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Estranho Irresistivel - Capitulo 7

Sete

Talvez fosse por isso que Wil conseguia fazer tanta coisa num dia só. Nada clareia mais a mente que gozar gritando com um lindo estranho que não esperava que eu fosse lavar e passar suas roupas depois. Na segunda-feira de manhã, eu me senti energizada e completamente concentrada na reunião de departamento das nove horas. Os outros executivos e suas assistentes tinham finalmente chegado ao novo escritório e, graças ao trabalho de Nick, nós fomos inundados com a perspectiva de vinte novos clientes. Fui soterrada com trabalho. No lado positivo, agora eu teria pouco tempo para fantasiar com bonequinhos de vodu do Wil e técnicas de castração. Mas, no meio da correria – pulando de reunião em reunião, uma parada no banheiro e um momento de sossego após um telefonema –, eu lembrei de minha noite com Joe, seu corpo malhado e nu atrás de mim, minhas pernas pesadas com uma deliciosa exaustão e suas mãos agarrando meus cabelos. “Não feche os olhos, não se atreva a fechar os olhos. Estou quase lá.” Apesar da diversão daquela noite, eu me senti meio fora do ar no sábado de manhã. Não exatamente arrependida, mas um pouco envergonhada por ter realmente feito aquilo. Comecei a pensar que eu estava passando uma má impressão para Joe, aparecendo num local desconhecido e disposta a deixá-lo fazer o que quisesse comigo na frente de centenas de espelhos, onde provavelmente ninguém poderia me ouvir se eu precisasse de ajuda. Acontece que, mesmo debaixo daquela fina camada de mortificação, eu sabia que nunca havia me sentido tão viva. Ele fez com que eu me sentisse segura, por mais estranho que possa parecer, e como se eu pudesse pedir qualquer coisa. Como se ele tivesse visto algo em mim que mais ninguém viu. Ele não pareceu nem um pouco surpreso ou crítico quando exigi meus termos em seu escritório. E nem piscou quando eu disse que não transaríamos em nenhuma cama. Recostei-me na cadeira em minha sala, fechando os olhos à medida que a lembrança da última vez em que transei com Wil, mais de quatro meses atrás, voltava. Nós tínhamos desistido de discutir por causa dos seus horários ou dos meus. A falta de intimidade em nossa relação parecia uma sombra negra que crescia para cobrir o quarto. Tentei apimentar as coisas, aparecendo em seu escritório tarde da noite vestindo apenas um sobretudo e saltos altos. Mas seria melhor se eu tivesse usado uma fantasia de patinho, de tão constrangido que ele pareceu ao me ver. – Não posso transar com você aqui – ele disse rispidamente, olhando por cima do meu ombro. Talvez ele tenha dito aquilo porque só podia transar com outras mulheres no escritório. Eu me senti humilhada. Sem dizer nada, virei e fui embora. Mais tarde, naquela noite, ele voltou para casa e tentou compensar: me acordou, me beijou, tentando ir devagar e fazer direito.
Mas não foi bom. Meus olhos se abriram quando a realidade pareceu me acertar nesse momento totalmente aleatório. Joe fazia com que eu me sentisse tão bem, e Wil apenas fazia com que eu me sentisse horrível. Estava na hora de amadurecer e parar de pedir desculpas por fazer as coisas que eu queria.
