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A Secretaria - Capitulo 17



                     CAPÍTULO 17: DALLAS


Eu sempre sabia quando eu não estava dormindo no meu próprio quarto. Era a mudança nos ruídos, seja barulho de mais ou de menos. Era a intensidade da luz, mais brilhante ou mais abafada. Era o cheiro, o traço distinto do meu próprio aroma, ou a presença distinta do de outra pessoa. Era a sensação de uma cama estranha debaixo do meu corpo, as ondulações, as denotações do colchão de outra pessoa. A sensação dos lençóis de outra pessoa.
Eu nunca conseguia dormir rapidamente numa cama que não fosse a minha, e normalmente me virava e revirava entre as cobertas até pegar no sono. Nenhuma dessas coisas, no entanto, foram empecilhos na cama de Joe. E eu simplesmente sabia que este era o quarto dele, e não um quarto de hóspedes.
O apartamento ficava num andar suficientemente alto para que não houvesse o menor som do tráfego nas ruas, porém havia uma brisa suave do vento batendo contra a janela, que tirava o tom opressor do quarto. Havia cortinas pesadas tapando as janelas, mas não estavam completamente fechadas, permitindo que um feixe de luminosidade entrasse, o bastante para que eu distinguisse as formas do ambiente. O quarto todo cheirava a sabonete, loção pós-barba, e apenas, ele. O colchão e lençóis eram incrivelmente caros, a julgar por quão quentes e confortáveis eles me faziam sentir.
Na verdade, eu nunca havia ficado tão confortável em toda a minha vida. Adormeci muito rápido na noite passada, de pura exaustão emocional, abrupta e nada breve. Também me revirei um pouco sob as cobertas, mas não porque estava desconfortável, e sim por causa do cheiro de Joe me tomando de assalto. Acho que talvez seja aquela coisa que falam de como o aroma natural de uma pessoa é a base da atração.
Quando olhei para o relógio no criado-mudo ao lado da cabeceira da cama, vi que ainda eram cinco horas da manhã. Meus sonhos bastante gráficos haviam me despertado, me deixando suada, latejando e frustrada em meu vestido azul completamente amassado. A choradeira de ontem à noite resultou numa garganta fechada, contraída, olhos inchados e, sem dúvida, deviam estar com os contornos avermelhados.
Eu estava um verdadeiro balaio de gato, e isso sem nem considerar meu estado emocional. Por que Joe não podia ter simplesmente me explicado tudo ontem à noite? Será que ele era tão covarde assim?
O Joe Jonas que conheci logo de início era um magnata, homem de negócios, calmo frente à competidores furiosos, lidando com bilhões de dólares sem piscar o olho. Ele era como um dos caras de Mad Men.
O Joe Jonas que vi ontem à noite havia se retraído sob meu olhar, tinha se segurado e apoiado em mim como se temesse que eu fosse desaparecer, e havia se recusado a fazer uma simples defesa do seu próprio traseiro. Recordo de histericamente lhe dizer que o odiava, que toda essa confusão emocional era culpa dele, e tudo o que ele fez foi concordar comigo.
E mais importante ainda: eu realmente iria cruzar os céus para ir para outro estado com ele? Eu sabia que ele tinha crescido em Dallas e que aquela cidade ainda era a localização do lar da família Jonas. Eu só não entendia como ele poderia se explicar para mim lá.
Apesar de Joe não ter desejado que eu fosse para casa, e basicamente ter me ordenado para ir à Dallas com ele, eu sabia que se fosse persuasiva o suficiente, ele nunca me forçaria a nada.
A atitude mais segura a se tomar agora era recuar e esquecer isso tudo, antes que ele tivesse a chance de me magoar ainda mais. A antiga Demi, aquela que jamais acreditaria que tivesse uma remota chance com Joe tomaria esse rumo. A nova Demi, aquela que havia recentemente testemunhado o quanto Joe é atraído por ela, decidiu jogar a cautela pelos ares e faze-lo mostrar suas cartas.
Decidida, e em necessidade extrema de cuidar da minha higiene, fui aos tropeços na meia-luz para o banheiro ligado exclusivamente ao quarto de Joe. Depois de usar o sanitário e espiar o estado da minha cara no espelho, rapidamente penteei meus fios bagunçados correndo as mãos nos cabelos e lavei o rosto. Aproveitei para usar um pouco da pasta de dentes, a pasta de dentes de Joe, e escovei os dentes usando a ponta do dedo mesmo.
