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Playboy Irresistivel - Capitulo 17



Dezessete

Nunca foi assim, nunca. Tão devagar. Quase tão lento que eu nem sabia se um de nós chegaria ao clímax, mas eu não me importava. Nossos lábios estavam quase encostados, compartilhando nossa respiração, sons e os sussurros de Sentiu isso? Está sentindo isso? Eu sentia, sim.
 Sentia cada uma das batidas de seu coração debaixo da minha mão, e a maneira como seus ombros tremiam por cima de mim. Sentia os vestígios de palavras em seus lábios, como se estivesse tentando dizer algo… talvez até fosse a mesma coisa que eu queria dizer desde que entrei em seu quarto escuro. Mesmo antes disso. Ele parecia não entender o que eu estava perguntando. Nunca pensei que seria tão difícil abrir meu coração. Nós fizemos amor – de um jeito que parecia ser o verdadeiro sentido da frase; sua pele, minha pele, nada mais entre nós. Ele me chamou de Demi na mesa de jantar… acho que ninguém nunca disse esse nome em voz alta nesta casa antes. E embora Jensen – o melhor amigo de Joe – estivesse na sala ao lado, Joe ficou comigo lavando a louça. Ele me jogou um olhar cheio de significado antes de subir para seu quarto e me enviou uma mensagem de boa-noite, dizendo que a porta do seu quarto permaneceria destrancada. Parecia que ele era meu quando estávamos numa sala cheia de pessoas. Mas aqui, sozinhos entre quatro paredes, tudo de repente parecia tão confuso. Você ainda tem outras? Pensei que era isso que você queria. Eu acho que a regra deveria ser que não podem existir outros amantes. Então devemos quebrar essa regra? … Silêncio. Mas o que eu estava esperando? Fechei os olhos, abraçando-o ainda mais forte quando ele tirou quase tudo para fora e então deslizou lentamente para dentro, centímetro por centímetro, gemendo em silêncio no meu ouvido. – Tão bom, minha Ameixa. Ele virou para cima de mim, passando a mão por minha cintura até chegar ao seio e simplesmente segurá-lo, raspando o polegar em meu mamilo. Eu adorava os sons graves e derretidos de seu prazer, e isso ajudava a me distrair da realidade de que ele não me ofereceu as palavras que eu queria hoje. Eu queria que ele dissesse: “Não existem outras mulheres”. Eu queria que ele dissesse: “Agora que estamos fazendo isso sem proteção, não podemos mais quebrar essa regra, nunca mais”. Mas foi ele quem iniciou essa conversa antes, e fui eu quem o impediu de continuar. Era mesmo verdade que ele não estava mais interessado em outra coisa além da amizade colorida? Ou será que ele simplesmente não queria ser a pessoa que iniciaria essa conversa de novo? E por que eu estava sendo tão passiva? Era como se meu medo de estragar tudo com ele tivesse roubado todas as minhas palavras. Ele arqueou seu pescoço para trás, gemendo baixinho enquanto deslizava para dentro e para fora, dolorosamente lento. Fechei meus olhos, afundando meus dentes em seu pescoço,
mordendo, oferecendo todo tipo de prazer que eu conseguia pensar. Eu queria que ele me desejasse tanto que não importaria se eu era inexperiente. Eu queria achar um jeito de apagar de sua memória todas as outras mulheres que vieram antes de mim. Eu queria sentir – queria saber – que ele pertencia a mim. Imaginei, por uma fração dolorosa de segundo, quantas outras mulheres pensaram a mesma coisa. Quero sentir como se você me pertencesse. Empurrei seu peito, fazendo-o rolar para o lado para que eu pudesse subir nele. Nunca fiquei por cima com Joe, não numa transa, e então olhei para baixo, insegura, guiando suas mãos até meus quadris. – Nunca fiz isso. Ele agarrou sua base e me guiou com a outra mão, gemendo quando me abaixei. – Apenas faça o que achar gostoso – ele murmurou, olhando para meu corpo. – Agora você é quem faz o ritmo. Fechei os olhos, tentando diferentes coisas e lutando para não me sentir boba em minha inexperiência. Fiquei tão encanada com meus movimentos que comecei a achar que havia algo de errado comigo, que eu não sabia ser despreocupada e sexy. Eu não sabia se ele estava gostando. – Mostre como devo fazer – eu sussurrei. – Sinto que estou fazendo errado. – Está brincando? Você é perfeita – ele murmurou em meu pescoço. – Quero durar a noite toda. Eu estava suada, não