Embora eu ainda o desejasse desconfortavelmente muito, saber que Joe iria me contatar em algum momento me fez não ficar a semana inteira pensando em como e onde iria acontecer. Mas, quando chegou a hora do almoço na sexta-feira e ele ainda não tinha entrado em contato, pensei que, se ele quisesse acabar as coisas entre nós, só precisaria parar de enviar as mensagens. Não combinamos nenhuma regra sobre isso. Na verdade, a maneira como eu arranjei tudo significava que o jeito mais gracioso de se afastar seria simplesmente desaparecer. Havia algo de reconfortante sobre um compromisso que era tão tênue a ponto de poder evaporar. Mesmo assim, eu queria encontrá-lo de novo. Deixei meu celular na gaveta da minha mesa, determinada a não levá-lo comigo para a reunião da tarde. Mas, depois de dez minutos discutindo sobre uma campanha de marketing para uma marca de lingerie, e com a lembrança de Joe tirando minha calcinha ainda passando em minha mente, pedi licença e fui até minha sala atrás do celular. Sem mensagem. Droga. De volta à reunião, encontrei Nick mostrando slides rapidamente. Não foi um problema para mim, pois eu já tinha visto a apresentação antes, mas pude perceber que os executivos juniores recém-chegados estavam com cara de quem vai pôr o almoço para fora. – Vai mais devagar, Nick – eu me aproximei e disse em voz baixa. Ele voltou sua atenção para mim, claramente irritado: – O quê? Engoli em seco. Colegas ou não, ele ainda era totalmente assustador. – Acho que você passou pela segmentação de marketing rápido demais – expliquei. – Você terminou isso ontem, mas esses caras acabaram de descer do avião. Deixe eles digerirem a informação. Ele assentiu rapidamente e olhou de volta para a tela. Eu quase podia vê-lo contando até dez em sua mente enquanto esperava os executivos lerem o slide. Olhei para Miley do outro lado da mesa. Ela estava observando-o, mordendo a caneta e tentando não cair na risada. Eu duvidava que Nick tivesse qualquer simpatia pelos funcionários da Ryan Media que tinham acabado de ser transplantados de suas vidas e precisavam memorizar dezessete tabelas com números de marketing em apenas vinte e quatro horas. – Pronto? – ele perguntou, clicando o próximo slide sem esperar uma resposta. Entre na onda ou faça as malas. Foi isso que ouvi Nick falar para um novo sócio de marketing chamado Cole. Meu celular vibrou alto em cima da mesa e eu o peguei, pedindo desculpas pela interrupção. Graças a Deus, pelo Nick e por seu perfeccionismo impaciente, eu tinha esquecido de pensar por dois minutos inteiros se o Joe ainda estaria interessado em mim.
A Biblioteca Pública de Nova York possui alguns volumes fascinantes. Edifício Schwartzman. 18h30. Use uma saia, seus saltos mais altos e nada de calcinha.
Eu sorri olhando o celular, pensando que Joe era um maldito sortudo, pois tudo que eu precisava fazer era tirar a calcinha antes de encontrá-lo. Quando olhei para cima novamente, Miley ainda mordia a caneta, mas desta vez estava olhando para mim, com as sobrancelhas erguidas. Voltei a encarar Nick e me esforcei para ignorar o olhar de Miley. Mas eu não conseguia parar de sorrir.
Nova York é cheia de prédios icônicos. Cada prédio parece familiar ou carregado de história. Mas poucos são tão imediatamente reconhecíveis quanto a Biblioteca Pública de Nova York, com suas estátuas de leões e sua vasta escadaria. Eu o tinha visto quatro vezes desde a primeira vez que transamos e, apesar de este encontro ter sido planejado, eu ainda sentia como se minha respiração fosse sugada para fora quando olhava para meu estranho irresistível. Ele era mais alto do que qualquer outra pessoa ao redor, e, enquanto procurava por mim na multidão, tomei alguns segundos para apenas aproveitar a visão daquele homem. Terno preto, camisa cinza, sem gravata. Seu cabelo tinha crescido nas últimas semanas e, embora ele o mantivesse mais longo no topo, eu gostava do jeito bagunçado de agora e o imaginava se movendo entre minhas pernas. Ele criou uma verdadeira trilha na multidão ao andar pelos degraus com seu grande corpo. Eu quero ver você pelado durante o dia, pensei. Quero ver fotos de nós dois em plena luz do sol. Joe me viu, e me pegou em flagrante olhando abobalhada para ele. Um sorriso safado se abriu em seu rosto e ele fez um gesto com o dedo pedindo para eu me aproximar. Quando cheguei mais perto, ele provocou: – Você estava me olhando vidrada. Eu ri, desviando os olhos. – Não, não estava. – Para quem gosta de ser observada em seus momentos mais íntimos, você fica tímida demais quando é flagrada bancando a voyeur. Senti meu sorriso diminuir enquanto algo acontecia dentro de mim. Sem pensar, eu disse: – Apenas estou feliz por te ver. Isso claramente o pegou desprevenido. Recuperando-se, ele abriu um grande sorriso. – Pronta para jogar? Assenti, estranhamente nervosa, apesar do calor que se espalhou por minha pele. Tivemos uma plateia de centenas de espelhos na última semana, mas, fora isso, estávamos sozinhos. Agora, mesmo às seis e meia de uma sexta-feira à noite, a biblioteca estava lotada. – Isso parece interessante – murmurei, virando para nos conduzir para dentro quando ele pressionou dois dedos sutis em minhas costas. – Confie em mim – ele disse, inclinando-se para frente e sussurrando. – Isso aqui é a sua praia.
