Um
– Você vai usar o vestido prateado ou eu vou te matar –
disse Selena na “área da comida”, que era minha nova maneira de chamar aquele
espaço. Com certeza não era grande o suficiente para ser chamado de cozinha.
Saí de um grande prédio de estilo vitoriano nos subúrbios de Los Angeles para um adorável apartamento no East Village
do tamanho da minha antiga sala de estar. Parecia ainda menor depois que desfiz
as malas, coloquei tudo no lugar e recebi minhas duas melhores amigas. A sala
de estar/sala de jantar/área da comida era cercada por grandes janelas que se
projetavam para fora do prédio, mas o efeito deixava o espaço menos elegante e
mais como um aquário. A Selena ficaria apenas o fim de semana, para uma noite
de celebração, mas ela já tinha perguntado ao menos dez vezes por que eu havia
escolhido um lugar tão pequeno. A verdade era que eu tinha escolhido por ser
diferente de tudo que já experimentei. E porque apartamentos pequenos são
basicamente a única opção em Nova York quando você vai morar lá pela primeira vez.
No quarto, experimentei o pequeno vestido cheio de lantejoulas e fiquei olhando
a quantidade de perna branca que eu mostraria à noite. Odiei quando meu
primeiro instinto foi pensar se o Will consideraria revelador demais, enquanto
meu segundo instinto foi perceber que eu adorava aquilo. Eu teria que deletar
imediatamente todos aqueles pensamentos retrógrados de Will. – Diga uma única
boa razão para eu não vestir isto hoje. – Não consigo pensar em nenhuma – Miley
entrou no quarto usando um vestido azulmarinho que parecia flutuar como se
fosse algum tipo de aura. Ela estava, como de costume, inacreditável. – Vamos
sair para beber e dançar, então mostrar um pouco de pele é essencial. – Não sei
o quanto de pele quero mostrar – eu disse. – Estou dedicada a manter meu status
de garota solteira por um tempo. – Bom, algumas garotas vão mostrar até a
bunda, então você não vai se destacar na multidão, se é isso que está te
preocupando. Além disso – ela disse, apontando para a rua lá fora –, é tarde
demais para trocar de roupa. A limusine já chegou. – Você deveria mostrar a
bunda. Foi você quem passou três semanas na França tomando banho de sol pelada
e bebendo o dia inteiro – eu disse, rindo. Miley soltou um pequeno sorriso
secreto e enlaçou o braço em mim. – Vamos lá, minha linda. Eu passei as últimas
semanas com o meu cretino. Está na hora de ter uma noite com as amigas.
Entramos no carro e Selena abriu o champanhe. Com apenas um gole borbulhante, o
mundo inteiro ao meu redor pareceu evaporar e nos tornamos apenas três amigas
numa limusine cruzando as ruas para celebrar uma nova vida. E não iríamos
apenas celebrar a minha chegada: Miley Cyrus estava noiva, Selena estava nos
visitando e a nova Demi solteira tinha um pouco de vida para viver.
A boate estava escura, ensurdecedora e cheia de corpos se
contorcendo: na pista de dança, nos corredores, no bar. Uma DJ tocava num
pequeno palco, e cartazes cobrindo toda a entrada asseguravam que ela era a
mais nova e mais quente DJ que o Chelsea tinha para oferecer. Selena e Miley
pareciam estar completamente ambientadas. Eu me sentia como se tivesse passado
a maior parte da infância e da vida adulta em eventos calmos e formais; agora,
era como se tivesse saído de vez da minha silenciosa história em Los Angeles e entrado no mais típico conto nova-iorquino.
Era perfeito. Forcei o caminho até o bar; meu rosto estava corado, o cabelo
molhado de suor e sentia que minhas pernas não tinham sido usadas daquele jeito
em anos. – Com licença! – gritei, tentando chamar a atenção do barman. Eu nem
sabia o que eram, mas já tinha pedido os seguintes drinques: “mamilos
escorregadios”, “mistura de cimento” e “peitos roxos”. Com o clube lotado ao
máximo e a música tão alta que até fazia meus ossos tremerem, o barman nem
levantava a cabeça para me olhar. É verdade, ele estava realmente superocupado,
e fazer os mesmos drinques chatos a toda hora era um trabalho tedioso. Mas eu
tinha uma amiga recém-noiva, dançando feito louca na pista e querendo mais
bebidas. – Ei! – chamei, batendo com a mão no balcão. – Ele está realmente se
esforçando para ignorar você, não é? Olhei para cima – para cima mesmo – e vi o
rosto do homem que estava encostado em mim no balcão do bar lotado. Ele tinha
quase o tamanho de uma árvore e fez um gesto com a cabeça em direção ao barman.