por causa do esforço, mas por estar tão nervosa que achei que fosse explodir. A cama era velha e fazia barulho; não podíamos nos mexer do jeito que estávamos acostumados, de um jeito selvagem por horas, usando todo o colchão, o estrado e os travesseiros. Antes de perceber o que estava acontecendo, Joe me levantou, carregou até o chão e sentou-se debaixo de mim para que eu pudesse cavalgá-lo novamente. Ele conseguiu ir tão mais fundo desse jeito; Joe estava tão duro que eu podia sentir sua pressão num lugar até então desconhecido e sensível. Sua boca aberta se movia por meu peito, e ele abaixou a cabeça para chupar e soprar meus mamilos. – Apenas me foda – ele grunhiu. – Aqui embaixo você não precisa se preocupar com o barulho. Ele achou que eu estava preocupada com a cama barulhenta. Fechei meus olhos, mexendo sem muita confiança, e exatamente quando pensei que eu fosse parar, que eu fosse dizer que essa posição não estava funcionando para mim, que eu estava me afogando em palavras e perguntas não respondidas, ele começou a beijar meu queixo, meu rosto, meus lábios, e sussurrou: – Onde você está? Volte para mim. Parei em cima dele e descansei minha testa em seu ombro. – Estou pensando demais. – Sobre o quê? – Fiquei nervosa de repente, e às vezes eu sinto que você é meu, mas só por alguns momentos. Pelo jeito eu não gosto disso tanto quanto pensei que gostaria. Ele deslizou um dedo debaixo do meu queixo e levantou minha cabeça para que eu o olhasse nos olhos. Joe me beijou e disse: – Serei seu por todos os segundos, se é isso que você quer. Você apenas precisa me dizer,
minha pequena Ameixa. – Não me machuque, certo? Mesmo na escuridão eu podia ver suas sobrancelhas se juntando. – Você já me disse isso. Por que acha que eu a machucaria? Você acha mesmo que eu poderia fazer isso? – sua voz soou tão triste que algo dentro de mim também se apertou. – Eu acho que você poderia. Mesmo que não tivesse a intenção, acho que você poderia. Ele suspirou, pressionando o rosto em meu pescoço. – Por que você não me dá aquilo que eu quero? – E o que é que você quer? – perguntei, mudando de posição para deixar meus joelhos mais confortáveis, mas, no processo, eu deslizei por seu pau para cima e de volta para baixo. Ele me forçou no lugar com suas mãos na minha cintura. – Não consigo pensar quando você faz isso – e respirando fundo várias vezes, ele sussurrou: – Quero apenas você. – Então… – sussurrei, acariciando o cabelo em sua nuca. – Você ainda vai ter outras? – Acho que você tem que dizer isso para mim, Demi. Fechei os olhos, pensando se isso seria bom o bastante. Eu poderia dizer a ele que não sairia com mais ninguém, e imaginei que ele diria o mesmo. Mas eu não queria que fosse eu quem decidisse. Se Joe fosse fazer isso e ficar com apenas uma pessoa, teria que ser de um jeito que não fosse negociável para ele – tinha que ser ele querendo acabar com as outras por causa de seus sentimentos por mim. Não poderia ser uma decisão qualquer, na base do talvezsim-talvez-não e do você-quem-sabe. Então sua boca encontrou a minha, e ele me deu o mais doce e gentil beijo que já recebi. – Eu já disse que queria tentar – ele sussurrou. – Foi você quem disse que achou que não iria funcionar. Você sabe quem eu sou; você sabe que eu quero ser diferente com você. – Também quero. – Certo. Ele me beijou, e nosso ritmo recomeçou, com pequenas estocadas dele e pequenos círculos meus. Seus suspiros eram a minha respiração; seus dentes deslizaram deliciosamente em meus lábios. Nunca me senti tão próxima de outro ser humano na vida. Suas mãos passeavam por toda a parte: meus seios, meu rosto, minhas coxas, meus quadris, entre minhas pernas. Sua voz retumbava grave e encorajadora em meu ouvido, dizendo o quanto estava bom, o quanto ele estava perto, o quanto precisava disso e sentia que trabalhava todos os dias apenas para voltar para mim. Disse que estar comigo era como estar no conforto de casa. E quando gozei, eu não me importei se parecia desastrada ou inadequada, se eu era inexperiente ou ingênua. Eu me importava apenas com seus lábios pressionados firmemente em meu pescoço e seus braços me apertando tão forte que a única maneira possível de eu me mover era para mais perto dele.