Uma vez lá dentro, ele tomou a dianteira, andando na minha frente como se fôssemos apenas dois estranhos passando pela entrada da biblioteca e indo na mesma direção. Enquanto eu o seguia, notei algumas pessoas olhando para ele; duas delas apontaram e assentiram uma para a outra. Apenas no centro de Manhattan um gênio investidor seria tão imediatamente reconhecível. Continuei seguindo seus passos, prestando mais atenção na maneira como seu casaco envolvia seus ombros largos do que para onde estávamos indo. Diminuindo a velocidade, Joe perguntou: – O quanto você sabe sobre a Biblioteca Pública de Nova York, Demi? Sobre esta seção, especificamente? Busquei em minha memória por detalhes que eu podia ter visto em algum filme. – Com exceção da primeira cena de Os Caça-fantasmas? Não muito – admiti. Joe riu. – Esta biblioteca é diferente das outras porque se mantém basicamente com filantropia. Os doadores, como eu – ele acrescentou com um sorriso –, têm um interesse especial em certas coleções e fazem doações generosas; muito generosas, em alguns casos; e, às vezes, ganham alguns mimos em retribuição. Discretamente, é claro. – É claro – eu repeti. Ele parou e se virou para sorrir na minha direção. – Esta é a sala que a maioria das pessoas reconhece, a Rose Main Reading Room. Olhei ao redor. O salão estava aconchegante e convidativo, cheio de vozes sussurrantes, passos amortecidos e o som de páginas viradas. Meus olhos seguiram até o teto ornamentado que imitava o céu, passando pelas janelas arqueadas e os lustres brilhantes no alto, e, por um instante, eu me perguntei se Joe estava planejando transar comigo numa das grandes mesas de leitura que preenchiam o cavernoso e muito lotado salão. Acho que deixei escapar uma insegurança em minha expressão, pois Joe riu suavemente ao meu lado. – Relaxa – ele disse, pousando a mão em meu ombro. – Nem eu não sou tão ousado assim. Ele pediu para que eu esperasse enquanto cruzava o salão para falar com um senhor do outro lado, que parecia saber exatamente quem ele era. O homem olhou para mim por cima do ombro de Joe e eu senti meu rosto corar, desviando rapidamente o olhar. Alguns momentos depois, eu estava seguindo Joe por uma escada estreita até uma pequena sala cheia de estantes e mais estantes de livros. Joe sabia exatamente para onde ir, e eu não pude deixar de imaginar se ele vinha sempre ali ou se teria encontrado o lugar durante a semana que passou. Na verdade, gostei das duas ideias: o Joe que conhecia a biblioteca intimamente, e o Joe que ficou pensando nisso tanto quanto eu. Ele parou num canto silencioso, no meio de duas estantes cheias de livros. Parecia que as estantes nos apertavam dos dois lados; o espaço pequeno dava a impressão de que as paredes se fechavam em cima de nós. Ouvi alguém tossindo e percebi que havia ao menos mais uma pessoa na sala. Uma ansiedade se acumulava em minha barriga. Joe tirou um livro da estante sem nem olhar o que era. – Você gosta de ler pornografia, Demi?
