Translate

A Secretaria - Capitulo 38

CAPÍTULO 38: MILAGRES

− DEMI!

Mas não era o homem da segurança que tinha me chamado. Eu me virei, assustando as pessoas atrás de mim. Um homem corria por entre a multidão no aeroporto, esbarrando nas pessoas, em sua pressa.

− DEMI! - ele chamou novamente, seus olhos desesperados presos em mim enquanto se aproximava – NÃO VÁ!

Eu não sabia o que eu esperava, mas não era aquilo. Porque o homem que corria em minha direção, não era o Joe. Era Paul Jonas. Eu não poderia ficar mais chocada nem se fosse o maldito Nick Potter. O homem no detector de metais pigarreou sugestivamente e gesticulou para o lado da fila:

− Senhorita, se você não for embarcar, terei de pedir que saia da fila.
− Mas eu... Ok, está bem. – me interrompi, sabendo perfeitamente que eu não poderia simplesmente ignorar Paul.
Em tal estado de choque que me fez mover por puro instinto, eu rapidamente tirei minha bagagem de mão e meu casaco da esteira do raio-x antes que eles fossem sem mim. Quando me afastei da fila, Paul parou bruscamente atrás de mim, seus sapatos Gucci deslizando pelo piso. A cena teria sido engraçada se eu pudesse encontrar a emoção para perceber.

− Obrigado por esperar. – ele arfou, se curvando com as mãos nos joelhos, tentando recuperar o fôlego. O entorpecimento estava passando enquanto eu me perguntava por que, em nome de tudo o que é sagrado, ele estava ali, e a irritação tomava o seu lugar.
− Bem, eu não posso esperar muito tempo. Na verdade, eu já estou atrasada para o embarque. Victor provavelmente está se perguntando onde estou. – não que eu desse a mínima para Victor Symon, mas eu estava me sentindo mais do que nervosa com a entrada dramática de Paul, e só queria escapar.
− Tudo bem. – Paul chiou, se endireitando e secando a testa – Na pior das hipóteses, providenciarei com a companhia aérea para você embarcar no próximo voo. Isto é incrivelmente importante.

Observei os traços determinados da sua mandíbula, tão semelhantes aos de Joe, e a preocupação legítima em seus olhos, e aquela sensação horrível, a mesma que você sente quando erra um degrau ao descer as escadas, assaltou meu estômago.

− Ah, meu Deus, Joe se machucou? – e perguntei freneticamente, apertando o braço dele enquanto minha cabeça rodava vertiginosamente.
A ideia de que Joe estava sofrendo era terrível.

− O que aconteceu, Paul?

Eu estava praticamente berrando, e Paul lançou um olhar para o segurança enquanto ele gentilmente me guiava a um dos bancos do terminal, me sentava e se deixava cair ao meu lado.

− Não, não. – ele me assegurou assim que me sentei – Ninguém está ferido, mas eu preciso lhe dizer uma coisa antes que você decida partir.

Do que diabos este homem estava falando? Eu estava considerando seriamente a ideia de que ele estava maluco, e minha irritação voltou com força total.

− Eu não sei o que você está pensando, mas eu preciso embarcar dentro de dez minutos naquele avião. A decisão já foi tomada. – o seu filho a tomou por mim na manhã de sexta-feira.

Me levantei, porque aquilo era uma loucura total, e as pessoas não podiam simplesmente não aparecer para seus voos só porque algum bilionário gostaria de bater um papinho camarada.
Paul me seguiu enquanto eu marchava até a fila no detector de metais, beliscando a ponte do seu nariz no mesmo movimento que Joe herdara.

− Demi, você não quer saber a verdade? – ele perguntou, parando à minha frente e bloqueando a passagem.

Eu podia ver que nós dois estávamos a um passo de sermos levados para uma revista íntima pela segurança, e só porque eu não estava nem um pouco a fim de ter uma brutamontes chamada Helga com suas luvas de borracha em nenhum dos meus orifícios, dei ouvidos a Paul.

− A verdade sobre o que? Quem baleou o Sr. Burns? A área 51? O assassinato do Kennedy? Francamente, senhor Jonas, eu não quero lhe desrespeitar, mas não vejo como nada na minha vida tenha alguma coisa a ver com você. – Paul riu, bastante nervoso.
− Na verdade, Demi, o atual estado da sua vida tem tudo a ver comigo e com a minha maldita estupidez. Me dê cinco minutos do seu tempo, e se depois você ainda quiser viajar por um ano, eu posso te colocar no próximo voo.
Olhei da fila para Paul, sabendo que se eu demorasse um segundo a mais eu com certeza iria perder o avião. Mas até mesmo enquanto mordia ansiosamente meu lábio, eu sabia que não havia chance de viajar sem antes ouvir o que aquele homem tinha vindo me dizer. Isso sem mencionar que a ideia de exportar Victor sozinho no avião era tremendamente sedutora.
Paul quase se desmanchou de alívio enquanto me guiava até um dos cafés 24horas que margeavam o terminal. Ele pediu um expresso e pagou pela minha Coca-Cola, só então me levando até uma mesa mais afastada aonde nós poderíamos ter privacidade.