– Você nunca deve gritar com um barman, flor. Principalmente com a bebida que
você vai pedir. Pete odeia preparar drinque de mulherzinha. É claro. Típico da
minha vida: encontrar um homem lindo apenas alguns dias depois de jurar que
ficaria solteira. Um homem com sotaque britânico. O universo tinha mesmo um
senso de humor hilário. – Como você sabe o que eu vou pedir? – meu sorriso
aumentou, tentando imitar o dele, mas provavelmente parecendo bem menos
charmoso. Dei graças a Deus pelos drinques que eu já tinha bebido, pois a Demi
sóbria teria respondido com monossílabos, um aceno de cabeça e só. – Talvez eu
fosse pedir uma cerveja Guinness. Nunca se sabe. – Dificilmente. Observei você
pedindo esses drinques coloridos a noite toda. Ele estava me observando a noite
toda? Eu não sabia se isso era fantástico ou meio esquisito. Mudei de posição e
ele seguiu meus movimentos. Ele tinha traços angulares, com um queixo quadrado
e maçãs do rosto esguias, olhos luminosos e pesadas sobrancelhas negras, além
de uma covinha profunda do lado esquerdo que surgiu quando seu sorriso se
espalhou pelos lábios. Parecia ter mais de um metro e oitenta, com um corpo
grande o bastante para minhas mãos explorarem por semanas. Olá, Nova York. O
barman voltou e ficou olhando para o homem ao meu lado como se estivesse
esperando um pedido. Meu estranho irresistível mal levantou a voz, mas era tão
grave que foi ouvida sem dificuldade: – Três dedos de uísque Macallan, Pete. E
traga também o pedido desta garota. Ela está
esperando faz uma década, sabe? Ele se virou para mim, com
um sorriso que despertou uma sensação quente em minha barriga: – Quantos dedos
você quer? Suas palavras explodiram em meu cérebro, e minhas veias se encheram
de adrenalina. – O que você disse? Ingênuo. Ele tentou se mostrar ingênuo
suavizando a expressão do rosto. Até que funcionou, mas eu conseguia ver em
seus olhos estreitos que não havia uma só célula ingênua em seu corpo. – Você
realmente acabou de me oferecer só três dedos? – perguntei. Ele riu, esticando
em cima do balcão a maior mão que eu já havia visto. Seus dedos eram do tipo
que poderiam agarrar uma bola de basquete com apenas uma mão. – Flor, é melhor
você começar com dois. Olhei mais atentamente para ele. Tinha olhos amistosos e
mantinha uma boa distância, mas estava perto o bastante para me deixar saber
que estava ali apenas para conversar comigo. – Você é bom de insinuação. O
barman bateu com os dedos no balcão e perguntou qual era meu pedido. Limpei a
garganta, preparando-me para passar vergonha. – Três “boquetes”. Ignorei sua
irritação com o pedido e voltei a prestar atenção em meu estranho. – Você não
parece uma nova-iorquina – ele disse, com o sorriso minguando levemente, mas
nunca deixando de sorrir com os olhos. – Nem você. – Touché. Nasci em Leeds, trabalhei
em Londres e me mudei para cá há seis anos. – Cinco dias – admiti, apontando
para meu peito. – Sou de Los Angeles . A empresa em que eu trabalhava abriu um
escritório aqui e me trouxe para chefiar o financeiro. Uau, Demi. Informação
demais. Você pode estar incentivando um maluco sequestrador. Fazia tanto tempo
desde a última vez em que eu havia olhado para outro homem desse jeito.
Claramente, Will era um mestre nesse tipo de situação, mas infelizmente eu nem
sabia mais como paquerar. Olhei para trás tentando ver Selena e Miley dançando,
mas não consegui encontrá-las no meio do emaranhado de corpos na pista. Eu
estava tão enferrujada para aquele ritual que praticamente tinha virado uma
virgem de novo. – Financeiro? Eu também sou um cara dos números – ele disse, e
esperou eu olhar de volta antes de abrir o sorriso mais um pouco. – É bom ver
mulheres nessa posição. Muitos homens mal-humorados de calça comprida fazendo
reuniões só para ouvir uns aos outros dizendo as mesmas coisas de novo e de
novo. Sorrindo, eu disse: – Eu sou mal-humorada às vezes. E também uso calças
de vez em quando. – Aposto que também usa calça de baixo. Estreitei os olhos. –
Isso significa alguma coisa diferente na Inglaterra, não é? Você está fazendo
outra insinuação? Sua risada se espalhou calorosamente em minha pele. – Calça
de baixo é o que vocês americanos chamam de “roupas íntimas”.
Quando ele disse isso, a palavra íntimas soou quase como um
gemido que ele soltaria durante o sexo, e isso fez algo dentro de mim derreter.