Em seguida, sorrateiramente me desloquei para o corredor de paredes brancas, resolvendo deixar meus sapatos de salto esquecidos pelo momento. Não conseguia me lembrar exatamente por qual caminho se chegava à cozinha, e o apartamento de Joe era um verdadeiro labirinto. Eu havia organizado os documentos da compra do imóvel há alguns meses atrás, então sabia que ele havia pagado uma nota preta pelo lugar.
Eu estava começando a pensar que eu ficaria presa para sempre nessa masmorra de corredores brancos, tipo aqueles que se colocam ratos de laboratório para eles alcançarem o queijo, quando percebi uma luz acesa há pouca distancia do quarto principal onde eu havia dormido.
A porta estava parcialmente aberta e as lâmpadas estavam acesas. Eu momentaneamente considerei bater na porta antes de entrar, mas concluí que se ele ia me manter cativa em sua casa contra minha vontade, por menor e mais fraca que fosse essa vontade, bem, que se fodam as boas maneiras.
Quando entrei no quarto senti minha raiva e algo mais primitivo me agitando. Era um quarto de hóspedes. O que me levou à questão: por que Joe não me colocou aqui na noite passada? A cama parecia perfeitamente confortável, então isso não era exatamente o problema. Além do mais, ela parecia intacta, como se não tivesse sido usada, logo, a não ser que Joe tivesse dormindo em outro quarto, eu não fazia ideia do que ele ficou fazendo enquanto eu dormia no quarto dele.
Minha atenção ficou tão tomada pela cama imaculada à minha frente, que levei um minuto para que outro detalhe penetrasse meu consciente. O som de água correndo. Mas, mais importante que isso, alguém havia gemido meu nome.
Eu levantei os olhos da cama lentamente, para ver que este quarto também tinha um banheiro exclusivo, e que a porta deste banheiro estava completamente escancarada. Eu só podia ver um espelho enorme e a pia de onde eu estava, mas dava para ouvir claramente o chuveiro ligado e o som do atrito de pele contra pele.
Caralho. Eu já estava meio entorpecida por causa dos meus sonhos ferventes, mas isso não era nada comparado ao modo como uma onda de calor e pressão correu pela minha pele, ou ao modo como meu corpo se curvou e pulsou da cintura para baixo, ao modo como minha respiração inesperadamente ficou entrecortada ou à maneira como meus mamilos apareceram sob o tecido do vestido.
Eu fiz uma decisão consciente de dar meia volta, sair do quarto e me esconder debaixo das cobertas, mas quando ouvi um “porra” sendo rosnado, meu corpo fez uma decisão inconsciente de dar um passo para frente até que eu estava de pé, parada na porta do banheiro.
Mordi o lábio para não gemer, e a tremedeira da cintura para baixo se intensificou instantaneamente e dramaticamente. Havia um chuveiro com portas de vidro totalmente transparentes. Joe estava sob a água que corria da ducha, e só a visão daquele corpo já valia e pagava por qualquer angústia que ele me fizesse passar.
Quer me usar sem pudor e sem vergonha, e depois jogar fora?
Tudo ótimo por mim. Só não esqueça de ficar pelado enquanto faz isso.
Joe estava apoiando o peso do seu corpo sobre a perna esquerda, e os longos e firmes músculos de sua coxa estavam contraídos. As entradas do seu quadril estavam severamente marcadas por causa da sua postura, e os músculos de seu tórax e abdômen, esguios, porém definidos, moviam-se rapidamente acompanhando a respiração descompassada dele. A obliqua e esculpida força de seu braço ficava evidente conforme ele se movia, enquanto o outro braço era usado como apoio com a palma fixada no vidro do box. Joe estava com a cabeça abaixada, os olhos bem apertados de tão fechados, e seu cabelo estava colado na testa úmida. Sua expressão facial era a de quem contemplava uma equação complicada.
Somente essa visão teria sido suficiente para que eu morresse uma mulher feliz e realizada, mas a coisa ficava ainda melhor. Com a mão que não estava apoiada no vidro, Joe bombeava toda a extensão de seu membro ereto num ritmo acelerado e desesperado. E eu sabia que tinha sentido aquele volume todo sob as roupas dele algumas vezes, mas eu não podia, nem agora nem nunca, nem pelo amor de Deus entender a semântica de como algo tão grosso e tão inacreditavelmente longo poderia caber dentro de uma mulher, muito menos eu. Quer dizer, claro, nós temos que dar à luz e tudo o mais, mas isso envolvia um diafragma em expansão. Isso aqui, no entanto, parecia uma improbabilidade matemática para mim.
Joe rosnava sob o fôlego, com a água batendo sobre seus ombros, mas quando ele deu uma puxada particularmente feroz e virou os dedos em torno da cabeça e suas nervuras, ouvi um gemido.