− Cinco minutos, Sr. Jonas. O que o senhor poderia me dizer para me fazer mudar de ideia? – perguntei tão logo nos sentamos. – Paul respirou fundo e deu um gole em seu expresso antes de começar.
− Eu gostaria de me desculpar por ter adiado esta conversa por tanto tempo. Bem, não, eu tenho muito mais coisas pelas quais me desculpar, mas isto é um começo. Eu deveria ter conversado com você semanas atrás. Mas ao invés disso, eu fiquei dividido entre o que era lógico e o que era certo a fazer, e só tomei uma decisão quando Denise me deu a sua sincera opinião.

Ele sorriu com a lembrança da doçura de Denise, e eu não pude deixar de, com relutância, sorrir junto com ele. Pelo que eu conhecia dela, parecia que sua opinião era realmente de um valor enorme.
− Então, que conversa é essa, exatamente? – eu quis saber, tentando voltar ao assunto.
− Aquela aonde eu conto a você todas as coisas terrivelmente egoístas que fiz, e onde eu digo que espero que você possa me perdoar. – abri minha boca para dizer que ele estava sendo um filho da puta enigmático, mas Paul ergueu sua mão para indicar que ele já sabia disso – Joe e eu estamos tendo uma relação muito conturbada de uns tempos pra cá. Quando Denise começou a pedir para que eu me aposentasse, nós brigávamos frequentemente. E, como você bem sabe, Joe basicamente teve de comandar a empresa no meu lugar. Kevin e Nick... – Paul bufou, divertido.
− Passam seus dias separando as bolinhas de M&M nas pilhas de cores correspondentes? – completei, embora eu ainda não soubesse onde ele estava querendo chegar.
− Exatamente... E que Deus os abençoe. Joe teve que amadurecer muito antes do que os outros. Há um ano, quando Joe tinha vinte e três anos de idade, Denise e eu nos separamos porque eu não queria largar o meu trabalho. Aquela foi a maior estupidez de todas, pois eu fiquei tão miserável sem Denise que Joe precisou assumir tudo. Você sabe, é claro, sobre o que aconteceu com Maggie durante a nossa separação. Aquilo foi no auge da minha depressão, e mais tarde eu lidei com a situação de forma tão errada quanto Joe lidou com a sua partida.
Baixei minha cabeça para evitar seu olhar penetrante, me perguntando o quanto ele sabia sobre o nosso rompimento.

− Quando descobri que Maggie estava grávida, eu fiquei devastado. Eu adoraria ser capaz de me defender dizendo que fui irracional, mas a verdade é que eu fui racional demais, lógico demais. Eu tinha acabado de conquistar Denise de volta, e sabia que não poderia viver sem ela novamente. Denise acreditava que uma criança seria um lembrete palpável do meu adultério, e nenhum de nós estava pronto para suportar um escândalo em tal proporção nas mãos da imprensa. – ele deve ter visto a desaprovação em meus olhos, pois assentiu em admissão ao seu egoísmo – Então eu fiz o que era lógico: procurei Joe, quem eu sabia que conseguiria lidar com este fardo, e quem eu sabia que era muito próximo de Maggie. Depois de muita discussão, nós concordamos que ele apoiaria Maggie até que sua mãe e eu estivéssemos fortes o suficiente para enfrentar a situação. E então você apareceu, Demi. – Paul sorriu de maneira calorosa, com o mesmo sorriso paternal que eu o havia visto dar a mim antes – Eu fiquei chocado quando Joe me disse indiretamente que vocês dois estavam... juntos.

Me encolhi, lembrando quando Joe atendeu seu celular pensando que era Kevin.
− Eu pensei que era o caso clássico do filho repetindo os mesmos erros do pai. – Paul continuou – Joe já estava tendo que cuidar de Maggie e Maswell, e na época eu ainda era ingênuo o bastante para pensar que o bebê era uma "situação" que precisava ser minimizada e controlada. Eu estava preocupado que a imprensa flagrasse Joe com Maggie, e que ele anunciasse o relacionamento de vocês, e que o nome dele iria se sujar. Joe já estava lidando com coisas demais, e ao invés de parar e ver como você o estava fazendo feliz, tudo o que eu pensava era em como os meus erros poderiam arruinar para sempre a reputação dele, a sua carreira, a confiança que as pessoas depositavam nele como líder da Companhia Jonas. Eu deveria ter ido a público e anunciado que era o pai de Maxwell. Mas preferi me livrar de você. – nós dois nos encolhemos desta vez, e eu comecei a sentir a raiva ferver dentro de mim.
− Você nunca pensou que Joe talvez me am-amava? Que eu o amo?
− Não naquela época. Eu realmente acreditei que você era apenas outra distração. – Paul pareceu miserável enquanto eu sibilava para ele igual a uma cobra raivosa.
− Mas naquele jantar desastroso, onde a verdade do que aconteceu com Maggie foi revelada aos meus outros filhos, eu finalmente vi a verdade. Joe estava, e está, completa e absolutamente apaixonado por você. Por Deus, eu acho que isto vai além de um nível assustadoramente alto de comprometimento. A devoção tangível que eu senti fluir dele quando estava sentado perto de você naquela noite, a maneira íntima com que vocês dois interagiam. Bem, vamos apenas dizer que eu percebi que havia cometido um erro terrível de julgamento. Mas àquela altura já era tarde demais.
Tentei compreender como podia ser "tarde demais" naquele dia, como Paul tinha planejado se livrar de mim, e de repente tudo fez sentido.