Enquanto meu queixo caía, meu estranho inclinou a cabeça e me observou. – Você
é muito encantadora. E não parece alguém que frequenta muito este tipo de
estabelecimento. Ele estava certo. Mas era tão óbvio assim? – Não sei como
interpretar isso. – Pense nisso como um elogio. Você é a pessoa mais
interessante deste lugar – ele limpou a garganta e olhou para Pete, que voltava
com meus drinques. – Por que você está levando todos esses drinques açucarados
para a pista? – Minha amiga acabou de ficar noiva. Estamos fazendo uma noite só
de garotas. – Então é improvável que você saia daqui comigo. Pisquei, então
pisquei de novo, incrédula. Aquela sugestão franca estava oficialmente fora do
meu eixo. Muito fora. – Eu… o quê? Não. – Que pena. – Você está falando sério?
Você acabou de me conhecer. – E já tenho um desejo enorme de devorar você. Ele
pronunciou as palavras lentamente, quase sussurrando, mas elas ecoaram em minha
cabeça como uma explosão. Era óbvio que ele não era novato nesse tipo de
interação – propor uma noite de sexo sem compromisso – e, embora eu fosse
novata, quando ele me olhou daquele jeito eu sabia que poderia acabar
seguindo-o para qualquer lugar. Todo o álcool que eu tinha tomado pareceu me
acertar de uma vez e trancei as pernas na frente dele. Ele me ajudou a voltar à
posição anterior colocando a mão em meu ombro e sorrindo com malícia. –
Cuidado, flor. Pisquei de novo para clarear a mente. – Certo, quando você sorri
para mim desse jeito, eu sinto vontade de te agarrar. E Deus sabe que faz uma
eternidade desde que alguém me pegou devidamente – olhei para ele de cima a
baixo, aparentemente jogando toda a civilidade pela janela. – E algo me diz que
você poderia fazer esse trabalho muito bem. Quer dizer, caramba, olhe para
você. E olhei. De novo. Respirei fundo, e ele respondeu com um sorriso
divertido. – Mas eu nunca fico com estranhos aleatórios em bares, e eu estou
aqui com as minhas amigas, celebrando o casamento incrível que vai acontecer,
então… – juntei os drinques nas mãos – nós vamos tomar tudo isso aqui. Ele
assentiu uma vez, lentamente, o sorriso se abrindo mais um pouco, como se
tivesse acabado de aceitar um desafio: – Certo. – Então, vejo você por aí. –
Espero que sim. – Aprecie seus três dedos com moderação, estranho. Ele riu. –
Aprecie também seus “boquetes”.
Encontrei Miley e Selena na mesa, acabadas e suadas, e
deslizei os drinques na frente delas. Selena colocou um na frente de Miley e
levantou o outro. – Que todos os seus boquetes desçam redondos assim! – ela
envolveu o copo com a boca, levantou as duas mãos para o alto e jogou a cabeça
para trás, engolindo tudo de uma só vez. – Caramba… – murmurei, olhando para
ela admirada, enquanto Miley ria ao meu lado. – É assim que eu tenho que fazer?
– abaixei a voz e olhei ao redor. – Como um boquete de verdade? – Já virei
mestre em não engasgar – Selena limpou a boca com o braço sem cerimônia e
explicou: – É assim que a gente bebia na faculdade. Agora, vamos lá – ela
cutucou Miley. – É a sua vez. Miley se inclinou na mesa e tomou o copo com a
boca sem usar os braços, como Selena havia feito, e depois chegou a minha vez.
Minhas duas amigas se viraram para mim. – Conheci um cara gostosão – eu disse
sem pensar. – Realmente gostosão. E, tipo, com uns cinco metros de altura. Selena
deixou o queixo cair. – Então por que você está aqui tomando boquetes de
mentira com a gente? Eu ri, balançando a cabeça. Não sabia como responder. Eu
poderia ir embora com ele e a noite poderia mesmo acabar no território dos
boquetes – se fosse a vida de outra pessoa bem mais aventureira do que eu. –
Hoje é a noite das garotas. Você só vai ficar aqui por dois dias. Eu estou bem
assim. – Foda-se isso. Vá aproveitar agora. Miley veio me socorrer: – Estou
feliz por você achar alguém que considere gostosão. Faz uma eternidade que você
não sorri assim por causa de um homem – seu rosto mudou para uma expressão mais
séria enquanto reconsiderava o que disse. – Para falar a verdade, acho que
nunca vi você sorrir por causa de homem nenhum. Com a verdade tão exposta
naquela mesa, peguei meu drinque e, ignorando os protestos de Selena, virei o
copo com a mão e bebi tudo de uma vez. Era doce, delicioso e exatamente o que
eu precisava para clarear a mente e esquecer o idiota em Los Angeles e o estranho bonitão no bar. Então arrastei
minhas amigas para a pista de dança. Em questão de segundos eu me senti com a
cabeça leve, como se estivesse flutuando por aí. Miley e Selena pulavam ao meu
redor, gritando a letra das músicas, também perdidas no mar de corpos suados
que nos envolvia. Desejei que minha juventude se prolongasse um pouco mais.
