Dezesseis
Desliguei o carro e o motor tilintou no silêncio que se
seguiu. Ao meu lado, Demi estava dormindo, com a cabeça encostada na janela do
passageiro. Estávamos na frente da casa da família Lovato, nos subúrbios de
Boston. Na frente, havia uma grande varanda branca envolvida por tijolos
expostos, venezianas azul-marinho cobriam as janelas da frente, e pesadas
cortinas cor de creme eram visíveis lá dentro. A casa era grande, bonita, e
continha tantas das minhas próprias memórias que eu sequer podia imaginar o que
era para Demi retornar aqui. Fazia uns dois anos que eu não vinha até aqui,
desde que acompanhei Jensen em sua visita aos pais num fim de semana qualquer.
Nenhum de seus irmãos estava na casa naquela ocasião. Foi uma visita relaxante,
durante a qual passamos a maior parte do tempo no quintal lendo e tomando gim e
tônica. Mas agora eu estava estacionado na frente da casa deles, sentado ao
lado da irmã do meu amigo, que havia me dado duas chupadas sensacionais durante
a viagem, a última terminando menos de uma hora atrás com minhas mãos segurando
o volante com força e meu pau tão enterrado em sua garganta que até senti
quanto ela engoliu. Demi realmente tinha talento com a boca. Ela achava que
ainda precisava de mais instruções, e eu não me importei de continuar com a
brincadeira enquanto ela praticava em mim mais algumas vezes. Na cidade, no
meio do nosso dia a dia, era fácil esquecer a conexão com Jensen, a conexão
familiar. A conexão eles-me-matariam-se-soubessem-o-que-estamos-fazendo. Fui
surpreendido quando ela citou Liv, pois essa era uma história muito antiga. Mas
agora eu teria que encarar tudo isso neste fim de semana: minha história como a
grande paixão de Liv, como o melhor amigo de Jensen e o estagiário de Johan. E
teria que encarar tudo isso tentando esconder minha paixão por Demi. Toquei em
seu ombro e sacudi de leve. – Demi. Ela se assustou um pouco, mas a primeira
coisa que viu quando abriu os olhos foi meu rosto. Demi estava sonolenta e não
totalmente consciente, mas sorriu como se estivesse olhando para a sua coisa
favorita no mundo, e então murmurou: – Oi. E, com sua reação, meu coração
explodiu. – Oi, minha Ameixa. Ela sorriu timidamente, virando a cabeça para
olhar pela janela enquanto se espreguiçava. Quando viu onde estávamos, ela se
assustou novamente, ajeitando-se no assento e olhando ao redor. – Ah! Já
chegamos. – Estamos aqui. Quando se virou para mim, seus olhos pareciam
levemente em pânico. – Vai ser esquisito, não é? Vou ficar olhando para a sua
braguilha e o Jensen vai perceber e daí você vai olhar para os meus peitos e
alguém também vai perceber! E se eu tocar você? Ou… – seus olhos se arregalaram
– e se eu beijar você?
Sua crise nervosa iminente me acalmou demais. Apenas um de
nós podia surtar por vez. Balancei a cabeça e disse: – Vai dar tudo certo.
Estamos aqui como amigos. Estamos visitando sua família como amigos. Não vai
ter nada de admiração pública de paus ou peitos. Combinado? – Combinado – ela
repetiu sem muito entusiasmo. – Apenas amigos. – Porque é isso que somos – eu a
lembrei, ignorando o órgão dentro do meu peito que se retorceu quando eu disse
isso. Endireitando-se, ela assentiu e levou a mão até a maçaneta, cantarolando:
– Amigos! Amigos visitando minha casa na Páscoa! Vamos encontrar seu velho
amigo, meu irmão mais velho! Obrigada por me trazer até aqui desde Nova York,
amigo Joe, meu amigo! Ela riu enquanto saía do carro e dava a volta para pegar
sua bagagem no porta-malas. – Demi, acalme-se – sussurrei, pousando suavemente
a mão em suas costas. Senti meus olhos baixarem de seu pescoço até chegarem aos
peitos. – Não seja lunática. – Olhos aqui em cima, Joseph. É melhor começar
desde já. Rindo, eu sussurrei: – Vou tentar. – Eu também – e com uma piscadela,
ela sussurrou: – E lembre-se de me chamar de Dem. —
Helena Lovato tinha um abraço tão bom que poderia ser
facilmente confundida com alguém do noroeste americano. Apenas seu leve sotaque
e as feições europeias denunciavam sua origem norueguesa. Ela me cumprimentou e
me puxou logo que entrei pela porta para um familiar abraço. Assim como Demi,
ela era alta, e envelheceu muito bem. Beijei seu rosto, entregando as flores
que compramos quando paramos para abastecer. – Você é sempre tão gentil – ela
disse, recebendo as flores e gesticulando para entrarmos. – Johan ainda está
trabalhando. Eric não poderá vir. Liv e Rob estão aqui, mas Jensen e Niels
ainda estão na estrada – ela olhou para a janela e franziu a testa. – Vai
chover, então espero que eles cheguem para o jantar. Para ela, dizer os nomes
de todos os seus filhos era tão fácil quanto respirar. Fico imaginando como foi
sua vida criando tantas crianças. E com cada um também se casando e tendo
filhos, a casa ficaria cada vez mais cheia. Senti um desejo estranho de
participar de tudo isso de algum jeito, então desviei os olhos tentando limpar
minha mente. Este fim de semana tinha potencial para ser estranho o suficiente
sem ter essas novas emoções no meio. Lá dentro, a casa parecia a mesma das
minhas memórias, apesar de ter passado por uma reforma. Ainda era confortável,
mas, em vez da decoração azul e cinza de que eu me lembrava, agora os tons
predominantes eram marrons e vermelhos com sofás macios e paredes cor de creme.