− Como eu sou idiota! – rugi assustando diversas pessoas no café, embora eu estivesse compenetrada demais na minha descoberta para me importar – Que droga. Quero dizer, as minhas notas são ótimas, mas como eu pude acreditar que o vídeo de inscrição que Victor e eu enviamos foi bom o suficiente para me garantir esta bolsa de estudos? Você mexeu os pauzinhos, não mexeu?

É claro que sim. Aquele era o homem que acabou de casualmente sugerir ser capaz de fazer toda uma companhia aérea se ajoelhar aos seus pés. Deve ter sido fácil para ele manipular um simples programa de bolsas.

− Eu liguei para o Dean, do Departamento de Economia, e fiz com que ele colocasse seu nome no topo da lista dos indicados. Não foi difícil. – ele disse amargamente, como se se arrependesse disso agora.
− Então há um pobre coitado na minha turma de Economia que provavelmente suou para se qualificar, alguém que merece ganhar, e ele conseguiu o que? Foi chutado pra fora da lista? – esbravejei, meu corpo estremecendo com a raiva e meus punhos se cerrando. Paul estava a um passo de ter outro nariz quebrado – Você transformou tudo em uma piada. Você acha que pode simplesmente usar o seu dinheiro e o seu nome por aí e manipular as pessoas como malditos peões? Bem, as coisas não funcionam dessa forma. Você vai concertar isso.
Todo mundo em um raio de vinte metros estava nos encarando e, honestamente, eu não poderia me importar menos naquele momento. Se os seguranças quisessem me tirar dali, então eles teriam que mandar o próprio Chuck Norris atrás de mim, porque não havia a menor chance de eu desistir sem uma boa briga. Mas eu tinha que dar os devidos créditos a Paul. Ele não escondeu seu rosto, ele não fez o menor esforço para me contradizer ou acalmar. Muito pelo contrário, ele me olhou nos olhos, admitindo sua culpa cem por cento, e falou firmemente:

− Me diga o que você quer que eu faça.

O que eu queria? Agora eu estava diante do mesmo tipo de decisão que Paul teve de tomar com Maggie. Eu queria fazer o que era lógico, ou eu queria fazer o que era certo? Se eu fosse fazer a coisa certa, eu iria dizer a Paul para fazer a sua mágica com o Dean da Economia (de novo), descobrir quem realmente merecia a bolsa de estudos, e enfiar o sortudo no primeiro avião para a Inglaterra. Eu permaneceria em Nova Iorque, sem emprego, sem casa, sem faculdade por seis meses, e sem Joe.
Se eu fosse ser lógica, eu diria a Paul para fazer a sua mágica e me colocar num voo para Londres o mais rápido possível. Eu esqueceria que algum dia nós tivemos esta conversa, aproveitaria todos os benefícios de uma bolsa de estudos que não era minha por direito, e fugiria de um coração partido.
Alguns meses atrás, antes que Joe Jonas se tornasse uma parte integral da minha personalidade, não haveria nenhuma dúvida entre as duas escolhas. O meu lado covarde teria vencido. Eu teria ido para Londres e escondido minha cabeça na areia. Mas Joe tinha se tornado a minha vida, tinha me apresentado um amor e um carinho muito além do que eu podia sonhar, e havia irrevogavelmente me transformado. Eu não seria mais a garota que foge dos seus problemas.

− Eu quero que você faça a coisa certa. Eu quero fazer a coisa certa. – finalmente falei a Paul, e tanto para surpresa dele quanto para minha, me descobri estendendo o braço pela mesa e agarrando sua mão com firmeza – Descubra quem realmente merece a bolsa de estudos, e se certifique de que esta pessoa a consiga. E... – eu hesitei, porque a parte seguinte não era realmente da minha conta – Eu acho que você precisa assumir Maxwell como parte da família, ou tanto quanto Maggie se sinta confortável com isso. Nick e Kevin querem conhecer o meio-irmão deles, e eles irão lhe respeitar muito mais se não tiverem de fazer as coisas pelas suas costas ou pelas costas de Denise.
Paul apertou minha mão e me ofereceu um sorriso hesitante, ao qual eu não estava pronta para retribuir por enquanto.

