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Hold My Hand - Capítulo 5



Capítulo 5



E até mesmo o mais miserável e covarde dos homens... Tem direito a um instante de paz e alegria.


Voltei pra casa com mais vontade, louca pra aproveitar meu dia sozinha em casa... Só eu e eu mesma, era o paraíso depois do inferno. Larguei minha mochila sobre a cama e troquei minha roupa... Pus um short jeans confortável, uma blusinha fresca, pois estava calor, fiz um rabo de cavalo desajeitado e me joguei na cama com um bom livro... Era isso que uma pessoa anti-social como eu fazia pra se divertir... Lia. Uns dez minutos de silencio e ouvi um barulho vindo da casa ao lado. Larguei o livro na cama e fui até a sacada do meu quarto... A porta da sacada do quarto da casa ao lado estava aberta, e eu vi meu novo vizinho com um pincel na mão, sujo de tinta, resmungando alguma coisa.

_Ta tudo bem ai?_ eu perguntei o observando.
Ele levantou o rosto pra me olhar e sorriu envergonhado_ Mais ou menos... Érr... Eu por acaso já disse que sou meio desastrado?
_Nem precisa dizer_ eu ri_ o que esta fazendo?
_Tentando pintar o meu quarto_ deu de ombros_ mais sozinho é meio complicado.
_Não tem ninguém pra te ajudar?_ perguntei.
_Não... Minha mãe saiu pra comprar coisas pra decorar a casa e meu pai esta tentando pintar o lado de fora então...
_Você não tem irmãos?
_Tenho um... Kevin, mais ele foi fazer intercambio na Inglaterra, e se casou com uma mulher por lá. Já não o vejo há dois anos.
_Ah_ fiz uma careta.
_E eu estou te atrapalhando com a minha baboseira_ ele fez careta_ desculpa... Vou tentar fazer menos escândalo.
_Não, tudo bem_ eu lhe garanti_ Olha... Eu to meio que... Desocupada... Se você quiser, eu posso te ajudar.
_Jura?
_É_ dei de ombros e sorri envergonhada.
_Se não for muito abuso, ia ser legal_ sorriu.
Eu sorri de volta e então pulei da minha sacada pra dele... Eu não fazia ideia de porque tinha me oferecido pra ajudar, mais ele parecia legal e... Eu precisava mesmo de uma distração diferente. Caminhei até ele, o quarto estava sem móveis... Com jornais no chão e paredes pintadas incompletamente de azul.

_Então esse vai ser o seu quarto?_ perguntei.
_É... Minha mãe disse que eu devia pintá-lo antes de trazer minhas coisas... E como meu pai disse que não precisávamos de um profissional... Eu dormi na sala, no sofá_ sorriu de lado.
_Parece que você precisa mesmo de ajuda_ eu ri_ tem um pincel?
_Claro_ ele pegou um outro pincel e me entregou.

Eu me virei pra observar melhor o quarto e meu queixo caiu... A única parede que estava pintada, A do fundo, pra onde eu não tinha olhado ainda tinha um enorme desenho... Tipo aqueles grafites que vemos nas paredes das ruas. Simplesmente lindo e perfeito... Um trabalho incrível.

_Nossa_ falei boquiaberta_ esse desenho ficou incrível.
_Você achou?_ ele ergueu a sobrancelha.
_Claro... É incrível_ garanti_ quem fez?
_Érr... _ ele sorriu envergonhado_ fui eu.
_O que?_ arregalei os olhos_ você fez isso?
_É... Eu sempre gostei de desenhar e pintar... Tenho um tio que é grafiteiro, ele me ensinou como fazer. Ai eu fiz um curso pra me aperfeiçoar... Achei que ia ficar legal no quarto_ deu de ombros_ ficar mais a minha cara.
_Nossa... Mais você tem muito talento, ficou mesmo incrível. Você faz isso profissionalmente?
_Não... É só um hobby... Uma coisa que eu gosto de fazer. Então uni o útil ao agradável.
_Que pena_ fiz bico_ pois eu estava pensando em te contratar pra fazer isso no meu quarto... Sempre quis fazer um desses... Eu acho isso muito incrível.

Ele sorriu, me observando... Analisando minha expressão enquanto eu admirava sua obra de arte. Ele tinha muito talento.
Se me ajudar com a pintura eu posso fazer isso pra você_ ele sussurrou um tempo depois.
_O que?_ eu o olhei_ de graça?
_É mais como uma troca de favores_ deu de ombros e sorriu.
_Olha que eu posso acabar aceitando em?_ brinquei e ele riu_ escuta... Como um cara que faz um desenho desses não consegue pintar uma parede sozinho?
_Não é que eu não consiga_ ele disse enfiando o pincel na tinta e começando a pintar a parede interminada_ é que passei a noite acordado fazendo esse desenho e estou meio cansado, e pintar a parede não é assim tão divertido.
_Você fez isso em uma noite?_ perguntei apontando por desenho com a boca aberta.
_Eu me empolguei_ deu de ombros com naturalidade.
_Uau_ sussurrei e o vi sorrir.

Ele tinha um sorriso incrivelmente lindo e encantador... E depois de ver essa incrível obra de arte que ele fizera eu fiquei curiosa, queria saber mais sobre ele, saber o que mais ele sabia fazer. Então me juntei a ele pintando a parede de azul.