– Você está pronta? – Joe perguntou no domingo de tarde, entrando em meu quarto e beijando rapidamente meu rosto. A maior parte da manhã foi assim: um beijo escondido num corredor vazio, uma agarração apressada na cozinha. – Quase. Estou arrumando algumas coisas que minha mãe quer que eu leve.
Senti seus braços envolverem minha cintura com força e me recostei nele. Nunca percebi o quanto Joe me tocava até ele não poder fazer isso livremente. Ele sempre foi uma pessoa tátil – pequenas carícias com a ponta dos dedos, a mão pousando em meu quadril, seu ombro raspando no meu –, mas eu estava tão acostumada com isso e me sentia tão confortável que praticamente nem notava mais. Neste fim de semana senti falta de cada um desses pequenos momentos, e agora queria cada vez mais. Eu já estava tendo um debate interno sobre quantos quilômetros pela estrada eu deveria esperar passar antes de pedir para ele cumprir sua promessa de me tomar no banco de trás. Joe empurrou meu rabo de cavalo para o lado enquanto seus lábios subiam por meu pescoço, parando um pouco abaixo da orelha. Ouvi o tilintar das chaves em sua mão e senti o metal frio contra minha barriga, onde minha camiseta havia subido um pouco. – Eu não deveria estar fazendo isso – ele disse. – Acho que o Jensen está tentando me encurralar desde o café da manhã, e eu não quero morrer tão cedo. Suas palavras gelaram meu sangue, e então eu me afastei, pegando uma camiseta do outro lado da cama. – Isso é típico do Jensen – murmurei, erguendo os ombros. Eu sabia que seria estranho para meu irmão mais velho. Inferno, também seria estranho para Joe e eu se a minha família descobrisse –, mas durante toda a manhã eu fiquei relembrando a conversa da noite anterior. Eu queria perguntar na luz do dia: você estava mesmo falando sério quando disse que queria apenas a mim? Pois eu estava finalmente pronta para cruzar a linha. Fechei minha mala e comecei a carregá-la para fora da cama. Joe esticou o braço ao redor do meu corpo e agarrou a alça. – Posso cuidar da mala? Senti seu calor e o perfume de seu xampu. Quando ele se endireitou, Joe não se afastou, não se moveu para colocar distância entre nós. Fechei meus olhos e comecei a sentir uma tontura com a maneira como sua proximidade sugava todo o ar ao redor. Ele baixou o queixo e pressionou os lábios na minha boca, apenas um toque macio e demorado. Eu me inclinei para frente, perseguindo aquele beijo. Ele sorriu. – Vou guardar a mala no carro e então podemos ir embora, certo? – Certo. Joe passou o polegar em meu lábio inferior. – Logo chegaremos em casa – ele sussurrou. – E não vou para meu apartamento. – Certo – eu repeti, com as pernas tremendo um pouco. Ele sorriu maliciosamente, levantou a mala e eu fiquei apenas olhando, mal conseguindo ficar de pé, enquanto ele saía do quarto. Quando desci as escadas, encontrei minha irmã na cozinha. – Já está indo embora? – Liv perguntou, circulando o balcão para me abraçar. Eu me aninhei em seus braços e confirmei. – Joe já está lá fora? Olhei pela janela da cozinha, mas não o vi. Eu estava ansiosa para pegar logo a estrada e dizer tudo que eu queria, durante a luz do dia, onde minhas perguntas não poderiam ser ignoradas. – Acho que ele foi lá atrás se despedir do Jensen – ela disse, voltando para a tigela de