– Porra, por favor, Demi.

Eu pensei ter ouvido Joe murmurar meu nome antes de entrar aqui, mas vê-lo enquanto ele abusava de si mesmo e gemia para mim, só fazia aumentar a pulsação na minha virilha ao ponto em que eu já me sentia muito molhada na profundidade existente entre os meus lábios íntimos.
Eu queria anunciar minha presença causando uma entrada no chuveiro junto com ele, tanto quanto queria correr dali de volta para o quarto e fingir que nada disso tinha acontecido. Mas, eu não conseguia fazer nenhuma das duas coisas; meus pés estavam imóveis, pregados no chão, as minhas mãos me seguravam contra a parede ao lado da porta enquanto eu assistia.
O ritmo da mão de Joe estava acelerando, assim como seu fôlego. Ele mordia o lábio, como se quisesse se impedir de falar, mas no instante seguinte sua boca se abriu de forma desigual e ele resfolegou,

– Anjo... você é porra, tão apertada... molhada...

Pelo amor de todas as santidades e beldades existentes, o que Joe estava visualizando? Ele estava realmente imaginando aquela ereção absurda entrando em mim? Eu sabia que precisava escapar dali antes esquecesse completamente dos motivos pelos quais eu não poderia permitir que ele tornasse realidade as fantasias de nós dois – mas muito rapidamente ficou tarde demais para isso.
Joe mudou o ângulo de sua mão, para que ela se virasse em torno da base de sua ereção e a ponta de seus dedos massageasse a pele esticada da região. Quando fez esse movimento, todo seu corpo estremeceu e ele empurrou os quadris contra aquela mão habilidosa, deixando que meu nome escapasse de seus lábios mais uma vez.
Então, eu gemi.
Alto.
Os olhos de Joe abriram-se num estalo, o rosto se ergueu com igual rapidez, enquanto a mão soltou sua ereção pulsante para se fixar no vidro, paralelamente à outra, e agora ele usava as duas mãos para se apoiar no box.
Seus olhos arregalaram-se do choque quando ele me viu parada, de pé há menos de dois metros dele, apoiada na parede para não cair. Tentei explicar de forma coerente que entrei ali por acidente, mas a mentira não saía da minha boca. Tudo o que eu conseguia fazer era abrir e fechar os lábios como um peixinho dourado. Meu cérebro estava tão nebuloso de excitação que eu não conseguia nem tentar tirar a mão da parede para fugir dali.
Joe parecia estar tendo problemas semelhantes de coerência, mas meus olhos traidores também notaram que quando ele me viu ali, seu membro tremulou. Ele quebrou o contato de nossos olhos, ardendo mais do que nunca, para se focar num ponto mais baixo, no meu peito, sem dúvida alguma observando meus mamilos, apertados e evidentes sob o tecido sedoso do vestido azul. Então, seu olhar desceu mais um pouco, para as minhas pernas, onde a fenda expunha minha pele, e subiu levemente para a virilha, examinando meu quadril, e as coxas cruzadas lutando contra a pulsação forte entre elas.
Por um minuto os únicos sons no ambiente eram das nossas respirações pesadas e da água correndo. Eu acho que Joe estava esperando que eu fosse embora, o que eu era incapaz de fazer, e fiquei esperando que ele dissesse alguma coisa.
Ele me prendeu com seu olhar novamente, inclinando a cabeça de leve como havia feito antes quando se grudou no meu corpo dentro de uma garagem há poucas semanas atrás, avaliando minhas reações.
Então, dolorosamente devagar, me observando o tempo todo, sem tirar os olhos de mim, Joe tirou sua mão do vidro e envolveu seu membro mais uma vez com ela. Ele soltou um grunhido baixo, grave, algo entre dor e prazer, e sua mão se firmou na base da ereção novamente.
OH.
MEU.
DEUS.
Ele ia mesmo se tocar na minha frente? Havia alguma maneira de eu ficar ainda mais excitada e louca do que eu já estava? Joe me olhou torto através de seus cílios longos e úmidos, silenciosamente pedindo permissão para continuar. O modo como ele inclinava a cabeça e me olhava até seria modesto, se não fosse por toda a atividade acontecendo do pescoço para baixo.
Eu não me movi um centímetro sequer, apesar de que acho que passei a língua para umedecer os lábios, o que aparentemente era tudo o que Joe precisava para começar a esfregar seu membro com a força de seu punho fechado novamente.
– Assim... – ele sibilou, olhos fixados nos meus.
Ele estava indo mais devagar do que antes, agora, tentando prolongar as coisas. Tentei manter meus olhos presos nos dele, mas só levou meio minuto para que minha visão ficasse totalmente focada nos movimentos de sua mão. Assim que Joe percebeu para onde eu olhava, ele gemeu, e sua outra mão tentou apanhar o vidro como se fossem garras, como se fosse partir aquela divisão entre nós.