Eu soube por sua risada diante da minha reação que meus olhos provavelmente quase saltaram do meu rosto. Eu não era uma santinha e não estava fechada para a ideia da literatura erótica; mas eu simplesmente nunca fui atrás para ler. – Não leio muito. – Não lê muito? Ou não lê nada? – Já li algumas histórias românticas… Nem terminei de falar e ele já estava balançando a cabeça. – Não estou falando de livrinhos com homens sem camisa na capa. Estou falando de livros que contam como uma mulher se sente quando é penetrada pelo homem. O quanto ela se derrete quando ele desliza a língua dentro dela. Como ele descreve seu sabor quando ela pede. Estou falando de livros que descrevem um casal fodendo de verdade. Meu coração começou a acelerar diante da maneira casual com a qual ele falava sobre coisas que faziam eu querer fechar os olhos e estremecer. – Então, não. Nunca li nada assim. – Bom, então – ele disse, entregando o livro para mim – ainda bem que estou aqui para esta ocasião memorável. Olhei para a capa. Anaïs Nin. Delta de Vênus. Eu conhecia o nome e, como todo mundo, conhecia também a reputação. – Ótimo, vamos emprestar este aqui – virei o livro, procurando por algum tipo de código de barras ou número de catálogo. Mas a capa era de couro, com páginas douradas. Obviamente era uma edição rara. – Podemos levar embora…? – Oh, não, não, não. Ninguém pode tirar estes livros da biblioteca. E, além disso, onde estaria a diversão nisso? A acústica aqui dentro é tão agradável, com a madeira, o teto e tudo mais… – O quê? Aqui? – meu coração quase parou. Por mais que eu adorasse a ideia de ler algo picante com Joe ao lado, eu adorava ainda mais a ideia de ficar completamente selvagem com ele à noite. Ele assentiu. – E você vai ler para mim. – Vou ler coisas eróticas para você aqui? – Sim. E eu provavelmente vou sentir a necessidade de comer você aqui também. Eu permiti a você fazer barulho da última vez. Mas, nesta semana – ele arrumou uma mecha do meu cabelo que caía em meu rosto – você vai precisar gozar quietinha. Engoli em seco, sem saber se isso era algo que eu queria ouvir ou se era algo que me aterrorizava. Sua mão acariciando minha nuca era reconfortante. A palma estava quente, os dedos eram longos o bastante para quase chegar até minha garganta. – Afinal, foi você quem me deu apenas as sextas-feiras, e nada de camas – ele disse. – Considerando as circunstâncias, eu quero fazer algo com você que tenho absoluta certeza que você nunca experimentou antes. – E você? – comecei a reconsiderar os motivos para ele conhecer aquela sala tão bem. Ele balançou a cabeça. – A maioria das pessoas não pode entrar aqui. E, posso garantir a você, eu nunca transei com uma garota na biblioteca antes. Por mais que você pense que sou um especialista nesse assunto, a maioria das minhas aventuras acontece em limusines no caminho para deixar alguém
em casa. Sou mais um cretino do que um galinha, se parar para pensar. Havia liberdade em sua solteirice proposital; eu não precisava fingir que significava mais do que isso. Mas, embora fosse apenas sexo, e embora ele fosse o primeiro homem com quem me envolvi e que não precisava realmente conhecer, eu passei a semana inteira desejando seu toque. Estiquei o braço e puxei seu rosto para mais perto. – Tudo bem. Eu não preciso que você seja um cara legal. Ele riu e me beijou. – Serei muito legal com você, prometo. Até aqui, você se recusou a transar na minha limusine e no meu escritório. Você está me fazendo quebrar todos os meus hábitos. Graças às estantes de livros ao redor, estávamos invisíveis para o resto da sala, mas, se alguém andasse até nosso pequeno canto