Longe da minha vida rotineira e cheia de compromissos em Los Angeles , eu
conseguia agora enxergar o quanto tinha deixado de aproveitar. Apenas ali, com
a DJ embalando música após música, fui capaz de perceber como eu poderia ter
passado meus dias quando tinha vinte e poucos anos: debaixo das luzes, dançando
num vestido curtinho, conhecendo homens que desejavam me devorar, vendo minhas
amigas agirem como loucas, selvagens e bobas. Eu não precisava ter ido morar
com meu namorado aos vinte e dois anos. Eu poderia ter vivido uma vida longe do
mundo certinho dos sorrisos forçados e das aparências sociais. Eu poderia ter
sido esta garota: vestida para matar, dançando até o mundo acabar. Para minha
sorte, ainda não era tarde demais. Abri os olhos e vi Miley sorrindo para mim e
respondi com outro sorriso.
– Estou tão feliz por você estar aqui! – ela gritou. Comecei
a responder com outro juramento de amizade eterna, mas, logo atrás de Miley, no
meio das sombras da pista de dança, estava o meu estranho. Nossos olhos se
encontraram e não paramos de olhar um para o outro. Ele estava bebericando seus
três dedos de uísque com um amigo – e, vendo como pouco se surpreendeu por ser
flagrado me olhando, entendi que vinha observando a noite toda cada movimento
que eu fazia. O efeito dessa percepção foi mais potente do que o álcool.
Aqueceu cada centímetro da minha pele, queimou o meu peito e continuou
descendo: o calor passou pelas minhas costelas e se concentrou em minha
barriga. Ele levantou o copo oferecendo um brinde, tomou um gole e sorriu.
Senti meus olhos se fecharem lentamente. Eu queria dançar para ele. Nunca em
minha vida eu me senti tão sexy, tão completamente no controle daquilo que eu
queria. Eu tinha feito pós-graduação, encontrado um bom emprego e até
redecorado minha casa com pouco dinheiro. Mas nunca me senti uma mulher madura
como estava me sentindo ali, dançando como louca com um belo estranho em pé nas
sombras, me observando. Aquele momento – aquele exato momento – seria meu
recomeço. O que significava ser devorada? Será que ele quis dizer aquilo de
maneira tão explícita como parecia? Com sua cabeça entre minhas coxas, braços
envolvendo meus quadris e mantendo minhas pernas abertas? Ou ele quis dizer por
cima de mim, dentro de mim, chupando minha boca, meu pescoço, meus seios? Um
sorriso se abriu em meu rosto e joguei meus braços para o alto. Eu podia sentir
a barra do meu vestido subindo pelas minhas coxas, mas não me importava. Fiquei
pensando se ele havia notado. Eu esperava que tivesse notado. Pensei que, se
ele fosse embora, então o momento seria arruinado, por isso não olhei de novo.
Eu não estava acostumada com o protocolo das paqueras em boates; talvez sua
atenção durasse apenas cinco segundos, talvez durasse a noite toda. Não importava.
Eu podia fingir que ele estava lá no escuro pelo tempo que eu quisesse. Aprendi
a nunca esperar muita atenção do Will, mas, com aquele estranho, eu queria seus
olhos queimando através da minha pele até atingir meu coração, que batia
descontrolado em meu peito. Eu me perdi no ritmo da música e na memória recente
de sua mão em meu ombro, seus olhos negros e a palavra devorar. Devorar. Uma
música se misturou com a próxima, depois a próxima, e mais uma, e, antes que eu
pudesse tomar ar, os braços de Miley envolviam meus ombros e ela ria no meu
ouvido, pulando para cima e para baixo junto comigo. – Você atraiu uma plateia!
– ela gritou tão alto que eu estremeci e me afastei um pouco. Ela fez um gesto
chamando atenção para o lado, e só então percebi que estávamos cercadas por um
grupo de homens usando roupas pretas e apertadas, dançando de um jeito
sugestivo. Olhando de volta para Miley, vi que seus olhos estavam acesos de uma
maneira muito familiar: era aquela mulher obstinada que eu conhecia tanto, que
trabalhou muito até chegar ao topo de uma das maiores empresas de marketing do
mundo e que sabia exatamente o que aquela noite significava para mim. De
repente, um vento frio se espalhou em minha pele vindo de ventiladores no teto
e eu pisquei de volta para a realidade, ainda incrédula por estar de verdade em
Nova York e por estar de verdade começando tudo de novo. E me divertindo de
verdade. Mas, atrás de Miley, as sombras estavam escuras e
vazias; não havia um estranho em pé me observando. Senti um frio na barriga. –
Preciso ir ao banheiro – eu disse. Forcei minha saída do círculo de homens e da
pista de dança e segui as placas até o segundo andar, basicamente uma sacada
que circundava sobre toda a boate. Andei por um corredor estreito até o
banheiro, tão iluminado que até feriu meus olhos. O lugar estava estranhamente
vazio, e a música no andar de baixo parecia vir de dentro da água. Antes de
sair, arrumei o cabelo, me parabenizei mentalmente por ter escolhido um vestido
que não amassava e retoquei o batom. Saí pela porta e dei de cara com uma
parede em forma de homem. Estávamos próximos um do outro no bar, mas não tão
próximos assim. Não com meu rosto em sua garganta, seu cheiro me envolvendo.