– Você sabe no que eu estou pensando? Em como seria gostoso me enterrar em você. – ele resfolegava, começando a rebolar seu quadril na direção da mão – Te esticar todinha... te preencher... – a mão retomou os movimentos – me mexer dentro de você... te dar prazer...

Se Joe estava tentando me matar, fazia um ótimo trabalho nisso. Deixei escapar um gemido, e então meus pés, que até então estavam estacados no chão, me carregaram para frente, até que eu estava cara a cara com Joe.
Com meus movimentos, os olhos dele automaticamente se fecharam enquanto seu membro de retorcia entre os dedos, mas ele se forçou a abrir os olhos novamente, me encarando como se estivesse sonolento, ameaçador. Eu orgulhosamente reconheci essa sua expressão como a cara estou-prestes-a-gozar dele.

– Mais perto... – ele suspirou.

Eu me aproximei até que fiquei praticamente pressionada contra o vidro, e minha mão subiu pela superfície lisa até ficar espalmada exatamente onde a mão dele se apoiava do outro lado do box. Joe respirava como se estivesse correndo uma maratona, e todo seu corpo se movia enquanto ele tocava sua extensão.

– Tão linda... Demi, meu anjo... – ele murmurou olhando fixo nos meus olhos, e então todo seu corpo ficou rígido num espasmo e eu olhei para baixo para ver o gozo saindo pela extremidade de seu membro e escorrendo pelo vidro. A água limpou tudo com muita rapidez, enquanto Joe se masturbava até a última gota.
Sua cabeça caiu como se fosse um grande peso sobre o vidro, enquanto sua mão ficou solta, completamente exausta. A minha mão também ficou mole, embora fosse apenas isso o que eu conseguisse mover.
Assisti com voracidade Joe recuperar o fôlego, desligar o chuveiro, e estender a mão para apanhar a toalha que estava pendurada sobre o vidro do box, tudo isso sem olhar para mim. Ele fez uma meia tentativa de se secar antes de enrolar a toalha em volta do quadril, e assim me impedindo de ter qualquer outro relance do seu traseiro.
Ele deu um passo para fora do chuveiro, e eu podia vê-lo me fitando através de minha visão periférica. Possivelmente, Joe estava se perguntando por que eu estava brincando de estátua viva. Eu não sabia nada mais ao certo, exceto que não tinha ficado assim excitada desde que ele havia me tocado dentro do seu Bentley, e que eu havia percebido seriamente que estava disposta a suportar qualquer tipo de tratamento ou negligência se isso significasse ganhar Joe na barganha.
Senti seus dedos pairarem sobre o meu ombro cautelosamente, e sobressaltei com o toque dele. Então, gemi mais uma vez, culpa total das imagens sórdidas que queimavam minhas retinas. Joe suspirou fundo entre os dentes quando involuntariamente o som escapou da minha garganta, e rapidamente recuou sua mão.
– Eu providenciei o jatinho para decolagem às 7 horas em ponto. – ele resmungou, e adicionou com pressa – mas, posso te ajudar, te aliviar. Te satisfazer, se você quiser que eu faça.
Eu adoraria negar o quão estremecida eu estava, mas seria a mentira mais deslavada da História, e eu estava super certa de que meu nariz cresceria, estilo Pinóquio. Também adoraria aceitar a oferta de Joe, mas mesmo com minhas poucas horas de sono, eu havia conquistado uma nova perspectiva sobre a situação, e sabia que me arrependeria de deixar que algo acontecesse entre nós, acreditando no que eu atualmente sabia a respeito dele. Se Joe tinha certeza de que algo em sua cidade natal poderia absolvê-lo aos meus olhos, então eu ouviria ao que ele tinha a dizer primeiro.
E depois eu o atacaria como uma felina.
Suspirei fundo, apesar de que ainda não era capaz de encará-lo.

– Estou bem, obrigada. Mas, eu gostaria de passar na minha casa antes para pegar umas roupas... e tomar um banho.