cereais que estava limpando. – Vocês dois formam um casal muito fofo. – O quê? Não. Havia uma travessa de biscoitos esfriando no balcão e eu enfiei um punhado numa sacola de papel. – Já disse, as coisas não são assim, Liv. – Diga o que quiser, Demi. Aquele cara está apaixonado. Francamente, duvido que eu seja a única que reparou. Começando a sentir um calor subir pela garganta, eu balancei a cabeça. Tirando dois copos de isopor do armário, eu os enchi de café, adicionei açúcar e creme para o meu e apenas creme para o de Joe. – Acho que a gravidez afetou seu cérebro. Não é nada disso. Minha irmã não é idiota; tenho certeza de que ela ouviu a mentira em minha voz tão bem quanto eu. – Talvez não seja para você – ela disse, com um gesto cético. – Embora eu ache que também não é o caso. Fiquei olhando fixamente para a janela. Eu sabia em que pé estávamos… pelo menos, achava que sabia. As coisas mudaram nos últimos dias, e agora eu estava ansiosa para definir essa relação. Antes, eu tinha medo de definir limites porque achava que queria espaço para respirar. Achava que eu ficaria magoada em saber como ele me encaixou em sua rotina igual fazia com as outras mulheres. Ultimamente, meu desejo de evitar essa conversa tinha mais a ver com manter meu coração preservado do que com a liberdade que ele sentia sobre isso. Mas era um exercício inútil. Eu sabia que dessa vez precisávamos ter a conversa até o fim – a mesma que ele tentou antes. A mesma que apenas arranhamos na noite passada. Eu teria que me expor e me arriscar. Já era hora. Uma porta se fechou com força em algum lugar e eu me assustei, piscando de volta para o café que eu estava mexendo. Liv tocou meu ombro. – Mas eu tenho que bancar a irmã mais velha por um momento. Tenha cuidado, certo? – ela disse. – Afinal, estamos falando do infame Joe Jonas. E era exatamente por isso que eu estava morrendo de medo de estar cometendo um grande erro.
Com café e biscoitos para a viagem, comecei a me despedir de todo mundo. Minha família estava espalhada por toda a casa, mas os únicos que eu não conseguia encontrar eram meu irmão mais velho e minha carona. Fui até a frente da casa para checar o carro, esmagando o cascalho debaixo dos meus pés. Cheguei perto da garagem e parei quando ouvi vozes carregadas pelo ar frio da manhã se juntarem ao canto dos pássaros e ao estalar das árvores acima. – Estou apenas querendo saber o que se passa entre vocês dois – ouvi meu irmão dizer. – Nada – Joe disse. – Estamos apenas passando um tempo juntos. Aliás, exatamente como você queria. Franzi as sobrancelhas, lembrando-me daquele ditado que diz que você não deve escutar a conversa dos outros porque pode não gostar do que vai ouvir. – Por acaso “passar um tempo” é um código para alguma coisa? – Jensen perguntou. –
Vocês parecem muito íntimos. Joe começou a falar, mas parou. Eu dei um passo para trás para ter certeza de que minha longa sombra não estava entrando na garagem. – Estou saindo com algumas garotas – Joe voltou a dizer, e eu podia praticamente ver sua mão coçando o queixo. – Mas não, a Dem não é uma delas. Ela é apenas uma boa amiga. Senti como se tivesse mergulhado num balde de gelo, com arrepios se espalhando por minha pele. Embora eu soubesse que ele estava apenas seguindo as regras que combinamos, meu estômago se embrulhou. Joe continuou: – Na verdade, estou… interessado em explorar algo mais com uma das mulheres com quem estou saindo. Meu coração começou a martelar e pensei em entrar lá para impedi-lo de falar demais. Mas então, ele acrescentou: – Então acho que eu deveria terminar com as outras mulheres. Acho que pela primeira vez na vida eu realmente quero ir além… mas essa garota é arisca, e está sendo difícil dar o próximo passo e acabar com a velha rotina, entende? Meus braços amoleceram, e eu me encostei no portão, tentando me equilibrar. Meu irmão respondeu alguma coisa, mas eu já não estava mais escutando.