Ele não cheirava como os homens na pista de dança, que pareciam ter tomado
banho de perfume. Ele apenas tinha um cheiro limpo, como um homem que lava as
próprias roupas, além de um toque de uísque em seus lábios. – Olá, flor. – Olá,
estranho. – Eu estava assistindo você dançar. – Eu vi você – eu mal conseguia
respirar. Minhas pernas ficaram bambas, como se não soubessem se deveriam
desabar ou voltar a pular no ritmo da música. Mordi meu lábio inferior,
tentando esconder meu sorriso. – Você é tão esquisito. Por que não foi dançar
comigo? – Porque eu acho que você preferia dançar sozinha com alguém
assistindo. Engoli em seco, com meu queixo caído, incapaz de parar de olhá-lo.
Não conseguia enxergar a cor dos olhos. No bar, pensei que eram castanhos. Mas
havia algo mais claro brilhando ali naquela parte da boate, debaixo das luzes
que piscavam freneticamente. Tons de verde, amarelo, numa mistura hipnótica.
Não apenas eu sabia que ele estava me observando – e tinha gostado –, mas
dancei inteiramente pensando na fantasia de ser devorada por ele. – Você
imaginou que eu estava ficando duro? Pisquei. Eu mal podia acompanhar sua
franqueza. Por acaso homens assim sempre existiram? Do tipo que diziam
exatamente o que eles – e eu – estavam pensando sem soar amedrontador, rude ou
carente? Como ele conseguia isso? – Uau. Você… estava? Ele se inclinou para
frente, tomou minha mão e a pressionou firme contra sua ereção, que já estava
se arqueando em minha mão. Sem pensar, envolvi meus dedos ao redor. – Isso tudo
só de me observar dançando? – Você sempre é exibicionista assim? Se eu não
estivesse tão admirada, eu teria rido. – Nunca. Ele me estudou, com o sorriso
ainda em seus olhos, mas os lábios fixos em algo mais excitante. – Venha para
casa comigo. Desta vez eu ri.
– Não. – Venha até meu carro. – Não. De jeito nenhum eu vou
sair desta boate com você. Ele se abaixou e plantou um pequeno beijo carinhoso
em meu ombro antes de dizer: – Mas eu quero tocar você. Eu não conseguia fingir
que não queria também. Estava escuro, com lampejos rítmicos coloridos e uma
música tão alta que parecia sequestrar minha pulsação. Que mal poderia
acontecer com apenas uma única noite selvagem? Afinal, Will teve várias. Eu o
conduzi para além dos banheiros, através do corredor estreito até uma pequena
alcova abandonada que ficava sobre o palco da DJ. Estávamos confinados num
espaço sem saída, sozinhos num canto, mas nem um pouco escondidos. Além da
parede que formava os fundos da boate, o resto do espaço ao nosso redor era
aberto, e apenas um pequeno muro de vidro evitava que caíssemos na pista de
dança abaixo. – Certo. Você pode me tocar aqui. Ele levantou uma sobrancelha e
correu um longo dedo pela base do meu pescoço, indo de um ombro a outro. – O
que exatamente você está oferecendo? Olhei aqueles estranhos olhos iluminados
que se mostravam interessados em tudo ao seu redor. Ele parecia normal, muito
são para alguém que me seguiu através de uma boate e disse tão espontaneamente
que queria me tocar. Lembrei de Will e o quanto ele raramente – exceto para
manter as aparências – queria meu toque, minha conversa, meu qualquer coisa.
Seria assim com ele? Uma mulher o puxaria de lado, se ofereceria, e ele tomaria
o que precisasse antes de voltar para casa? Enquanto isso, minha vida tinha se
tornado tão pequena que eu mal podia lembrar como preenchia as longas noites
solitárias. Será que eu estava sendo gananciosa demais por querer tudo? Uma
carreira incrível e um momento louco aqui e ali? – Você não é um psicopata, é?
Rindo, ele beijou meu rosto. – Você está sim me deixando meio maluco, mas não,
não sou um psicopata. – Eu só… – comecei a falar, e então olhei para baixo.
Pressionei minha mão aberta em seu peito largo. Sua blusa cinza era
incrivelmente macia. Caxemira, pensei. O jeans era escuro e o envolvia
perfeitamente. Os sapatos pretos não tinham um arranhão. Tudo nele era meticuloso.
– Acabei de me mudar para cá – parecia uma boa explicação para a tremedeira em
minha mão. – E um momento como este não parece muito seguro, não é mesmo?