Por toda a entrada e corredor eu percebi que, com ou sem reforma, Helena ainda
abraçava o estilo de vida americano com uma boa dose de citações posando de
arte nas paredes. Eu sabia o que veria pelo resto da casa: No corredor: “Viva,
ria, ame!”. Na cozinha: “Uma dieta equilibrada é ter um biscoito em cada mão!”.
Na sala de estar: “Nossos filhos: nós damos as raízes para eles alçarem voo!”.
Ao me flagrar lendo a frase perto da entrada – “Todos os caminhos levam para
casa” –, Demi piscou, mostrando um sorriso no canto da boca.
Quando ouvi passos descendo pela escada de madeira ao lado
da entrada, ergui o olhar e encontrei os olhos verdes de Liv. Meu estômago
esfriou num instante. Não havia motivo para eu deixar que as coisas ficassem
estranhas com Liv; já a encontrei várias vezes desde que ficamos, mais
recentemente no casamento de Jensen alguns anos atrás, quando tivemos uma
agradável conversa sobre seu emprego numa pequena firma comercial em Hanover.
Seu noivo – atual marido – parecia um cara legal. Lembro-me de nem pensar duas
vezes sobre qualquer coisa entre nós. Mas isso era porque eu não considerava
que nosso breve romance tivesse significado algo para ela; eu não sabia que Liv
tinha ficado com o coração partido quando voltei para Yale naquele Natal. Era
como se alguém tivesse reescrito uma grande parte da minha história com os Lovato
– e me transformado no vilão. Agora que eu estava aqui, percebi que não fiz
nada para me preparar mentalmente para isso. Enquanto fiquei de pé como uma
estátua, ela se aproximou e me abraçou. – Oi, Joe – ela disse. Senti a pressão
de sua barriga grávida e ela riu, sussurrando: – Me abrace de volta, seu bobo.
Relaxei e envolvi seu corpo com meus braços. – Olá. Acho que estou um pouco
atrasado, mas parabéns mesmo assim. Ela deu um passo para trás, esfregando a
barriga e sorrindo. – Obrigada. Liv parecia estar se divertindo com meu
embaraço, e então eu me lembrei de que Demi tinha ligado para ela depois de
nossa discussão, ou seja, provavelmente ela sabia exatamente o que se passava
comigo e sua irmãzinha. Meu estômago voltou a dar um nó, mas me esforcei para
superar o desconforto e não estragar o fim de semana inteiro. – Você está
esperando um menino ou uma menina? – Vai ser uma surpresa – ela disse. – Rob
quer saber, mas eu não. Então, claro, isso significa que não vamos saber até
lá. Rindo, ela abriu espaço para seu marido me cumprimentar. Trocamos mais
algumas amenidades no hall de entrada; Demi atualizou sua mãe e Liv com as
últimas notícias da pós-graduação, Rob e eu conversamos um pouco sobre basquete
antes de Helena apontar para a cozinha. – Preciso voltar para o fogão. Venham
tomar um drinque depois de se acomodarem um pouco. Peguei nossa bagagem e
acompanhei Demi até o andar de cima. – Ponha Joe no quarto amarelo – Helena
disse. – Esse era o meu quarto? – perguntei, enquanto olhava para a bunda perfeita
de Demi. Ela sempre esteve em forma, mas nossas corridas estavam fazendo
maravilhas com suas curvas. – Não, você ficava no quarto de hóspedes branco –
ela respondeu, e então se virou para me jogar um sorriso sobre o ombro. – Não
que eu me lembre de cada detalhe daquele verão ou algo assim. Eu ri e entrei no
quarto em que eu deveria passar a noite. – Onde fica o seu quarto? – a pergunta
saiu antes mesmo de eu considerar se era bom ou não eu saber, e certamente
antes de eu checar se alguém poderia nos ouvir. Ela olhou sobre o ombro e então
entrou no quarto, fechando a porta.
– Na segunda porta do corredor. O espaço entre nós parecia
encolher. Ficamos parados, encarando um ao outro. – Oi – ela sussurrou. Foi a
primeira vez desde que deixamos Nova York que considerei que talvez isso fosse
uma péssima ideia. Eu estava apaixonado por Demi. Como poderia esconder isso
todas as vezes que eu olhava para ela? – Oi – eu disse, quase sem voz.
Inclinando a cabeça, ela perguntou: – Tudo bem? – Sim – e cocei meu pescoço. –
Só que… eu quero te beijar. Ela chegou mais perto até poder passar as mãos
debaixo da minha camiseta e sobre meu peito. Eu me abaixei, plantando um único
e simples beijo em sua boca. – Mas eu não deveria – falei contra seus lábios
quando ela voltou para outro beijo. – Provavelmente não. Sua boca passou para
meu queixo, descendo pela garganta, chupando, mordendo. Debaixo da minha
camiseta, ela arranhava meu peito e deslizava as unhas suavemente sobre meus
mamilos. Em apenas alguns segundos, eu já estava rígido, pronto, sentindo minha
pele se aquecer e meus músculos queimarem. – Não sei se vou conseguir ficar
apenas nos beijos – eu disse, ao mesmo tempo alertando para ela parar e
incentivando para continuar. – Temos um pouco de tempo antes do resto do pessoal
chegar – Demi disse, afastando-se apenas o suficiente para desabotoar minha
calça. – Podemos… Eu segurei suas mãos, sentindo meu lado cauteloso vencer
minha luta interna. – Demi. É melhor não. – Não vou fazer barulho. – Esse não é
o único problema de comer você na casa dos seus pais no meio do dia. Não
acabamos de ter essa conversa lá fora? – Eu sei, eu sei. Mas e se agora for o
único momento que teremos sozinhos? – ela perguntou, com um sorriso malicioso.