escuro, ficaríamos totalmente expostos. Algo dentro de mim começou a arder daquela doce e pesada maneira que fazia minhas costas se arquearem e meu coração bater mais forte. Joe deu um passo para frente e se abaixou para me beijar, começando com o canto da minha boca, gemendo com o contato e sorrindo. – Estou seguindo as suas regras, mas isso significa que eu fico duro o tempo todo. Apaguei o vídeo, mas admito que me arrependi. Você vai me deixar tirar umas fotos hoje? Era preciso pouca coisa para ele me fazer sentir como se eu não fosse mais sólida, como se estivesse me tornando uma geleia quente e molhada. – Sim. Ele sorriu para mim de um jeito que me fez temer ter entregue minha alma para o diabo. Mas então ele beijou meu queixo, sussurrando: – Você sabe que eu nunca mostraria para ninguém. Odeio a ideia de qualquer outro homem te vendo assim. Quando você me deixar, o próximo coitado vai ter que descobrir sozinho como excitar você. – Quando eu deixar você? Ele deu de ombros, com os olhos arregalados e atentos. – Ou quando terminar com isto. Você decide como descrever nossa situação. – Eu quase pensei hoje que você simplesmente não iria mandar uma mensagem. Pensei que talvez fosse acabar assim. – Acho que isso seria uma merda – ele disse, franzindo a testa. – Se um de nós quiser terminar tudo, vamos ter a cortesia de dizer um para o outro, certo? Concordei, surpresa com meu próprio alívio. Suspeito que, mesmo tendo combinado comigo mesma que isso seria apenas sexo, se tudo acabasse eu ainda sentiria falta disso – sentiria falta dele. Joe não era apenas um ótimo amante, ele também era divertido. Mas ele era um jogador, e levava nossa relação tão a sério quanto eu… ou seja, nem um pouco. – Agora que isso está resolvido… Ele me virou para que eu ficasse de frente para as estantes. Passando um braço ao redor de mim, ele abriu o livro, virando as páginas até encontrar uma passagem específica, e então moveu minha mão para segurar o livro aberto. Com ele me apertando por trás e a estante na minha frente, eu me senti completamente escondida, como se tivesse sido enterrada por esse homem grandioso. Ou melhor, como se estivesse sob sua proteção.
– Leia – ele sussurrou, sua respiração quente em meu pescoço. – Comece aqui. Ele indicou com o dedo um parágrafo no meio de um capítulo. Eu não sabia o que estava acontecendo, nem quem era o narrador. Mas entendi que isso não importava. Molhando os lábios, comecei a ler. – “Quando ele e Louise se encontraram, saíram juntos de imediato. Antonio estava fortemente fascinado pela brancura de sua pele, a abundância dos seios, a cintura esguia…” As mãos de Joe subiram por baixo do meu vestido, passando por meus quadris, pela barriga, até chegar aos seios. – Você é tão macia. Uma de suas mãos deslizou pela lateral e chegou ao meio das minhas pernas, provocando naquele ponto molhado. Foi difícil me concentrar nas palavras diante de mim, mas continuei lendo. Joe tirou as mãos e minha mente clareou por apenas um momento, pois, atrás de mim, eu podia sentir seu corpo se mexendo, podia ouvir o tilintar do cinto se abrindo. Eu mal processava as palavras enquanto as pronunciava e, em vez disso, fiquei ouvindo os sons que ele fazia. Será que conseguiria continuar com aquilo? Não era a mesma coisa que dançar loucamente numa pista de dança, com luzes frenéticas e corpos contorcidos; não era um restaurante e uma mão debaixo da mesa. Estávamos na mais famosa biblioteca pública, cheia de volumes raros, chão de mármore… história literária. Desde que entramos, não tínhamos nem falado em voz alta. E iríamos transar? Uma coisa era imaginar, outra era estar ali, prestes a realizar uma