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A Secretaria - Capitulo 26 (1.5)


CAPÍTULO 26. I AM WOMAN


Demi Lovato narrando:



Miley e Dani estavam me encarando como se eu tivesse de repente raspado meus cabelos, feito tranças com os pelos em minhas axilas, feito uma tatuagem na testa ou mudado meu nome. As suas bocas estavam abrindo e fechando igual a dois peixinhos dourados, e elas estavam sentadas na beirada do balcão da cozinha, com as mãos cruzadas sobre seus colos. Aquilo tudo teria sido engraçado se não fosse tão irritante.
Pude sentir meus músculos se retesarem em sinal de defesa. Aquela tinha sido uma decisão estúpida e impulsiva, uma que eu nunca, nem em um milhão de anos, esperei se tornar realidade. Foi uma decisão tipo “um dia eu vou fazer uma tatuagem”. Você tem a total intenção no momento, mas no fundo você sempre estar aliviado quando a pessoa pra quem fez o pedido esquece dele.
Oito meses atrás Victor Symon e eu tínhamos decidido entrar em um programa de intercâmbio para Londres. Se a bolsa fosse concedida, nós poderíamos ficar fora por um ano, com acomodações e remuneração incluídas. Quase todo mundo em nossa turma de Estratégia de Negócios teve a mesma ideia, então, quando nós enviamos nosso vídeo ridículo (e levemente regado a bebidas) para fazer a inscrição, nunca imaginamos conseguir.
Eu tinha esquecido completamente do assunto, embora que, se por acaso lembrasse, não seria de um jeito muito carinhoso. Victor e eu estávamos namorando quando fizemos a requisição, mas nós terminamos nem três meses depois, quando eu comecei meu estágio na Corporação Internacional Joe. Naquele tempo eu descobri que seria melhor romper de uma vez com Victor, ao invés de passar todas as noites sonhando com Joe enquanto dormia ao seu lado. Engraçado que alguém estava terminando com Joe exatamente na mesma época, exatamente pelo mesmo motivo. O único problema que eu tive era que Victor tinha levado nosso "relacionamento" muito mais a sério do que eu. Nós tínhamos sido grandes amigos antes disso, tendo passado juntos todo o nosso primeiro ano e saindo com um grande grupo de amigos praticamente todas as noites.
E quando nós começamos a... fazer aquelas coisas, me pareceu mais um negócio de amigos-com-benefícios. Então não tive escolha a não ser comunicar a ele que nós não iríamos mais fazer aquilo de saídas-em-grupo-com-direito-a-um-tirar-a-roupa-do-outro-depois. Victor tinha escutado estoicamente meu discurso de não-quero-mais-a-sua-língua-na-minha-boca e então prontamente anunciou que ele estava loucamente apaixonado por mim, e que já tinha até planejado nossos filhos e nosso futuro.
É, hã... embaraçoso.
Bem, eu recém tinha explicado às garotas que VICTOR e eu tínhamos nos inscrito para a bolsa, que Paul tinha anunciado a nossa honra em frente ao escritório inteiro, e eu tinha descrito, em detalhes excruciantes, cada coisinha que aconteceu entre Joe e eu desde a segunda-feira.
Miley e Dani tinham ficado congeladas por quase cinco minutos, de acordo com o relógio do forno. Nós estávamos sentadas na cozinha, preparando cupcakes, o que eu tinha decidido gostar de fazer na minha fase sexualmente frustrada e vejam, ainda pós primeira vez! Esperava que elas começassem a gritar com a bomba sobre ir para Londres dentro de um mês, mas quando Miley finalmente quebrou o silêncio, foi para gritar:

− EU NÃO CONSIGO FAZER NICK SEQUER ME ALGEMAR, ENQUANTO O JOE BATE EM VOCÊ COM O CINTO? – corei um vermelho brilhante enquanto mexia o glacê do meu cupcake.
− É... e isso foi mil vezes mais enlouquecedor do que a cena do traseiro do Brad Pitt em Tróia. – confirmei, adicionando um corante roxo ao glacê – Mas então ele me deixou toda... insatisfeita depois de um discurso ridiculamente quente, mas igualmente irritante, sobre como ele manda em mim, e foi por isso que você teve que me buscar no trabalho hoje.
Eu estava criando o hábito de fugir do escritório sempre que Joe fazia algo que me irritasse/excitasse, puramente porque isso tornava a violência física (como eu chutando ele no meio das pernas) uma possibilidade muito tentadora. E Deus sabe que eu não queria causar nenhum dano aos bens gloriosos daquele homem.
Miley tinha me apanhado quando voltou do serviço, e eu não tinha falado com Joe desde a hora que ele me deixou toda mole contra a porta (e incrivelmente acesa) até quando entrei no Mini Cooper da Miley. Mesmo estando em choque naquele momento, eu esperava que ele dissesse alguma coisa, qualquer coisa, sobre o Papai Joe contando para todo mundo que eu estava de partida. Mas ao invés disso, recebi um Joe furioso enfiando seus dedos em minha calcinha e dizendo que meus orgasmos estavam carimbados como "propriedade de Joe Joe".
E a pior parte? Quando cheguei em casa, eu pretendia totalmente desafiar o comando insano de Joe e me tocar até cansar. Mas uma vez que estava no chuveiro, lembrei da forma que ele tinha me dito "Eu quero que você se desculpe por me provocar e exija que eu te possua" e me deixado totalmente fora de mim, e eu não consegui fazer nada. Fisicamente eu não conseguia ir contra ele, e isto era, digamos... perturbador. Digo, é isso o que o amor faz com as pessoas? As transforma em escravos obedientes?
Dani colocou uma mão sobre seu coração e me disse seriamente:

− Demi, minha querida... apesar da reação do Joe em relação a Londres, que nós vamos discutir em um minuto, eu tenho algo a dizer. – O seu olhar severo estava me deixando nervosa, e as suas próximas palavras apenas aumentaram a sensação. – Algo sobre a maneira que você se tornou uma depravada sexual em 24 horas, e sobre este episódio sendo-espancada-sobre-a-mesa-do-seu-chefe-depois-de-fazer-um-oral-nele.
− Sim, Dani? – perguntei, resignada em ser chaDania de vadia ou outra coisa igualmente ruim, enquanto entregava as colheres cobertas de glacê para nós três lambermos. Daniison deu um pigarro e então, com a mesma expressão séria, começou a cantar, com a sua colher em uma voz ridícula de soprano, “The Wind Beneath my Wings”.

Enquanto eu rolava meus olhos Miley se juntou a ela, adicionando sua voz estridente ao mix.
− Fico feliz por vocês duas aprovarem. – disse secamente, enquanto elas riam histericamente das suas supostas inteligências. – Agora será que nós poderíamos chegar na parte do conselho sobre a coisa de Londres com o Victor, e sobre o Joe vir todo dominantemente louco pra cima de mim? E o mais importante: por que eu gostei do jeito dominantemente louco dele? – Miley percebeu a minha expressão preocupada e, no verdadeiro estilo melhor amiga, limpou a garganta e me deu a sua opinião sincera.
− É assim que eu vejo as coisas: Você acha que Joe está apaixonado por você, e se os olhares que eu peguei ele dando a você são qualquer pista disso, concordo totalmente. A provável razão pra ele ter vindo dar uma de Joe-sexy-e-controlador pra cima de você é porque ele está apavorado com a sua viagem, e quer tentar se assegurar da relação de vocês, mesmo se for só sobre o lado físico dela. É o típico comportamento primitivo dos homens.
− Eu concordo, meu caro Watson. – Daniison disse, na sua melhor imitação de Sherlock Holmes. – Mas eu adoraria saber o que você quer dizer com "problema" sobre ir para Londres. Não me entenda mal, a ideia de uma das Três Mosqueteiras ir embora é terrível, e nós vamos ter que sentar com o Victory-Poo e ter todo um papinho sobre manter as patas pra ele mesmo... Só que eu consideraria isto tudo mais como uma oportunidade, e não como uma punição.
Me contorci sob seus olhares. E se eu não quisesse ir pra Londres por causa do Joe? Não fazia o meu estilo recusar uma bolsa de estudos por uma paixonite. Mas era muito mais do que isso, eu estava completamente apaixonada. Qual seria a lógica de aproveitar esta "oportunidade", se eu fui totalmente miserável o ano inteiro? Imaginei o que meus pais iriam pensar sobre eu deixar passar essa chance só porque estava ocupada demais desejando meu chefe. O começo de culpa e a continuação da confusão matadora me atingiram com a força de um trem, e eu sabia que teria de enfrentar a situação mesmo antes de qualquer luz surgir. Então, para consolidar meu título de Rainha em Esquivar, murmurei para as garotas:

− Podemos discutir apenas como eu supostamente deveria reagir ao Joe, por favor? Eu não quero que ele pense que pode simplesmente me dar as costas e me deixar... – sacudi as mãos para explicar o que estava tentando dizer, ao invés de falar abertamente "molhada e pulsante". Dani e Miley me lançaram sorrisos maquiavélicos, diabólicos e coniventes, e eu estava mais uma vez grata por ter a experiência das duas a quem recorrer.
− Oh Demi, Demi... não-tão-inocente Demi. – Dani cantou pra mim, lambendo o restante do glacê e me dando uma piscadela – Lidar com o Joe será a parte mais fácil. Confie em mim, no momento que nós pensarmos em um plano, você estará rebolando por aí e cantando "I am Woman", da Peggy Lee.

Tudo bem, então.
Eu sou mulher.
Ouça-me rugir.
Fiquei um pouco mais do que surpresa quando Joe atendeu ao telefone no segundo toque. Tipo, eram 2 da manhã, era de se esperar que ele demorasse enquanto catava às cegas até encontrar o celular. Até mesmo eu já estava na cama. Mas ao invés disso ele me atendeu parecendo bem acordado e desesperado.

− Demi. – ele arfou antes mesmo de eu dizer qualquer palavra.