– Você não quer brincar um pouco comigo aqui? Ela estava louca. – Demi – eu
disse, fechando os olhos e soltando um grunhido quando ela abaixou minha calça
e cueca e agarrou meu pau com sua mão quente. – Realmente não podemos. Ela
parou, segurando meu pau gentilmente. – Podemos ser rápidos. Para variar um
pouco. Abri os olhos e a encarei. Eu não gostava de pressa, em nenhuma
situação, mas principalmente com Demi. Gosto de ir devagar. Mas se ela estava
se oferecendo a mim e tínhamos apenas cinco minutos, eu poderia usar esses
cinco minutos. O resto da família ainda não havia chegado; talvez tudo desse
certo. E então eu me lembrei: – Merda. Não tenho nenhuma camisinha. Não trouxe
nenhuma. Por motivos óbvios. Ela praguejou. – Nem eu. A pergunta pairou sobre
nós quando Demi me olhou, com olhos arregalados e suplicantes. – Não – eu
disse, sem nem precisar ouvir suas palavras. – Mas eu tomo pílula há anos.
Fechei os olhos e apertei meu queixo. Merda. Gravidez era a
única coisa que realmente me preocupava. Mesmo nos meus dias mais selvagens,
nunca fiz sexo sem camisinha. E de qualquer maneira, fiz testes regulares para
tudo nos últimos anos. – Demi. – Não, você tem razão – ela disse, passando o
polegar na ponta do meu pau, espalhando a umidade ali. – Não é só por causa de
gravidez. É uma questão de segurança… – Nunca transei sem camisinha – respondi
imediatamente. O que é que eu estava fazendo? Ela congelou. – Nunca? – Nunca
nem esfreguei por fora. Sou muito paranoico. Seus olhos se arregalaram. – Nem
mesmo “só a pontinha”? Eu achava que todo cara fazia essa coisa de “só a
pontinha”. – Sou paranoico e cuidadoso. Sei que só precisa de uma vez para tudo
dar errado. Sorri para ela, sabendo que entenderia a referência: eu mesmo surgi
de uma gravidez indesejada. Seus olhos se tornaram sombrios e grudaram na minha
boca. – Joe? Então hoje seria sua primeira vez desse jeito? Ah, merda. Quando
ela me olhava desse jeito, quando sua voz ficava nesse tom rouco e sussurrante,
eu não conseguia aguentar. Não havia apenas uma atração física entre nós.
Claro, já fiquei atraído por mulheres antes. Porém, havia algo mais com Demi,
uma química em nosso sangue, algo entre nós que se acendia como uma centelha,
que me fazia sempre querer um pouco mais do que eu poderia ter. Ela me ofereceu
sua amizade, eu quis seu corpo. Ela me ofereceu seu corpo, eu quis sequestrar
seus pensamentos. Ela me ofereceu seus pensamentos, eu quis seu coração. E aqui
estava ela, querendo me sentir dentro dela – apenas eu, apenas ela –, e era
quase impossível dizer não. Mas eu tentei. – Realmente, acho que não é uma boa
ideia. Precisamos ter um pouco mais de cuidado com essa decisão. Principalmente
se você pensa em ter outros caras em seu “experimento”, pensei, mas não falei.
– Apenas quero sentir. Eu também nunca transei sem camisinha – ela sorriu e me beijou.
– Só um pouco. Só por um segundo. Rindo, eu sussurrei: – Só a pontinha? Ela deu
um passo para trás e encostou-se à beira da cama, subindo a saia até a cintura
e tirando a calcinha. Demi me encarou, abriu as coxas e deitou-se no colchão
apoiando-se nos cotovelos, deixando os quadris suspensos para fora da cama.
Tudo que eu precisava fazer era me aproximar e entrar nela. Ao natural. – Sei
que é loucura e sei que é estúpido. Mas, Deus, é assim que você me faz sentir –
sua língua deslizou e molhou o lábio inferior. – Prometo não fazer barulho.
Fechei meus olhos, sabendo que assim que ouvi aquilo, eu me decidi. A pergunta
mais importante era se eu conseguiria não fazer barulho. Baixei ainda mais
minha calça e me posicionei entre suas pernas, segurando meu pau e me
inclinando sobre ela. – Merda. O que estamos fazendo?