Dizer que o clima no carro estava tenso seria um eufemismo. Já estávamos na estrada por quase uma hora e eu mal consegui juntar duas palavras. Você está com fome? Não. A temperatura está boa? Está com frio? Está com calor? Está bom assim. Você pode acertar o GPS? Claro. Se importa se fizermos uma parada para o banheiro? Beleza. A pior parte era que eu tinha certeza de que estava sendo mimada e injusta. Joe estava apenas seguindo as regras que eu pedi quando conversou com Jensen. Nunca esperei que ele fosse exclusivo antes da noite passada. Abra a boca, Demi. Conte para ele o que você quer. – Você está bem? – ele perguntou, abaixando a cabeça para encontrar meus olhos. – Você está monossilábica demais. Eu me virei e fiquei observando seu perfil enquanto ele dirigia: seu queixo com a barba por fazer, os lábios curvados num sorriso de quem sabia o que eu estava olhando. Joe olhou para mim algumas vezes, alcançando minha mão e apertando. Aquilo era muito mais do que sexo. Ele era meu melhor amigo. Era a pessoa que eu queria chamar de namorado. A ideia dele com outras mulheres me deixava enjoada. Eu tinha certeza de que, depois desse fim de semana, ele não ficaria mais com elas, já que – meu Deus – transamos sem camisinha. Se isso não garantia uma conversa muito séria, então não sei o que faria. Eu me sentia tão próxima dele; eu realmente sentia que nos tornamos muito mais do que
amigos. Apertei meus olhos com a mão, sentindo ciúme, nervosismo e… Deus, eu estava impaciente para terminar logo com essa conversa agora. Por que era tão fácil conversar com Joe sobre qualquer sentimento, menos sobre aqueles que precisávamos declarar um para o outro? Quando paramos num posto para abastecer, eu me distraí olhando sua lista de músicas em seu celular, pensando na sequência certa de palavras em minha mente. Quando encontrei uma música que eu sabia que ele odiava, eu sorri, observando-o guardar a bomba de gasolina e andar de volta para o carro. Joe entrou e segurou a chave na frente da ignição. – Garth Brooks? – Se você não gosta, então por que colocou no seu celular? – eu provoquei. Isso era bom, era um começo. Conseguir dizer algumas palavras já era um passo na direção certa. Inicie o assunto devagarinho, prepare uma aterrisagem suave e então pule. Ele me jogou uma careta, como se tivesse mordido um sanduíche estragado, e então deu a partida no carro. As palavras circulavam em minha mente: Quero ser sua. Quero que você seja meu. Por favor, diga que você não esteve com mais ninguém nas últimas duas semanas, quando as coisas pareciam tão bem entre nós. Por favor, diga que eu não estou imaginando tudo isso. Abri seu iTunes e voltei a vasculhar suas músicas, procurando algo ainda melhor, algo que deixasse meu humor mais leve e me desse mais confiança. E então, uma mensagem apareceu na tela. Que pena que eu não estive lá ontem! Sim! Estou livre na terça-feira à noite e mal posso esperar para te encontrar. Minha casa? xoxox Kitty. Acho que fiquei sem respirar por um minuto inteiro. Desligando a tela, eu me afundei no banco, sentindo como se alguém tivesse virado meu estômago pelo avesso. Minhas veias se aqueceram com adrenalina, com embaraço, com raiva. Em algum momento entre me comer sem camisinha na casa dos meus pais ontem e beijar meu pescoço hoje de manhã, Joe enviou uma mensagem para Kitty marcando um encontro para terça-feira. Olhei pela janela enquanto deixávamos o posto e soltei o celular gentilmente em seu colo. Alguns minutos depois, ele olhou para o celular antes de guardá-lo sem dizer uma palavra. Joe claramente viu a mensagem de Kitty, mas não disse nada. Não pareceu nem estar surpreso. Eu queria me enfiar num buraco.