fantasia. Eu estava nervosa. Inferno, eu estava apavorada. Mas também estava elétrica, cada neurônio disparando ao mesmo tempo, o sangue bombeando violentamente em minhas veias. Minha voz foi sumindo enquanto eu lia. – Concentre-se, Demi. Pisquei olhando para o livro, lutando para manter minha atenção nas palavras da página. – “Tudo o fazia rir. Ele passava a impressão de que o resto do mundo havia desaparecido e apenas aquele banquete sensual existia – não haveria mais amanhã ou encontros com outras pessoas, havia apenas este quarto, esta tarde, esta cama.” – Leia essa parte de novo – ele grunhiu e então levantou minha saia. – “Este quarto, esta tarde, esta cama.” Quando eu estava prestes a ler, e sem qualquer aviso, ele deslizou para dentro de mim – eu estava tão molhada que ele nem precisou provocar ou acariciar. Foi apenas preciso um livro, os toques mais breves e o som de sua calça abrindo. Eu gemi, querendo que ele encontrasse uma maneira de entrar por inteiro em mim. Eu estava convencida de que ser rasgada em duas por ele seria o maior prazer que eu poderia experimentar. – Silêncio – ele me lembrou, saindo e entrando demoradamente em mim. Ele era tão duro, tão longo. Lembrei da forte pontada quando ele me penetrou quase de quatro na semana passada em frente aos espelhos. Lembrei do quanto eu temia e adorava cada estocada brutal. Quando ele viu meu rosto durante o orgasmo em cem diferentes espelhos, ficou completamente maluco. Mais do que qualquer outra coisa, vê-lo daquele jeito foi o clíJoe da minha noite. Estávamos no final de um corredor escuro, mas eu podia ouvir os sons abafados de outra pessoa na sala. Mordi o lábio enquanto Joe baixava sua mão por minha cintura até chegar no
meio das pernas, onde começou a brincar com meu clitóris. – Continue lendo. Senti meus olhos se arregalarem. Estava falando sério? Se eu permitisse que minha garganta fizesse sons, não me responsabilizaria pelo resultado. – Não posso – eu disse ofegando. – É claro que pode – ele disse, como se estivesse sugerindo para que eu simplesmente respirasse fundo. Seus dedos pasDemim novamente por meu clitóris. – Ou podemos parar por aqui. Joguei um olhar irritado sobre meu ombro e ignorei sua risada silenciosa. Eu nem sabia mais onde tinha parado, ou o que estava acontecendo na história, apenas sabia que Antonio estava rasgando o vestido de Louise, mas deixou um cinto com uma grande fivela no lugar. Eu mal conseguia respirar, mas comecei a ler de novo numa cadência lenta e gaguejante que parecia deixar Joe louco. Seus dedos se enterraram na minha cintura e ele cresceu dentro de mim. – Por favor… – implorei. – Deus – ele ofegou. – Continue. De algum jeito, consegui pronunciar as palavras em sequência, e o texto ficava cada vez mais quente e selvagem. Tão descritivo. Falava de sua parte molhada como cheia de “mel”. O homem lambia e chupava cada pedaço do corpo daquela mulher, explorando e provocando, até que eu comecei a sentir o peso do meu desejo e do dela. Para meu horror, eu podia sentir minha própria umidade descer por minhas coxas, deslizando entre nós com a força de seus movimentos. – Demi. Merda. Toque a si mesma. Eu cuidadosamente mantive o livro aberto com um braço e levei uma mão para o meio das minhas pernas. Eu estava tão quente, tão pressionada com o peso do meu orgasmo que se anunciava que comecei a gozar em poucos segundos. Minhas últimas palavras saíram entrecortadas. – “… pensou que… ficaria l-louca… com uma raiva e um p-prazer…” Quando meus músculos pararam de tremer, ele enfiou com força em mim mais algumas vezes e então parou, abafando um gemido com sua boca em meu pescoço. A sala estava