– Apenas sentindo. Meu sangue martelava em minha garganta,
em meu peito, em cada centímetro do corpo. Era como a última fronteira do sexo;
era até estranho pensar que já fiz de tudo, menos isso. Parecia tão simples,
quase inocente. Mas nunca quis sentir nada tanto quanto queria senti-la, pele
com pele. Era como uma febre tomando posse da minha mente e minha razão,
dizendo como seria bom enterrar nela por apenas um segundo, apenas para sentir
um pouco, e isso seria suficiente. Ela poderia voltar para seu quarto, desfazer
as malas, descansar, e eu bateria uma, mais forte e mais rápido do que jamais
fiz na vida. Estava decidido. – Venha aqui – ela sussurrou, estendendo a mão
para meu rosto. Baixei meu peito, abrindo a boca para beijar seus lábios,
chupando sua língua, engolindo seus sons. Eu podia sentir sua pele lisa contra
a parte de baixo do meu pau, mas não era ali que eu queria sentir. Eu queria
senti-la me envolvendo por inteiro. – Está gostoso? – perguntei, levando a mão
entre nós para esfregar seu clitóris. – Posso fazer você gozar primeiro? Não
acho que devemos terminar assim. – Você consegue tirar antes? – Demi –
sussurrei, mordendo seu queixo. – Não era para ser “só a pontinha”? – Você não
quer saber como é? – ela retrucou, deslizando as mãos até minha bunda e mexendo
os quadris. – Você não quer saber como é me sentir? Soltei um grunhido,
mordendo seu pescoço. – Você é uma garota muito safada. Ela tirou meus dedos de
seu clitóris e agarrou meu pau, esfregando por toda a sua pele macia e molhada.
Gemi mergulhado em seu pescoço. E então ela me guiou até sua entrada, segurando
e esperando eu mexer meus quadris. Empurrei para frente, depois para trás,
sentindo a sutil entrega de seu corpo quando a cabeça do meu pau deslizou
alguns centímetros para dentro. Continuei entrando, apenas mais um pouco, até
sentir ela se esticar para envolver todo o meu pau, e então parei, gemendo. –
Rápido – eu disse. – Em silêncio. – Prometo – ela sussurrou. Eu esperava que
ela estivesse quente, mas não estava preparado para o quanto estava macia,
quente, molhada. Eu estava despreparado para a tontura que senti, a sensação de
sua pulsação, músculos apertando, sons famintos e afogados em meu ouvido
dizendo o quanto também era diferente para ela. – Merda – grunhi, sem conseguir
resistir a entrar até o fim. – Não posso… não posso transar desse jeito ainda.
É bom demais. Vou gozar muito rápido. Ela segurou a respiração, com as mãos
apertando meus braços com tanta força que até doía. – Tudo bem – ela disse com
dificuldade, antes de soltar a respiração de uma vez. – Você sempre aguenta por
tanto tempo. Quero que seja tão bom a ponto de você não conseguir se segurar. –
Você é tão malvada – eu disse entredentes. Demi riu, virando a cabeça para
capturar minha boca num beijo. Estávamos apoiados na beira da cama, ainda
vestindo nossas camisetas, minha calça abaixada até os tornozelos e a saia dela
erguida até a cintura. Deveríamos estar desfazendo as malas, descansando, nos
situando. O que estávamos fazendo era muito errado, mas de algum
modo não fazíamos nenhum barulho, e eu me convenci de que
conseguiria me controlar, talvez transar devagar para impedir que a cama
chiasse. Mas então percebi que eu estava dentro dela, completamente ao natural,
na casa dos pais dela. Quase gozei só de olhar para onde eu enterrava nela.
Retirei quase tudo para fora – revelando o quanto ela estava molhada – e entrei
novamente, então repeti a dose, de novo e de novo. E, merda, eu estava
arruinado. Nunca mais poderia transar com mais ninguém, nunca mais poderia usar
camisinha com esta garota. – Aqui vai uma decisão executiva – ela sussurrou,
com a voz rouca e a respiração acelerada. – Esqueça as corridas matinais.
Precisamos fazer isto cinco dias por semana. Sua voz estava tão fraca que
precisei encostar meu ouvido em sua boca para ouvir. Mas tudo que eu entendia
no meio do meu transe eram frases quebradas com palavras como “duro” e “pele” e
“fique dentro depois de gozar”. Foi essa última ideia que me pegou de vez, que
me fez pensar sobre gozar dentro dela, beijando-a até ela sentir sua própria
urgência, e então ficando duro novamente e sentindo ela se apertar ao redor de
mim. Eu poderia foder, ficar por lá, depois foder de novo antes de cair no sono
dentro dela. Aumentei a força, segurando sua cintura, encontrando aquele ritmo
perfeito que não balançava a estrutura da cama, nem batia a cabeceira na
parede. O ritmo em que ela poderia continuar em silêncio, em que eu poderia
tentar me segurar até ela chegar lá… mas era uma batalha perdida, e mal tinham
se passado alguns minutos. – Ah, merda, Demi – eu grunhi. – Desculpe. Desculpe.
Joguei minha cabeça para trás, sentindo meu orgasmo se acumular entre minhas
pernas, chegando rapidamente. Tirei de dentro, socando meu pau com força
enquanto ela correu com as mãos entre as pernas, pressionando os dedos em seu
clitóris. Ouvi passos no corredor e meus olhos voaram para o rosto de Demi para
saber se ela também tinha ouvido, apenas uma fração de segundo antes de alguém
bater na porta. Minha visão ficou turva e senti meu orgasmo começando. Merda.
Meeeeeerda. Jensen gritou: – Joe! Ei, já cheguei! Você está no banheiro? Demi
sentou-se abruptamente, com olhos arregalados como se pedisse desculpas, mas já
era tarde demais. Fechei os olhos, gozando em minha mão e em sua coxa nua. –
Espera um pouco – gritei de volta, olhando para meu pau ainda pulsando em minha
mão. Eu me dobrei sobre a cama, apoiando com a mão livre no colchão. Quando
olhei para Demi, ela parecia não conseguir desviar os olhos de onde meu orgasmo
atingiu sua pele e – ah, merda – toda sua saia. – Estou me trocando. Daqui a
pouco eu saio – consegui dizer, com o coração quase saindo pela boca com a
adrenalina repentina que invadiu meu corpo. – Beleza. Espero você lá em baixo –
ele disse, e então seus passos retrocederam. – Merda, sua saia… Eu me afastei,
correndo para me vestir logo, mas Demi não se mexeu. – Joe – ela sussurrou, e
eu enxerguei aquela fome familiar em seus olhos sombrios. – Ah, não. Aquilo foi
por pouco. A porta nem estava trancada.