Sua voz era como a de um homem que se ajoelhava diante dos portões do Paraíso. Aliviado e perplexo. Tudo só porque eu havia ligado para torturá-lo três horas e meia antes de ele ter que se levantar para ir trabalhar? Eu ainda estava chocada pela sua agilidade, e devo ter ficado em silêncio por tempo demais, porque ele me chamou mais uma vez, soando mais desesperado agora por eu ter perdido a sua primeira saudação.

− Demi? Anjo? – quando ouvi seu sussurro gutural, percebi que ele tinha se atrapalhado um pouco para dizer meu nome.
− Você está bêbado? – perguntei, zangada com a ideia de ele ter saído por aí e se divertido enquanto eu passei a noite inteira tensa e preocupada. A ideia que as garotas me deram para quando estivesse com Joe se tornava melhor a cada segundo.
− Geralmente. – ele concordou ainda na voz baixinha e reverente, me fazendo perguntar como uma pessoa poderia estar "geralmente" embriagada. O ciúme insano e ilógico tomou conta de mim, e eu imaginei se ele estava sussurrando porque havia alguém dormindo ao seu lado.
− Bem, não deixe que eu te tire da sua festa, ou algo assim. – falei, com a total intenção de bater o telefone na cara dele. Mas a sua risada amargurada rompeu do outro lado da linha antes que eu pudesse fazer qualquer coisa.
− É uma festa de um só, querida. – ele murmurou antes de deixar escapar outra risada seca. – Uma festa da lamentação, com Joe Joe como convidado de honra.

Okaaay, então.

− Eu iria perguntar o que te deixou neste estado, mas estou ocupada demais lidando com os meus problemas. – retorqui, sabendo que ele entenderia o significado de "problemas".
− Me desculpe por isso. – Joe disse rapidamente, e o que era mais surpreendente era que ele realmente soou arrependido. – Eu não deveria ter te tratado daquela forma... ou ter te deixado lá. Eu só reagi por instinto, e eu... – o interrompi depressa.
− Instinto? O seu instinto disse para você me prensar contra a porta, me levar à beira do orgasmo e dizer que iria me estragar para todos os outros homens? – Joe tossiu, o que poderia ser interpretado como vergonha ou diversão ou os dois. Ouvi o barulho de tecido e o que parecia ser o sofá gemendo sob o seu peso.
− Sim. – ele falou com a voz arrastada assim que se encontrou em uma posição confortável – Eu queria... queria marcar você como minha. Me desculpe. Por favor, me desculpe pelo meu comportamento tão irracional.
− Oh Deus. – eu disse, rolando em minha cama e pousando minha cabeça sobre a mão. – Quando você se desculpa com tanta sinceridade quase que me faz esquecer o motivo de estar te ligando às duas da manhã.
− Já são duas horas? – Joe perguntou, parecendo estupefato. – Por que você está acordada tão tarde?
− Bem. – comecei, usando minha melhor voz-cantada. – O idiota do meu namorado me disse para não me tocar esta noite, então decidi ligar para ele como punição, e fazê-lo ouvir enquanto eu justamente faço o proibido.

Houve uma longa pausa, onde eu pude escutar a sua respiração ficar mais pesada e mais rápida. Então ouvi o som de gelo caindo em um copo, e ele tomando um grande gole de o que quer que seja. Finalmente, ele rosnou:

− Poderia esperar por mim, meu anjo? Eu irei agora mesmo até aí e vou... satisfazer você.
− Certo. – repeti, como um papagaio. – Bem... Eu terei um jantar com, hum, Victor no sábado para acertar as coisas, mas aparentemente nós estaremos partindo dentro de um mês, contando a partir de ontem.

Victor havia mandado uma mensagem mais cedo, soando alegrinho demais e dizendo que nós deveríamos "discutir" todos os detalhes da "nossa" viagem juntos. Ouvi Joe murmurar o que poderia ter sido "Então eu tenho 29 dias pra te convencer...", mas aquilo foi tão baixinho que eu mal pude entender. Mais alto, ele disse:

− Eu vou com você. – com uma autoridade abrupta em sua voz. Eu tive a sensação de que ele iria me jogar por sobre o ombro e bater os punhos no peito antes de me deixar ir sozinha a esse jantar. – E você vai ficar na minha casa amanhã?

Aquilo soou como uma curiosa mistura de suposição e afirmação, e desejei saber, pela primeira vez, quanto das aparentes ações dominantes de Joe tinha a ver com a sua insegurança em relação a mim. Considerando que a minha falsa bravata surgiu por causa da minha falta de fé em mim mesma, este era um assunto que valia a pena ser repensado.
− É claro. Como mais eu vou poder tirar vantagem da sua oferta de escravo-por-uma-noite? Eu tenho a total pretensão de capitalizar essa coisa. – oh yeah, as coisas que eu iria fazer com ele...
− Anjo, eu já sou o seu escravo obediente. – a voz de Joe estava séria e desejosa, e quando ele proferiu a última parte, pude ouvir mais uma vez seu desespero – Assim como eu pretendo fazer você se tornar a minha.

Ok, então... que os jogos comecem.
Só espero que Joe não se importe em ter os olhos vendados.


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