completamente silenciosa, e então percebi que não tínhamos noção do barulho que na verdade estávamos fazendo. Eu sabia que tinha sussurrado cada palavra que li. Mas, quando gozei, será que deixei escapar outros sons? Eu me perdia completamente junto dele. Ele se retirou de mim, soltando um grunhido silencioso. Então sussurrou: – Volto já. Fiquei ali parada, ouvindo-o desaparecer atrás de mim enquanto eu arrumava minhas roupas. Depois ele voltou, beijando meu pescoço. – Humm. Linda. Eu me virei para olhar seu rosto. – E pelas suas regras – ele disse, olhando para mim enquanto abotoava o casaco do terno –, acho que está na hora de cada um ir para o seu lado. Arrumei meu vestido, que já estava arrumado. Esse era nosso acordo – fui eu quem exigiu assim – mas parecia… estranho. Ele continuou olhando para mim com um brilho nos olhos, quase como quem diz Acabei de te dar um orgasmo insano e você parece um pouco fora do
ar, mas, enfim, foi você quem criou essas regras tontas! E acho que ele estaria correto. – Certo. Perfeito. Ainda bem que estamos na mesma página – eu disse, quase sem pensar. Ele riu enquanto guardava o livro na estante. – E ainda bem que essa página não faz parte de nenhuma coluna social, não é? Uma transa tão sensacional e ninguém nunca vai saber. Com certeza estamos de acordo. – Você não se cansa disso, às vezes? – perguntei. – Das pessoas olhando para você? – lembrei do quanto eu odiava os comentários do Wil sobre meu cabelo ou as minhas roupas, a especulação sobre se eu tinha engordado ou não, ou sobre com quem eu tinha me encontrado. Imaginei se Joe sentia a mesma coisa. – Não é como se eu fosse uma celebridade de verdade. As pessoas aqui apenas gostam de saber o que eu estou fazendo. Acho que a maioria das pessoas que leem as fofocas apenas querem pensar que estou me divertindo. Aquilo pareceu otimista demais. – Está falando sério? Eu acho que eles querem é pegar você de calças curtas. – Espere um pouco, não é isso que você quer? – ele riu quando eu revirei os olhos, e continuou: – A imagem de homem galinha é conveniente para eles. Mas não saio por aí transando com uma garota diferente por noite. Eu me inclinei para beijá-lo e acrescentei: – Bom, pelo menos não ultimamente. Algo passou por seus olhos, como uma pequena expressão de confusão que sumiu rapidamente. – É isso mesmo – ele se aproximou e me beijou docemente, com as mãos segurando meu rosto. – Então, vamos embora? Assenti, um pouco atordoada. Joe fez um gesto para eu ir na frente e então subimos as escadas, voltando para o andar principal da biblioteca. Nada havia mudado: o som dos sussurros e páginas viradas ainda preenchia o ar e ninguém olhou em nossa direção. Senti uma excitação com o que fizemos e o fato de que ninguém percebeu. Estávamos chegando na saída quando Joe agarrou meu braço e me puxou para um canto escuro. – Só mais um – ele disse, colando os lábios nos meus. Foi um beijo suave, doce e demorado, como se ele não quisesse ser quem pararia o beijo. Engoli em seco quando olhei em seus olhos novamente. – Até a semana que vem, flor. E então, ele se foi. Fiquei observando enquanto ele cruzava o salão e ganhava a rua, e me perguntei o quanto eu me arrependeria disso quando tudo terminasse.

3 comentários:

  1. to sentindo que alguem cof cof joe cof cof ta se apaixonando

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  2. Ownnnn que fofos,eu acho que os dois já estam apaixonados

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  3. to sentindo que alguem cof cof joe cof cof ta se apaixonando 2
    ta perfeito, posta logo pelo amor de deus

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