– Acho que… – comecei. Mas ela se recostou, puxando-me para
cima de seu corpo. Ela estava completamente despreocupada sobre seu irmão nos
flagrar. Mas ele foi embora, não é mesmo? Esta garota me deixa maluco. Com meu
coração ainda acelerado, eu me abaixei, enfiando dois dedos dentro dela e
passando minha língua entre suas pernas enquanto ela fechava os olhos. Suas
mãos buscaram meus cabelos, os quadris se levantaram em minha boca, e em
questão de segundos ela começou a gozar, abrindo a boca num grito silencioso.
Sob meu toque, ela tremia, erguendo cada vez mais os quadris e agarrando meus
cabelos com toda a força. Com seu orgasmo terminando, continuei lentamente
movendo meus dedos dentro dela, mas fui beijando um caminho gentil entre seu
clitóris, o interior da coxa e o quadril. Finalmente, deitei minha testa em seu
umbigo, ainda tentando recuperar meu fôlego. – Ah, Deus – ela sussurrou assim
que suas mãos soltaram meus cabelos, subindo até os seios. – Você me deixa maluca.
Tirei meus dedos de dentro dela e beijei a parte de trás de sua mão, sentindo o
cheiro de sua pele. – Eu sei. Demi permaneceu parada na cama durante um minuto
silencioso e então abriu os olhos, me encarando como se tivesse recobrado a
razão. – Uau. Essa foi por pouco. Rindo, eu concordei. – Muito pouco. É melhor
nos trocarmos e descermos logo – e acenei para sua saia, dizendo: – Desculpe
por isso. – É só esfregar que sai. – Demi – eu disse, segurando uma risada
frustrada. – Você não pode descer com uma mancha gigante de porra na sua saia.
Ela considerou a situação por um instante e então me ofereceu um sorriso bobo.
– É verdade. É que… até que gosto dela. – Tão safada… Ela sentou-se enquanto eu
puxava minha calça de volta e beijou minha barriga através da camiseta. Envolvi
seus ombros e a abracei forte, apenas me concentrando em tê-la nos meus braços.
Eu estava perdidamente apaixonado por ela. Após alguns segundos, o sol passou
atrás de uma nuvem, jogando sombras por toda a parte e criando um momento lindo.
Sua voz pequenina, quase falhando por inteiro, quebrou o silêncio. – Você já se
apaixonou? Congelei, com medo de ter falado em voz alta em vez de apenas
pensar. Mas quando olhei para baixo, ela estava me observando com genuína
curiosidade e olhos calmos. Se fosse qualquer outra mulher que me perguntasse
isso após uma rapidinha, eu sentiria um pânico e a necessidade de sumir
imediatamente. Mas, com Demi, a pergunta parecia até apropriada para o momento,
principalmente considerando o quanto fomos descuidados. Nos últimos anos, eu me
tornei cada vez mais cauteloso sobre quando e onde eu transava e – com exceção
do casamento de Jensen –
raramente entrava em situações que precisassem de uma saída
rápida ou explicações. Mas, ultimamente, estar com Demi me fazia sentir
levemente em pânico, como se houvesse um número limitado de vezes que eu
poderia tê-la dessa maneira. Só de pensar que eu poderia perdê-la fazia meu
estômago embrulhar. Houve apenas duas outras amantes em minha vida por quem
senti algo maior do que apenas afeto, mas eu nunca disse “eu te amo” para uma
mulher. Sei que é esquisito, e sei que, aos trinta e um anos, essa omissão faz
de mim um esquisito, mas nunca senti o peso dessa estranheza até este momento.
De repente, pensei em todos os comentários maldosos sobre amor e
comprometimento que fiz em conversas com Nick e Kevin. Não é que eu não
acreditasse nisso; acontece que nunca consegui me identificar com esses
sentimentos. Amor era sempre algo que eu achava que encontraria num futuro
distante, quando eu estivesse de algum jeito mais sossegado e menos aventuroso.
A criação da minha imagem como um jogador era como o depósito de minerais sobre
vidro com o passar do tempo: nunca me importei com a formação, até ser tarde
demais e impossível enxergar através disso. – Pelo jeito não – ela sussurrou,
sorrindo. Balancei a cabeça. – Eu nunca falei eu te amo antes, se é isso que
você quer saber. Mas era engraçado. Demi nunca saberia sobre todas as vezes em
que eu disse isso em minha mente para ela, em segredo, quase todas as vezes em
que nos tocamos. – Mas você já se sentiu? Eu sorri. – Você já? Ela deu de
ombros, então acenou para a porta do banheiro que eu tinha certeza de que se
conectava com o quarto de Eric. – Vou me limpar. Concordei, fechando os olhos e
desabando na cama depois que ela saiu. Agradeci a todo o universo pela sorte de
Jensen não ter simplesmente entrado no quarto. Seria um desastre. Se
quiséssemos manter tudo em segredo – e eu tinha certeza de que Demi ainda
queria manter as coisas na base da amizade colorida –, teríamos que ter muito
mais cuidado daqui para frente. —
Chequei meu e-mail do trabalho, enviei algumas mensagens e
então me arrumei no banheiro, com água, sabonete e muita esfregação. Demi me
encontrou na sala de estar, com um sorriso tímido no rosto. – Queria me
desculpar – ela disse suavemente. – Não sei o que me deu – ela piscou, pousando
a ponta do dedo nos meus lábios antes que eu pudesse fazer uma piada óbvia. –
Não diga nada. Rindo, olhei para a cozinha atrás dela para ter certeza de que
ninguém podia nos ouvir. – Aquilo foi incrível. Mas, caramba, podia ter
terminado muito mal. Ela parecia constrangida, então ofereci um sorriso e uma
careta boba. Com o canto do olho, vi uma pequena estátua de Jesus numa mesa.
