com Joe. Joguei fora a chance de tocar sua pele, ouvir seus sons e sentir seu
peso sobre mim a noite toda. Mas, quando entrei em meu quarto e olhei meu reflexo no espelho, senti que minha imagem parecia estranha para mim. Minha postura estava melhor, eu piscava menos, observava mais. Eu podia perceber até mesmo uma sabedoria nos meus olhos que não existia antes.

2 comentários:

  1. Demi sua sonso se eu fosse você tinha ficado com joe,imagina acorda com aquele tesudo kkkk

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  2. boba, voce poderia ter acordado com ele dentro de voce, mas nao... prefere ficar lembrando do babaca

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