Pelo seu gemido rouco, eu acho que Joe sabia exatamente o que eu estaria fazendo naquele banho.
Joe Jonas narrando:

Felizmente, nenhuma das amigas de Demi estava em casa quando passamos no apartamento dela. Isso me permitiu fuçar o quarto de Demi sem qualquer pudor enquanto ela tomava banho e colocava roupas limpas, e aproveitei para fazer notas mentais do gosto dela em música e livros para futuras referências. Isso também significava que não havia ninguém por lá para me ver andando de um lado para o outro como um maníaco, por causa da suspeita de que Demi estaria se acariciando debaixo do chuveiro.
Eu não tinha planejado que Demi me pegasse no flagra mais cedo, só que fiquei tão desesperado para me tocar que sequer pensei em fechar as portas apropriadamente. Era tudo minha culpa. Eu não deveria ter colocado Demi para dormir no meu quarto. Foi a parte doentia e desvirtuada da minha mente que não me permitiu deixar que ela dormisse em qualquer outro lugar, a mesma parte que a queria na minha cama, dormindo nos meus lençóis, mesmo que eu não pudesse estar ao seu lado. Uma cama é apenas uma cama, certo? Bem, aparentemente não, para o meu lado primitivo.
Eu fechei a porta do meu quarto, deixando-a lá dentro após lhe dizer aonde iríamos e depois fiquei completamente incapaz de sequer considerar tirar uma noite de sono, imerso demais na explicação que ela havia dado sobre seus ressentimentos com relação a mim. Imerso demais pelo modo sincero como ela havia dito eu te odeio, e em como, partindo do que ela pensava, estava certa em se sentir assim. Eu me senti culpado por não leva-la para casa, mas sabia que não permitiria que mais uma noite se passasse com a raiva dela crescendo a meu respeito.
Passei a noite toda no corredor do lado de fora do meu quarto, não fazendo nada exceto os arranjos necessários para nossa viagem até Dallas, e pensando em círculos. Por volta das quinze para cinco da manhã, ouvi Demi gemer. Quando dei por mim, eu já estava abrindo a porta do quarto silenciosamente e entrando no cômodo, antes mesmo que meu cérebro pudesse processar meus movimentos, e o que eu vi fez minha virilha se contorcer de forma angustiante.
Demi estava tendo um, pelo que dava para entender, sonho muito erótico, gemendo na cama, e arqueando a coluna deliciosamente. Eu me senti um intruso, ou como um voyer assistindo, então rapidamente saí de lá. Depois de uns bons dez minutos.
Depois, Demi me encontrar no meio de uma masturbação, saciando a mim mesmo até os meus pensamentos mais loquazes dela, deveria ter sido um daqueles pesadelos em que você acidentalmente vai para o colégio sem roupa. Ao invés, ver o quanto ela ficava excitada de me observar, e como me deixou louco por ela ver o quanto eu a desejava, acabou sendo um dos melhores orgasmos da minha vida.
Isso tudo me fez ainda mais determinado a esclarecer toda essa história em Dallas. Eu me desculpei profusamente com Demi por ter que trabalhar no avião, embora boa parte disso tenha sido apenas coordenar Kevin e Nick. Ela tentou oferecer sua ajuda profissional para mim, até mesmo fazendo piadinha, dizendo que talvez eu não tivesse sido avisado previamente, mas que ela, na verdade, trabalhava como secretária. Eu recusei inflexivelmente qualquer ajuda dela, lhe dizendo para apenas sentar e aproveitar o champanhe que o comissário havia servido.
Nenhum de nós havia verbalmente admitido o que havia acontecido mais cedo, e também não mencionamos o que aconteceria mais tarde. Era como se toda nossa relação estivesse se equilibrando sobre a ponta de uma faca, e ambos sabíamos que a queda poderia acontecer para qualquer um dos dois lados.
Apesar de que, considerei pervertidamente, não acho que eu seria capaz de fisicamente me separar dela de um modo ou de outro. Nós mal nos falamos quando comecei a viagem de uma hora de carro, do aeroporto até as propriedades da nossa família nos limites da cidade, exceto por quando eu, muito casualmente, coloquei um cd da Motion City Soundtrack. Demi fez um som de satisfação, que eu gravei nos meus pensamentos para arrancar dela novamente em breve, e mencionou de forma curta que essa era uma de suas bandas favoritas. Eu sabia disso, é claro. Vi o disco, bem batido, ao lado do som dela no quarto. E eu nunca falei que jogaria limpo.
Quando chegamos na minha casa, a chuva tinha aumentado e havia uma cortina de água tão espessa que parecia madrugada, ao invés de três horas da tarde. A mansão branca e afastada parecia lugubremente linda contra o fundo de árvores e chuva, e eu esperava que Demi pudesse apreciar esses detalhes quando passássemos o estágio do nervosismo.
Eu me virei para ela assim que estacionei o carro na garagem, vendo milhares de dúvidas em seu olhar.
– Minha mãe está aqui. – afirmei inseguro.