Chegamos em meu apartamento, mas ele não fez menção de subir comigo. Carreguei minha mala até a porta e ficamos parados num silêncio constrangedor. Ele tirou uma mecha rebelde do meu rosto e então rapidamente baixou a mão quando eu estremeci. – Tem certeza de que você está bem? Eu assenti.
– Apenas cansada. – Então, amanhã nos encontramos? – ele perguntou. – A corrida é no sábado, então é melhor treinarmos uma corrida mais longa no começo da semana para poder descansar depois. – Parece correto. – Então, vejo você pela manhã? Senti uma súbita vontade de tentar de novo, de dar a ele uma chance para achar uma maneira de confessar tudo e talvez esclarecer um mal-entendido gigantesco. – Acho que sim… E eu estava pensando que você poderia me encontrar aqui na terça-feira à noite – eu disse, pousando minha mão em seu braço. – Sinto que deveríamos conversar, sabe? Sobre tudo que aconteceu no fim de semana. Joe olhou para minha mão e esticou o outro braço para entrelaçar nossos dedos. – Você não pode conversar agora? – ele perguntou, franzindo as sobrancelhas e claramente confuso. Afinal de contas, ainda eram sete horas da noite de um domingo. – Demi, o que está acontecendo? Parece que você está escondendo alguma coisa. – A viagem foi longa e estou cansada. Amanhã vou ficar até mais tarde no laboratório, mas minha terça-feira está livre. Você pode me encontrar na terça? Fiquei imaginando se minha voz soava tão suplicante na frente dele quanto dentro da minha cabeça. Por favor, diga sim. Por favor, diga sim. Joe lambeu os lábios, olhou para seus pés e para onde segurava minha mão. Eu podia sentir os segundos passando no ar que estava tão pesado que eu quase não conseguia respirar. – Na verdade – ele disse, e então fez uma pausa, como se ainda estivesse considerando o que iria dizer –, eu tenho um… compromisso à noite. Do trabalho. Tenho um jantar de negócios na terça – ele balbuciou. Ele mentiu. – Mas eu posso te encontrar durante o dia ou… – Não, tudo bem. A gente se vê amanhã de manhã. – Tem certeza? Meu coração parecia congelado. – Sim. – Certo, bom, então… – ele fez um gesto para a porta. – Acho que já vou indo. Tem certeza de que está tudo bem? Quando eu não respondi e apenas fiquei olhando para seus pés, ele beijou meu rosto antes de ir embora. Subi para meu apartamento, tranquei a porta e fui direto para meu quarto. Eu não queria pensar em mais nada até amanhã de manhã.
Dormi como os mortos, acordando apenas quando meu despertador tocou às cinco e quarenta e cinco. Apertei o botão de soneca e fiquei deitada na cama, olhando para o display iluminado. Joe mentiu para mim. Tentei usar a razão, tentei fingir que não me importava, pois talvez as coisas ainda não fossem oficiais entre a gente, talvez ainda não estivéssemos realmente juntos… mas, por algum motivo, isso também não parecia ser verdade. Pois, por mais que eu tentasse me convencer de que Joe era um jogador e não era confiável, lá no fundo… eu acreditei mesmo que aquela noite de sábado havia mudado tudo. Caso contrário, eu não me sentiria dessa maneira agora. Ainda assim, aparentemente ele não tinha problemas em se encontrar com outras mulheres até que sentássemos para oficializar tudo de um jeito oficialmente oficial. Eu
nunca conseguiria separar emoção de sexo como ele. A simples percepção de que eu queria ficar apenas com Joe já era suficiente para me deixar esperançosa. Nós dois éramos criaturas inteiramente diferentes. Os números na minha frente já estavam desfocados, então pisquei para afastar o princípio de lágrimas quando o alarme quebrou o silêncio no quarto. Era hora de levantar e correr. Joe estaria esperando por mim. Mas eu não me importava. Eu me sentei por tempo o suficiente para tirar o alarme da tomada e então deitei de novo. Eu queria apenas dormir.