− Contatarei Dean amanhã mesmo e me certificarei de que a pessoa certa receba seus direitos, e eu não vejo porque nós não podemos recuperar seu emprego na Companhia. Isto causaria alguns comentários, mas pode ser arranjado. E quanto a Maxwell, bem, desde que as coisas pioraram entre meus filhos e eu, tenho conversado muito com Denise e nós concordamos com você. É hora de tornar os Jonas, todos nós, uma família novamente. – eu percebi que quando falou "todos", ele se referia a mim também.
− Nós terminamos, Sr. Jonas. – balbuciei, sentindo as lágrimas traidoras inundarem meus olhos – ele praticamente me disse que estaria saindo com outras pessoas, e que o anel de noivado era uma maldita lembrancinha. Eu não acho que serei membro do Clã Jonas num futuro próximo.
− Anel de noivado? – Paul perguntou, admirado, antes que a compreensão aparecesse em seus olhos – Era alguma bela joia da Tiffany, talvez?
− O anel da avó de Denise? – expliquei, embora tenha soado mais como uma pergunta, enquanto imaginava porque aquele detalhe em particular poderia ser importante. Para minha surpresa, Paul riu.
− Querida, deixe-me lhe contar uma coisinha sobre o Joe. Ele é tão teimoso quanto o dia é longo, ele sempre acredita que tem a razão, e uma vez que escolhe uma coisa, ele não muda de ideia. E ele escolheu você, Demi Lovato. Eu vi isto naquela noite no restaurante, e se eu tivesse sido capaz de parar de olhar para o meu próprio umbigo, eu teria visto isso naquele dia no escritório dele, quando o alertei para não repetir os meus erros e ele me disse que não desistiria de você. Joe nunca teria lhe dado aquele anel se ele acreditasse que poderia algum dia ficar com outra pessoa. O que quer que ele tenha dito a você, posso lhe garantir que foi tudo mentira. Ele estava tentando te afastar, provavelmente por algum motivo altruísta, galante e totalmente típico do Joe. Não desista dele, por favor, Demi. Não permita que eu tenha destruído isto para vocês dois. Lute por ele.

Evitei o olhar penetrante de Paul, desviando minha atenção para o portão de embarque, onde pude ver uma mulher chorando abraçada a um homem em uniforme militar. Ele estava tentando se manter firme enquanto pendurava a mochila no ombro e a abraçava de volta, mas mesmo à distância eu pude ver o medo e o amor nos traços dele. Observando os dois, vendo o amor simples, silencioso e ainda assim poderoso entre eles, eu percebi que não conseguiria renunciar a Joe.
Paul tinha razão. Eu tinha esperado que um milagre acontecesse, que os céus repentinamente se abrissem e que tudo fosse perfeito. Mas como eu tinha pensando antes, enquanto aguardava ansiosamente meu voo, milagres não acontecem.
As pessoas cometem seus próprios erros, elas tomam suas próprias decisões, elas escolhem os seus destinos. Depois de tudo o que havia feito de errado, Paul era capaz de sentar à minha frente e encarar as escolhas que ele havia feito para sua vida. Era hora de eu encarar a minha vida. Se eu quisesse um milagre, se eu quisesse ficar com Joe, então eu teria que fazer isso acontecer.

− Paul. – eu disse, me levantando e secando as lágrimas – Se você me der licença, eu preciso ir me encontrar com meu noivo.
Nota da tradutora: Gênio Indomável é um filme norte-americano, de 1997, com Matt Damon e Robin Williams, sobre um faxineiro de uma universidade que é um verdadeiro gênio em matemática. Em uma das cenas, o personagem de Matt, aparece na porta de Skyla, ao se dar conta que realmente a ama.
Quer dizer, eu sei que neste momento, ela me odeia pela forma horrível com a qual eu a mandei embora, mas pelo menos ela tinha ficado com o meu anel. Isso tinha que significar alguma coisa. Eu me levantei, indo até o lavatório e jogando um pouco de água fria em meu rosto. Eu podia ouvir alguém andando pelo meu escritório e nunca antes me senti tão feliz por ter um banheiro e um armário ali, considerando que eu ainda estava completamente nu. Rapidamente peguei a roupa casual que havia ali, um jeans surrado e uma camisa. Eu provavelmente precisava de um banho, mas eu cheirava a uma mistura da fragrância de Demi e de sexo e ainda não estava pronto para deixar que aquele cheiro saísse de mim.

− Joe? – a voz cautelosa de Nick me alcançou através da porta do closet e eu ri, um som alto e nervoso, sem nenhuma razão.
− Um segundo! – respondi, ainda rindo.

Enquanto colocava um par de meias e um tênis, reconheci que estava em meio a um ataque histérico de pânico, um estado onde apenas precisava seguir em frente, eu não precisava pensar no que acabara de fazer e que já lamentava profundamente. Eu finalmente saí do banheiro, fazendo a porta bater, ruidosamente, na parede, enquanto saía para o outro cômodo. Nick, parado perto de minha mesa, se virou, com os olhos arregalados, parecendo em pânico, enquanto eu inspecionava o ambiente.
Em nossa pressa por "uma última transa" (eu estremecia, só de me lembrar daquelas palavras insensíveis saindo de minha própria boca) nós havíamos derrubado minha cadeira e havia documentos espalhados pelo chão. As almofadas estavam reviradas no sofá e meu terno e sapatos estavam espalhados. Apenas um dia antes, aquela visão teria me deixando extremamente orgulhoso e excitado. Mas hoje aquilo me deixava enjoado... e excitado.

