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Anjo da Noite 3 - A Origem - Capitulo 17


Capítulo 17 – Vulnerável


Mellany saiu correndo pela porta aos prantos e Demi saiu atrás dela... Eu fiz o mesmo, ignorando quando a professora tentou me barrar e gritou que eu levaria uma advertência... Por mais estúpido que fosse eu não ligava, só queria saber se ela estava bem. De primeira achei que ela teria corrido até o banheiro como fez quando passou mal, mais vi que estava errado quando de longe vi Demi sair do banheiro com um ar de frustração.

_Onde você foi Mellany?_ sussurrei pra mim mesmo.

Dei a volta na escola procurando por ela até ver uma escada que dava pro terraço... Meu pai tinha estudado aqui a vários atrás e ele me falou muito desse lugar... Que ele costumava se esconder ali quando queria ficar só... Então resolvi tentar, quanto mais eu subia mais alto ficava o som de choro... Então vi Mellany sentada no chão, abraçando as próprias pernas, o rosto escondido. Eu caminhei em silencio e me sentei ao lado dela... Ela não se moveu.

_É tão ruim assim?_ murmurei um tempo depois, já que ela não deu sinal de que se importava com minha presença.
_O que?_ ela levantou o rosto pra me olhar, sua voz estava falha pelo choro.
_A possibilidade de você estar apaixonada por mim é assim tão ruim?
_Porque esta perguntando isso?
_Pra você chorar desse jeito deve ser realmente bizarro... Eu sou assim tão feio?

Ela sorriu em meio ao choro com a minha piada idiota... Me fez bem vê-la sorrir, ela tinha o sorriso mais lindo que já vi na vida, ao menos eu servia pra alguma coisa. Mais então seu sorriso se desfez.
_Não tem nada haver com você Ryan_ ela disse.
_Não?
_Você é uma ótima pessoa... Eu é que sou uma idiota.
_Não fala assim... Não foi nada demais, não precisa ficar desse jeito.
_Você não entende_ fechou os olhos com força_ nunca vai entender.
_Então me explica o que é que te incomoda tanto?

Ela se levantou do chão e ficou de costas pra mim... Os braços cruzados... O que ela escondia? Porque era tão misteriosa?

_Acho que consegui descobrir mais uma coisa sobre você... Por trás de tanto mistério.
_E o que seria?_ ela perguntou sem me olhar.
_Você é vulnerável.
_Como é?_ ela se virou pra me olhar com um ar de interrogação no rosto.
_Você é sempre durona... Discutindo com a Nathalia, aturando as loucuras das suas amigas... Sempre uma pessoa centrada. Mais no fundo você é frágil, tem medo que descubram seus segredos, que toquem no seu ponto fraco... Porque lá no fundo você é vulnerável e sabe disso.
_Você não me conhece_ pareceu irritada com o meu comentário.
_Não mesmo? Então estou errado?
_Não exatamente... Você só não sabe o motivo do meu medo. Não estaria aqui se soubesse.
_É tão ruim assim?
_Você nem faz ideia.

Eu considerei isso por um instante... O que poderia ser assim tão grave? Eu não conseguia imaginar nada vindo dela que pudesse ser assim tão horrível. Mais eu gostaria de conhecê-la melhor, descobrir os seus gostos, os seus medos... Ela simplesmente prendia totalmente minha atenção e eu não conseguia pensar em mais nada.

_Olha... Eu não sei quem você é de verdade ou o que esconde. Mais eu gostaria de saber, gostaria que você confiasse em mim e...
_Porque você se importa?_ ela me interrompeu.
_Não sei... Só sei que gosto de você, é uma pessoa especial Mellany, da pra se ver isso.
Ela deu um meio sorriso, mais um ponto pra mim... Eu me levantei e parei na frente dela, encarando seus lindos olhos azuis. Senti ela recuar um pouco com a proximidade repentina, então segurei sua mão.

_Tenho uma proposta pra te fazer.
_E qual seria?
_Quer fugir daqui hoje? Dar uma volta comigo por ai? Pra gente se conhecer melhor.
_Não sei se é uma boa ideia_ disse com receio.
_Vamos... Onde esta seu espírito de aventura?

Ela me encarou em silencio... Tentando decidir se eu era ou não louco. Mais ao que parecia isso era algo bom... Ela sorriu.

_Tudo bem... Eu vou.
Mais um ponto pra mim, se ela aceitou fugir comigo então ela gostava de mim, nem que fosse um pouquinho. Nós saímos correndo escada abaixo de mãos dadas e conseguimos dar uma volta no porteiro da escola... Ele parecia mesmo meio burrinho.

_Então... Você vai começar a me fazer um interrogatório pra me conhecer melhor?_ ela perguntou enquanto andávamos pela rua vazia.
_Tem umas coisas que eu gostaria de saber_ confessei.
_Vamos lá... Pode perguntar.
_Vejamos... Qual a sua cor favorita?

Ela parou de andar e começou a me olhar novamente com cara de interrogação, mais ela parecia querer rir.

_Que foi?
_É isso que você vai me perguntar? Minha cor favorita?
_Pensou que eu fosse perguntar o que? Se você já matou alguém?_ eu ri_ Ou talvez os segredos do seu diario.
_Eu não tenho um... É pra idiotas... E eu achei que fosse perguntar algo importante.
_Isso é importante... Qualquer detalhe sobre você é importante.