Balancei a cabeça. – Não mesmo. Mas, então, estiquei o braço, agarrei seu
pescoço e o puxei para mim. Ele acompanhou o movimento e sorriu, antes de
nossos lábios se encontrarem. O beijo foi a combinação perfeita entre suavidade
e firmeza, com o uísque esquentando seus lábios contra os meus. Ele gemeu um
pouco quando abri a boca e o deixei entrar, e a vibração ateou fogo em mim. Eu
queria sentir todos os seus sons. – Você tem um sabor tão doce. Qual é o seu
nome? – ele perguntou. Com isso, senti a primeira onda real de pânico. – Nada
de nomes.
Ele se afastou um pouco e me encarou, com as sobrancelhas erguidas.
– Então como devo te chamar? – Do mesmo jeito que você vem fazendo até agora. –
Flor? Confirmei com a cabeça. – E como você vai me chamar quando estiver
gozando? – ele deu outro pequeno beijo. Meu coração bateu mais forte com aquele
pensamento. – Acho que isso não importa, não é mesmo? Erguendo os ombros, ele
aceitou: – Acho que não. Tomei sua mão e a coloquei na minha cintura. – A única
pessoa que me deu um orgasmo no último ano fui eu mesma – movi seus dedos até a
barra do meu vestido e sussurrei: – Você acha que consegue mudar isso? Pude
sentir seu sorriso contra minha boca quando ele me beijou novamente. – Você
está falando sério? A ideia de me oferecer para esse homem num canto escuro de
uma boate era um pouco assustadora, mas não o bastante para me fazer mudar de
ideia. – Estou falando sério. – Você é um problema. – Juro que não sou. Ele se
afastou o suficiente para examinar meu rosto. Seus olhos se moveram até que seu
olhar voltou a mostrar aquele sorriso. – Essa coisa de você nem ter ideia do
quanto é… Ele me virou e pressionou meu corpo contra o muro de vidro para que
eu olhasse a massa de corpos se contorcendo lá embaixo. As luzes pulsavam,
penduradas bem na minha frente em barras de ferro que se estendiam pela boate,
iluminando o andar de baixo, enquanto nosso canto se mantinha praticamente no
escuro. Começou a subir um vapor das aberturas na pista de dança, cobrindo até
os ombros as pessoas que dançavam; ondas se formavam na superfície seguindo o
movimento das pessoas. Os dedos do meu estranho tocaram na barra do meu vestido
por trás, e então ele subiu o tecido, deslizando a mão pela minha calcinha,
passando pela bunda e entre minhas pernas, onde eu definitivamente desejava seu
toque. Aquela posição vulnerável não me envergonhou: eu me arqueava para trás
em sua mão, já completamente perdida. – Você está muito molhada, flor. O que
você gosta? A ideia de que estamos fazendo isso aqui? Ou eu ter te observado
enquanto você pensava em transar comigo no meio da pista de dança? Eu não disse
nada, pois fiquei com medo do que poderia ser a resposta, e perdi o fôlego
quando ele deslizou um longo dedo dentro de mim. Pensamentos sobre o que eu
deveria fazer evaporaram enquanto eu pensava sobre a velha e chata Demi em Los Angeles.
A previsível Demi que sempre fazia aquilo que todos esperavam dela. Eu não
queria mais ser essa pessoa. Eu queria ser irresponsável, selvagem, jovem. Eu
queria viver para mim mesma pela primeira vez na minha vida. – Você é
pequenina, mas, quando está molhada assim, tenho certeza que consegue aguentar
três dedos facilmente.
Ele riu num beijo que pressionou por trás do meu pescoço
quando uma ponta do dedo circulou meu clitóris, provocando lentamente. – Por
favor – sussurrei. Não sei se ele podia me escutar. Seu rosto estava apertado
contra meus cabelos e eu podia sentir seu pau pressionando a lateral da minha
cintura, mas, fora isso, eu estava alheia a qualquer outra coisa, pois seu
longo dedo deslizava novamente dentro de mim. – Sua pele é incrível.