As sobrancelhas dela se uniram numa expressão confusa enquanto ela brincava, como de hábito, com as mangas do seu vestido de malha cinza, que evidenciava cada curva do seu corpo.

– Ok... então, estamos aqui por quê? – eu suspirei fundo.
– Como tenho certeza que você já sabe, a aposentadoria iminente do meu pai está se aproximando. Tanto ele quanto a minha mãe decidiram se mudar permanentemente de NY para nosso lar aqui. Meu pai normalmente passa a maior parte de seu tempo aqui agora, e Denise já havia se mudado anteriormente. - eu podia ver as informações dando giros na cabeça dela enquanto Demi ponderava meu breve sumário da situação.
– Então, nós estamos aqui para falar com Denise? – Demi esclareceu, parecendo não entender de que forma isso explicaria tudo.
– Correto. Eu já mandei uma mensagem para ela sobre o propósito de nossa visita, então, estamos sendo aguardados. – Demi me olhava como se eu tivesse todos os tipos possíveis de loucura, mas apenas assentiu e falou num tom afetado:
– Certo.
Eu abri a porta do carro para Demi, deixando nossas malas no bagageiro por ora, porque eu realmente queria resolver essa situação o quanto antes, outra observação que eu fiz questão de apontar para Denise também.
Minha mãe nos aguardava na entrada, tão linda como sempre, e erguendo uma sobrancelha para mim. Não tinha como culpá-la. Eu nunca tinha trazido uma garota para casa, para Dallas, e nunca havia me dado a tanto trabalho por alguém antes. Soltei minha mão da de Demi, e dei um passo até Denise, abraçando-a muito apertado para lhe mostrar minha gratidão.

– Obrigada, mãe. – sussurrei no ouvido dela, baixo o suficiente para que Demi não ouvisse.
– Hmph. - Denise, por outro lado, não tinha receios em falar alto o suficiente para que Demi escutasse mesmo que ainda estivesse em NY, imagine a dois passos de distancia. – Bem, vamos falar dos seus agradecimentos depois de eu me esclarecer com essa moça bonita aqui.
Quando me afastei de minha mãe, Demi já corava profusamente, tanto pela reprimenda nas palavras da minha mãe, tanto pelo elogio que acabara de ganhar.
– Anjo, essa é Denise; mãe, esta é Demi Lovato. – eu gesticulei entre as duas enquanto minha adorável Demi estendia nervosamente sua mão.

Denise revirou os olhos numa expressão tão familiar a uma das que eu normalmente faço que sorri, e em seguida, ela puxou Demi para um abraço. Enquanto assisti minha mãe conhecer, abraçar e aprovar a mulher que eu amava, senti um aperto prazeroso no peito. Por Deus, eu estava virando um verdadeiro maricas.

– Bem... – Denise falou numa voz animada, soltando do abraço de Demi – vamos lavar a roupa suja, então?

Ela se afastou de Demi nos guiando até a cozinha. Demi e eu seguimos o caminho que minha mãe fazia, ou mais especificamente eu a seguia guiando Demi, que parecia estar incrivelmente confusa sobre o envolvimento de Denise nessa bagunça.
Quando chegamos à cozinha, Denise indiciou para que sentássemos em dois bancos à frente do balcão, enquanto ela se ocupava em nos servir café. Demi e eu nos sentamos lado a lado em movimentos tão sincronizados que minha mãe me deu outra encarada, erguendo novamente a sobrancelha.
– Então, Demi... - Denise começou enquanto trabalhava no café – por que você não me conta exatamente o que acha que meu Joe fez?
– Mãe, não é culpa da Demi. – eu a censurei, porque se eu tivesse as informações que Demi tinha, eu teria concluído o pior, exatamente igual.

Demi ergueu a mão me silenciando enquanto observava minha mãe de um lado para o outro pela cozinha. Ela parecia estar ponderando algo muito seriamente e, não pela primeira vez, eu me vi morrendo para saber o que se passava pela cabeça dela.