− O que aconteceu com a Demi? – Nick perguntou com um tom cuidadosamente neutro, enquanto eu procurava freneticamente as chaves do meu carro, em meus bolsos.

Eu levei um tempo até perceber que eu estava com aquelas calças há apenas dois minutos e antes que eu pudesse tentar alcançar minhas calças jogadas no chão, Nick me agarrou pelos ombros.

− Joe, eu não vou te deixar dirigir para onde quer que seja neste estado. – ele disse sério, adivinhando que eu procurava minhas chaves. Eu me perguntei o que "neste estado" queria dizer, porque não era como se eu tivesse bebido ou algo do tipo, mas ele respondeu por mim – Como você pode enxergar alguma coisa através de todas essas lágrimas, hmm, meu irmão? Apenas sente-se por um minuto, por favor.
Eu ainda estava chorando? Eu levei minhas mãos ao rosto enquanto Nick me colocava sentado no sofá. Eu realmente estava chorando.

− Não, mas está tudo bem agora. – eu murmurei, deixando meus pensamentos saírem em voz alta. Nick se agachou na minha frente, me olhando com algo parecido com pena – Eu apenas tenho que ir e implorar, e ela ainda está usando meu anel, então há esperança e...

Os olhos de Nick cintilaram sobre a minha mesa e de volta para mim, antes que ele se levantasse, de repente, indo se recostar na mesa. Eu pude ver o pânico novamente em seu rosto enquanto ele cruzava os braços e me encarava mais uma vez.

− Me conte o que aconteceu Joe. Demi apareceu em minha casa, um pouco antes de eu sair, carregada de malas. – eu vacilei, suas palavras me atingindo como chicotadas.
− Isso foi rápido. – eu me obriguei a dizer, já que Nick parecia esperar uma resposta – Eu não posso culpá-la.
− Merda. – Nick gemeu, passando a mão pelo rosto, frustrado – Você fez algo, não fez? Você a afastou.
− Eu... eu a pedi em casamento de novo, ontem à noite, depois da festa. – eu admiti, sabendo que contar o que havia acontecido seria a única forma de me livrar de Nick – E então nós acabamos em uma briga enorme porque eu presumi que aquilo significava que ela continuaria em Nova Iorque. Ela me disse que a viagem já estava toda organizada e que ela não podia simplesmente cancelar. E eu, basicamente, a propus que deixasse a faculdade, não trabalhasse e que fosse sustentada por mim pelo tempo que ela quisesse. Eu acredito que o termo particularmente ofensivo usado por mim tenha sido "uma mulher livre". Ela realmente amou isso.

Eu não fiquei surpreso quando Nick se lançou para a frente, como se estivesse prestes a me agarrar e colocar algum senso em mim à força. Eu me surpreendi, na verdade, quando ele parou de repente e apressadamente voltou a se apoiar na mesa.

− Por favor, me diz que você não foi tão imbecil, Joe. – ele rosnou por entre os dentes apertados, parecendo ainda mais frustrado – Nossa mãe te criou melhor do que isso para você desconsiderar todos os sonhos da Demi porque você precisa de alguém para esquentar sua cama todas as noites. Ela te criou bem o suficiente para que você seja um viado assustado porque acha que a Demi vai te superar.

Eu estava de pé antes que pudesse me dar conta. Eu podia sentir minhas juntas apertadas enquanto fechava minhas mãos em punho.
− Não fale dela dessa forma. – eu praticamente cuspi sobre ele – Eu não a quero apenas para esquentar a minha cama. Eu a amo demais.
− E o que aconteceu hoje, Joe? – ele zombou de mim, com um brilho de determinação em seus olhos – Por que a mulher que você ama está na minha casa chorando como uma criança? – suas palavras e a imagem mental que eu conjurei, da minha Demi com os olhos vermelhos, trouxe uma dor aguda ao meu peito, e eu caí de volta no sofá.
− Ela veio falar comigo. – eu comecei, quando finalmente consegui me controlar – Mas eu pude ver que eu já tinha magoado tanto ela, que já tinha estragado tudo. Assim eu fiz o que deveria ter feito desde o início, a deixei ir.
− Exceto pelo fato de que a Demi não é uma idiota, Joe. – Nick rebateu de imediato, me encarando cuidadosamente – Ela não ia aceitar isso assim. Você deve ter feito algo mais.
− Eu... eu não fui amável. Eu lhe disse que achava que era melhor que nos separássemos e que se nós dois ainda estivéssemos disponíveis quando ela voltasse, então talvez, pudéssemos tentar outra vez.

E Demi acreditou em mim. Essa era a parte mais dolorosa. Ela acreditou na minha mentira, mesmo eu tendo lhe dito milhares de vezes o quanto eu a amava. Como ela pôde pensar que eu, algum dia, iria querer alguém mais além dela? Depois de todas as vezes que eu lhe disse que ela era a única que eu sempre amei, poderia amar, e sempre amaria.
− Mas ainda não é tarde demais, certo? – eu choraminguei para mim mesmo, me colocando novamente de pé, sentindo a adrenalina do pânico novamente – Ela veio até aqui porque me ama, ela aceitou se casar comigo, eu posso consertar isto.