Peguei e a segurei entre os peitos de Demi. – Ei! Olha! Encontrei Jesus no seu
decote, afinal de contas. Ela olhou para baixo, rindo muito e começando a
balançar os peitos, como se estivesse deixando Jesus desfrutar do mais perfeito
dos lugares.
– Jesus está no meu decote! Jesus está no meu decote! – E
aí, gente? Quando ouvi a voz de Jensen pela segunda vez no dia, meus braços
dispararam para longe dos peitos de Demi num reflexo atrapalhado. De repente,
como se fosse em câmera lenta e eu estivesse olhando de fora do meu corpo,
assisti a pequena estátua de Jesus voar da minha mão, apenas entendendo o que
fiz quando a peça atingiu o chão e se despedaçou em milhares de pedaços. – Ah,
meeeerda – gritei, correndo até o massacre. Eu me ajoelhei, tentando apanhar os
cacos maiores. Era um esforço inútil. Alguns dos cacos eram tão pequenos que
praticamente tinham virado pó. Demi também se abaixou, sem conseguir parar de
rir. – Joe! Você quebrou o Jesus! – O que vocês estavam fazendo? – Jensen
perguntou, ajoelhando-se para me ajudar. Demi saiu da sala para buscar uma
vassoura, deixando-me sozinho com a pessoa que testemunhou a maior parte das
minhas galinhagens na juventude. Dei de ombros para Jensen, tentando não
parecer como se tivesse acabado de brincar com os peitos de sua irmãzinha. – Eu
estava só olhando. Quer dizer, olhando para a estátua. Olhando para o formato
e… quer dizer, olhando para Jesus. Passei a mão na testa e percebi que estava
suando um pouco. – Sei lá, Jens. Você me assustou. – E por que você está tão assustado?
– ele disse, rindo. – Acho que é porque vim dirigindo. Fazia tempo que eu não
dirigia – e dei de ombros, ainda sem conseguir olhar para ele. Com um tapa nas
minhas costas, Jensen disse: – Acho que você precisa de uma cerveja. Demi
voltou e nos afastou para varrer os cacos numa pá, mas não sem antes me jogar
um olhar arregalado. – Eu disse para minha mãe que você quebrou isso, e ela nem
se lembrava de qual tia deu o Jesus de presente. Ou seja, não se preocupe. Gemi
de frustração, seguindo-a até a cozinha e pedindo desculpas para Helena com um
beijo no rosto. Ela me entregou uma cerveja e disse para eu relaxar. Em algum
momento na última meia hora, quando eu estava lá em cima transando com Demi, ou
talvez quando estava tentando desesperadamente lavar seu cheiro do meu pau e
dedos e rosto, seu pai havia chegado. Meu Deus. Com a cabeça mais clara e longe
de Demi pelada, percebi o quanto isso foi completamente maluco. Que diabos
estávamos pensando? Virando-se de onde estava procurando por uma cerveja na geladeira,
Johan se aproximou e me cumprimentou com seu jeito embaraçado e acolhedor de
sempre. Ele era bom de contato visual, mal com as palavras. Isso geralmente
significava que ele ficava encarando a pessoa até ela pensar em algo para
dizer. – Oi – eu disse, apertando sua mão e deixando ele me puxar para um
abraço. – Desculpa pelo Jesus. Ele deu um passo para trás, sorriu e disse “Que
é isso”, e então parou e começou a pensar em algo. – A não ser que agora você
tenha se tornado religioso.
– Johan – Helena chamou, interrompendo nosso momento. Eu
poderia ter dado outro beijo nela. – Querido, você pode checar o assado? O
feijão e o pão estão prontos. Johan andou até o fogão, tirando um termômetro de
carnes da gaveta. Senti Demi aparecer ao meu lado e ouvi seu copo de água bater
na minha garrafa de cerveja. – Tim, tim – ela disse, com um sorriso fácil. –
Está com fome? – Faminto – admiti. – Não enfie apenas a ponta, Johan – Helena
disse para ele. – Enfie até o fim aí dentro. Eu tossi de repente, sentindo a cerveja
queimar em minha garganta quase chegando até o nariz. Com a mão na minha boca,
forcei minha garganta a abrir e engolir. Jensen apareceu atrás de mim, batendo
nas minhas costas e mostrando um sorrisinho de quem sabe das coisas. Liv e Rob
já estavam se sentando à mesa e percebi que estavam segurando uma risada. –
Puta merda, essa vai ser uma longa noite – Demi murmurou. —
A conversa se espalhou pela mesa, formando pequenos grupos e
depois voltando a incluir a todos. No meio da refeição, Niels chegou. Enquanto
Jensen era extrovertido e um dos meus amigos mais antigos, e Eric – apenas dois
anos mais velho que Demi – era o maluquinho da família, Niels era o filho do
meio, o irmão silencioso e o único que eu realmente não conhecia direito. Aos
vinte e oito anos, ele era um engenheiro numa grande empresa de energia e quase
uma cópia carbono de seu pai, com exceção do contato visual e dos sorrisos. Mas
hoje ele me surpreendeu: Niels se abaixou para beijar Demi antes de se sentar e
sussurrou: – Você parece incrível, Dem. – É mesmo – Jensen disse, apontando o
garfo para ela. – O que está diferente? Eu a analisei do outro lado da mesa,
tentando enxergar o que eles viam e sentindo uma misteriosa irritação com a
sugestão. Para mim, ela estava do mesmo jeito de sempre: confortável consigo
mesma. Sem exagerar nas roupas, cabelos ou maquiagem. E sem precisar exagerar.