– Tudo bem, Joe. – Demi falou, sem olhar para mim.
Ela então prosseguiu contando como Sarah havia escutado uma parte da conversa entre meu pai e eu na quinta-feira e, para minha surpresa, contou também como havia encontrado a foto de Maggie comigo na minha gaveta. Eu me contorci internamente, imaginando como a mensagem no lado de trás da fotografia deve ter soado aos ouvidos dela. Denise se apoiou do outro lado do bancada a nossa frente enquanto ouvia, até que sorriu compreensivamente para Demi.
– Eu posso ver como você acabou chegando a algumas suposições dessa forma. Eu espero, no entanto, que você não tenha torturado Joe demais por causa disso.
Eu corei, uma reação que possivelmente apenas minha mãe e essa garota ao meu lado conseguiam arrancar de mim. Não tinha como evitar, ainda mais lembrando particularmente do método que Demi escolheu para me torturar na noite passada. Eu me virei um pouco sobre o banco para observar o rosto dela com mais liberdade, e Demi me respondeu com um olhar que só poderia ser descrito como provocativo.
– Nada que ele não pudesse suportar. – ela falou, piscando para minha mãe. A mulher era atrevida! Denise riu do meu desconforto.
– Bom, eu acho que você vai querer recompensá-lo por isso depois que ouvir a verdade, querida.
– Por Deus, mãe. – eu murmurei, enquanto ela e Demi riam ainda mais.

Era uma coisa quando eu e Demi conversávamos sobre sexo, eu só realmente não precisava minha mãe metida nessa equação. A risada de Demi morreu primeiro, sua impaciência era evidente. Denise percebendo isso também, tomou um longo fôlego e se virou para pegar a chaleira.

– Certo, querida, por favor, não me interrompa e ouça com atenção. Durante os últimos anos, meu marido e eu temos discutido muito sobre os horários que ele passa trabalhando. Eu achava que ele estava se cansando demais, sempre viajando a negócios, às vezes nem vinha para casa no final do dia. Meu pensamento era o seguinte: eu tinha três filhos maravilhosos que seriam perfeitamente capazes de lidar com um pouco mais de responsabilidade – neste ponto, Denise se virou para o café, fazendo esforço para manter um sorriso gentil no rosto – para que talvez Paul pudesse se aposentar. Quando eu sugeri isso para ele...
– Ele não quis parar de trabalhar? – Demi adivinhou, absorvendo as palavras de minha mãe, embora eu pudesse ver, com meu olhar obsessivamente fixo sobre seu rosto, que ela ainda não compreendia onde isso tudo estava indo.

– Exatamente. – minha mãe concordou, virando-se para colocar duas xícaras enormes de café na nossa frente. Num movimento tão jovial e despreocupado que me fez sorrir, Denise subiu numa das banquetas para ficar de frente para nós. – Foi uma das piores brigas que tivemos. Nós dois falamos muitas coisas no calor do momento das quais nos arrependemos quase instantaneamente; a pior parte de tudo foi quando eu falei para ele ir embora e nunca mais voltar. Eu estava magoada e agi de forma estúpida, e Paul foi teimoso e orgulhoso... assim como seus filhos. – ela adicionou intencionalmente, para meu benefício.
O rosto de Demi estava se transformando numa imagem de lento despertar e compreensão enquanto a história parecia se fazer entender. Hesitante, eu estendi meu braço e coloquei minha mão sobre a de Demi, quase tonto de alívio quando ela virou sua mão para que pudéssemos entrelaçar nossos dedos, embora permanecesse olhando atentamente para Denise, e não para mim.
Denise observou nossas mãos unidas por um instante e eu ganhei mais uma sobrancelha erguida enquanto ela retomava sua fala.
– Paul e eu nos separamos, apesar de ambos termos ficado completamente devastados e ainda nos mantínhamos juntos em aparições públicas. Então, uma noite, numa festa de despedida de um dos membros do conselho da empresa, Paul bebeu demais, muito além da conta, assim como Maggie, e eles cometeram o erro de dormir juntos. - Demi soltou um resfôlego de surpresa e olhou para Denise mortificada.
– Eu sinto muito, muito.
– Bem, sim, e eles também sentem. - Denise falou numa voz exageradamente solene, me fazendo ver como ela havia melhorado pelo modo como se apresentava para sua platéia. – Ambos concordaram na manhã seguinte que aquilo havia sido um erro, e Paul veio para mim naquele mesmo dia, explicando o que tinha acontecido. Eu não vou te dar os detalhes sórdidos de tudo que tivemos que passar para superar isso, agora, porque essa não é a questão. A questão é que Maggie engravidou, e na minha insegurança, me recusei a deixar que Paul assumisse publicamente a criança. Paul sentia o mesmo, embora nós dois soubéssemos que Maggie precisaria de algum apoio enquanto resolvíamos nossos problemas. Então, Paul buscou o auxílio de Joe, que, hmm, não reagiu muito bem.
– O que ela quer dizer é que eu arrebentei o nariz dele. – esclareci de forma casual para Demi, que soltou um suspiro de choque.
Definitivamente uma bela platéia. Ela tinha a reação certa para tudo. Eu teria que pensar em alguma outra história interessante para contar para Demi em breve. Denise franziu o cenho para mim, em repreensão.
– Sim, certo, então Paul sabia que Joe era mais próximo de Maggie pelo fato de trabalharem juntos, e ele confiou na discrição do filho mais novo. Joe tem ajudado Maggie com o bebê, fazendo os arranjos financeiros e no mais, ele simplesmente têm estado lá para os dois, até que eu e Paul estejamos prontos para lidar com isso. Joe, sendo o cavalheiro que é, não quis lhe contar tudo isso da própria boca, porque sabia que se trata de um assunto delicado para mim. Logo, é o motivo de você estar aqui.