Eu não sei o que diabos eu estava pensando. Tinha menos de uma hora e eu mal conseguia suportar o buraco em meu peito. Eu tinha que consertar aquela situação. Eu já devia saber que era muito parecido com o meu pai. Eu o tinha visto, todos os dias, depois da separação dele e de minha mãe. Ele estava infeliz, uma concha vazia, uma bomba relógio ambulante. Eu já podia me sentir afundando na mesma depressão. Eu estava prestes a procurar novamente as chaves do meu carro quando notei as emoções que passavam por Nick.
Decepção! Isso não me surpreendia, considerando que eu estava me sentindo extremamente envergonhado de mim mesmo. Raiva! Eu não tinha nenhuma dúvida de que estava prestes a tomar um soco no estômago. Mas a terceira emoção me confundiu. Receio! Nick estava apavorado, nervoso.

− O que foi? – eu perguntei roucamente, temendo o pior. Ele tinha visto Demi mais cedo. Talvez eu a tivesse machucado durante o sexo? Afinal de contas, eu a fudi como um animal, querendo me enterrar o máximo possível nela. Tinha sido tudo, menos suave – Ela está ferida?
− Além da porra da ferida emocional que você causou a você mesmo e a ela? Não. Mas eu não acho que você poderá consertar as coisas tão facilmente quanto você pensa.
Ele sabia de algo. Eu tinha estado com a impressão de que ele apenas tinha visto Demi rapidamente, mas e se ela tivesse falado com ele? Eu precisava de toda e qualquer informação possível se quisesse tê-la novamente em meus braços.

− O que ela te disse, Nick? – eu perguntei avidamente, esfregando meus olhos porque meus cílios estavam colados devido às lágrimas. – Nick estava me observando atentamente, e eu podia ver a batalha em curso através dos seus olhos. Eu vi o segundo exato em que a compaixão venceu a crueldade
− Esqueça isso. – ele murmurou, balançando a cabeça – Você já vai ser masoquista o bastante sobre isto, sem que eu precise acrescentar algo mais. Apenas vá para casa, esfrie a cabeça e pense bem antes de ir vê-la.

Ele não estava retendo informações, ele estava bloqueando algo de mim. Minha mente desgastada finalmente absorveu sua postura, a maneira como ele estava bloqueando a minha mesa de vista, a tensão em todo o seu corpo. Eu corri até ele, tentando ver ao redor. Nick me agarrou bruscamente pelos ombros, me empurrando para trás, tentando impedir minha visão.
− Seja o que for, eu mereço essa merda! – eu rebati, puxando meu cabelo com uma mão e o empurrando com a outra – Eu mereço ser masoquista sobre isto. Minha garota está sofrendo por minha causa. Então, apenas SAIA DA PORRA DA MINHA FRENTE!

Com um último empurrão forte eu consegui empurrar Nick para fora do caminho. Meu anel foi a primeira coisa que notei, seguido pelo material branco dobrado. Havia um bilhete debaixo da pilha e eu o apanhei devagar, com os dedos trêmulos. Foram três tentativas até que eu conseguisse entender as palavras em sua caligrafia desalinhada e pelo resto de minha vida eu desejaria não ter visto aquilo.

"Joe, uma pequena recordação do nosso tempo juntos. Eu posso ver agora o que realmente importava para você. Demi."

Eu desabei sobre meus joelhos em um baque surdo.
A dor me queimando.
A esperança havia se quebrado.
Eu estava quebrado.
Horas se passaram. Kevin havia me advertido ontem (ou teria sido esta manhã?) que se eu continuasse assim ia acabar morrendo. Eu estava envergonhado em dizer que metade de mim queria que isso acontecesse. Eu tive fantasias vívidas de Demi surgindo em meu leito no hospital, suas lágrimas caindo sobre mim enquanto ela dizia que me amava e que eu não podia deixar que nada de ruim acontecesse comigo. Eu a agarraria com braços fortes e a puxaria para o meu peito, sussurrando em seu ouvido “Shh, anjo, eu nunca vou te deixar”. Aquela fantasia me manteve de pé por uma ou duas horas antes que a realidade me atingisse novamente. E então, eu apenas bebi um pouco mais.
Kevin estava hospedado em meu apartamento, marcando a "contagem para o suicídio" como ele chamava, provavelmente tentando se certificar de que eu não morreria sufocado em meu próprio vômito. Eu não teria me importado, teria até preferido a companhia, mas ele não podia ficar cinco minutos sem se intrometer em algo que não era da sua conta. Se intrometendo, assim como deixando qualquer pessoa entrar em meu apartamento.
Foi assim que acordei com o rosto de Paul, a preocupação gravada em suas feições. Eu tinha quase certeza que era sábado. Embora, com toda honestidade, minha noção de tempo estivesse um pouco comprometida no momento. De qualquer forma, Paul deveria estar em Dallas não em meu apartamento em Nova Iorque.
− O que diabos você faz no meu quarto? – eu lhe perguntei grogue, limpando o sono dos meus olhos.
− Você está no chão da cozinha, Joe. Num sábado a noite. – ah, sim. Parabéns à minha capacidade de manter minhas faculdades mentais – Kevin me deixou entrar antes de sair para encontrar a namorada.