Ela era linda quando acordava de manhã. Era radiante depois de uma corrida. Era
perfeita debaixo de mim, suada e satisfeita. – Humm – ela disse, dando de
ombros e espetando uma ervilha com o garfo. – Sei lá. – Você está mais magra –
Liv sugeriu, inclinando a cabeça. Helena terminou de mastigar e então disse: –
Não, é o cabelo. – Talvez Demi esteja apenas feliz – eu ofereci, olhando para
meu prato enquanto cortava um pedaço de carne. A mesa ficou completamente
silenciosa e eu ergui a cabeça, nervoso quando vi a coleção de olhos
arregalados olhando para mim. – O que foi? Só então percebi que usei seu nome
em vez do apelido. Mas ela consertou a situação com habilidade: – Estou
correndo todos os dias, então, sim, estou mais magra. E também estou usando um
novo corte de cabelo. Mas tem mais. Adoro meu emprego. E agora eu tenho amigos.
O Joe está certo. Estou, sim, feliz – ela olhou para Jensen e mostrou um sorriso
no canto da boca. – No fim, você estava certo. Agora podemos parar com o
interrogatório? Jensen ficou com um ar todo satisfeito, e o resto da família
murmurou sua aprovação, voltando então para a comida, mais quietos desta vez.
Eu podia ver o sorriso de Liv direcionado a mim, e quando olhei diretamente em
seu rosto, ela piscou.
Ah, merda. – O jantar está delicioso – eu disse para Helena.
– Obrigada, Joe. O silêncio cresceu, e eu me senti como se estivesse sendo
inspecionado. Fui flagrado. E não ajudava o fato do Jesus decapitado me olhar
de um armário num canto, me julgando. Ele sabia. “Dem” era um apelido tão
arraigado na família como a obsessão de seu pai com o trabalho, ou a tendência
de Jensen de ser superprotetor. Eu nem sabia qual era o nome de Demi quando
saímos para correr pela primeira vez, quase dois meses atrás. Mas que se dane.
A única coisa que eu podia fazer agora era abraçar a situação. Eu precisava
dizer de novo. – Vocês sabiam que Demi vai publicar um artigo na revista Cell?
Não fui particularmente discreto; seu nome soou mais alto do que as outras
palavras, mas agora não tinha volta, então sorri para o resto da mesa. Johan
ergueu o rosto, com olhos arregalados. Virando-se para Demi, ele perguntou: –
Isso é verdade, sötnos? Demi confirmou. – O artigo é sobre o projeto de
mapeamento de epítopos que eu estava te falando. Foi uma coisa totalmente
aleatória que fizemos, mas acabou ficando algo muito legal. Isso levou a
conversa a um território menos constrangedor, então pude voltar a respirar com
calma. Aparentemente, a única coisa mais estressante do que conhecer os pais
era esconder tudo da família. Flagrei Jensen me olhando com um sorrisinho, mas
eu simplesmente retribuí e voltei para olhar meu prato. Nada de interessante
aqui, meu amigo. Mas num dos intervalos da conversa, encontrei os olhos de Demi
grudados em mim, e pareciam surpresos e pensativos. Ela discretamente fez um
movimento dos lábios: – Você. – O quê? – eu respondi, com o mesmo movimento sem
som. Ela balançou a cabeça lentamente, finalmente desviando os olhos para seu
prato. Eu queria esticar minha perna e tocar seu pé debaixo da mesa para chamar
sua atenção novamente, mas havia um campo minado de pernas que não eram dela, e
a conversa já tinha prosseguido. —
Depois do jantar, Demi e eu nos oferecemos para lavar a
louça enquanto os outros relaxavam na sala de estar. Ela estalou a toalha em
mim, e eu joguei espuma nela. Eu estava prestes e me inclinar e beijar seu
pescoço quando Niels apareceu para pegar outra cerveja e olhou para nós como se
tivéssemos trocado de roupa um com o outro. – O que vocês estão fazendo? – ele
perguntou, com um tom de desconfiança na voz. – Nada – respondemos juntos e,
para piorar, Demi repetiu: – Nada. Apenas lavando a louça. Ele hesitou por um
segundo antes de jogar a tampinha da garrafa no lixo e voltar para a sala. – É
a segunda vez hoje que você quase foi flagrado – ela sussurrou. – Terceira – eu
a corrigi. – Seu nerd – ela disse, balançando a cabeça na minha direção. Seus
olhos se acenderam com diversão. – Eu provavelmente não deveria arriscar entrar
no seu quarto hoje à noite. Comecei a protestar, mas parei quando percebi a
curva maliciosa em seu sorriso. – Você é diabólica, sabia? – eu murmurei,
estendendo a mão para passar o polegar sobre
seu mamilo. – Não é à toa que Jesus não quis ficar no seu
decote. Ofegando, ela deu um tapa na minha mão e olhou por cima do ombro.