Principalmente aqui – ele beijou meu ombro. – Você sabia que a parte de trás do
seu pescoço é perfeita? Eu me virei e sorri para ele. Seus olhos estavam
arregalados e claros, e, quando encontraram os meus, voltaram a se curvar num
sorriso. Nunca olhei alguém nos olhos tão de perto ao ser tocada daquela
maneira, e algo sobre aquele homem, aquela noite e aquela cidade fez com que eu
imediatamente tivesse certeza de que era a melhor decisão que eu já havia
tomado. Querida Nova York, você é brilhante. Com amor, Demi. P.S.:
Definitivamente não é o álcool falando. – Eu não tenho muitas oportunidades
para olhar o meu pescoço por trás. – É realmente uma pena – ele retirou a mão e
eu senti um frio onde seus dedos quentes estavam. Colocou a mão no bolso e
tirou um pequeno pacote. Uma camisinha. Ele tinha uma camisinha no bolso. Eu
nunca teria pensado em levar uma camisinha para uma boate qualquer. Virando-me
para encará-lo, ele nos fez girar e me pressionou contra a parede, beijando
primeiro com suavidade, depois com um jeito furioso e faminto. Quando pensei
que iria perder o fôlego, ele começou a explorar, chupando meu queixo, minha
orelha, meu pescoço, encontrando o ponto onde minha pulsação batia
freneticamente. Meu vestido tinha voltado a cobrir minhas coxas, mas seus dedos
brincavam com a barra, levantando-a lentamente. – Alguém pode aparecer aqui –
ele me lembrou, dando uma última oportunidade para eu parar aquilo, apesar de
já estar abaixando minha calcinha o suficiente para que eu pudesse tirá-la
completamente. Mas eu não me importava. Nem um pouco. E talvez até uma pequena
parte de mim queria que alguém aparecesse, para que pudesse ver esse homem
perfeito me tocando daquele jeito. Eu mal podia pensar em qualquer outra coisa
além do lugar onde ele estava tocando, o jeito como minha saia estava agora levantada
até a cintura, a maneira como ele pressionava tão forte e insistentemente em
minha barriga. – Eu não ligo. – Você está bêbada. Bêbada demais para isso?
Quero que lembre que eu comi você. – Então faça isso de um jeito inesquecível.
Levantou minha perna, deixando-me exposta ao frio do ar-condicionado que
soprava acima de nós. Prendeu meu joelho ao redor de sua cintura, e agradeci
por estar usando salto alto. Coloquei meu braço entre nós e desabotoei sua
calça, puxando a cueca para baixo apenas o bastante para deixá-lo livre.
Envolvi sua ereção com a mão e a esfreguei por toda a minha pele molhada. –
Droga, flor. Deixe eu colocar isso. Suas calças estavam abertas, mas tinham
caído apenas um pouco abaixo da cintura. Se alguém nos visse por trás, poderia
até pensar que estávamos dançando, talvez apenas nos
beijando. Mas ele pulsava em minha mão, e a realidade da
situação me deixou louca. Ele iria me tomar ali mesmo, pairando sobre a pista
de dança lá embaixo. Naquela multidão, havia pessoas que me conheciam como a Demi
Boazinha, a Demi Responsável, a Demi do Will. Nova casa, novo emprego, nova
vida. Nova Demi. Meu estranho era pesado e muito comprido em minha mão. Eu o
desejava, mas também fiquei um pouco assustada com todo aquele tamanho. Não sei
se já tinha encarado um homem tão duro. – Você é grande – eu disse sem pensar.
Ele sorriu, como um lobo realmente pronto para me devorar, e rapidamente rasgou
o pacote da camisinha com os dentes. – Isso é a melhor coisa que você pode
dizer para um homem. Você poderia até dizer que não sabe se vai caber tudo.
Passei a ponta na minha entrada e tremi por causa disso. Ele era tão quente:
pele macia envolvendo uma rocha. – Droga. Vou gozar na sua mão inteira se você
não parar com isso – ele tremeu um pouco com a urgência enquanto afastava minha
mão para vestir a camisinha. – Você sempre faz isso? – perguntei. Parado na
minha frente, pronto para a ação, com o sorriso mirando meu rosto, ele disse: –
Isso o quê? Sexo com uma mulher linda que não quer me dizer seu nome e prefere
transar num corredor público ao invés de num lugar apropriado como uma cama ou
uma limusine? – ele começou a entrar, demoradamente. A luz acendeu em seus
olhos e, meu Deus, eu não achava que sexo com um estranho pudesse ser tão
íntimo assim. Ele observou cada reação em meu rosto. – Não, flor. Tenho que
admitir que nunca fiz isso. Sua voz estava normal, mas então suas palavras
começaram a falhar, pois já estava profundamente dentro de mim, ali no meio
daquela boate caótica, com luzes e música pulsantes ao nosso redor, com pessoas
passando a apenas alguns metros sem saber de nada. E, mesmo assim, todo o meu
mundo estava reduzido ao lugar onde ele me penetrava, onde esfregava com
firmeza no meu clitóris em cada estocada, onde a pele quente de sua cintura pressionava
as minhas coxas. Não houve mais nenhuma conversa, apenas estocadas que foram
aumentando em velocidade e intensidade. O espaço entre nós se preencheu com
sons abafados de desejo e súplica. Seus dentes morderam meu pescoço e eu
agarrei seus ombros com medo de cair no vão ou em outro lugar que não fosse a
pista de dança, mas um mundo onde adorava estar exposta, com meu prazer visível
para quem estivesse observando – principalmente se fosse aquele homem. – Deus,
você é linda – ele se inclinou para trás, olhou para baixo e acelerou um pouco.