Eu me levantei do chão frio, empurrando rapidamente a calcinha de Demi em meu bolso e verificando que o anel ainda se encontrava no outro bolso. Só então eu registrei o tom pouco indulgente que ele usou ao mencionar Dani e Kevin como um casal.

− Bem, eu fico tão feliz que você aprova Dani, mas não minha De..

Um som abafado, como um engasgo saiu de minha garganta e eu engoli a bile que tomou minha boca. Se pensar o seu nome machucava, dizê-lo em voz alta certamente iria me matar.
− Eu queria falar com você sobre a Demi. – Paul revelou e eu podia jurar que ele estava nervoso – Eu penso que há algo que eu preciso te contar.
− NÃO! – eu cambaleei até o corredor, pegando minha carteira e as chaves na mesinha perto da porta – Eu estou cansado de carregar o fardo de todos os seus segredos de merda. Eu já tenho o suficiente para lidar, muito, muito obrigado.
Eu estava furioso quando saí do elevador e me perdi entre o grande fluxo de pedestres. As pessoas me encaravam sombriamente enquanto eu puxava meus cabelos e murmurava furiosamente entre minha respiração. A visita de meu pai me deixara em uma raiva bêbada, cega. Ele não tinha nenhum direito de descarregar mais segredos e mais culpa sobre mim. Eu tinha os meus próprios problemas,e este era apenas o primeiro dia sangrento, sem Demi. Como eu ia estar em uma semana? Um mês? Um ano?
Não havia a mínima chance de eu voltar para a minha cobertura, no caso de Paul ainda estar por lá esperando por mim, e eu sabia que se aparecesse na casa de Kevin, eles não me permitiriam beber nada alcoólico. A idéia de ir até a casa de Nick onde eu sabia que ela estaria me fez me agarrar em um poste na rua, em busca de apoio.
Então foi assim que eu me encontrei, ainda com a mesma camisa e calça jeans que havia vestido na véspera no escritório, depois que Demi partira, bebendo um drink atrás do outro na área VIP de algum bar. Felizmente o nome Jonas abria qualquer porta, mesmo eu estando com a aparência de algo entre Unabomber e Hobo. Havia um grupo de mulheres de negócios rindo alto na mesma área que eu, mas elas estavam conversando entre elas e felizmente me ignoraram completamente, assim como eu fiz com elas.
Nota da tradutora: Unabomber é um brilhante matemático que abandonou a sua carreira na Universidade de Berkeley e afastou-se de seu círculo social para viver como um eremita numa cabana isolada no meio da floresta. Ele ficou famoso ao conseguir que o seu manifesto, intitulado "A sociedade industrial e o seu futuro", fosse impresso através do Washington Post e New York Times, após vários anos de ataques a bombas por correio.
Hobo é um prisioneiro com hábitos nojentos do jogo Prison Brawl
Sem qualquer distração eu me encontrei acariciando o pedaço de pano em meu bolso, me lembrando do quão surpreendente minha Demi parecia vestindo aquilo. Como ela podia pensar que eu não queria nada mais do que sexo com ela, como sua nota indicava? Eu ri amargamente enquanto me afundava ainda mais no confortável sofá. Minha vida seria assim daqui pra frente? De bar em bar, adorando a porra de uma calcinha de renda, querendo abafar o mundo?
“Se você está se afogando, não adianta se preocupar com as águas rasas.” Bem, quem era eu para discordar de um velho provérbio irlandês? A dor que eu precisava abafar iria precisar de mais do que alguns poucos copos. E eu definitivamente não queria me afogar sem um salva-vidas.

− Niiiiick. – eu murmurei, uma vez que tinha conseguido discar seu número em meu telefone. Eu mal tinha conhecimento das palavras que saiam de minha boca – Niiick, eu mudei de idéia. Eu sei que eu te disse anteriormente que eu achava que merecia ser um fudido de um masoquista sobre isso, mas dói tanto. Tanto, cara. Eu não acho que eu posso continuar. Olhe, apenas venha beber comigo, bem, na verdade, eu acho que já estou bêbado, mas isso ainda não fez parar de doer, entaaaaaão, pegue o Kevin e venham beber ainda mais comigo! Por favor, Nick? Por favor, eu estou tão fudidamente cansado e eu não quero ficar...