Estávamos sozinhos na cozinha, podíamos ouvir a conversa na outra sala, e tudo
que eu queria era agarrá-la e beijá-la. – Não faça isso – ela disse. Seus olhos
se tornaram sérios e as palavras seguintes saíram trêmulas, como se ela não
tivesse ar suficiente nos pulmões: – Não vou conseguir parar. —
Depois de ficar acordado por algumas horas conversando com
Jensen, finalmente fui para a cama. Fiquei olhando para a parede por uma hora
antes de desistir de esperar os sons dos passos macios de Demi no corredor e o
chiado da porta enquanto ela entrava no meu quarto. Então, cochilei e acabei
perdendo o momento quando ela fez isso de verdade, depois tirou a roupa e subiu
nua na minha cama. Acordei sentindo seu corpo quente se aconchegando ao meu
lado. Suas mãos acariciaram meu peito, a boca chupou meu pescoço, meu queixo,
meus lábios. Eu já estava duro e pronto para outra antes mesmo de acordar
totalmente, e quando soltei um gemido Demi pressionou a mão em minha boca,
lembrando que deveríamos ficar em silêncio. – Que horas são? – murmurei,
sentindo o doce perfume de seus cabelos. – Duas e pouco. – Tem certeza de que
ninguém ouviu você? – As únicas pessoas que poderiam ouvir aqui no fim do
corredor são Jensen e Liv. O ventilador do Jensen está ligado, então eu sei que
ele está dormindo. Ele não consegue ficar mais do que dez minutos acordado
quando aquela coisa está ligada. Eu ri, porque sabia que ela estava certa.
Morei com ele por vários anos e sempre odiei aquele maldito ventilador. – Rob
está roncando – ela murmurou, beijando meu queixo. – E Liv precisa dormir antes
que ele comece a roncar. Satisfeito por ela ter sido sorrateira – e sabendo que
era improvável que alguém batesse à porta no meio da nossa transa –, rolei para
o lado e a puxei mais para perto. Ela estava aqui para transar, óbvio, mas não
parecia que queria apenas uma rapidinha. Havia algo mais, algo borbulhando
debaixo da superfície. Percebi isso na maneira como ela manteve os olhos
abertos na escuridão, no jeito como beijava desesperadamente, e em cada toque
hesitante, como se estivesse pedindo permissão. Percebi na maneira como ela
puxou minha mão para onde mais queria: em seu pescoço, descendo até os seios e
pousando em seu coração, que martelava loucamente. Seu quarto ficava perto, ela
não estava sem fôlego por causa do esforço de se deslocar. Estava sem fôlego
por outro motivo. Sua boca se abria e se fechava debaixo da luz da lua, como se
quisesse falar, mas não tivesse ar para isso. – O que está errado? – sussurrei
em seu ouvido. – Você ainda tem outras? – ela perguntou. Afastei meu rosto e
fiquei olhando para ela, confuso. Outras mulheres? Eu quis ter esta conversa antes
centenas de vezes, mas sua evasão súbita sempre acabava com minha necessidade
de clareza. Era ela quem queria continuar se encontrando com outras pessoas,
era ela quem não confiava em mim, era ela quem achava que não deveríamos tentar
ser exclusivos. Ou será que eu entendi tudo errado? Para mim, não havia mais
ninguém. – Pensei que era isso que você queria – respondi.
Ela se esticou para me beijar. Sua boca já parecia tão
familiar, encaixando-se na minha num ritmo fácil de beijos suaves que de
repente pegavam fogo, e imaginei por um segundo como ela poderia pensar em
ficar com qualquer outra pessoa. Ela me puxou para perto, buscando com a mão
entre nós para me deslizar sobre sua pele. – Existe alguma regra sobre sexo
desprotegido duas vezes no mesmo dia? Mordi sua orelha e sussurrei: – Eu acho
que a regra deveria ser que não podem existir outros amantes. – Então devemos
quebrar essa regra? – ela perguntou, erguendo os quadris. Dane-se isso. Dane-se
essa interferência. Abri minha boca para protestar, para dizer que eu já não
aguentava mais essa discussão em círculos que não chegava a lugar nenhum, mas
então ela soltou um som faminto e quieto e se arqueou contra mim para que eu
entrasse por inteiro dentro dela. Mordi meus lábios para segurar um gemido.
Aquilo era surreal; já transei milhares de vezes, mas nunca, nunca foi tão bom
assim. Senti o gosto do meu sangue na boca e senti o fogo em minha pele em cada
toque dela. Mas, então, Demi começou a mexer os quadris em círculos,
encontrando seu prazer debaixo de mim, e as palavras se dissolveram em minha
mente. Sou apenas um homem, caramba. Não sou um deus. Não consigo resistir a
transar com Demi agora e deixar todo o resto para depois. Eu me senti como se
estivesse trapaceando; ela não me entregava seu coração, mas me entregava seu
corpo, e talvez, se eu tomasse seu prazer o suficiente para acumulá-lo, eu
poderia fingir que isso era algo mais. Agora já não importava o quanto eu
poderia me arrepender mais tarde.
Eu amo essa fic posta mais logo
ResponderExcluirAaaaaai socooooorroooooo Joe tá dando muita bandeira daqui a pouco ele se declara pra ela espero que ela aceite!
ResponderExcluirAmoo essa fic!!!! Eles são malucos e perfeitos um para o outro!!! Continua logooo!!!!
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