_Então... Joe não é?_ disse concentrada na pintura.
_É sim_ concordou.
_O que trouxe você e sua família pra cá?_ perguntei curiosa.
_Bom... Minha mãe meio que se cansou da nossa cidade_ ele deu de ombros_ meu pai já queria se mudar a um tempo, conhecer novos lugares... Aproveitaram que eu terminei minha faculdade o ano passado e que nada nos impedia e... Aqui estamos.
_Você já terminou a faculdade?_ fiquei surpresa.
_Terminei a faculdade de psicologia.
_Psicologia? Não brinca_ eu sorri_ também faço essa faculdade.
_É mesmo? E ta em que período?
_Segundo_ bufei e revirei os olhos.
Ele riu da careta que eu fiz_ vai ficar mais interessante a partir do terceiro... E mais ainda depois que te mandarem fazer estágios. É muito divertido analisar as pessoas.
_Eu sei_ sorri_ gosto de fazer isso com a minha amiga.

Eu gostei de saber que tínhamos tanto em comum... Isso me deu mais uma curiosidade sobre ele, mais eu estava com um pouco de vergonha de perguntar.
_Desculpa o meu intrometimento_ fiz careta_ quantos anos você tem?
_Vinte dois e você?
_Dezoito_ sorri_ faço dezenove o mês que vem.
_Legal.
_Você terminou a faculdade cedo_ comentei.
_É que eu comecei cedo_ explicou_ sempre fui meio nerd.
_Você não tem cara de nerd_ eu disse rindo_ ta mais pra capitão do time de basquete.
_Ha, que me dera_ revirou os olhos_ eu sempre gostei de esportes mais não me davam muita chance... E eu passava a maior parte do tempo na biblioteca escondido com a cara nos livros.
_Aposto que sempre teve varias garotas correndo atrás de você.
_Não_ ele corou_ eu sempre fui ignorado pelas mulheres.
_Difícil de acreditar_ eu deixei escapar.
_Por quê?_ ele me encarou sério.
_Esquece_ disse envergonhada, querendo mudar o assunto.
_Ta legal.

Nós ficamos várias horas ali no quarto, conversando enquanto pintávamos a parede... Ele era um cara muito legal, divertido, além de muito bonito. Conversar com ele era muito simples e agradável... Me fez esquecer dos meus problemas. E não me lembrava da ultima vez que eu sorrira tanto.
_E ai? Ta com fome?_ ele perguntou depois de um tempo.
_Um pouco_ confessei.
_Vamos lá na cozinha então... Vou preparar alguma coisa pra gente comer.
_Ótima ideia.

Largamos os pinceis... Nossas roupas estavam todas sujas de tinta azul. Descemos as escadas... A maioria dos móveis já estava no lugar, só algumas caixas espalhadas por uns cantos... Mais depois que estivesse totalmente arrumada ficaria incrível.

_Ah, ainda bem que meu pai não comeu toda minha comida_ ele comentou mexendo na geladeira.
_Não me diga que você cozinha_ eu ergui a sobrancelha.
_Não, não_ ele riu_ eu pedi por telefone hoje na hora do almoço... Comida Italiana, eles entregam em casa.
_Eu adoro comida Italiana_ sorri.
Ele esquentou a comida, e pos no prato... Sentamos no balcão e comemos enquanto conversávamos. Eu não conseguia tirar os olhos dele, de seu sorriso. Me senti viva de novo naquelas poucas horas que passamos juntos... Há muito tempo que ninguém me tratava assim tão bem... Ou eu devo dizer que nenhum homem me tratara tão bem... Nós lavamos os pratos que sujamos e ele me acompanhou até o lado de fora... Tínhamos pintado o quarto todo naquela tarde.

_Obrigada por me ajudar_ ele sorriu_ eu nunca ia conseguir terminar sozinho.
_Foi um prazer_ eu garanti.
_E pode deixar que não vou me esquecer da pintura que prometi fazer no seu quarto.
_Não precisa_ eu disse envergonhada_ eu não...
_Eu faço questão_ ele disse.

Ficamos nos encarando em silencio... Como da primeira vez que nos esbarramos ontem. E mais uma vez foi como se todo o mundo em volta sumisse e só houvesse nós dois. Então ouvimos um barulho de algo caindo... Despertando nossa atenção. Olhamos pro lado e vimos um homem caído todo sujo de tinta ao lado de uma escada.

_Ah... Aquele é o meu pai_ Joe revirou os olhos_ como pode ver, a falta de coordenação motora é de família.
Eu apenas ri da piada dele.

_Demetria_ ouvi alguém me chamar.

Eu congelei no lugar... Conheceria aquela voz em qualquer lugar... Half. Ele tinha chegado do trabalho... Fechei meus olhos e suspirei. Minha paz e meu dia perfeito tinham acabado.
_Quem é aquele?_ Joe perguntou_ é seu pai?
_Não_ disse secamente_ é o marido da minha mãe.
_Demetria_ ele insistiu_ vem cá agora.
_Desculpa... Tenho que ir_ disse.
_Tudo bem_ ele sorriu_ obrigada de novo por me ajudar... Eu me diverti muito sujando você de tinta.
_Claro que sim_ eu ri_ agente se fala.
_Demetria... Vem cá agora_ Half gritou.
_Tchau_ eu disse.

Dei as costas a ele e sai correndo em direção a minha casa onde Half esperava na porta impaciente... Não parecia contente.

_Tchau_ ouvi Joe sussurrar.

Passei direto por Half e entrei em casa sem olhar pra trás... Daria qualquer coisa pra poder ter passado mais alguns minutos com Joe. Qualquer coisa pra não ter que encarar Half agora. Qualquer coisa pra não ver que o pesadelo era real.

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