– Não consigo parar de olhar sua pele perfeita e, droga, o ponto onde estou
entrando em você… A luz estava claramente jogando no time dele, pois, da minha
perspectiva, ele estava iluminado por trás e eu podia enxergar apenas a
silhueta do meu estranho. Não distingui nada além de sombras quando olhei para
baixo e visualizei apenas a sugestão do movimento: ele dentro de mim, entrando
e saindo. Escorregadio e duro, pressionando fundo em cada passada. E, como se
tivesse ouvido meus pensamentos, a luz diminuiu para um tom quase negro
acompanhando o som de uma batida lenta e oscilante que preencheu a boate. – Eu
filmei você dançando – ele sussurrou. Demorou alguns instantes para que suas
palavras fossem registradas no meu cérebro.
– O… o quê? – Eu não sei por quê. Não vou mostrar para
ninguém. É só que… – ele encarou meu rosto, diminuindo a velocidade um pouco,
provavelmente para me deixar pensar. – Você estava tão possuída. Eu queria me
lembrar. Caramba, sinto como se estivesse confessando meus pecados. Engoli em
seco, ele voltou a se aproximar e me beijou. Eu perguntei: – Você acha estranho
eu ter gostado de você ter feito isso? Ele riu em minha boca, entrando e saindo
novamente com estocadas lentas e deliberadas. – Apenas aproveite, certo? Eu
gosto de observar você. E você estava dançando para mim. Não há nada de errado
nisso. Ele levantou minha outra perna, passando as duas ao redor de sua
cintura, e, então, por vários perfeitos segundos na escuridão, começou a mexer
de verdade. Rápido e urgente, ele deixou escapar os mais deliciosos gemidos, e
não haveria dúvida sobre o que estávamos fazendo se alguém aparecesse em nosso
pequeno canto no corredor. Só de pensar nisso – sobre onde estávamos, o que
fazíamos e a possibilidade de alguém ver aquele homem me possuindo com tanta
força – eu acabei me perdendo. Minha cabeça rolou para trás contra a parede, e
eu podia sentir sentir sentir crescendo no meu ventre, tão profunda e
pesadamente, uma angústia se acumulando, descendo por minhas costas e
explodindo em meu sexo com tanta força que eu tive que gritar, sem me importar
se alguém poderia ouvir. E eu nem precisava ver seu rosto para saber que ele
estava me observando enquanto eu gozava sem parar. – Oh, droga – seus quadris
perderam o ritmo e então ele soltou um gemido grave, com os dedos enterrados na
minha cintura. Ele vai deixar marcas, pensei. Espero que deixe. Eu queria uma
lembrança desta noite, e desta Demi, para melhor diferenciar a nova vida que eu
estava tão determinada a construir. Ele parou, apoiando-se em mim, com os
lábios encostando gentilmente em meu pescoço. – Minha pequena estranha, você
acabou comigo. Senti ele pulsar dentro de mim – eram tremores secundários de
seu orgasmo – e eu quis que ele continuasse enterrado daquele jeito para
sempre. Imaginei como seria nossa imagem para o resto da boate: um homem
apertando uma mulher contra a parede, com um pedaço das pernas dela visível ao
redor da cintura dele no meio da escuridão. Sua grande mão acariciou minha
perna do calcanhar até a cintura, e, então, com um pequeno gemido, ele se
retirou, colocou meus pés no chão, deu um passo para trás e tirou a camisinha.
Meu Deus, eu nunca nem cheguei perto de fazer algo tão insano assim antes. Um
sorriso tomou meu rosto por inteiro enquanto minhas pernas tremiam quase ao
ponto de desabarem. Não perca a cabeça, Demi. Não perca a cabeça. Foi perfeito.
Tudo aquilo tinha sido perfeito, mas teria que terminar ali. Faça tudo
diferente de antes. Nada de nomes, nada de compromissos. Nada de
arrependimentos. Ajeitando meu vestido, fiquei na ponta dos pés para beijar
seus lábios. – Isso foi inacreditável. Ele concordou, gemendo um pouco no meio
do beijo. – Foi sim. Será que podemos…?
– Eu vou descer – comecei a me afastar e dei um tchauzinho.
Ele me encarou, confuso. – Você está…? – Bem. Estou bem. Você está bem? Ele
assentiu, parecendo perplexo. – Então… obrigada. Com a adrenalina ainda
correndo em minhas veias, eu me virei antes que ele pudesse responder e o
deixei lá, com a calça aberta e os lábios torcidos num sorriso surpreso.
Minutos depois, encontrei Miley e Selena, as duas prontas para irem embora. De
braços dados, nós saímos da boate, e, só depois de entrarmos na limusine,
quando eu estava silenciosamente revivendo cada segundo do que tinha acontecido
com aquele homem poderoso e anônimo, me lembrei: tinha deixado minha calcinha
no chão aos seus pés, além de um vídeo no qual eu dançava para ele no meio da
multidão.
SAFADAAAAAAA senhor engasguei aqui
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