A senhora sentada ao meu lado, uma das mulheres que estivera rindo mais cedo, de repente se aproximou e pegou o meu telefone, o tirando das minhas mãos. Meus reflexos estavam tão comprometidos que eu nem mesmo tentei pegá-lo de volta. Ela que ficasse com ele.
− Venha, bonitão, você não sabe a regra sobre não ligar bêbado para as pessoas? – ela riu de mim, fechando meu telefone na minha cara. Eu não pude evitar encará-la e erguer minha sobrancelha, porque no momento bonitão era algo que eu certamente não era.
− Certo. – ela concordou ao ver o meu olhar, virando-se em sua poltrona de modo a ficar de frente para mim – Não bonitão e hum... você não cheira muito bem, mas ainda assim, não deve ligar para alguém neste estado. Alguém quebrou seu coração?
− Eu quebrei meu próprio coração. – murmurei de volta, pegando o telefone que ela me estendia.
− Muito melodramático. – ela riu, observando enquanto eu virava o resto de minha cerveja – Você a traiu?
− Nunca. – eu respondi em fúria. Eu não conseguia me imaginar tocando outra mulher. Jamais. O pensamento de décadas de celibato à minha frente me fez choramingar – Ela está melhor sem mim.

Com a minha garrafa de cerveja vazia eu chamei o garçom, sinalizando para que ele trouxesse outra, antes de me virar para minha companheira. Ela era uma mulher mais velha com uma aliança de casamento no dedo, e ela parecia surpresa com a minha raiva.
− Você a tratou mal? – ela adivinhou, enquanto suas amigas continuavam tagarelando atrás dela.

Eu conseguia entender como ela chegara àquela suposição diante da minha pouca capacidade e vontade de conversar no momento, mas eu não pude evitar cerrar os punhos diante da sua acusação.

− Ela é um anjo e eu tentei tratá-la como tal. – eu disse duramente, não gostando de ter que examinar meu próprio comportamento – Quando eu percebi que estava fazendo ela infeliz, eu a deixei ir. Fim da história.

Fim da felicidade.

− Bem, ela queria que você a “deixasse ir”? – ela perguntou conscientemente, elevando a sobrancelha. – agora eu estava rindo, esperando que essa mulher apenas aceitasse minha sugestão e me deixasse em paz.
− Não no princípio, mas eu consegui mudar sua mente fudidamente rápido. – eu disse em tom de desafio, sarcástico, antes de acrescentar, sincero – Eu teria feito nós dois infelizes, e não podia fazer isso.
A senhora me olhou da cabeça aos pés e de volta, dos pés à cabeça, e eu pude ver que havia sido julgado e a falta considerada grave.

− Querido, eu tenho praticamente certeza que você não salvou nenhum de vocês dois, um pouquinho que seja, da infelicidade. E me deixe te perguntar algo que costumo perguntar ao meu marido toda vez que ele acha que sabe o que é melhor para mim: que direito você tem de tomar decisões por ela? – ela me desafiou, sorrindo maliciosamente como se ela tivesse acabado de provar a Teoria da Relatividade ou que os extraterrestres realmente existem.

Eu evitei a pergunta, sentindo minha cabeça rodar. Ela riu de minha expressão e voltou para suas amigas, me deixando ali, com a cabeça apoiada nos joelhos. Que direito eu tinha de brincar de Deus? Absolutamente nenhum. Eu tinha lamentado afastar a Demi da minha vida assim que aquelas palavras insensíveis saíram de minha boca. Aproximadamente 20 minutos após eu ter corrido e me escondido eu já estava planejando correr atrás dela. Porém, a calcinha e a aliança de noivado em minha mesa tinham me intimidado em segundos. Uma criatura tão inconstante não deveria tomar decisões que podiam alterar a vida de alguém.
Eu apenas tinha que parar. Tinha se passado apenas um dia e eu sabia que aquilo tinha que terminar. Não porque eu estava sofrendo, mas porque se Demi estivesse sentindo uma migalha do que eu sentia, eu teria que tentar consertar isso. Até mesmo se ela não me quisesse mais, eu tinha que ir até ela e lhe contar a verdade. Eu tinha que contar-lhe tudo e não deixar nenhuma dúvida em sua mente sobre os meus verdadeiros sentimentos por ela. Eu tinha que lhe dizer que eu seria seu, permanentemente, ela me querendo ou não. Que eu sempre estaria esperando por ela.
Ela precisava saber que eu tinha mentido. Que eu tinha agido pensando totalmente que eu sabia o que era melhor para as pessoas. Eu não sei quanto tempo eu permaneci sentado ali, os planos surgindo em minha mente embriagada, e eu senti a aproximação de alguém ao mesmo tempo em que o plano se solidificava dentro de mim. Eu olhei para cima e vi Kevin e Nick parados à minha frente, me encarando, e eu sabia que meus olhos deviam estar brilhando com uma intensidade maníaca.

− Joe, você nos chamou para uma bebida, lembra? – Kevin me perguntou cautelosamente, surpreso quando eu me coloquei de pé, determinado. Eu coloquei minha mão no bolso, tateando o pano enquanto o anel deslizava sobre o meu dedo mindinho.
− Sinto muito rapazes. – eu disse – Eu tenho que ver uma garota.

0 comentários:

Postar um comentário

 

© Template Grátis por Cantinho do Blog. Quer um Exclusivo?Clique aqui e Encomende! - 2014. Todos os direitos reservados.Imagens Crédito: Valfré