Demi voltou seus olhos chocados para mim, e eu podia praticamente ver os bulbos de luz se acedendo sobre a cabeça dela enquanto as peças se encaixavam em sua mente.

– Então, Paul, quando ele estava falando com você na quinta-feira... – ela tentou, mas deixou no ar o resto de sua frase. Eu me apressei em finalizar o resto da conversa.
– Paul desaprovou o fato de eu sair com você, porque ele temia que eu acabasse nessa mesma situação.
Eu não gostava nada de contar isso para Demi, ainda lembrando do modo como ela havia se referido a si mesma como uma "transa fácil". Eu sabia que teria que revelar meus sentimentos para ela o quanto antes para remediar a situação. Além de que, claro, eu queria gritar isso do topo da porra de um prédio.
– E quando ele falou que parecia que eu estava com mais de uma mulher ao mesmo tempo, ele simplesmente quis dizer que eu poderia ser fotografado com Maggie e meu... irmão, enquanto era visto na sua companhia. – como se eu jamais pudesse querer outra mulher.

Eu estava flexionando meus dedos forte demais, esperando que ela processasse todas as informações, então a contra-gosto, retraí minha mão da pele suave e quente de Demi.

– Você compreende agora? – minha mãe sorria abertamente para nós, também esperando.
– "O homem que vai ser um grande papai..." – Demi sussurrou, ainda numa voz de torpor. Eu sabia que ela estava citando a frase atrás da foto de Angela.
– Ela quis dizer que algum dia, eu vou ser um grande papai. – com você, anjo, eu adicionei silenciosamente.
Tanto eu quanto Denise ficamos aguardando, prendendo o fôlego, por uma reação de Demi, qualquer que fosse. Quando ela finalmente reagiu, não foi do modo que esperei. Foi ainda melhor, muito melhor.
Num segundo, ela estava sentada lá, chocada e embasbacada, no instante seguinte, Demi estava se jogando nos meus braços com tanta força que quase me derrubou do banquinho, passando de raspão pela xícara de café enquanto eu me equilibrava com ela nos meus braços.

– Oh, Joe, eu tenho tanto para te recompensar. – eu escutei sob meu ouvido, bem antes de sentir os lábios dela no meu pescoço.

Eu tinha a impressão de que esse seria o melhor final de semana de todos.

7 comentários:

  1. Como assim vc para agora....,. Continua pelo amor de Deus...... imagino a loucura que vai ser agora...., kkkkkk pegação geral!!!! Posta.....

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  2. Posta posta posta posta posta posta posta posta posta posta posta posta posta posta posta posta posta posta posta posta posta posta posta posta

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  3. Imagino o que esses dois vão aprontar agora kkkkkkk a Demi vai ter que fazer muito para recompensar o Joe, mal posso esperar ..... Maratona. Maratona Maratona Maratona Maratona
    Carla

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    1. ta acho que posso fazer uma maratona na quarta de 6 capítulos começando as 18:00 tudo vai depender de vocês :D

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  4. Perfeita!!!!!!!!!! Posta logo !!!! Maratona :)

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  5. Posta pelo amor de todos os santos!


    -Brendha.

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  6. Oi, eu sou leitora nova aqui, como pode ver meu nome é Daniela Zimmermann, mas pode me chamar de Dany, Dani, Dan, como preferir.
    Estou adorando essa fic, posta logo, estou ansiosa pelo próximo sauauhsa
    Beijos.

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