Passei a maior parte da segunda-feira no trabalho com meu celular desligado, e apenas voltei para casa bem depois do sol já ter se posto. Na terça-feira, eu já estava de pé antes do alarme tocar e fui correr nas esteiras da academia perto de casa. Não era a mesma coisa que a trilha no parque com Joe, mas, a essa altura, eu não me importava. O exercício me ajudava a respirar. Ajudava a pensar e a clarear a mente, e me dava um breve momento de paz, longe dos pensamentos sobre Joe e seja lá o que – ou com quem – ele faria hoje à noite. Acho que nunca corri com tanta vontade na minha vida. E mais tarde, no laboratório, onde mal tive tempo de respirar o dia todo, tive que sair mais cedo, perto das cinco horas, pois eu não tinha comido nada além de um iogurte e sentia que estava quase desmaiando. Quando cheguei em casa, Joe estava esperando na porta do meu prédio. – Oi – eu disse, diminuindo minha passada ao me aproximar. Ele se virou, enfiou as mãos no bolso e ficou um longo tempo apenas olhando para mim. – Por acaso seu celular parou de funcionar? – ele finalmente perguntou. Senti uma breve pontada de culpa antes de me endireitar e encará-lo nos olhos. – Não. Dei um passo para o lado para destrancar a porta, mantendo uma distância entre nós. – Que merda está acontecendo? – ele perguntou, me seguindo para dentro. Certo, então é a hora do confronto. Olhei para suas roupas. Joe obviamente veio direto do trabalho, e eu tive que me perguntar se ele apenas estava de passagem antes de se encontrar com… ela. Você sabe, para marcar presença e ajeitar as coisas antes de sair com outra pessoa. Acho que eu nunca poderia entender como ele conseguia ser tão selvagem comigo ao mesmo tempo em que transava com outras mulheres. – Achei que você tinha um jantar de negócios – murmurei, jogando as chaves na mesa. Ele hesitou, piscando várias vezes antes de dizer: – Eu tenho. Às seis horas. Rindo, eu murmurei: – Certo. – Demi, que diabos está acontecendo? O que foi que eu fiz? Eu me virei para encará-lo… mas me acovardei e fiquei olhando para sua gravata solta e a camisa listrada. – Você não fez nada – comecei, partindo meu próprio coração. – Eu deveria ter sido honesta sobre meus sentimentos. Ou… a falta de sentimentos.
Seus olhos se arregalaram. – Como é? – As coisas ficaram muito estranhas na casa dos meus pais. E ficar tão perto e quase ser flagrada? Acho que minha excitação veio daí. Acho que eu me empolguei demais com tudo que dissemos no sábado à noite. Eu me virei, mexi numa pilha de cartas em cima da mesa e senti as camadas secas do meu coração se esvaírem, deixando nada para trás além de um buraco vazio. Forcei um sorriso no rosto e ergui os ombros casualmente. – Tenho vinte e quatro anos, Joe. Apenas quero me divertir. Ele ficou parado e piscou, balançando um pouco, como se eu o tivesse atingido com algo mais pesado do que meras palavras. – Não consigo entender isso. – Desculpe. Eu deveria ter ligado ou… – balancei a cabeça, tentando tirar o som de estática em meus ouvidos. Minha pele estava quente; meu peito doía como se minhas costelas estivessem implodindo. – Pensei que conseguiria fazer isso, mas eu estava errada. O fim de semana apenas confirmou isso. Desculpe. Joe deu um passo para trás e olhou ao redor como se tivesse acabado de acordar e percebido onde estava. – Entendo. Observei enquanto ele engolia em seco e passava as mãos no cabelo. Como se tivesse lembrado de algo, Joe ergueu os olhos. – Isso significa que você não vai correr no sábado? Você treinou tanto e… – Estarei lá. Ele assentiu uma vez antes de se virar, sair pela porta e desaparecer, provavelmente para sempre.

3 comentários:

  1. Que vontade de bater nesses dois,,,,, que ódioooo.... pq eles tem que complicar tudoo.... posta logoo!!!!

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