Ela desviou os olhos do meu rosto envergonhada e percebi que seu rosto estava vermelho... Ela ficava linda com vergonha.

_Você fica linda com vergonha_ disse sem pensar.
_Roxo_ ela disse.
_O que?
_Minha cor favorita é roxo_ sorriu e começou a andar.
Eu sorri também e a segui... Deixando que ela nos guiasse pela rua. Eu não conhecia nada por aqui mesmo.

_A minha cor favorita é a dos seus olhos_ eu falei.
Ela me olhou de lado sem jeito, eu a estava deixado sem jeito mais gostava disso.
_Azul_ eu disse pra disfarçar_ igual os seus olhos.
_Ah... Eu também gosto de azul, mais o roxo me seduz_ ela disse e nós dois rimos.
_E qual a sua fruta favorita?
_Morango.
_Comida?
_Bife com batata frita_ revirou os olhos_ sou louca por batata frita.
_Ok... Se algum dia você aceitar sair comigo já sei onde te levar... Mc.Donalds. As batatas de lá são ótimas.

Ela sorriu ainda mais... Cada sorriso seu fazia meu coração bater mais depressa, isso nunca era um bom sinal. Ela estava começando a ser fascinante demais.

_Filme favorito?
_Ah essa é difícil... Gosto de tantos filmes.
_Escolha um que você goste mais.
_Érr... Resident Evil.
_Como é?
_Que foi? Eu adoro filmes assim, com zumbis e essas coisas... Romance não é muito a minha praia.
_Você parece mesmo dessa que curte uma aventura, perigo.
_Acertou.
_Musica?
_Leave out all the rest... Linkin Park.
_Eu adoro essa musica.
_Eu gostava de ouvir minha mãe cantar... É muito bonita.

E assim eu a encho de perguntas banais e idiotas... Passamos o tempo falando de besteiras da vida... Rimos e nos conhecemos melhor. Ela tinha muita coisa em comum comigo, e isso me agradou. Já tinha passado da hora do almoço, e ainda estávamos vagando por ai sem rumo... Eu paguei um sorvete pra ela e ela disse que gostaria que eu conhecesse um lugar... Nos enfiamos no meio da floresta o que me preocupou um pouco mais ela parecia muito segura de pra onde estava indo... Então me deixei levar... Agora aprofundando mais as perguntas.
_Então... Você tem irmãos?
_Não... Eu já dei muito trabalho aos meus pais, acho que mais um eles não agüentam.
_Sei como é_ sorri_ Eu queria ter um irmão mais... Minha mãe morreu quando eu tinha dez anos, ai acho que não rola mais. Meu pai nem sonha em se casar de novo.
_Sinto muito.
_Tudo bem... Já faz muito tempo.

Já não doía como antes... Minha mãe agora era uma bela lembrança em minha vida, como um anjo que me protegia.

_Então... Você tem namorado?
_Não_ respondeu como se fosse uma pergunta absurda.
_Porque o espanto? Você é muito bonita... Inteligente.
_Mais eu não tenho namorado... E duvido que consiga achar um...
_Por quê?
_Se eu te contasse teria que te matar.

Eu apenas ri... Queria dizer que não seria nada difícil ela arrumar um namorado, que eu podia cumprir esse papel se ela quisesse mais me calei antes que estragasse o momento... Eu estava ficando louco.

_É aqui_ ela sussurrou um tempo depois.
_Nossa... Esse lugar é lindo.

Estávamos em uma pequena clareira... Onde tinha um lago... O lugar era simplesmente deslumbrante, tipo aquelas coisas que só vemos em filme.

_Como você achou esse lugar?
_Meus pais_ ela disse sorrindo_ eles se encontravam escondidos aqui, já que as famílias deles não aceitavam o namoro.
_Porque não?
_Eles eram... São... Diferentes sabe?
_Diferentes como?_ perguntei interessado_ Você quer dizer... Financeiramente?
_É um pouco mais complicado que isso... Seria bom se o problema fosse só esse.
_Não entendo_ confessei.
_Eu sei... Talvez um dia você acabe descobrindo... Só não hoje.
Eu queria continuar a perguntar... Mais sabia que ia irritá-la, que ela não queria que eu soubesse. Então apenas aproveitamos a companhia um do outro, continuamos a conversar e rir juntos, esquecendo por algumas horas todos nossos problemas... Até que começou a anoitecer e nos lembramos que tínhamos de ir embora.

_Bom... Eu tenho que ir... Minha mãe deve estar louca da vida atrás de mim_ ela disse.
_É eu também.
_Obrigada pela tarde... Foi maravilhosa Ryan.
_Sempre que quizer_ eu sorri_ e não vou esquecer que estou te devendo uma ida ao Mc.Donalds.
_Ok_ ela riu.

Eu me aproximei dela e lhe dei um beijo no canto da boca... Eu podia ouvir seu coração bater acelerado e seu rosto corar de vergonha... Ela me olhou nos olhos e senti uma felicidade que a muito eu não sentia... Já havia me esquecido como era.
_Até amanhã Ryan.
_Até amanhã.

Ela me deu as costas e sumiu... Eu fiquei parado ali mais um tempinho, processando todo o dia que tivemos juntos. Agora que ela tinha ido embora não parecia real... Parecia um sonho bom, do qual eu acabei de acordar... Infelizmente.


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